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domingo - 14/10/2018 - 11:34h
Genocídio

A fábrica de extermínio em massa de Adolf Hitler

Escritor mostra como a morte de milhões de judeus se tornou uma "necessidade" da máquina de guerra

Por Luís Antônio Giron (IstoÉ)

O historiador e documentarista inglês Laurence Rees, de 61 anos, se tornou especialista no Holocausto judeu porque ficou intrigado com o surgimento e o progresso do monstruoso modo de produção e destruição nazista. Por isso, sentiu necessidade de compreendê-lo para estabelecer uma interpretação racional de um dos maiores monumentos à incoerência, à violência e ao genocídio.

Sua pesquisa durou 25 anos e resultou no livro “O Holocausto — Uma Nova História”, lançamento da Editora Vestígio. Rees entrevistou centenas de sobreviventes, soldados e oficiais nazistas responsáveis pelos campos de concentração. Tratou de organizar depoimentos inéditos em uma narrativa que busca explicar o nexo entre a chamada “solução final” e a dinâmica da guerra. O resultado é uma história sistemática de um tema muito abordado, mas, até agora, superficialmente analisado.

Rees descortina o nascimento do monstro e o descreve do seguinte modo: no final de 1941, o exército alemão dava aos primeiros sinais de que começava a perder a Segunda Guerra Mundial para os Aliados. Era preciso incentivar a produção das indústrias do Terceiro Reich com um aporte numeroso de mão de obra produtiva — e eliminar aqueles que atrasavam o avanço econômico, como os deficientes físicos e mentais, além da população de judeus. O chanceler alemão Adolf Hitler acreditava que o afluxo de migrantes judeus inviabilizaria o estoque de alimentos e resultaria em fome para toda a população.

Três anos antes, na Conferência de Evian, convocada pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt, que reuniu representantes de 32 países no balneário francês, Hitler havia proposto que todos os países acolhessem os judeus radicados na Alemanha. Ele os culpava por terem desencadeado a Primeira Guerra Mundial.

O Führer (em alemão, “condutor”, “guia”, “líder”) se dispusera a expulsar os judeus aos países que simpatizassem com eles, “até em navios de luxo”, como declarou. Mas ninguém aceitou recebê-los, fato que Rees identifica como um dos dois fatores causadores do Holocausto, como ficou conhecido o extermínio judeu, além do de outras populações, como poloneses, ciganos e minorias, como os homossexuais.

O segundo fator foi a crescente escassez de recursos da Alemanha. Isso acelerou a construção da indústria da morte nazista.

Adolf Hitler em rara aparição no fim da guerra: atribuiu a derrota aos judeus (Crédito:Walter Frentz)

“Evian foi um momento crucial do Holocausto”, diz Rees em entrevista.

“Por que os Aliados não tomaram providências? Ainda que o restante dos países tenha se manifestado de forma simpática, agiram muito pouco. Mesmo assim, ainda era cedo para imaginar os horrores que se seguiriam.”

Van de gás

Com o recrudescimento da guerra, os nazistas se sentiram obrigados a pôr em prática o extermínio. A solução foi encontrada por Hans Frank, chefe do Governo Geral. “Os judeus devem desaparecer”, disse. “São tremendamente prejudiciais a nós devido à quantidade de comida que devoram.” Para conter a escalada que colocava em risco a vida dos “arianos”, Frank criou o primeiro dispositivo para matar judeus: a van de gás. O veículo passou a transportar deficientes físicos e mentais, crianças e mulheres.

Enquanto a viagem ocorria, gás carbônico era despejado no compartimento traseiro, matando os passageiros, que eram enterrados no caminho. Morreram centenas, mas as vans chamavam atenção e não davam conta da demanda.

Para resolver o problema, os nazistas inauguraram uma câmara de gás fixa em Chelmno, na Polônia. Foi o primeiro dos 48 campos de concentração que se espalhariam pelo Reich e assassinariam 6 milhões de judeus e outras etnias até o fim da guerra, em 1945. Um milagre econômico.

O Campo de Concentração de Auschwitz exibia o lema que define uma certa ética: “O trabalho liberta” (Arbeit macht Frei). Leia-se: “O trabalho extermina”.

Tais operações, segundo Rees, não foram planejadas no início da guerra, mas resultaram de ações graduais.

