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domingo - 03/03/2013 - 03:45h
Conversando com... Ana Dantas

Democracia plena e autonomia como princípios de gestão

Ana Dantas, candidata a reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), é nossa entrevistada de hoje, na série “Conversando com…” Ela é bacharela, mestra e doutora em Física pela UFRN, e pós-doutora pela Universidade do Colorado (EUA).

Ana é pós-doutora em física

Ingressou na Uern em 1998 como professora do Departamento de Física (FANAT). Sua experiência de gestão inclui a chefia do Departamento de Física, direção do Departamento de Pesquisa da PROPEG, coordenação do Curso de Ciência da Computação do Campus de Natal, equipe que criou o Mestrado em Física e a direção do Campus de Natal, cargo que ocupa desde 2008 e para o qual foi reeleita em 2012 com 99,7% dos votos.

Como professora leciona na graduação e pós-graduação, e como extensionista ministrou diversos cursos e minicursos para professores da educação básica na área de Física. Seu currículo conta com vasta produção intelectual com inserção no Brasil e no exterior, orientações e co-orientações acadêmicas em nível de graduação, mestrado e doutorado, além de patente de invenção registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

É pesquisadora do CNPq desde 2006, tendo sido pioneira na obtenção desse status na UERN. Há 3 anos é membro do Conselho Técnico da FAPERN e em 2011 foi pesquisadora visitante do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Atualmente coordena projetos científicos vinculados ao Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD/CAPES) e ao Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (PRONEM/FAPERN).

Blog Carlos Santos – O que torna sua postulação (e da vice Gláucia Russo) diferenciada e melhor do que as concorrentes, formalizadas para escolha do sucessor do reitor Milton Marques e vice Aécio Cândido?

Ana Dantas – No debate entre os reitoráveis promovido pela Aduern no último dia 28, nosso diferencial ficou evidente quando nos apresentamos como as representantes daquelas pessoas que querem um novo padrão de gestão para a nossa universidade. Eu e a professora Gláucia Russo defendemos a proposta de uma gestão com iniciativa de articulação política, com capacidade de liderança para conduzir a unidade institucional em torno de um projeto de democracia plena, de compromisso social com o RN e de autonomia universitária em todas as suas dimensões. Defendemos ainda, uma gestão baseada nos princípios da ética, da pluralidade de ideias e da flexibilidade administrativa.

BCS – Sua candidatura surge num momento em que é extremamente delicada a relação dos segmentos universitários com o Governo do Estado. Mais do que nunca, parece que a convivência exige a simbiose de diplomacia e força. Como superar esse fosso?

AD – É verdade, a simbiose de diplomacia e força é necessária. Na nossa convivência com o Governo do Estado procuraremos contemplar ao mesmo tempo o devido respeito ao Governo e a firmeza em defesa da Uern. A Universidade tem um papel fundamental no desenvolvimento do Estado do RN. É uma Instituição formadora de opinião. Além disso, possui uma comunidade em torno de 15 mil pessoas, podendo chegar 45 mil pessoas, se considerarmos seus familiares. Sendo desse tamanho, tem uma relevância política que não pode ser ignorada. Como resultado de nossa última greve, já existem acordos feitos com o Governo do Estado, em particular uma promessa formal de implantar a autonomia universitária. Como representante dessa comunidade seremos incisivos na luta para que esses acordos sejam cumpridos.

BCS – A Uern tem pelo menos três grandes obras paralisadas há anos, nos campus de Natal, Central e Caicó. Falta capacidade política para resolver esse impasse que causa enormes prejuízos à instituição?

AD – Infelizmente, os governantes brasileiros ainda veem educação como despesa e não como investimento com retorno garantido. No nosso Estado não tem sido diferente. Além da falta de reconhecimento político do potencial da Uern no processo de desenvolvimento do RN. Historicamente a Uern tem sido alvo da política de contingenciamento em nível de governo do Estado, fato que tem contribuído para aprofundar as inúmeras dificuldades que enfrentamos para garantir o nível da qualidade do ensino, pesquisa e extensão em nossa universidade. Todavia, reafirmamos o nosso compromisso com a luta pela autonomia da gestão financeira. Não mediremos esforços institucionais e de articulação política junto à comunidade universitária, ao legislativo estadual e a população do RN para a conquista de nossa autonomia. Bem como, seremos incansáveis, eu e a professora Gláucia, nos esforços para garantir a participação da Uern nos recursos do orçamento da União, não apenas para finalizarmos as obras paralisadas, mas, também para aumentarmos nossa capacidade de investimento em infraestrutura.

BCS – Um técnico administrativo pode passar longos anos na Uern, sem maiores expectativas de crescimento profissional e avanço em sua qualificação. O Blog tem captado essa queixa. Existiria um desestímulo ao próprio exercício de seu trabalho. O que fazer para mudar esse quadro?

AD – É fato que nossa Universidade tem perdido excelentes profissionais de seus quadros de técnicos administrativos e professores. Atualmente, existem discussões sobre novos planos de cargos, carreiras e salários no Sindicato dos Técnicos Administrativos da Uern – Sintauern, bem como na Associação dos Docentes da UERN – Aduern. Na nossa gestão estaremos prioritariamente comprometidos em promover capacitação de nossos técnicos administrativos e docentes. Além disso, não pouparemos esforços para conseguir junto ao Governo do Estado a implantação dos planos que forem aprovados em assembleias do Sintauern e Aduern.

