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domingo - 03/06/2018 - 04:00h

Dinheiro internacional à disposição do Rio Grande do Norte

Por Josivan Barbosa

O Rio Grande do Norte Sem Sorte não dá sinais de que deseja captar recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o conhecido banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China). Não se tem notícia de que alguma empresa do Estado procurou apoio governamental para captar empréstimo junto ao NBD.

O banco dos Brics começou a financiar diretamente empresas no Brasil sem garantia soberana. O montante total de crédito para o país poderá alcançar US$ 1 bilhão neste ano.

O Rio Grande do Norte Sem Sorte, a exemplo do Brasil, está atrasado no recebimento de financiamento do banco dos Brics.

Em quase três anos de funcionamento da instituição, foram aprovados quatro projetos para o país, num total de US$ 621 milhões: US$ 300 milhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); US$ 50 milhões para o Pará (desenvolvimento urbano); US$ 71 milhões para o Maranhão (logística e rodovia); e os US$ 200 milhões para a Petrobras.

Parques tecnológicos

Enquanto o Rio Grande do Norte mostra total ineficiência na captação de recursos junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação para instalar o seu primeiro parque tecnológico, no Rio Grande do Sul esses equipamentos têm sido vitais para incentivar os negócios conectados. No Estado há 21 parques tecnológicos e 30 incubadoras.

Os três parques ligados a universidades – Tecnopuc, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Tecnosinos, da Unisinos, e Techpark, da Feevale – reúnem 250 empresas e nos últimos anos geraram 15 mil empregos. As instituições chegaram a disputar investimentos, mas há dois anos firmaram acordo de cooperação para intercâmbio de startups e atuação conjunta em missões internacionais, quando se apresentam como ambiente único de inovação.

O capital humano oferecido pelas universidades no entorno dos parques faz toda a diferença na atração de investidores.

No Rio Grande do Norte o primeiro parque tecnológico poderia ser instalado na área de energia renovável e seria fundamental um sinergismo entre as universidades públicas, IFRN e universidades privadas.

Costa Branca

As praias da Costa Branca estavam desertas no feriadão de Corpus Christi. Tibau é o exemplo mais emblemático. Depois de perder o turista regional nos feriados prolongados, Semana Santa e nas férias do meio do ano, a tendência é de um veraneio que se resuma aos quatros finais de semana de janeiro.

O principal atrativo da cidade-praia mais próxima de Mossoró, Vale do Jaguaribe e Paraíba sempre foi a praia das Emanuelas, entretanto, a sua orla continua com a infraestrutura dos anos 90.

Infelizmente o município não tem desenvolvido a competência para atrair o turista da vizinha Canoa Quebrada e nem o turista que se desloca de Natal para Fortaleza e vice-versa.

Frutas e frete

A transportadora marítima Maersk, líder no Brasil após comprar a concorrente Hamburg Süd e que detém hoje quase 35% dos tráfegos de longo curso que envolvem o país, aumentou em   US$ 90 dólares o custo do frete marítimo de longo curso do contêineres refrigerados de 20 pés (o chamado Teu). Este aumento tem impacto direto no lucro dos produtores de frutas.

A tendência é de redução das margens de lucro, já que a Europa não tem essa cultura de inflação e o consumidor não aceita que o aumento do custo do frete marítimo seja repassado para o produto. Assim, o produtor de fruta que sofreu seis anos com a seca, agora corre o risco de sofrer com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional o que impacta no preço do frete.

O preço do barril do petróleo baliza o do combustível marítimo, o chamado “bunker”. Na Maersk, a cada US$ 100 a mais por tonelada do “bunker” há um custo adicional de US$ 400 milhões.

Kit gás natural

O serviço leva um dia e custa, em média, R$ 3.990. O preço é referente ao kit Geração 5, considerado o mais moderno. A economia com uso do GNV em comparação à gasolina varia entre 43% e 58% (de acordo com o preço na bomba) e de 44% a 66% em comparação ao etanol.

O custo médio do quilômetro rodado com GNV é de R$ 0,17, enquanto com gasolina pode chegar a R$ 0,36 e com etanol, R$ 0,39. Significa que, com R$ 30, o motorista roda 177 km com gás natural veicular, 84 km com gasolina e 77 km com etanol.

Ainda há perda de potência nos carros com o GNV, mas com os avanços tecnológicos do kit Geração 5, disponíveis desde 2010, a perda de potência foi reduzida em torno de 10% (considerando o equipamento anterior, Geração 3), ou seja, hoje a potência fica 3% menor.

Convulsão

A convulsão brasileira que ferveu em 2013 e prosseguiu como avalanche derrubou certezas, arrastou uma nuvem de fúria popular indignada com o sistema político, com a baixa qualidade dos serviços públicos, com a batalha diária para se locomover e viver nas grandes cidades, em especial com a corrupção escrachada da classe política brasileira.

O Brasil viveu, depois do que muitos chamaram de Jornadas de 2013, uma eleição presidencial repleta de ódio em 2014, o impeachment de uma presidente em 2016, a instalação do mais impopular governo desde a redemocratização e que está hoje no poder, a queda de políticos como peças de dominó a partir do surgimento da Lava-Jato em 2014 e, no calor do momento, uma crise de abastecimento com a greve dos caminhoneiros.

Caminhonaço

Nesse movimento dos caminhoneiros pode-se ver que na disseminação do espontaneísmo político no Brasil a política agoniza, sacrificada tanto pelos próprios políticos quanto pelo povo partidarizado e sectarizado, mas despolitizado.

Nas manifestações destes dias, o apelo explícito à intervenção militar no governo mostra que a militância tosca e ingênua concebe a política como instrumento do retrocesso ao passado, e não como progresso e superação de problemas e de atrasos.

O caminhonaço é o indício de que, na falta de governo, qualquer grupo pode se apossar do país, impor a todos as suas conveniências e impedir o livre e justo exercício dos direitos de cada qual. Nossa democracia unidimensional anseia por autoritarismo.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Elves Alves diz:

    “Retrocesso ao passado”: nem o considerado Janistraquis deu conta disso.

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