“É preciso entender o genocídio no contexto da guerra e não de um projeto racional”, diz.

“Ele cresceu à medida que os nazistas eram derrotados, os recursos se tornavam escassos e era preciso usar prisioneiros para garantir a estrutura do país.” À medida que eram encurralados, eliminavam-se os “imprestáveis”. Ao mesmo tempo, negociavam prisioneiros para servir às indústrias nas franjas do regime para gerar lucros.

Visão inédita

Os historiadores tentaram explicar como uma nação civilizada perpetrou a barbárie total.

Duas teorias vigoraram nos últimos 70 anos: a intencionalista, segundo a qual a matança partiu de Hitler, e a funcionalista, que afirma haver na origem das execuções uma combinação entre o poder de Hitler e forças externas.

Rees contesta ambas. Segundo sua visão inédita, o extermínio não resultou de um ato apoteótico e nem de um método sistemático.

“A jornada rumo ao Holocausto foi gradual e cheia de idas e vindas, até encontrar sua expressão final nas fábricas de morte nazistas.”

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Categoria(s): Gerais / Política

Comentários

  1. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    A proposito do artigo/reportagem acima nominado, não tenhamos dúvidas acerca da gravidade do momento político/social e institucional que estamos à vivenciar no curso de um processo eleitoral, efetivamente iniciado no curso de um golpe político, midiático, jurídico e institucional face à Presidenta Dilma Roussef e ao PARTIDO DOS TRABALHADORES, especialmente face ao maior líder politico da atualidade, Sr. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, RETIRADO DA DISPUTA POLÍTICO/ELEITORAL, exatamente ara que as forças da extrema direita, lograssem êxito, não só à respeito da sua volta o poder institucional em nosso país, mais ainda legitimados por um processo eleitoral deveras fraudulento em sua origem.

    Não adianta dourar com pilulas de artificialidade e bons modos, posto que efetivamente estamos na ante-sala do nazifascismo, nazifascismo esse, que, muito provavelmente, irá gradativamente ser implementado através da lógica de quem mais possui votos e, por conseguinte da suposta legitimidade e legalidade outorgada pelo processo político/eleitoral em curso, necessariamente fraudulento, vez que originário de manifesto golpe contras as instituições democrática s e o Estado Democrático de Direito.

    Evidencias desse quadro manifesto quadro, temos à mancheia, vide, não só a provável eleição do BURRO NARO (ELE PRÓPRIO, MILITAR DA RESERVA, EM FUNÇÃO DA SUA EXPULSÃO DO EXERCITO BRASILEIRO POR INDISCIPLINA ), bem como o grande número de milicos eleitos, algo jamis visto no processo eleitoral brasileiro.

    Outro dado preocupante se evidencia com a eleição, por exemplo de RONALDO CAIADO, líder e criador da UDR, sabida e consabida organização de extrema direita, que sempre usou e continua usando de métodos e práticas medievais em face de que entende necessário reforma do latifúndio rural e urbano em nosso país.

    O quadro de uma guinada do quadro institucional e do poder político do país à Lá extrema direita, de fato, não se faz e não se presta mera especulação, sobretudo quando de indubitáveis demonstrações dentro da própria cúpula do judiciário, sendo este, fundamental no planejamento, preparo, execução e no fechamento do golpe que se evidencia e se se cristaliza ora no no curso do processo político/leitoral deveras espúrio.

    Por outro ado, o estado de absoluta inercia e omissão, quando não de manifesta cumplicidade e engajamento da cúpula da própria OAB nacional, não nos deixa nenhuma dúvida de que extrema direita direita daqui e de alhures, definitivamente logrou êxito, no presente momento, quanto á interrupção do processo de democratização das instituições que por um período de 12 (DOZE) anos, ousou, de alguma forma oxigenar,
    e por conseguinte oportunizar aos excluídos um minimo de possibilidades que ensejasse sair dos guetos de miséria social,econômica, cultural e política, impostos secularmente pelos Capitães Hereditários de sempre, os quais, infelizmente, estão de volta, pasme, não através de um golpe perpetrado do através das tradicionais baionetas, mas sim um golpe, deveras contemporâneo, posto que extremamente sofisticado em seus meios e métodos, porém, com certeza, com efeitos – caso não seja interrompido -, muito provavelmente, ainda mais devastadores que o golpe miliar de 1964.