BCS – Ouvimos muitas críticas ao papel da Uern quanto à pesquisa e à extensão. Será que a instituição tem atendido às demandas sociais e incentivado seus pesquisadores?

AD – Os recursos orçamentários da Uern para pesquisa e extensão praticamente inexistem. Todavia temos um excelente quadro de professores/pesquisadores/extensionistas, técnicos administrativos e estudantes que tem captado recursos externos e minimizado o impacto negativo da limitação de recursos orçamentários. Na nossa gestão promoveremos um amplo debate acerca da democratização dos recursos no interior da Uern e com isto garantiremos recursos financeiros para apoio e incentivo a ampliação das atividades de pesquisa e de extensão. Bem como garantiremos as condições necessárias para a participação em eventos e capacitação de docentes e técnicos que são fundamentais para o processo de socialização dos conhecimentos produzidos em nossa universidade.

BCS – A cada campanha para reitor e vice, na Uern, candidatos e outras vozes defendem a isonomia entre os segmentos, para escolha dos seus dirigentes e a plena autonomia financeira da instituição. Esses discursos, pelo visto, não passam de sofismas. Qual sua visão sobre ambos e o que fazer na condição de reitora?

AD – Democracia plena e autonomia são dois dos nossos princípios de gestão. Nossa candidatura está comprometida com a defesa do voto paritário entre os segmentos universitários, e o compromisso ético-político com a defesa da autonomia da Uern em seus aspectos didático-pedagógico, político-administrativo e de gestão financeira, sem perder de vista seu caráter público, gratuito e de qualidade. Inclusive os nossos nomes, meu e da professora Gláucia, surgiram de uma articulação política que se iniciou na defesa das conquistas do processo de estatuinte da Uern, que se deu no período de 2010-2011. Em tal processo a comunidade acadêmica aprovou o voto paritário e as eleições diretas entre outras coisas de extremo valor para a vida universitária.

BCS – A Uern, na gestão Milton Marques, tem a cara de uma universidade mossoroense – meramente paroquial – ou existem avanços em seu trabalho, ao fortalecimento desse patrimônio público?

AD – Ledo engano. Ser mossoroense não é ser paroquial. Mossoró é sinônimo de atos libertários e conquistas fundamentais, especialmente as conquistas da mulher. Tenho orgulho de possuir o título de cidadã mossoroense concedido pela Câmara de Vereadores de Mossoró. A Uern está madura. Como resultado do esforço coletivo dos departamentos e faculdades para a capacitação de recursos humanos nos últimos quinze anos, a Uern dispõe de quadros de excelente qualidade, que têm garantido um avanço continuado das suas atividades acadêmicas, mesmo que muitas vezes não tenhamos contado com o apoio da administração central.

Nossa gestão estará comprometida em apoiar os agentes responsáveis pelo desenvolvimento institucional da Uern, que são seus docentes, técnicos administrativos e estudantes, de modo que possamos concretizar o nosso compromisso ético-político de autonomia, democracia e compromisso social com o RN que nos conduzirá com segurança à Uern que queremos.

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Comentários

  1. Ana Dantas diz:

    Caro Carlos,

    muito obrigada pela oportunidade de usarmos esse canal para levarmos nossas propostas à comunidade uerniana e à sociedade potiguar. Não tenhamos medo do novo.

    Grnde abaço
    Ana dantas

  2. Francy Granjeiro diz:

    A nova mulher contemporanea.. mulher competente, inteligente, estudada, instruida.A mulher profissional competente é boa mãe, esposa, namorada,companheira, dedicada,amiga, traz foco e tem visão.
    Essa sim é decidida por fazer escolhas sábias e criativas diante dos muitos desafios se candidatar a reitor da UERN.
    Ana Dantas sinta-se competente e feliz!
    Boa sorte

  3. José Ronaldo diz:

    A professora Ana já mostrou ser capaz de mobilizar a população e favor da UERN, quando mobilizou toda a zona norte de Natal da defesa do campus da UERN naquele local. É também a única entre os candidatos com experiência na apresentação e obtenção de emedas ao Orçamento da União para a UERN. Fala do que sabe, e do que viveu e vive, não está inventado coisas.

  4. Mirla diz:

    Parabéns pela entrevista! Todas as oportunidades de ler ou ouvir as propostas de Ana Dantas e Gláucia Russo, fortalecem a esperença de ter uma UERN democrática, autônoma e com compromisso social. A competência acadêmica e política, associada a uma larga trajetória de compromisso com a Universidade que ambas as candidatas possuem, é o diferencial que acredito que a cominidade uerniana perceberá para conduzi-las à vitória nas urnas, que será uma vitória para Uern e o RN!
    Mirla Cisne
    Professora da Uern- campus Mossoró

  5. Neto Vale diz:

    O presente processo de escolha dos futuros dirigentes em andamento na UERN, tem proporcionado a comunidade uerniana conhecer outros caminhos capazes de levar aquela instituição a um outro nível de desenvolvimento institucional. E o mais importante, através de um processo de convencimento tipicamente acadêmico: O debate de ideias, projeto, de uma Carta Programa que aponta respostas aos seus principais desafios. As professoras Ana Dantas e Gláucia Russo por sua autonomia frente aos grupos tradicionais da política do nosso Estado têm plenas condições resgatar o respeito e a credibilidade perante a sociedade potiguar, abalada pela história da instituição de atrelamento político-partidária, instrumento a serviço dos interesses desses grupos. Outra UERN autônoma, democrática e com compromisso social é possível com as professoras Ana Dantas E gláucia Russo.

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