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domingo - 24/05/2015 - 06:54h

Capital (des)humano do Brasil

Por Carlos Duarte

O Fórum Econômico Mundial divulgou há poucos dias o Relatório Sobre o Capital Humano. Trata-se de um estudo para medir o êxito dos países em adestrar, desenvolver e preparar a sua gente para a vida. Nesse ranking internacional, que revela o grande ativo de cada nação, o Brasil ocupa novamente outra posição vergonhosa: o 78º lugar, entre 124 países.

No quesito desempenho e preparação dos menores de 15 anos, o vexame foi ainda maior e, o Brasil ocupou o 91º lugar. Na prática, o estudo revela que a taxa de sobrevivência do aluno brasileiro, no ensino básico, é muito baixa. Isso significa que não adianta apenas por as crianças nas escolas, é preciso que elas permaneçam e sobrevivam dignamente nelas.

Quando se analisa a posição do Brasil frente aos países da América Latina e Caribe, percebe-se outro vexame: ocupamos o 13º lugar, em matéria de tratamento digno de seu capital humano, ficando atrás de países pobres como El Salvador, Bolívia e Paraguai.

O ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy não é suficiente para tirar o Brasil desta posição vexatória, ao contrário, em meio às incertezas sobre o futuro do Fies, o financiamento estudantil do governo, o cenário tende a ficar ainda mais nebuloso. Até o final de março, o governo Dilma não havia repassado um único real dos R$ 15 bilhões previstos para o financiamento do programa em 2015.

O arrocho põe em risco a sobrevivência de 61 instituições de ensino, que totalizam 65 mil alunos e têm dependência de 70% dos recursos do Fies.

Apesar de o estudo não apontar uma relação direta do crescimento econômico com o ranking do capital humano, deve-se considerar que o sinal vermelho da recessão do Brasil, neste ano, é um componente muito preocupante, diante da previsão de encolhimento da economia em cerca 1,5% do PIB.

Entre as 189 economias monitoradas pelo FMI, o Brasil está entre as 16 que terão o PIB negativo, em 2015. Assim, a incompetência do governo do PT levou a economia brasileira a entrar no Clube de Complexo de Vira-Lata: a Rússia, afetada por sanções e pela queda do preço de petróleo naufraga com seus vizinhos; a Ucrânia, Serra Leoa e Iêmem estão em estado de guerra e de violência política; o Nepal vive a catástrofe dos terremotos; enquanto a Argentina e Venezuela padecem, há anos, da irresponsabilidade de seus governantes.

Para 2016, não há sinais de recuperação do crescimento econômico do Brasil. O último número do Boletim Focus aponta para o consenso de que a economia brasileira corre o risco de ficar, pelo menos, três anos virtualmente parada.

A gestão desastrosa do governo petista (Lula e Dilma) construiu a falsa ideia de crescimento e desenvolvimento, propositalmente para iludir principalmente os menos favorecidos, desconsiderando todos os fundamentos macro e micro econômicos.

Agora, o modelo de enganação petista chegou ao fim de seu ciclo e são muitas as razões para a crise ora instalada: o crescimento do PIB pela via do consumo; políticas anti-cíclicas e de renúncia fiscal; expansão do crédito; juros; câmbio; desindustrialização; balança comercial; retração das commodities; carga tributária excessiva; gastos exacerbados do governo, corrupção corporativa, entre outras.

Se não houver uma rápida mudança na condução da gestão pública brasileira, o péssimo desempenho do Capital Humano, apontado no estudo do Fórum Econômico Mundial, poderá ficar ainda pior. Ou seja, ainda mais desumano.

Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Mesmo que as experiências dos governos de esquerda e (ou) com queiram…social democratas, ocorridas nas últimas décadas em importantes países da América latina claramente indiquem uma outra interpretação realidade e interpretação quanto aos de ordem política, econômica e social. Denota-se de forma clara e meridiana, que, segundo a abalisadíssima opinião e as premissas do economista em apreço, não há saída, se não a aplicação de medidas historicamente conhecidas e vinculadas ao consenso de Washington.