    Nesse contexto, peço vênia aos Web-Leitores e comentaristas, para transcrever artigo do Jornalista LUIZ NASSIF, vejamos:

    Xadrez de Bolsonaro, do Poder Militar e do pacto nacional, por Luis Nassif
    O Jornal de todos Brasis

    Xadrez de Bolsonaro, do Poder Militar e do pacto nacional, por Luis Nassif
    SAB, 13/10/2018 – 18:54
    ATUALIZADO EM 13/10/2018 – 23:23
    Luis Nassif

    Têm-se uma certeza: o pacto político pós-Constituinte acabou. O bipartidarismo esfacelou-se com o fim virtual do PSDB. O PT mantém-se como o maior partido do país, mas ilhado por uma enorme corrente de anti-petismo que ameaça a eleição de Fernando Haddad e, muito mais ainda, um eventual governo, em caso de vitória.

    No plano racional, em um ponto qualquer do futuro, o PT ampliaria seu escopo, de representante de movimentos sociais e sindicatos, para um autêntico partido social-democrata, atraindo setores democráticos e progressistas órfãos do modelo atual – e até do PT atual. Na outra ponta, haveria um movimento em relação ao centro-direita, liderado por algum político mais capacitado que Bolsonaro.

    A indecisão dos principais atores políticos se prende a uma visão equivocada do que seria um governo Bolsonaro. Aposta-se na vida breve, devido à mediocridade ampla do candidato.

    Nesse quadro:

    O PT pretende assumir a liderança da oposição no momento seguinte, sem que a Executiva precise abrir lugar à mesa a outras forças políticas democráticas, órfãs do bipartidarismo atual.

    Ciro Gomes aposta em sua volta como uma espécie de Dom Sebastião, retornando para unificar e salvar o país da invasão bárbara.

    FHC ficará onde sempre esteve e de lá não arredará pé. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, e Bolsonaro se tornar um democrata, do que FHC cometer um gesto digno sequer.

    O PSDB tradicional tentará juntar alguns fragmentos e se abrigar em algum barco no meio do oceano, aguardando alguma embarcação maior para se atracar.

    A Globo já alinhou todos seus comentaristas ao editorial de dias atrás, no qual finge que acredita que Bolsonaro acredita que se tornará um democrata. Com Bolsonaro eleito, não conseguirá se esconder atrás do estado de exceção judicial. Como mais influente agente do Sistema, provavelmente será tratada como um inimigo implícito, por sua arrogância e sua posição liberal nos costumes. Sem problema. Se necessário for, sua próxima estrela será Regina Duarte de burca.

    Todas essas estratégias partem de um mesmo diagnóstico, uma espécie de auto-ilusão: depois de num breve período de caos, começará o novo tempo da política, no qual tudo será zerado, a democracia voltará a se impor e haverá o início de um novo ciclo democrático.

    Nada indica esse final feliz.

    O cenário mais provável será:

    Movimento 1 – a demolição acelerada das instituições, finalizando o trabalho de Michel Temer, quebrando instrumentos centrais de política econômica, social, educacional, tecnológica.

    Movimento 2 – a indicação de três novos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), consolidando o movimento oportunista de direita radical iniciado por Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Luiz Fux e, agora, pelo novo brasilianista, Dias Toffoli. No Ministério Público Federal, em vez de um Procurador Geral apenas submisso aos radicais da base, colocará um líder autêntico que mobilizará as tropas contra os dissidentes da sociedade civil.

    Movimento 3 – a indicação de militares para cargos-chave nos ministérios.

    Movimento 4 – ataques indiscriminados a movimentos sociais, sindicatos, universidades, com a combinação de milícias públicas e privadas, procuradores e juízes ligados ao MBL.

    Desfecho provável
    Pelo nível do capitão, pelos aventureiros que se aproximaram dele, pela absoluta incapacidade de recuperação da economia com as propostas de Paulo Guedes, pela mediocridade absoluta de Bolsonaro para mediar os conflitos internos de seu governo, se seguirá um período de profundas turbulências.

    No início, o governo Bolsonaro não será expressão do poder militar, mas apenas um celerado no poder. Com o caos, haverá razões de sobra para as Forças Armadas entrarem em cena, contendo as loucuras até o limite de substituir Bolsonaro por um governo militar autêntico, tocado pelo candidato a vice-presidente general Mourão.

