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domingo - 02/06/2019 - 05:16h

Economia renasce em novas técnicas, mas teme perdas

Por Josivan Barbosa

Na semana passada tivemos a felicidade de visitar várias vilas do projeto de cajucultura da vizinha Serra do Mel. O cenário que vimos é animador para a safra de castanha de 2019. São inúmeros os lotes (50 ha) que se encontram bem cuidados (tratos culturais adequados) e em muitos lotes o produtor fez a opção por variedades precoces plantadas diretamente com sementes ou através de mudas, ou ainda, através do processo de substituição de copa do cajueiro gigante por cajueiro anão precoce.

Aos poucos o produtor vai avançando no conhecimento técnico do comportamento das variedades de cajueiro precoce e vai identificando aquelas que melhor se adaptam aos solos arenosos da Serra do Mel.Serra do Mel 2

Apesar das boas notícias sobre as perspectivas de uma ótima safra de castanha para o ano em curso, o produtor ainda vai sofrer muito com as perdas pós-colheita do pedúnculo do caju (pseudofruto que é usado para a produção de polpa ou suco pela indústria). Estima-se que 90% do pedúnculo fique no campo se deteriorando até a fermentação e seja usado como adubo orgânico.

As fábricas que processam o suco a granel ou que industrializam a polpa não possuem capacidade de armazenamento para um volume tão elevado de polpa de caju e a venda do produto fresco é muito difícil, em função da vida útil pós-colheita do fruto que não chega a 48 h após a colheita sem refrigeração.

Castanha de caju

A castanha de caju é um dos itens mais nobre entre todos os produtos agrícolas do Semiárido. No voo da Latam o preço de 50 g é 15 reais, ou seja, 300 reais o quilo. Isto representa 5 vezes o preço da picanha argentina praticado nos supermercados locais. Com uma cadeia produtiva mais organizada, parte considerável e justa desse lucro pode ficar nas mãos do produtor.

Copa-Cogeca

A poderosa comissão européia Copa-Cogeca indagou como pode esse colegiado justificar para os cidadãos e agricultores da Europa que planeja importar mais alimentos do Brasil poucos meses depois do presidente Bolsonaro ter autorizado mais de 150 novos pesticidas, enquanto a mesma comissão propõe exatamente o contrário para os agricultores europeus. Tomara que isto não traga reflexos negativos para a agricultura irrigada do Semiárido, que tem a Europa como principal importador.

Presídios

Se você considera que educação é um serviço público muito caro, analise os dados do custo para o governo mineiro de uma PPP (Parceria Público Privada) do Complexo Penitenciário Público-Privado (CPPP) de Ribeirão das Neves (MG), a única prisão brasileira que funciona em parceria com o setor privado desde a construção.

A quantia paga pelo governo de Minas é variável, mas pode atingir a cifra por preso a cada mês de R$ 3.800. Cerca de metade desse valor corresponde à restituição da construção do presídio e metade é ligada aos indicadores de performance. Além disso, o governo mineiro paga a uma outra empresa responsável por verificar o cumprimento dos critérios estabelecidos na PPP.

Dólar

O Banco Central está prometendo que em breve divulgará uma minuta da nova lei cambial e que a permissão da conta em dólares será um processo gradual, que não ocorrerá de um dia para o outro. O objetivo é estabelecer um roteiro de ações que vai permitir chegar à conversibilidade da moeda. Segundo o banco, outros países menos preparados que o Brasil estão em graus mais avançados de conversibilidade e colhem os benefícios dessa condição.

Na Argentina, a permissão para a abertura de contas em moeda estrangeira levou à dolarização da economia.

RN tem jeito

O Rio Grande do Norte precisa agir com rapidez e preparar uma carteira de projetos para captar recursos extras do Governo Federal através do novo programa de desenvolvimento regional. O decreto que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) contempla três regiões do País: Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste.

O plano está sendo tratado pelo governo como um “marco histórico” para fomentar “desenvolvimento” fora dos grandes centros, com objetivo de “gerar renda” e “melhorar a qualidade de vida” da população. Apesar disso, o programa será aplicado em parceria com Estados, municípios e a iniciativa privada e, por isso, não possui um valor estimado para investimentos. No caso do Nordeste, a ideia é que a execução do PNDR seja financiada com recursos do Orçamento, do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo

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