    Esse discurso tautoligista e reducionista no âmbito da economia, das ideologias e da política que se profundou nos anos 90 com o esfacelamento do sistema socialista mundial, tendo à época, a máquina de propaganda capitalista oportunizado o discurso do pretenso filosofo e economista japonês Francis Fukuyama, este, afirmando em publicações e fóruns diversos, que as derrotas do fascismo e socialismo em escala mundial, teriam estabelecido o fim da história, pelo fato dos EUA reinarem absolutos no controle do mundo, universalizando o sistema capitalista, com o domínio da “democracia ocidental” sobre as demais ideologias.

    Aos que continuam a apostar que, apesar das incongruências e contradições de ordem histórica, ainda lutam e acreditam que o Consenso de Washington já não é um consenso, mesmo para organizações, como o Banco Mundial, que participaram de sua formulação. Fruto de um seminário que reuniu, em Washington, em 1990, economistas do governo norte-americano e de instituições internacionais, como o Fundo Monetário, o Consenso de Washington, que á época, passou a ser sinônimo de medidas econômicas neoliberais voltadas para a reforma e a estabilização de economias “emergentes” -notadamente as latino-americanas.

    Antigamente quando grande parte da América latina, mais ainda era claramente identificado como o quintal dos americanos, não havia outra condição ou via, se não a meta única de Privatização, controle da inflação, Estado mínimo e liberalização do comércio sem fronteiras, foram algumas de suas receitas, que passaram a ser adotadas por governos do continente -e também de outras regiões- para promover o
    desenvolvimento de seus mercados.

    Nesse sentido temos que, apesar do bombardeio midiático e da via de informação ocorrer praticamente em mão única. Assim mesmo, a realidade demonstra que muitos dos países que sabidamente têm economias bem-sucedidas também têm e tiveram governos envolvidos numa ampla gama de atividades. Em alguns casos pode ser colocado que o governo já mostrou ser um catalisador eficiente -as suas ações ajudam a resolver o problema de insuficiente oferta de inovação social.

    Ao contrário do que reverbera o economista e articulista em tela, não só no Brasil onde ocorreu e continua a ocorrer uma silenciosa revolução, onde não se discute quanto a um nova realidade política, econômica e social, tendo na a ascensão social com distribuição de renda e riqueza sua principais pilastras. No caso passou a acontecer, exatamente em função da não aplicação dessas verdades absolutas, mais ainda sem a sem a participação direta de organismos internacionais com o Banco Mundial e FMI e dos arautos do consenso de Washington, temos outras experiências semelhantes em outros países latino americanos, onde por exemplo, no Equador, Bolívia, Argentina Venezuela, Chile etc.

    Claro, óbvio e ululante que enfrentamos problemas, sobretudo originários de uma crise mundial iniciado ainda no ano de 2008 (CUJA ORIGEM É DE TODOS SABIDA, OU SEJA DE CUNHO ESPECULATIVO ONDE OS USA TÊM E TIVERAM GRANDES RESPONSABILIDADES COM O INEQUÍVOCO E IRRESPONSÁVEL USO DE PAPÉIS PODRES ATRAVÉS DAS BOLSAS EM SOLO AMERICANO), cujos efeitos deletérios foram, na medida do possível efetivamente combatidos em nosso país, através de uma humanista, nacionalista e coerente política economista nos governos LULA e Dilma, com a criação de um fabuloso mercado interno, priorizando as políticas nacionais.

    O fato concreto é que, nas últimas duas décadas, sobretudo a partir da ascensão do partido dos trabalhadores ao poder institucional do nosso país no ano de 2003, apesar da crise ora vivenciada, temos em realidade um quadro de melhoria da qualidade de vida e ascensão social dos brasileiros, com jamais visto em nossas plagas, sobretudo nordestinas.