    Aí, a loucura ultradireitista será submetida a um modelo racional e inevitavelmente autoritário, expressão autêntica da racionalidade militar.

    No plano econômico, um bom exemplo é o que ocorreu recentemente. Antes de se verem na perspectiva de poder, o discurso dos generais era uma réplica do neoliberalismo fútil da Globonews.

    Quando começaram a se debruçar sobre questões reais, caiu a ficha sobre o papel de estatais estratégicas. O próprio Bolsonaro veio a público declarar que jamais abrirá mão da Eletrobras como geradora de energia, e apontou o risco da invasão chinesa no Brasil. Certamente não chegou a tal conclusão amparado em seus próprios conhecimentos.

    Não cometerão as barbaridades anunciadas por Bolsonaro. Manterão políticas sociais, mas despregadas de qualquer possibilidade de ativismo social. Por sua própria característica – de não abrir mão do controle sobre todas as variáveis, comportamento típico da disciplina e da estratégia militar – será um governo controlador na economia e, principalmente, na política.

    O próprio fato do poder civil ter levado o país até o limite do caos, na figura de Bolsonaro, será o fator legitimador do próximo tempo.

    Aí o país encontrará de novo a paz dos cemitérios. E todos aqueles que se auto-iludiram em um momento crucial para o país, terão o resto de suas existências para fazerem autocrítica.

    ===================================================================================

    PS. Ao contrario do que muitos ingenuamente e acriticamente imaginam, a política não tem neuma semelhança e nenhum grau de importância comparativo, que se possa fazer, com importância do exercício da cidadania e do seu voto depositado, como, por exemplo a escolha e (ou) ao fato de torcer por determinado Time de Futebol.

    Muito embora, evidencie grande importância no contexto da vida moderna , mormente no setor de entretenimento, da economia, bem como da necessidade do salutar exercício de aspectos lúdicos nas relações humanas no curso e na dinâmica da sociedade moderna. Nessa toada e nesse dialeticismo social e político, evidencia-se que, o futebol e seu envoltório permeado de paixões, efetivamente passa ao largo das decisões que poderão mudar completamente o curso das vidas de determinado conjunto de sociedade, o qual, em algum momento da sua história, de maneira alienada, consciente, obtusa ou não, decidiu optar por esta e (ou) àquela agremiação político/partidária com viés doutrinário e ideológico absolutamente dispares em seu nascedouro.

    Por favor, leiam e, se possível, reflitam…!!

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  2. Janiele Pires diz:

    O curiosos é que no Brasil Bolsonaro representa o povo judeu, amigo de Israel, e o seu candidato Haddad é sangue libanês, árabe, e odeia os judeus.

    HIPOCRISIA, VC QUER UMA PARA VIVER?

    INCRÍVEL!

  3. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Texto que trata do mais doloroso drama universal.
    Diferentemente das catástrofes climáticas, o Holocausto foi iniciativa humana.
    Jamais encontraremos uma explicação para tamanho horror.
    O estudo citado merece atenção para analisarmos a monstruosidade cometida, com ajuda de pessoas que se dedicam, com afinco, a identificar o motivo da loucura coletiva.
    Parabéns a Rees que apresenta sua visão. Assim, com a lembrança do cruel extermínio sendo avivada na memória mundial, fortalecemos a certeza de que jamais o homem permitirá outro episódio de tamanha maldade, chaga em nossa história universal.

  4. François Silvestre diz:

    Mentira! Hitler nunca ofereceu essa alternativa de emigração. Outra mentira é dizer que há uma “nova história” sobre o holocausto. Não há história nova, há historiografia canalha. A História é o fato ocorrido e não a safadeza de recontar o fato. Do ponto de vista econômico o que havia era a dívida pública da Alemanha e sua classe média com o o povo judeu. Os judeus eram credores dos devedores alemães. A forma de não pagar essa monstruosa dívida foi colocar o credor na ilegalidade. E os devedores, aliados da “esperança” nazista, bancaram a tragédia. Essa é a verdade. O resto é escrotice de “analistas” a justificar o fascismo.

  5. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Quem não já ouviu frases enganosas e ingênuas frases do tipo …MAR LÁ NO ZISTADUS ZUNIDOS, NÃO EXISTI INFRAÇÃO, MISÉREA, DISIMPREGO E A JUSTIÇA É IMPRACÁVEL E PREFEITA PRA TODOS…!!!

