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domingo - 25/02/2018 - 03:20h

Diálogo com o passado

Por Odemirton Filho

Dia desses voltei ao passado. Lá estando, reencontrei-me com um velho amigo, que tanto cativou meus sonhos. Travamos um diálogo, no qual o passado quis saber a quantas andava o meu presente.

Envergonhei-me. Quis confessar que fraquejei no presente. Alguns daqueles sonhos acalentados não foram concretizados. Não por falta de oportunidade, mas, decerto, por ausência de atitude de minha parte.

O passado, olhou-me desconfiado, duvidando de minhas falhas, porquanto eu era imerso em expectativas. Sonhos juvenis, que se diga, como todo mundo tem.

De toda sorte, eu quis me explicar.

Disse-lhe que o presente não é tão fácil como ele imagina. A realidade da vida nos faz redirecionar os objetivos, haja vista as dificuldades cotidianas que enfrentamos.

Muito do que planejamos não se realiza. Às vezes, a vida pessoal é marcada por arroubos. Os sentimentos substituem a razão, o amor cede lugar à paixão. Fazemos coisas que desvirtuam os nossos propósitos.

Como somos ousados e imaturos agimos com arroubo, adotando atitudes que nunca imaginávamos fazer. Não esqueça que somos humanos, falíveis.

No lado profissional o mercado de trabalho não é dos mais fáceis. A falta de oportunidades e a instabilidade político-econômica do nosso país são fatores condicionantes para que possamos decidir o que vamos fazer.

Nem sempre fazemos o que queremos, tendo em vista que o presente precisa ser vivido, mesmo que indo de encontro ao que planejamos no passado.

Mas ele, o passado, continuava a me olhar de forma enviesada. Não acreditava nesses descaminhos. Indagava-me o porquê de não ter seguido o que tinha traçado.

Disse-me que o presente deve ser consequência do que plantamos lá atrás. Se a colheita não saiu de modo como planejamos, é porque o jardim dos nossos sonhos não foi regado com atitudes e, portanto, somos culpados de nossos erros e fracassos.

Não discordei. Achei até que o passado tinha razão. Fiquei deveras sentido por tê-lo decepcionado. Pensei em dizer que acreditava em Deus e nos seus propósitos. Porém, calei-me.

Ao final do nosso encontro, pois tinha que voltar ao presente, o passado me disse para resgatar meus sonhos, concretizando aquilo que almejei em sua presença.

Abraçou-me.

Mandou-me de volta ao presente, desejando-me um futuro que, realmente, refletisse aquilo que sonhei.

Fiquei a pensar e me veio à mente a canção do saudoso Belchior: No presente a mente, o corpo é diferente, e o passado é uma roupa que não nos serve mais”.

Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Mércia Fernandes diz:

    Excelente!

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