• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
terça-feira - 17/01/2017 - 17:44h
Voz do conhecimento

“Estado precisa invadir Alcaçuz”, diz especialista em Segurança

Para Ricardo Balestreri, Robinson não pode temer ocorrência de “segundo Carandiru”, e se acovardar

No cenário de tensão na penitenciária Estadual de Alcaçuz com a rebelião que já dura quatro dias, Ricardo Balestreri, ex-secretário acional de Segurança e atual professor de Gestão de Segurança Privada na Faculdade Estácio, Natal, afirma que o Estado não pode ficar inerte à situação como espectador e precisa agir de imediato no espaço interno do presídio.

“O Estado precisa ‘invadir’ o presídio de Alcaçuz com uso das tecnologias corretas. Não se pode assistir ao motim sem fazer nada”, alerta.

Balestreri: “É preciso estabelecer método rápido, retirando logo presos provisórios e os de menor periculosidade” (Foto: Web)

Para ele, o Governo não pode temer a ocorrência de um “segundo Carandiru”, e usar como motivo para a não atuação. “Só vão repetir a chacina no Carandiru se não fizerem da maneira correta. Uma coisa é invadir e controlar, outra é entrar para fuzilar”, coloca o professor. Na opinião dele, para esta invasão, como solução em curto prazo para o controle da penitenciária, devem ser utilizadas “armas não letais com a utilização progressiva e funcional da força”.

Após a entrada e controle da situação, conforme Balestreri, é necessário realizar um esvaziamento do presídio, em uma força tarefa com a atuação do Ministério Público, Tribunal da Justiça do RN, Defensoria Pública. “É preciso estabelecer um método rápido, retirando de imediato os presos provisórios e os de menor periculosidade”, afirma.

Em longo prazo, mas como prioridade, é necessário o Estado formar “grupos táticos de intervenção imediata para presídios”. “É preciso criar esses grupos especializados no controle de manifestações, e não precisar chamar a Policia Militar – que não possui essa especialidade. Invadir uma casa, não é mesmo que invadir uma penitenciária”, considera Balestreri.

Outra solução, já em ação futura, de acordo com o especialista, é fazer uso do método APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) para gestão das penitenciárias, contando com a parceria da sociedade organizada. “O Governo não pode achar que vai resolver tudo sozinho, sem o apoio da sociedade”, alerta.

De acordo com Ricardo Balestreri, é um erro comemorar a guerra e morte entre os presos, como se estivesse diminuindo o número de criminosos. “O leigo pode não saber, pode achar que é interessante que os bandidos se matem. Mas essas mortes fortalecem e tornam maiores as facções. Elas criam monopólios”, afirma o professor.

Nota do Blog – Balestreri fala como propriedade e o Governo Robinson Faria (PSD) não tem qualquer moral para contestá-lo, pois já o trouxe ao RN para ministrar curso “O novo projeto de Segurança Pública do Rio Grande do Norte e a importância dos operadores na formação de novos paradigmas”, em 2015. Mas a ideia terminou não tendo sequência. Robinson preferiu delirar com Ronda Cidadã e experiência em Bogotá.

Como é bom ouvir a voz de especialista, afirmando exatamente o que temos defendido aqui desde o início do conflito: o Estado não pode ficar do lado de fora, esperando que as facções resolvam suas diferenças. Quem vencer lá sairá mais fortalecido para fazer o mesmo aqui fora.

Também é interessante ouvir o especialista afirmar o que comentamos há muito tempo: os que comemoram a carnificina, inocentemente não percebem que elas fazem sua “justiça”, mas não em nome da revolta do cidadão de “bem”, mas em nome de seus próprios valores e normas.

Obrigado, Balestreri.

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Categoria(s): Segurança Pública/Polícia

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “É preciso estabelecer método rápido, retirando logo presos provisórios e os de menor periculosidade”
    HÁ QUANTOS ANOS EU DIGO ISTO?
    O Dr. José Mário Dias é TESTEMUNHA que eu digo isto há anos.
    Fui no programa CIDADE EM DEBATE e falei que É PRECISO SEPARAR OS PRESOS DE MENOR GRAU DE PERICULOSIDADE DOS QUE OFERECEM MAIOR PERIGO À SOCIEDADE.
    Nunca levaram em conta a minha afirmação.
    O TEMPO ESTÁ SE ENCARREGANDO DE MOSTRAR QUE EU ESTAVA E ESTOU CERTO.
    O problema maior é que em Mossoró não fazem nem deixam fazer.
    BASTA DIZER QUE EU ESTOU PROIBIDO DE PARTICIPAR DE QUALQUER PROGRAMA DE RÁDIO, SEJA POR TELEFONE OU ATRAVÉS DE MENSAGENS VIA WHATSAPP.
    Se tivessem feito o que eu disse no programa CIDADE EM DEBATE hoje o Rio Grande do Norte não estaria no noticiário INTERNACIONAL por conta destas chacinas.
    UM DIA MOSSORÓ VAI APRENDER A RESPEITAR QUEM TEM CRIATIVIDADE.
    Até este dia chegar é conviver com estas tragédias ANUNCIADAS.
    O Blog Carlos Santos por CENTENAS DE VEZES publicou a minha proposta de separar os presos menos perigosos dos de alta periculosidade. Basta consultar comentários meus aqui publicados.
    ////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE?

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      A mim nunca disseram OBRIGADO INÁCIO AUGUSTO DE ALMEIDA.
      Hoje mesmo, pela manhã, publiquei no Blog COMBATE À CORRUPÇÃO //combatecorrupcao.blogspot.com.br/ o seguinte:
      “Além disto, deveriam os Governadores construírem CAMPOS DE CONFINAMENTO onde ficariam os presos de menor periculosidade e próximos do final do cumprimento da pena.”
      A ideia de separar os presos de menor periculosidade dos de maior é MINHA. Nasceu em Mossoró.
      Agora Natal aparece como o pai da criança.
      ATÉ QUANDO, MEU DEUS?
      //////////
      OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE?

  2. Samir Albuquerque diz:

    Amigo Carlos Santos, tenho uma curiosidade enorme em saber quantas rebeliões ocorreram no Carandiru nos dez anos em que funcionou depois do Massacre do Carandiru em 1992 (1993-2002). Como o amigo tem os contatos e meios, teria como fazer uma matéria sobre isso?

    Longe de estar defendendo que o Estado entre matando todo mundo, mas queria ter uma ideia do efeito que aquela ação teve sobre o comportamento dos presos após aquele incidente.

    Particularmente, acredito que a redução da maioridade penal, o endurecimento do regime prisional, sobretudo para com aqueles ligados ao crime organizado, penas mais longas e rigidez no cumprimento, fim de progressão de regime para os que participam de rebelião em presidio, aumento de pena como punição para atos violentos, pena de morte (sim, sou favorável a pena de morte), são medidas tão mínimas quanto urgentes, para combater o crime organizado dentro e fora do sistema carcerário.

    Sem isso, penso que, logo logo, acabaremos mesmo vivendo o que a Columbia viveu na primeira metade da década de 90.

    Enfim, agradeceria muito se conseguisse essas informações: Quantas rebeliões e, caso tenha havido, quanto tempo depois do Massacre do Carandiru ocorreram.

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