    Entrementes, vejam em raríssima reportagem recentíssima publicada pela “insuspeita rede de comunicação social globo de televisão, atual momento econômico por que passa grande parte dos excluídos americanos do norte, no que aqui propagam aos quatro cantos do universo tupiniquim, o dito paraíso do capitalismo em sua conhecida superficialidade, fantasias e engenhos de enganação coletiva, tidos basicamente como o infalível universo da disneylândia, em especialmente para a grande maioria de alienados e obtusos brasileiros, os quais rotineiramente, tal e qual papagaios repetem chavões disseminados pela nossa maviosa e escroque, grande imprensa, vejamos:

    Aumento do número de sem-teto nos EUA é ‘bomba-relógio’
    Enquanto as autoridades tentam responder a essa crescente crise, alguns dizem que o mais provável é que a situação piore.
    BBC
    Por BBC

    14/10/2018 13h36.

    A situação que o país enfrenta é pior na região oeste, um destino normalmente escolhido por trabalhadores jovens com alta qualificação — Foto: BBC A situação que o país enfrenta é pior na região oeste, um destino normalmente escolhido por trabalhadores jovens com alta qualificação — Foto: BBC
    A situação que o país enfrenta é pior na região oeste, um destino normalmente escolhido por trabalhadores jovens com alta qualificação — Foto: BBC

    Elas parecem estar em toda parte. São pessoas de diversas idades, dormindo sobre papelão ou diretamente no chão, sem teto, debaixo de pontes ou em parques com seus pertences em sacolas plásticas como símbolo de suas vidas em movimento.

    Muitos chegaram às ruas recentemente, vítimas da prosperidade que nos últimos anos transformou muitas cidades da costa oeste dos Estados Unidos.

    Enquanto as autoridades tentam responder a essa crescente crise, alguns dizem que o mais provável é que a situação piore.

    O jornalista da BBC Hugo Bachega visitou a vibrante cidade de Portland, a maior de Oregon, no noroeste dos Estados Unidos e uma das que estão vivendo o problema.

    “É uma cidade de clima agradável, cultura rica e pensamento progressista”, conta Bachega.

    “É também um núcleo de inovação, parte do chamado Silicon Forest (Floresta do Silício, em tradução literal) – apelido dado ao grupo de empresas de alta tecnologia localizadas na área metropolitana de Portland – e os novos residentes se mudaram para lá nos anos pós-crise, atraídos pelas empresas de alta tecnologia e seus trabalhos bem remunerados”.

    “Mas a bonança não chegou para todos”, acrescenta o jornalista.

    Como era de se esperar.

    Escassez de moradia
    Portland é outra cidade que vê suas ruas cada vez mais cheias de pessoas sem teto — Foto: BBC Portland é outra cidade que vê suas ruas cada vez mais cheias de pessoas sem teto — Foto: BBC
    Portland é outra cidade que vê suas ruas cada vez mais cheias de pessoas sem teto — Foto: BBC

    O que aconteceu em Portland é uma história que se repete em várias cidades dos Estados Unidos, incluindo Nova York, Los Angeles e São Francisco.

    A crescente demanda em uma área com falta de moradias rapidamente elevou o custo de vida e aqueles que estavam financeiramente no limite perderam a capacidade que tinham de pagar um lugar para viver.

    Muitos foram resgatados por familiares e amigos ou programas governamentais e organizações de ajuda. Outros, no entanto, acabaram na rua. Os mais sortudos encontraram lugar em abrigos públicos. Não poucos estão agora em barracas de acampamento e veículos nas ruas.

    “Mesmo que a economia esteja mais forte do que nunca”, disse o prefeito de Portland, Ted Wheeler, do Partido Democrata, “a desigualdade está crescendo a um ritmo alarmante e os benefícios de uma economia em crescimento se concentram cada vez mais em menos mãos”.

    Muitos especialistas acreditam que é “uma bomba-relógio” nas ruas americanas que pode explodir para as autoridades, já que o problema está aumentando. “Temos mais desigualdade nos Estados Unidos, e isso, sem dúvida, tem impacto sobre as pessoas”.

    O número de moradores de rua aumentou em outras cidades prósperas da costa oeste do país, geralmente locais de destino para trabalhadores jovens com alto nível de qualificação, como São Francisco e Seattle – onde a culpa também tem sido atribuída aos preços em alta e aos despejos.

