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sexta-feira - 27/04/2012 - 11:38h
Poder visível

Conselho Político “legitima” governo de Carlos Augusto

Colegiado 'criado' por Rosalba não existe legalmente e é apenas um artifício com outro propósito

Alguém aí sabe qual a verdadeira intenção por trás da criação do Conselho Político do Governo Rosalba Ciarlini (DEM), anunciado na última quarta-feira (25), em Brasília,  pela própria governante? Em tese, serviria para auxiliar Rosalba na gestão das crises que se alastram no governismo, contenciosos que arrastam a administração para o descrédito.

Carlos (centro) com João e Henrique ganha aparente legitimação para 'governar'

Ao mesmo tempo, objetivaria tornar mais homogênea a base interpartidária que dá suporte ao governo, visando as eleições em 167 municípios do estado.

A governadora listou que além dela, fazem parte do conselho o seu marido e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), tido como “governador de fato”; o senador José Agripino (DEM), ministro-senador Garibaldi Filho (PMDB), deputado federal Henrique Alves (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa Ricardo Motta (PMN) e deputado federal João Maia (PR).

Talvez esteja passando despercebido, até agora, o real papel de dois nomes desse colegiado: um, que o compõe; outro, que é uma ausência descabida.

Carlos Augusto Rosado finalmente ganha visibilidade pública, de poder, após cerca de 24 anos nas sombras, ao longo de três mandatos da mulher como prefeita de Mossoró, iniciado em 1989, bem como quatro anos como senadora da República. Portanto, algo incomum, para quem apostou nas trevas ou bastidores, como ambiente para gerir interesses da gestão pública e articulação política do chamado “rosalbismo”. É uma situação atípica, que nunca Mossoró tinha testemunhado, mas que o Rio Grande do Norte passou a conviver, numa faceta diametralmente oposta a que ele cultivara por longos anos.

‘Incluído fora’

Ao mesmo tempo, é estranha a exclusão de uma pessoa. Quem foi “incluído fora” do Conselho Político é o deputado estadual e líder da bancada governista na Assembleia Legislativa, o fidelíssimo Getúlio Rego (DEM). Sem qualquer explicação plausível, ele ficou à margem do colegiado. É um desperdício, bem como claro desprestígio e desvalorização quanto ao seu papel, um político que tem 8 mandatos consecutivos na Casa (primeira eleição em 1982) e sempre no mesmo grupo político.

Outra estranheza é a hierarquia das prioridades já definidas para trabalho desse grupo: “A primeira decisão do conselho político será sobre as eleições municipais de Mossoró”, informou a governadora. O desmanche da Saúde, a metástase da Segurança Pública-Sistema Prisional; o redemoinho na Educação, a desmotivação do servidor público e outras graves mazelas ficam para depois.

Há poucos dias, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, Getúlio Rego alertou para a bomba-relógio em crescente tic-tac na Assembleia Legislativa. Disse, sem subterfúgios, que “a governadora Rosalba Ciarlini não tem interlocução com os deputados estaduais. A situação é mais grave porque falta ao chefe de Gabinete, Anselmo de Carvalho, a quem caberia prioritariamente conduzir o diálogo do Governo com os parlamentares, a autonomia necessária para as negociações com os aliados”.

Rego: desprestígio, desperdício

Simplificando: indiretamente, o parlamentar endossou o que já dissera meses antes o ex-chefe de Gabinete Paulo de Tarso Fernandes (veja AQUI), numa entrevista arrasa-quarteirão: o governo não tem planejamento, está sem rumo e Rosalba não consegue interagir sequer com os próprios aliados. Não manda em patavina.

O Conselho Político, em si, não existe como parte da engrenagem orgânica do poder. Não está no organograma do Estado.

É um ‘nome de fantasia’ à construção de uma imagem pública que pretende melhorar o perfil do governo, lhe dando um caráter mais democrático, descentralizador e arejado. Assim, passa a supostamente legitimar a própria  presença e intervenção de Carlos Augusto Rosado, lhe ofertando corpo naquilo que antes era apenas um espectro, já tratado pela sociedade e setores da mídia como um estorvo.

Direito subjetivo

Carlos Augusto Rosado, dessa forma, encontra nos outros nomes e no verniz do Conselho Político, um direito subjetivo: o de governar a partir da Residência Oficial do Estado, localizada no bairro Morro Branco, em Natal. Passa, inclusive, a se sentir menos embaraçado em transitar pelos escaninhos da Governadoria, sem ser visto como um marido impertinente, mas conselheiro.

É pouco provável que o Conselho Político tenha efeito prático como a propaganda oficial propaga. A fórmula não é nova e de longe em nada parece, por exemplo, com o que fora instituído em 1931 pelo governo português, por decreto, para cumprir funções consultivas nos campos político, administrativo etc., para definição do regime corporativo de Estado. Também não chega a ser o que se denomina de Gabinete de Crise.

No Governo Federal do Brasil, a função de gerenciar crises é atribuída ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, por meio da Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais (SAEI). Não se trata de uma miragem: tem salas, equipes, trabalha diuturnamente. Auxilia o Executivo desde uma greve que possa paralisar o setor produtivo a uma epidemia de dengue.

