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quinta-feira - 08/09/2016 - 11:24h
Política

Bastidores tensos explicam ruptura de ‘Francisco’ e Robinson

Entenda o porquê do rompimento entre aliados que veio à tona com bate-boca entre primeiras-damas

Passado o estresse inicial com choros, bate-bocas virtuais, vídeos e mais vídeos, silêncio ensurdecedor e certos chiliques típicos de uma novela mexicana, já é possível se fazer uma avaliação menos extremada do episódio que envolveu as primeiras-damas Amélia Ciarlini (Mossoró) e Juliane Faria (Estado). O caso é essencialmente político, embora se fale tanto em amizade.

A raiz dessa crise não está na disputa eleitoral em si. Remonta a um tempo e a certos acontecimentos que fogem à observação da maioria da população.

O incidente desencadeado por Amélia Ciarlini (Veja AQUI), mulher do prefeito “Francisco”, o Francisco José Júnior (PSD), foi o estopim à ruptura de uma relação política que só fez se desgastar  nos últimos meses. Gestão pública e aspirações eleitorais estão misturadas nesse enredo.

Robinson, com o prefeito, fez sua primeira visita à cidade dia 6 de janeiro de 2015, mas alargou distância (Foto: Ivanízio Ramos)

Ao apoiar (Veja AQUI) sua mulher, o prefeito concorreu mais ainda para o desenlace político e pessoal. O governador adotou a equidistância pessoal, sem se preocupar em oficial e pessoalmente promover qualquer réplica ou versão. Escalou outras pessoas.

Há vários meses que na Governadoria a postulação à reeleição de Francisco José Júnior (PSD) não motivava Robinson. Com pesquisas e mais pesquisas à mão e observando os rumos da gestão municipal, a avaliação fria sobre 2016 em Mossoró apontava a candidatura do prefeito como natimorta. “Caso  perdido”, diga-se, ouviu o Blog há cerca de quatro meses, de um auxiliar direto do governador.

Apoio

A questão é que o próprio Francisco José Júnior nunca ouviu diretamente de Robinson uma palavra nesse sentido. Em sua última passagem por Mossoró este ano, o governadora até deu entrevistas assegurando que não teria outro candidato a prefeito no município.

Em entrevista à imprensa de Natal (programa “Repórter 98”, dia 26 de julho deste ano), Robinson foi claro: “Tenho uma história política de gestos e coerência. Aqueles que estiveram comigo tenham certeza que receberão meu apoio. Em Mossoró estamos com Francisco José Júnior.” E ficou por isso mesmo até aqui. No verbo.

SOBRARAM sinais de que Robinson não o apoiaria num projeto sem qualquer perspectiva de dar certo. Na própria convenção municipal que consagrou o prefeito como candidato à reeleição, dia 4 de agosto, o governador não apareceu. Representou-o o filho e deputado federal Fábio Faria  (PSD).

Antes disso, na maior festa popular da cidade que o prefeito investiu todas suas fichas para granjear algum apoio popular, o “Mossoró Cidade Junina”, o governador não deu as caras. Nem enviou representante ao longo de quase 30 dias do evento.

O simples contato telefônico do prefeito com secretários e outros representantes do alto escalão do governo, também passou a gradualmente ficar difícil. Amélia, em seu desabafo, tido por Juliane Faria como pura “encenação” (veja AQUI), relatou isso. O governador não estaria atendendo suas ligações.

De lado a lado existem queixas e mais sinalizadores do fim dessa relação política entre o prefeito e o governador.

Rosalbismo no Governo

Entre interlocutores próximos, o governador aponta que Francisco priorizou uma agenda política expansionista e personalista, em desfavor da priorização de pauta administrativa, levando a Prefeitura ao caos. Com erário em frangalhos, o Estado não poderia lhe oferecer maior socorro.

O isolamento do prefeito foi ficando evidente demais. No dia 24 de maio último, o Diário Oficial do Estado (DOE) publicou exoneração (Veja AQUI) de Rina Márcia (sogra do prefeito) da 12ª Diretoria Regional de Educação (DIRED), com sede em Mossoró. Sua saída deveria ocorrer bem antes, segundo era discutido há dias no Governo.