    Nesse sentido, peço vênia ao editor do Blog, para transcrever informação do PINADE, vejamos:

    Pnad mostra melhoria na vida dos brasileiros em quase todos os aspectos levantados pela pesquisa

    PNAD 2013

    A qualidade de vida dos 201,5 milhões de brasileiros avançou em quase todos setores, entre 2012 e 2013, em todas regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na área de saneamento, o total de domicílios com coleta de esgoto e fossa séptica chegou a 41,9 milhões no ano passado, aumentando de 63,3% para 64,3%, de acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (18).

    Foram registrados avanços nesta área em todas as regiões, sendo os mais significativos no Sul (8,4 %), Norte (8,3 %) e Centro-Oeste (7,1 %). No caso da coleta de lixo, as residências atendidas aumentaram 3,2 % em 2013, em comparação ao ano anterior, passando de 56,6 milhões para 58,4 milhões e totalizando 89,8% de habitações. Em 2012, esse índice era de 88,8%.

    A maior expansão foi observada no Nordeste (5,1 %). O saneamento básico tem impacto direto na saúde da população e está entre os principais indicadores da qualidade de vida de uma nação, ao lado da educação.

    Analfabetismo
    A taxa de analfabetismo voltou a cair em 2013. Em apenas um ano, 297,7 mil pessoas com idade acima de 15 anos se alfabetizaram, reduzindo o nível de analfabetismo do país de 8,7% para 8,3%. A redução foi observada em todas regiões do País, com destaque para o Nordeste, onde a taxa diminuiu de 17,4% em 2012 para 16,6% em 2013.

    Na comparação entre 2012 e 2013, houve redução de 33,5% para 31,2% da proporção de pessoas com ensino fundamental incompleto e aumento de 9,8% para 10,0% da proporção daquelas com ensino fundamental completo.

    Aumentou também o número de pessoas de 25 anos ou mais de idade com ensino médio completo (de 25,2% para 25,9%). O peso daquelas que completaram o ensino superior, que inclui também mestrado e doutorado, se elevou em 0,9 ponto percentual no período.

    Dentre as grandes regiões, a região Norte era a que possuía a maior proporção de estudantes na rede pública de ensino, em todos os níveis, exceto no nível superior, em que se iguala com a região Nordeste (33,5%). A região Sudeste, por sua vez, tinha a menor proporção de estudantes na rede pública para os ensinos fundamental (84,2%), médio (84,4%) e superior (19,3%).

    Em 2013, 98,4% das crianças de 6 a 14 anos estavam na escola. Eram 98,2% no ano anterior e 97% em 2007. Na faixa de 15 a 17 anos, eram 82,1% em 2007, 84,2% em 2012 e 84,3% em 2013.

    Bens duráveis
    O aumento da renda fez crescer o acesso da população aos chamados bens duráveis, que são mais caros e demoram mais a serem trocados, como geladeira, televisão e automóvel, entre outros.

    De acordo com a Pnad, cerca de 58,3% residências do País tinham máquina de lavar em 2013, avanço de 7,8% em relação a 2012. A televisão estava em 97,2% dos domicílios, e a geladeira, em 97,3%.

    O total de domicílios com computadores também subiu, passando de 46,4% para 49,5%, de 2012 para 2013. No Nordeste, o aumento foi de 14%. Dos 32,2 milhões de domicílios brasileiros com computadores em 2013, 28% tinham acesso à internet.

    Aumento da telefonia
    O avanço da telefonia celular digital também avançou no período analisado pela pesquisa. Do total de domicílios, 53,1% tinham celular em 2013, acima da taxa de 51,4% de 2012.

    Por outro lado, caiu 5,6% em 2013 o número de domicílios com apenas telefonia fixa. Ou seja, apenas 1,8 milhão dos 61,5 milhão de domicílios, ou 2,7% do total, tinham apenas telefone fixo.

