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domingo - 22/09/2019 - 08:10h

A virada do onshore brasileiro e os reflexos no RN

Por Gutemberg Dias

O segmento de petróleo e gás onshore brasileiro, que há muito tempo vinha numa retração enorme, começa a dar sinais claros que entrará num ciclo de ascendência, com perspectivas de investimentos novos a curto prazo.

A ambiência de mudanças no cenário se estabeleceu, a partir do lançamento do Programa de Revitalização da Atividade de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres (REATE), encabeçado pelo Ministério de Minas e Energia, especificamente, pela Secretaria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, que tinha como secretário o senhor Márcio Félix. Esse programa teve sua primeira fase iniciada em 2017, e agora, em 2019, foi reeditado com o nome REATE 2020, tendo como lema a “Virada do Onshore”.

A grande aposta é numa virada da produção terrestre com abertura para setor privado (Foto: divulgação)

O programa estabelece ações para garantir a retomada das atividades, por meio de políticas que fomentem cenário para atração de investimentos, com meta para atingir a produção de 500 mil barris/dia de óleo equivalente até 2030. Temas como a inovação e regulação, institucionalização da indústria, gás, multiplicação das companhias e promoção da livre concorrência estão na pauta do programa e seguem sendo discutidos por profissionais e entidades que atuam no setor.

Para o Rio Grande do Norte, o REATE 2020 tem uma importância excepcional, haja vista que no passado chegamos a produzir mais de 100 mil barris/dia e hoje nossa produção é menos da metade, ou seja, 38 mil barris. Com as políticas de incentivo, nossa produção poderá dobrar nos próximos cinco anos, garantindo a retomada da economia do estado, a partir da indústria petrolífera.

Como acreditar nesse novo cenário para o onshore potiguar? Bem fácil. De novembro de 2018 até hoje, temos sinais muito positivos. Primeiro, pela consolidação do projeto Topázio da Petrobras, que já garantiu a transferência dos polos Riacho da Forquilha, com produção de seis mil barris/dia, e o polo de Macau, com produção próxima aos três mil barris/dia, que serão operados, respectivamente, pela Potiguar E&P e a 3R Petroleum.

Ainda se soma a isso a perspectiva de vendas do polo Fazenda Belém e o sucesso do leilão da Oferta Permanente, que teve 19 blocos arrematados na Bacia Potiguar. Para o próximo leilão, espera-se uma demanda ainda maior de blocos na Bacia Potiguar pelos operadores.

Em termos de movimentação financeira, o polo Riacho da Forquilha foi comprado por US$ 384 milhões, com expectativa da Potiguar E&P investir outros US$ 150 milhões nos próximos cinco anos, com estimativa de dobrar a produção. Já a 3R Petroleum desembolsou algo próximo a US$ 191,1 milhões para a compra do polo Macau e deve fazer investimentos na ordem de US$ 80 milhões para, também, dobrar a sua produção.

Com o leilão da Oferta Permanente, outros US$ 4,8 milhões deverão ser injetados na economia do Estado para garantir o Programa Mínimo de Investimento das empresas nos blocos arrematados.

No geral, os investimentos anunciados pelos operadores independentes nesse novo cenário do onshore potiguar giram em torno de US$ 234,7 milhões ou R$ 957 milhões, com dólar cotado a R$ 4,08. Não estão contabilizados outros já consolidados ou anunciados pela Petrobras e demais operadores para os campos que estão em exploração.

Portanto, o cenário para o Rio Grande do Norte é promissor e, sobretudo, para a cadeia de fornecimento, que vem sofrendo bastante nos últimos quatro anos.

Para esse setor, é a garantia de geração de novos negócios e, consequentemente, retomada do processo de contratação de pessoal especializado e reaquecimento da economia de um modo geral, já que grande parte das compras dessas empresas será de forma localizada.

Está dada outra chance à economia do Estado e dos municípios produtores de óleo e gás no que concerne ao planejamento de futuro. Resta agora que o dever de casa seja bem feito para garantir que essa retomada das atividades projete novos horizontes econômicos para esses entes federativos. Que as empresas, em conjunto com os trabalhadores e a sociedade, sejam os grandes beneficiados de todo esse processo.

Gutemberg Dias é presidente da Redepetro RN e professor do Departamento de Geografia da UERN

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Q1Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Muito bem, Gutemberg Dias! Que a retomada seja vitoriosa para nosso estado.

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