    Os números exatos são sempre difíceis de serem estabelecidos, mas 553.742 pessoas estavam sem moradia em uma mesma noite nos Estados Unidos em 2017, segundo o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.

    Foi a primeira alta em sete anos. O número, no entanto, ainda foi 13% inferior ao de 2010, graças ao declínio registrado em 30 estados – uma queda ofuscada pelos altos aumentos no resto dos EUA, com Califórnia, Oregon e Washington entre os piores estados.

    Los Angeles, onde a situação é descrita como um fenômeno sem precedentes e crescente, tem mais de 50 mil pessoas desabrigadas, logo atrás de Nova York, com cerca de 75 mil pessoas.

    Acampamento para quem não tem teto
    “É muito assutador. A população de rua só cresce”, diz Tequila, que tem 37 anos e vive em um acampamento em Portland — Foto: BBC “É muito assutador. A população de rua só cresce”, diz Tequila, que tem 37 anos e vive em um acampamento em Portland — Foto: BBC
    “É muito assutador. A população de rua só cresce”, diz Tequila, que tem 37 anos e vive em um acampamento em Portland — Foto: BBC

    Joseph Gordon, um homem transgênero conhecido como Tequila, vive em um acampamento para pessoas desabrigadas chamado Hazelnut Grove e fundado em 2015, quando Portland declarou pela primeira vez estado de emergência devido à crise dos sem-teto.

    “É muito assustador. As pessoas que conheço têm origens de vida muito diferentes, e a população de rua só cresce”, diz à BBC o homem de 37 anos.

    “Estando na rua você lida com todos os tipos de situações, como ter que relaxar convivendo com ratos. Você também começa a apreciar a água corrente ou o fato de poder ir ao banheiro sempre que quiser”, conta Tequila. As pessoas normalmente pensam que ele é mexicano pela cor de sua pele e seu apelido, em referência à famosa bebida do México.

    Hazelnut Grove, um acampamento para pessoas sem teto nos EUA oferece abrigo em pequenas estruturas de madeira — Foto: BBC Hazelnut Grove, um acampamento para pessoas sem teto nos EUA oferece abrigo em pequenas estruturas de madeira — Foto: BBC
    Hazelnut Grove, um acampamento para pessoas sem teto nos EUA oferece abrigo em pequenas estruturas de madeira — Foto: BBC

    Os idosos e as minorias têm sido desproporcionalmente afetados pelo problema de falta de moradias, segundo um estudo da Universidade de Portland, que prevê que a tecnologia pode ter como consequência o corte de milhares de empregos de salários baixos, provavelmente piorando as coisas.

    Fartos dos vizinhos
    A presença dos desabrigados em Portland e outras cidades americanas com o mesmo problema é mais visível do que nunca.

    Os moradores se queixam cada vez mais de cheiro de urina, fezes humanas e objetos abandonados que se acumulam em espaços públicos, às vezes em suas próprias escadas.

    Moradores das cidades que estão em crise se queixam de mau cheiro e de objetos abandonados nas ruas — Foto: BBC Moradores das cidades que estão em crise se queixam de mau cheiro e de objetos abandonados nas ruas — Foto: BBC
    Moradores das cidades que estão em crise se queixam de mau cheiro e de objetos abandonados nas ruas — Foto: BBC

    Em alguns lugares, há uma sensação de que é uma batalha que está sendo perdida.

    Mas essa é uma crise que vem se construindo há muito tempo.

    Os cortes do governo federal em programas habitacionais acessíveis e instalações para saúde mental nas últimas décadas fizeram com que muitas pessoas acabassem nas ruas dos Estados Unidos, segundo autoridades e provedores de serviços, enquanto os governos locais têm se mostrando incapazes de preenche a lacuna.

    Relatório devastador das Nações Unidas
    O acadêmico australiano Philip Alston, relator especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e os direitos humanos, viajou pelos Estados Unidos por duas semanas em dezembro do ano passado.

    Sua missão incluiu visitas a Los Angeles e São Francisco, que resultou em um relatório contundente no qual diz que “o sonho americano” está se tornando rapidamente, para muitos, a “ilusão americana”.

    O governo do presidente Donald Trump criticou duramente as conclusões dele.

