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domingo - 23/08/2020 - 11:25h

Chuvas e enchentes do rio Mossoró

Por Odemirton Filho

“Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva”. (José Lins do Rego)

Em 1985, há exatos trinta e cinco anos, presenciei uma das enchentes do rio Mossoró. À época parte do centro da cidade ficou alagado.

Com alguns amigos de infância percorri todas as ruas com o nível da água atingindo a cintura. Foi a diversão daqueles dias. Não estávamos preocupados se iríamos adoecer. Às escondidas dos nossos pais passávamos a maior parte do dia vendo aquela enxurrada d´água. 

Não se falava na tricomitização do rio ou, se falavam, não sabíamos de que se tratava.

As águas avançavam na rua lateral, entre as lojas Riachuelo e o Cine Pax, hoje lojas Marisa. Para nós as consequências da enchente e os transtornos não interessavam. Os prejuízos para o comércio local foram, certamente, imensos, mas estávamos preocupados com as sessões de filmes do Cine Pax.

Não estávamos sozinhos. Dezenas de pessoas percorriam as ruas alagadas, fosse por curiosidade ou para salvar objetos e mercadorias das lojas que ficavam nos arredores.

Sob a chuva torrencial, saíamos a andar, sem pensar em raios ou trovões. A infância, como se sabe, não conhece o medo.  Aproveitávamos cada uma das bicas das casas e dos prédios. A água gelada quando batia doía nos “couros”. As mãos e os pés ficavam “engiados”. Tempo bom.

Dávamos voltas e mais voltas no quarteirão do antigo Banco do Estado do Rio Grande do Norte (BANDERN) e onde ficava a padaria que pertencia ao meu pai. Ao final da tarde, com o chão encharcado, ficávamos na padaria comendo pão e bolacha “sete capas”, ouvindo a conversa dos mais velhos sobre as chuvas.

De tanto brincar sob a chuva era natural que ficássemos resfriados. Mas, naquele tempo, qual criança não queria ficar doente para beber guaraná e comer bolacha “creme craque”? Era um santo remédio.

Hoje em dia, aqui ou acolá, quando cai um “toró” d´água, lembro-me de 1985. Bate uma saudade danada.

Da enchente? Claro que não.

Dos banhos de chuva que alegravam e molhavam a infância.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Rocha Neto diz:

    Pois é amigo, lembro muito destas cenas tão mercantes que nossa Mossoró já viveu, lembro muito da panificadora do velho Odemirton e Albinha, seus pais que tinha como vizinho o bar do velho Silvério, ali tinha o melhor suco de maracujá que já degustei até hoje, e como acompanhamento a melhor 7 capas a qual você se reporta, é também não esqueço o melhor pão Recife da panificadora que acho que se denominava “Palma”. Bem o mais só lembranças, pleiteando Bartô Galeno, o qual foi meu companheiro de infância no antigo Buraco do Tatu, feira livre que ficava localizada aonde é hoje o Parque da Criança. Tu tá quase me fazendo chorar com as reminiscências da histórica Mossoró. Grato!!

    • Odemirton Filho diz:

      Rocha Neto, o suco de maracujá de Silvério não tinha igual. A sete capas da padaria também. De primeira.

      Tempo bom, meu amigo, tempo bom.

      Abraços!

  2. Rocha Neto diz:

    Plageando Bartô Galeno*

  3. Q1naide maria rosado de souza diz:

    A tricotomização foi feita sob orientação de meu Serra Grande. Grande abraço, prof. Odemirton.

  4. Edinaldo Calixto diz:

    Em 1985,creio que já havia o novo “braço do rio”, cuja ponte fora entregue em 1979, não houvesse sido realizada esta obra poucos anos antes e os estragos teriam sido bem maiores em 1985, neste ano, OS chamados “coletivos’, desciam para o centro pela BR , ou “contorno”, visto que não se podia passar pela Presidente Dutra devido esta ter parte do trecho que liga ao centro completamente coberto pelas águas por alguns dias!

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