Rina Márcia, a sogra: para fora, para dentro (Foto: arquivo)

Francisco José Júnior esperneou e forçou Governo a renomeá-la no dia seguinte (Veja AQUI). Foi justificado ao prefeito, que ocorrera “um engano”. Não é verdade. Houve decisão deliberada de tirá-la desse órgão, só que o prefeito preferiu acreditar na versão, em vez de romper com o governismo, que esperava essa decisão para fazer descarrego do problema e ter outros olhos sobre a própria sucessão municipal de Mossoró.

Uma aposta na candidatura da ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), até apontando seu vice, foi murmurada nos intramuros da Governadoria. Entretanto esse raciocínio não avançou, apesar do Governo do Estado ter reforçado ‘afinação’ com o rosalbismo, ao nomear a professora Isaura Amélia (cunhada de Rosalba) para a Fundação José Augusto (FJA) no dia 5 do mesmo mês de maio.

Cobranças

O vácuo na relação ocorre, sobretudo porque o prefeito fez cobranças indiretas e até mesmo públicas de apoio administrativo, sem eco na Governadoria.

Em peça de propaganda sobre segurança pública que foi divulgada pela Prefeitura, o texto chegava a assinalar crítica subliminar ao Governo do Estado, atestando investimento da municipalidade, mesmo “sem apoio”.

Na Câmara Municipal, sua bancada regularmente cobrava compromissos do governador com Mossoró e com a Prefeitura. Saúde e Segurança são as maiores carências, sem qualquer respaldo do Governo.

O prefeito tem razão na cobrança. A Prefeitura de Mossoró investiu e investe pesadas somas na Saúde e Segurança, sem contrapartida do Governo do Estado. Não por acaso, são os pontos de maior crítica da população aos serviços públicos.

Ele assume o desgaste institucional, que se reflete na sua imagem político-eleitoral como candidato à reeleição.

Dívida de gratidão

Na tentativa de escudar o próprio Governo do Estado e governador, Francisco José Júnior absorveu a maior parte da reprovação popular. Prova disso, é que nas pesquisas publicadas este ano, a repulsa popular a ele foi maior do que a Robinson.

Henrique x Robinson: vitória acachapante (Foto: montagem)

Esse sacrifício, entretanto, continuou e continua sem atenuante. Na prática, o parceiro administrativo não existe e o político também não.

Bem diferente do que aconteceu nas eleições de 2014 ao Governo do Estado, quando o então prefeito recém-eleito em disputa suplementar, assumiu para si as rédeas da campanha em Mossoró, contribuindo para vitória acachapante de Robinson sobre Henrique Alves (PMDB). Ele empalmou 52.886 (57,82%) dos votos válidos, contra 29.494 (32,25%) de Henrique. Maioria de 23.392 votos.

O próprio governador eleito chegou a afirmar, em repetidas ocasiões, que não teria vencido sem apoio decisivo de “Silveira” (o prefeito) e de Mossoró, contraindo uma dívida de gratidão. Sem resgatar o débito com o aliado e com a cidade, Robinson aproveitou esse caso para começar a esquadrinhar novo plano político pós-eleições municipais.

Robinson e Jório

A reunião que teve com o presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Jório Nogueira (PSD), na última terça-feira (6), publicada em primeira mão por este Blog (Veja AQUI), revela essa costura. O encontro sequer foi divulgado pelas assessorias dos dois políticos. Nem desmentido.

Contudo o novo desenho político que o governismo estadual rabisca, começou bem antes. O fosso que foi-se alargando entre o governador e o prefeito é inversamente proporcional às costuras para uma nova acomodação política.

Depois das eleições de 2 de outubro, até o pleito estadual de 2018, serão dois anos para costuras políticas e reordenamento de forças, além de política de alianças sob outro cenário em Mossoró, onde ele tem pousado pouco. Só uma vez este ano, no dia 10 de março (veja AQUI), enfrentando vaias. Em 2015, um pouco mais (Veja AQUI o porquê).

Importante que fique claro: o vencedor (a) nas eleições daqui a 24 dias (2 de outubro) não será, necessariamente, adversário (a) de Robinson.

