Por Honório de Medeiros
“A verdade é filha da discussão, e não da simpatia” (A Filosofia do Não, Gaston Bachelard)
Ausentar-se de si mesmo e viver a realidade do(s) outro(s), não aquela em-si-mesma (coisas ou fatos), que é extensão do Ser, projeção de como a percebemos, na justa medida em que, no limite último de cada coisa ou fato observado está uma ideia ordenadora da realidade.
“No princípio era o Verbo” (João, 1). Essa ausência de si denominamos alienação.
Se de mim me ausento não apreendo o Outro, apenas percebo nossas sombras a se moverem na parede de uma caverna existencial onde estamos prisioneiros, como na célebre alegoria de Platão em “A República”.
Tudo, então, é aparência.
Não por outra razão o “conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates.
Conhecermo-nos a nós mesmo implica em dizer não à aparência, a duvidar daquela sombra na caverna.
Somente estamos livres da ilusão quando ousamos dizer não ao que nos aprisiona, nos acorrenta, nos impede de perceber a realidade como de fato ela é. Ser ou não ser alienado, na verdade, é Conhecer ou não Conhecer, eis a questão, eis o caminho.
Por isso nos provoca Bachelard:
– “O conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Governo do RN
O homem estudioso, aberto às construções novas, com desapego ao adormecido, da teoria Bachelardiana, me transporta ao momento atual.
Aqui, Prof.Honório, uma conversa entre mim e Bachelard, secreta. Talvez mergulhada nas informações constantes sobre a Covid-19, abro cortinas que não são de minha especialidade, mas me arrisco abraçando novidades ou mesmo antiguidades com nova roupagem, modernizadas, alcançando alvos diferentes, numa peste nova. Mas me recuso a quedar-me inútil.
Desculpe, são os “Delírios de minha Quarentena”.
Honório Medeiros, meu amigo, você é um gênio da raça! Filosofia pura, o texto acima.