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quarta-feira - 01/10/2014 - 11:38h
Política atual

A classe média, Colbert!

Do site Migalhas, Coluna Porandubas, por Gaudêncio Torquato

A política é um eterno retorno. Vejam este diálogo entre Colbert e o Cardeal Mazarino (Jules Mazarin, veja AQUI), durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault :

Colbert : Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, senhor superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço.

Mazzarino : Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente ! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se. Todos os Estados o fazem !

Colbert : Ah, sim ? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis ?

Mazzarino : Criando outros.

Colbert : Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazzarino : Sim, é impossível.

Colbert : E sobre os ricos ?

Mazzarino : Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert : Então como faremos ?

Mazzarino : Amigo Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos. Cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. Weiner diz:

    Mais atual impossível!

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Mazarino foi um legítimo sucessor do Cardeal de Richelieu. Ambos, de enorme astúcia e conhecimento da alma humana e da sociologia das massas.

  2. João Claudio diz:

    “Ser novo – rico pode ser ridículo, mas deve ser ótimo. Trágico deve ser novo pobre”(Paulo Mayr)

    “Quando você gasta trezentos mil dólares num carro importado, as pessoas descobrem duas coisas a seu respeito: você é rico. Seus filhos não serão.” (Eugênio Mohallen)

    Claro que subir na vida é o sonho de todos nós. Faz parte do projeto de qualquer homem desde que o mundo é mundo. Evidente que nem todos conseguem por uma série de razões conhecidas: incompetência, azar, falta de oportunidades e circunstâncias diversas.

    A lógica diz que a gente deve aplaudir quem conseguiu chegar lá no topo, mas o problema é que não se aceita a postura deste vencedor. Lidar com fama e dinheiro é mais ou menos igual: sem estrutura e pés no chão acaba-se embriagado pelo sucesso. Neste rol estão jogadores de futebol, empresários, cantores, herdeiros de fortunas e artistas diversos.

    Dinheiro não é problema para quem sempre teve ele no bolso. Aprende-se a conviver com ele sem fobias e loucuras. Vou dar dois exemplos bem conhecidos que vêm a calhar: Lúdio Coelho e Antônio Ermírio de Moraes. Ambos nasceram em berço de ouro, sempre tiveram noção do que podiam e jamais mudaram a forma de conduta, o jeito de ser. Ambos nunca tiveram a preocupação em demonstrar ou exteriorizar a riqueza. Adotam a discrição e a simplicidade, mas isso não quer dizer que sejam avarentos, escravos do dinheiro e que não vivam bem, cercados de todo conforto.

    Enquanto isso, o novo-rico não tem parâmetro de postura . Talvez para compensar as dificuldades, frustrações ou recalques do passado, quando sua condição financeira era outra, acaba atravessando o sinal em dois pontos: o primeiro é que, no afã de se exibir, e se auto-afirmar, acaba sendo ridículo, humilhando inclusive pessoas ao seu redor de menor condição social, e o segundo é que, pelo excesso de gastos, corre risco de perda do próprio patrimônio.

    Os primeiros ganhadores da Loteria Esportiva são bons exemplos de quem ficou milionário muito rapidamente. Muitos deles acabaram deslumbrados, gastaram demais e mal e acabaram praticamente pobres. Enquanto o paulista Dudu, gastou rapidamente o que faturou sozinho com os 13 pontos, o caipira Iron continuou bem tranqüilo no seu “reino encantado” de Iporá, do interior goiano, com sua família, amigos verdadeiros e os bois nos pastos das fazendas que comprou. Cabeça no lugar!

    A sociedade de consumo com seus “valores discutíveis” acaba influenciando em muito no modo de viver do novo rico, que desperta para a vida como uma ave que sai do ovo. Quer sair andando, correr, voar mesmo sem ter aprendido a bater as asas. O novo rico-rico, muda em tudo: de endereço, barbeiro, mecânico, amigos e boteco. E é muito fácil identificá-lo. Ele quer ser visto, notado, não importa como, inclusive pela falta de auto crítica e senso de ridículo. Está cheio deles por aí.

    (Manoel Afonso)

    Existe uma brutal diferença entre o rico e o novo rico. Enquanto o rico deixa se passar por despercebido, o novo rico se mostra a todos, comprando carrões, casas ou apartamentos sem ter condições. Seu saldo bancário está sempre a beira de um colapso, os compromissos firmados, idem. Torna-se um mentiroso em potencial com o intuito de passar a impressão de que está arrotando riquezas, enfim, a sua postura, mesmo passando por dificuldades, não cai um milimetro. Geralmente, até os familiares mais próximos são engados.

    Em Mossoró existem milhares deles.

    São, no minimo, ridículos.

    (João Claudio)

  3. chagas nascimento diz:

    Eu sei como terminou esta história… Muitas cabeças rolaram.

  4. naide maria rosado de souza diz:

    Texto notável, não aplaudindo o que descreve, mas a longevidade de seu alcance. Poderia ter sido escrito hoje.

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