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Categoria(s): Eleições 2016 / Política / Reportagem Especial

Comentários

  1. João Claudio diz:

    ”O primeiro sentimento que o ser humano perde é o da gratidão”.

    (Eu)

    Reafirmo:

    O Rob é traíra e do tipo caladão.

    PS- Não sou eleitor de Silveirinha, mas com essa sacanagem do Rob, eu estou ao lado do ”Chiquinho” e não abro nem para um trem.

  2. Antonio Augusto de Sousa diz:

    Além de incompetente, despreparado, sem plano de governo, ingrato, o (des) governador, é também TRAIDOR!!!

    Ou seja, quem tem um “aliado”, dessa qualidade, não precisa de adversário.

    Ele sabe também, que Carlos Eduardo, não é Henrique, que não tinha nenhuma experiência administrativa, e aquele, mesmo pegando à prefeitura arrasada por Micarla, a popular “borboleta”, está com 79% de aprovação (ver resultado da pesquisa da Inter TV Cabugi), isso em plena CRISE, e é favoritíssimo a levar à prefeitura logo no primeiro turno, tendo 40% de intenção de votos, contra 28% dos quatro adversários mais bem colocados.

    Então, o robótico governador também conhecido como “Zé Bonitinho” (devido sua gigantesca preocupação com seu cabelo), de olho em 2018, quando, com a maior “cara de pau”, vai tentar sua reeleição, sabe que precisa de alguém forte na segunda cidade do estado, já que na primeira (Natal), e alhures (grande Natal), será fragorosamente derrotado.

    Chico, o “menino maluquinho”, veio entender isso tarde demais, e agora sabe que é peça DESCARTÁVEL dos planos do governador para 2018.

    Por ter se equivocado, com o resultado das eleições suplementar e pra governador de 2014, pensando que os votos eram seus (quando na verdade, eram na maioria, votos de Rosalba e Cláudia Regina, vai sofrer uma derrota acachapante, avassaladora, rezando e muito pra não ficar no quarto lugar, e perder o “bronze” da eleição que se aproxima, pra Gutemberg.

    Esperemos pois, o resultado!!!

  3. M. D. R. diz:

    Claro, bote sacanagem nisso a situação ñ dano certo para ELE história muda. Temos exemplo com Deputado José Dias deixou no segundo plano, ñ atendeu o telefone mas, importante que o cargo ñ é vitalício. A resposta virá no decorrer do TEMPO.

  4. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Olho para esta foto e me lembro que esta empresa recebeu finaciamento a juros subsidiados do BNDES no valor de mais de 20 milhões de reais, além de isenção de impostos. Prometeu gerar mais de 6 mil empregos e a foto aí está a nos mostrar que nem a metade da metde dos empregos prometidos foram criados. Ninguém nunca soube quantos empregados com CARTEIRA ASSINADA esta empresa tem em Mossoró, muito menos quantos mossoroenses conseguiram trabalho devido a instalação desta empresa.
    Algum dia algum empresário mossoroense recebeu empréstimo do BNDES e mais isenção de impostos? Qual o empresário mossoroense que desejar abrir uma empresa será beneficiado pelo menos com isenção de impostos? Nas condições que foram dadas a esta empresa eu sou capaz de abrir em Mossoró um fábrica de aquecedores. Até hoje não engulo esta história.
    Encerro com uma pergunta:
    ALÉM DO FINANCIAMENTO DO BNDES, ALÉM DA ISENÇÃO DE IMPOSTOS, ESTA EMPRESA RECEBEU DOAÇÃO DE TERRENO?
    O que não acontecer em Mossoró não acontece em lugar nenhum do mundo.
    ////////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER INSTANTE.
    A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO NÃO ENTREGOU A BLUSA QUE PROMETEU AOS ALUNOS.

  5. Marcos Pinto. diz:

    De sorte que 2018 está aí, bem pertinho, para defenestrarmos esses golpistas potiguares, aplicando-lhes retumbantes e veementes e incisivas derrotas, devolvendo-os para os lugares de onde nunca deveriam ter saído. Uma lástima, pois.

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