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terça-feira - 18/09/2018 - 17:28h
Operação Canastra Real

Como é fácil desviar milhões na Assembleia Legislativa

A Operação Canastra Real deflagrada dia passado pelo Ministério Público do RN (MPRN) desvendou algo que parece interminável: a corrupção nas entranhas da Assembleia Legislativa do RN. Mais uma vez, uma pessoa de alto cargo de confiança está no centro da rapinagem. E, certamente, com boa retaguarda para delinquir sem medo.

Segundo esclarece o MPRN, a chefe de Gabinete do deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), presidente da Casa Legislativa, Ana Augusta Simas Aranha Teixeira de Carvalho, desviou mais de R$ 2,440 milhões em benefício próprio e provavelmente de terceiros ‘mais influentes’ e poderosos. O esquema estava em atividade desde 2015, início da atual legislatura.

A agência bancária em atividade na própria AL, que já fora envolvida na “Operação Dama de Espadas”, outra vez está em enredo criminoso. Dessa feita, mediante a quebra de sigilo bancário e outras providências, o MPRN o esquema operado mensalmente desde 2015, por Ana Augusta.

Investigados efetuavam saques em sequência, geralmente no mesmo atendimento, sendo que, ao final, o numerário dos vários saques era somado e retirado integralmente. Mesmo tendo aberto contas em uma modalidade que ensejaria uma série de benefícios aos correntistas, diferentemente do padrão, esses servidores optavam por não utilizar qualquer uma vantagem/privilégio.

Todos aderiram a um serviço de controle financeiro que era enviado para o endereço indicado por eles: a residência de Ana Augusta Simas e em um imóvel comercial do advogado Sérgio Augusto Teixeira de Carvalho, parente dela.

Muito dinheiro em espécie

Além disso, a investigação do MPRN aponta que os saques não teriam sido realizados pelos titulares das contas bancárias, mas por meio de uma única pessoa e com determinação uniforme. Ou seja, a quadrilha parecia afinado e segura na operação feita mês a mês, envolvendo altas somas em dinheiro.

O monte de cédulas percorria corredores, elevador, escadarias e salas da AL sem despertar questionamento. O controle interno da Casa, que se jacta de ser rigoroso no “enxugamento de despesas” com pessoal, parece cego a desvios de valores milionários.

Em depoimento ao MPRN, um bancário que trabalhou na agência existente na Assembleia Legislativa confirmou o esquema criminoso. Esse funcionário relatou que nos dias de pagamento da Assembleia, o banco provisionava mais de um R$ 1 milhão, diante da peculiaridade da agência pagar, por meio de saques, os salários em espécie.

Ana controlava tudo

A testemunha disse ao MPRN que Ana Augusta Simas exercia o “controle” sobre o grupo de pessoas investigadas. O somatório dos saques efetuados nas contas dos integrantes do grupo era acondicionado em um envelope e entregue a um deles, provavelmente àquele que era atendido por último e, por vezes, entregue à própria Ana Augusta, que permanecia na agência no momento do atendimento.

O MPRN também aponta, na investigação, a divergência entre as assinaturas de alguns titulares de contas bancárias. Váriasas rubricas têm consideráveis semelhanças com as de Ana Augusta Simas. Em depoimento ao MPRN, já após a deflagração da Operação, os próprios servidores reconheceram que algumas assinaturas não são deles.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Política

Comentários

  1. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Considerando o texto um relatório, posso afirmar que chega a ser sinistro .

    • Francisco César. diz:

      E pior, não se fala no chefe dessa senhora. Será que alguém acredita que ela fazia toda essa roubalheira sem o conhecimento do deputado Ezequiel, o cabra é presidente da AL, chefe imediato da espertalhona e não sabia de nada? Ora, o MP tem obrigação de estender a investigação ao poderoso comandante do poder legislativo, não pode deixar ele de fora. Na minha opinião, no Brasil um dos poderes mais podres e enlameados são as Assembleias Legislativas entre os outros poderes. Muito triste falar isso do pais que a gente ama.

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