    E o futuro, advertiu Alston em uma entrevista, não parece promissor.

    “As políticas do atual governo federal estão focadas em cortar, ao máximo possível, os subsídios para moradia. E acredito que o pior ainda está por vir.”

    A quantidade de pessoas sem teto cai de forma geral nos EUA, mas em algumas cidades ocorre o contrário: os números disparam — Foto: BBC A quantidade de pessoas sem teto cai de forma geral nos EUA, mas em algumas cidades ocorre o contrário: os números disparam — Foto: BBC
    A quantidade de pessoas sem teto cai de forma geral nos EUA, mas em algumas cidades ocorre o contrário: os números disparam — Foto: BBC

    Outros países ricos também tiveram que enfrentar o problema dos sem-teto, em tempos em que os mais vulneráveis ​​sofrem o ônus das políticas de austeridade, os preços em alta e o desemprego. Mas na maior parte da Europa, por exemplo, ainda existe uma “rede robusta do sistema de assistência social” para ajudar aqueles que estão em risco, disse Alston.

    “Em suma, se você está na Europa, você tem acesso a cuidados básicos de saúde e reabilitação psicológica e física, o que contrasta fortemente com os Estados Unidos.”

    De volta a Hazelnut Grove, Tequila, que encontrou um trabalho de meio período, pede doações para comprar papel higiênico, sacos de lixo e xampu.

    Ele está reunindo documentos para se inscrever em um programa local de moradias econômicas, mas não espera se mudar do acampamento em que vive tão rápido.

    “Ter uma grande população de pessoas sem teto não é um bom sinal, especialmente quando se vive no país mais rico do mundo”, disse Tequila em entrevista à BBC. “Há muito pouca esperança. É uma situação extrema”.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  6. fernando diz:

    Seremos nós os próximos a sermos exterminados nessa politia do odio?

  7. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro François, concordo em gênero número e grau acerca do seu breve e incisivo comentário, rapidamente dissecando o real do lado oportunista e farsante do dito simulacro de pesquisadore e sua maviosa tese, isso sim, tentando reinventar a roda e (ou) a história do nazismo, no que evidentemente melhor apetece aos seus interesses patrimoniais afetos ao carreirismo literário e historradiográfico.

    No Brasil temos um embusteiro chamado Leandro Narloc, que muito bem provisionado, apoiado e municiado pelos ditos neoliberais da vida, sempre no controle do monopólio da informação atual, continua tentando, através dos mesmos métodos, supostamente desmitificar a historiografia oficial nacional.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

    • François Silvestre diz:

      Pois é. O atual presidente do STF, encastelado lá pelo PT, um ex-reprovado em concurso pra juiz, acabou de pronunciar “nova” história sobre a Ditadura. Esse fela da puta não foi nem teve parentes torturados. Por que os políticos, todos, do PT, PSDB e PMDB, que formaram esse “supremo”, não foram buscar juristas nas universidade e na literatura jurídica? Não. Indicam os capachos que estão a seu serviço temporariamente. A principal lei da ciência histórica, única lei de origem cultural, é a imutabilidade do fato ocorrido. O que muda é a versão, pela historiografia. A História, não. “Contra o fato ocorrido nem a interferência de Deus tem eficácia”. Tomás de Aquino.

  8. 7Arnaldo Lopes diz:

    Estranho eh a história nunca falar dos crimes que Stálin, cometeu na Rússia pos guerra.. Qual a diferença?

    • François Silvestre diz:

      Você não leu o que já escrevi aqui mesmo sobre Stalin e o sovietismo. Ambos são fascismos, pois o fascismo não é ideologia ou doutrina, mas uma atitude autoritária. A diferença é que Stalin morreu. Não há stalinismo fervendo no mundo. Mas Hitler vive. Inclusive nessa sua obervação aparentemente cobradora de justiça histórica. O nazi-fascismo está ai, batendo à porta dos incautos. Mais honesto do que cobrar os crimes dos outros é ter a coragem de defender Hitler, sem usar Stalin como desculpa.

  9. carlos diz:

    70 mil assassinatos por ano, e isso nao é um exterminio ?

  10. Elves Alves diz:

    – Faz sentido mencionar registro da OAB ao rodapé dum monte de palavras sem sentido?
    Com a palavra (ou com a ‘língua em riste’, como queira) o palavroso Odorico Paraguaçu.

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