O 33º presidente norte-americano, Harry Truman, mantinha sobre sua mesa na Casa Branca, uma placa com mensagem que em nada combina com a atual realidade do poder executivo do Rio Grande do Norte: “O problema acaba aqui”.

Quem despachava com o governante que assumiu o governo em plena 2ª Guerra Mundial, após a morte do titular – Franklin Delano Rosevelt, sabia quem mandava.  Na Governadoria do Estado potiguar, pelo visto, essa placa não teria qualquer serventia nos dias atuais. No máximo caberia um banner à porta: “A culpa é dos outros”.

Veja AQUI, matéria especial veiculada pelo Blog no dia 6 de novembro de 2011 (Carlos Augusto se livra de ‘Ravengar’ para ser governador), em que era identificada a alteração radical no comportamento de Carlos Augusto, em relação ao poder e seu papel nele).

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. lampejão diz:

    matou a pau,parabéns!!!

  2. matheus diz:

    Bom Dia!
    Carlos santos, não entendo como o PT Nacional esta de olho em derrotar o DEM em mossoró, colocando em risco ate a candidatura do proprio partido e esquece de cobrar do PMDB uma parceria, que na cidade é a favor da vitoria do DEM. existe explicação para isso?

  3. João Santos diz:

    Pela composição dos personagens do “conselho político” começo a acreditar que deve ter algum “jeton”
    ou até mesmo “uma participação” para quem gerir ou conseguir recursos públicos federal. Isto está me cheirando a um verdadeiro “mar (tsunami) de lama”, logo, logo vai feder…

  4. jb diz:

    Os senhores João Maia, Henrique Alves, Carlos Augusto Rosado além do Senador José Agripino são a versão potiguar dos Quatro cavaleiros do Apocalipse.

  5. João Santos diz:

    Será que o Sr. João Maia saberia explicar como e onde foi gasto R$ 14 milhões na recuperação, reforço e realilitação da ponte sobre o Rio Assu? Alguém que trafega pela ponte sentiu “alguma diferença”? Seu sobrinho que foi preso quando trabalhava no DNIT saberia explicar? Já que a obra foi “feita” pela “Delta Engenharia” porque não investigar na CPI do Carlinhos Cachoeira? Só assim nos seria dado alguma explicação…

    Visite o site do deputado João Maia, clicando no link abaixo e saberá sobre a “obra da ponte”…

    //www.joaomaia.com.br/pdf/mapa.pdf

  6. Silva Neto diz:

    O DEM é um câncer na sociedade potiguar. Nada acrescenta.

  7. Jossue de Freitas diz:

    Agora é que ela não vai mandar em nada mesmo. O povo elegeu Rosalba, mas quem vai governar são “os caras” aí. A imagem da Rosa vai piorar, ela agora está mais fraca do que “chá de bila”.

    Quanto ao boneco da chefia de gabinete, coitado, ilude-se-a se ousar pensar que pode ao menos respirar… vai continuar trabalhando na cozinha do marido da Rosa e limpando a sujeira que ele não fez, tadinho!

  8. Carlos Andre diz:

    Boa tarde CArlos Santos.

    O papel do deputado estadual Getúlio Rego (DEM) na Assembleia Legislativa em muito me faz lembrar o fidelíssimo “juventude” que de tanto dar seu sangue, e o da população quando o mesmo votava contra a plebe mais a favor de ravengar, que hoje perdeu a “juventude” e está infelizmente hospitalizado e com sua saude muito fraca, é bom o Senhor e já idoso deputado estadual Getúlio Rego, tomar cuidado para não ter o mesmo fim.

  9. Marcos Pinto. diz:

    Realmente, é muito estranho o fato da exclusão dos fiéis Deputados Getúlio Rêgo, Vivaldo Costa e Raimundo Fernandes Bigodão. Mistérios da meia noite…

  10. FERNANDO fF diz:

    Essas são as denominações dos hospitais do estado, dados plelos profissionais da saude AUCHWTITZ, SOBIBOR E TREBLICA.Pergunta-se, quem são os generais da morte?Será que estão no novo conselho?Quem comanda os campos de exterminio e, os culpados onde estão?Cadê o MPE, vai defender o povo ou vai pro governo?

    • M.D.R. diz:

      Caro Fernando F.F., esse quarteto falando de conselho Político isso estuda aviabilidade político deles, o povo de vez em quando da o troco. Vamos da a resposta em 2.024, nesse time que acende uma vela para Deus e outra para Diabo, terá sua resposta em breve.

  11. Marcos Pinto. diz:

    Pense num trio supra-sumo da hipocrisia e da desfaçatez!.

  12. JOAÕ MARIA TEIXEIRA diz:

    NÃO VEJO NENHUM TIPO DE DESPRETIGIO DO DIGNISSÍMO DEPUTADO GETULIO REGO ,POIS COMO ELEITOR DO DEMOCRATA CONHEÇO A EXELENTE PERFORMACE DO DEPUTADO, QUE DEVIDO AO SEU GRANDE PRESTIGIO JUNTO AO POVO DO RN, PREFERE NÃO SE ENVOLVER TANTO COM COSTURAS POLÍTICAS EM ANO ELEITORAL.

Trackbacks

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