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terça-feira - 29/01/2019 - 08:44h
Brasil

Enem revela a enorme dificuldade para os menos favorecidos

Ensino público cearense se destaca como referência nacional, mostrando maior desempenho no país

O jornal O Estado de São Paulo tem reportagem especial nesta terça-feira (29) que precisa ser lida por todo brasileiro interessado num país melhor, de oportunidades para todos. Trata de estudo sobre desempenho do alunado brasileiro no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Números mostram que condições socioeconômicas pesam nos números finais do exame (Foto:ilustrativa)

O título da reportagem diz muito: No Enem, 1 a cada 4 alunos de classe média triunfa. Pobres são 1 a cada 600.

Levantamento mostra que só 293 estudantes nas piores condições socioeconômicas possíveis obtiveram notas semelhantes a de alunos de escolas de elite no maior exame do País

Os dados mostram ainda que há uma concentração desses alunos no Estado do Ceará. Mais da metade deles – 154 – cursaram o ensino médio em escolas públicas do Estado.

Meritocracia e realidade

Nota não depende apenas do esforço do aluno

A análise de desempenho dos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) indica um problema ignorado pelos adeptos apenas da meritocracia. Os resultados dos testes – medida do quanto cada aluno domina dos conteúdos que são cobrados pelo exame – estão associados a fatores que não representam somente o esforço de cada estudante para obter esse domínio mediante a dedicação aos estudos.

As condições socioeconômicas do aluno interferem, objetiva e subjetivamente, na realização desse esforço e, assim, se manifestam no resultado. Pesquisadores investigam as melhores maneiras de medir esses efeitos, sabendo-se que, além da renda e de outras características familiares, até a escolaridade da mãe é fator de influência no resultado.

O cálculo indica as chances que membros de cada estrato social têm para obter notas no teste. Não se trata de “condenar” ou demarcar uma situação como impossível de ser superada, mas de estabelecer os condicionamentos entre os estratos e as notas no exame.

Estudos desse tipo justificam a adoção de ações afirmativas para ingresso no ensino superior. Existe, com isso, o reconhecimento de que a concorrência universal pelas maiores notas – que expressariam os maiores domínios do estudo, como funcionou durante décadas o tradicional vestibular – oculta condições de origem que a grande maioria dos alunos não pode contornar só por suas vontades ou desejos.

Ocimar Alavarse – Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)

Esse número reflete uma série de programas que tornaram o ensino público cearense uma referência nacional, com medidas que incluem fazer as melhores escolas apoiarem aquelas que apresentam pior desempenho

Ao lado de São Paulo e Rondônia, o Ceará teve a 4ª melhor nota do ensino médio em 2017 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal medidor oficial de ensino no País

Em seguida, aparece o Pará, com 37 alunos, Minas, com 25, e Bahia, com 16.

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Categoria(s): Educação

Comentários

  1. João Paulo diz:

    Meritocracia é discurso falacioso. Não existe, porque simplesmente, nem todas as pessoas competem em condições iguais. Educação, sozinha, não resolve a problemática da desigualdade. Estudos mostram que melhoria em qualidade de vida e redução de desigualdade, tem relação com uma ampla rede de seguridade social de excelência e condições sociais e econômicas que oportunizem saltos de mobilidade social. Isso inclui emprego de qualidade, principalmente, para as classes baixa e trabalhadora, e com boa remuneração para os pais, e posteriormente, seus filhos. Serviços públicos equivalentes aqueles do Estado de Bem-estar social da Escandinávia e/ou Alemanha. Atendimento e acompanhamento de saúde da criança nos primeiros anos de vida, período imprescindível para o desenvolvimento infantil, afinal de contas, como mostram pesquisas de alto impacto, má alimentação e pobreza na infância prejudicam de sobremodo o desenvolvimento nas fases posteriores do indivíduo, impactando inclusive em sua condição de classe. Isso, só para citar algumas abordagens já provadas por pesquisas e estudos de excelência científica. A CF/88, previu um modelo de Estado brasileiro equivalente com os mais desenvolvidos da Europa, ao fim e ao cabo, entregou um Estado completamente diferente, fomentador de desigualdade e gerador de alto nível de corrupção. Sociedade brasileira está imersa numa profunda crise social, moral e de identidade. E não há perspectivas de melhoria no horizonte quanto a isso. Povo brasileiro, nada mais é que um espelho da sua medíocre e atrasada elite.

  2. Carlos diz:

    Os menos favorecidos servirão para mão-de-obra técnica (barata) , pois as universidades serão para os intelectuais, segundo o “ministro” da educação. Se antes o lema era universidade para todos, agora será universidade para poucos.

  3. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Sem dúvida ejá concordando em gênero, número e grau com suas assertivas palavras Sr. JOÃO PAULO. Ademais, à esse respeito oportuno destacar, sobretudo para quem ainda não os leu, os livros do Sociólogo e escritor JESSÉ SOUSA.

    Principalmente os livros: DA ESCRAVIDÃO À LAVA JATO, A RALÉ BRASILEIRA E O ESPELHO DA CLASSE MÉRDIA BRASILEIRA…!!!

    Um baraço
    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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