    Inclusão digital
    Com o aumento do acesso aos bens duráveis, inclusive ao computador, e da telefonia, aumentou o número de brasileiros conectados à internet. Pela primeira vez, mais da metade da população brasileira passou a ter acesso à rede. Em 2013, 50,1% da população tinha se conectado à internet alguma vez, em casa ou em outro local, ante 49,2%, em 2012.

    Em 2001, esse percentual era de apenas 12,6% .As residências moradias com computador conectado à internet aumentaram de 8,5% para 43,7%, no mesmo período.

    Trabalho infantil
    A Pnad mostrou uma queda de 12,3% no número de trabalhadores entre 5 e 17 anos de idade entre 2012 e 2013. Em termos percentuais, a maior queda ocorreu entre pessoas de 5 a 9 anos de idade, faixa da qual 24 mil crianças deixaram de trabalhar.

    A maior queda de contingente, contudo, ocorreu no grupo de 14 a 17 anos, cerca de 362 mil pessoas, sendo 225 mil delas nas regiões Nordeste e Sudeste.

    Rendimento médio mensal real cresce
    O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas de 15 anos ou mais ocupadas com rendimento em 2013 foi de R$ 1.681, valor 5,7% superior ao de 2012 (R$ 1.590). A região Sul foi a que apresentou o maior incremento, 8,1% (de R$ 1.731 para R$ 1.872), e a região Centro-Oeste, com o maior valor médio (de R$ 1.906 para R$ 1.992), apresentou a menor variação (4,5%).

    A região Nordeste mostrou um crescimento de 5,7%, mas possui o menor rendimento médio (de R$ 1.086 para R$ 1.148). Três unidades da federação apresentaram redução nesse tipo de rendimento: Acre (de R$ 1.342 para R$ 1.302), Amapá (de R$ 1.632 para R$ 1.616) e Espírito Santo (de R$1.577 para R$ 1.557).

    Por fim creio que os modelos de política econômica existentes, não detém em sim verdades absolutas e soluções inabaláveis, porém o enfrentamento da realidade de desigualdade social no Brasil e mais ainda no continente sul americano, não se fará de forma efetiva, sem um tapa na cara da subserviência aos interesses imediatos dos USA, mais ainda a compreensão e a certeza de que América Latina pode e deve, se libertar das amarras históricas amarras que a subjugaram durante séculos, trazendo miséria, degradação humana política econômica e social, exatamente quando adotou políticas econômicas e de relacionamentos diplomático com países, tais e quais o consenso de Washington ainda tenta ladinamente impor e postergar aos nosso interesses.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  2. ROSANA diz:

    Era tudo enganação mesmo do PT , pois na campanha de Dilma, ela só tinha notícias boas para o país e os brasileiros. A Copa do Mundo piorou o que já estava ruim , fez o governo gastar fortunas com os chamados “elefantes brancos’ que agora não servem para absolutamente nada, no caso da copa, os brasileiros também têm culpa, já que eles apoiaram a realização da copa no Brasil, fico imaginando o que teve de corrupção só no período da copa com obras superfaturadas, não deve ter sido brincadeira. A candidata Marina Silva, trouxe para o debate eleitoral, uma questão muito importante, a sustentabilidade e gestão responsável, mas como o assunto é complexo e envolve vários setores, a população preferiu o discurso fácil de Dilma, a utopia. Mas ninguém pode fugir da realidade, que mostra que só a participação de toda a sociedade fazendo sua parte, é que poderemos ter equilíbrio na vida. Contribuir com o Brasil não é simplesmente pagar
    impostos, é contribuir com a sociedade, exercer o papel de cidadão, respeitar a natureza, respeitar as leis de trânsito, valorizar a família, praticar o humanismo, pensar no coletivo, e isso deveria começar na escola, as crianças poderiam aprender sobre a moralidade, a ética. Estamos vivendo o oposto, a banalização da imoralidade, ninguém pensa no coletivo, muito menos os corruptos.

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