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domingo - 05/07/2015 - 08:14h

Família Noronha – Apontamentos para a história

Por Marcos Pinto

Os terrenos que constituem o atual município de Apodi foram perlustrados desde o segundo quartel do século XVI, por portugueses que, por laços de fidalguia oriundos da Corte, foram agraciados com concessões das terras férteis que margeiam a lendária lagoa daquela histórica cidade.

O insigne historiador Ernesto Enes, em sua célebre obra “AS Guerras nos Palmares” – 1º Vol. Col. Brasiliana – evoca as entradas colonizadores feitas nos sertões apodienses, fato, corroborado pelo historiador, de nomeada, professor Vingt-um Rosado em “Gente do Século XVII na Ribeira de Mossoró” nos seguintes termos: “Em 1689, estiveram no combate aos índios da lagoa do Apodi  os capitães de Infantaria Manoel da Rocha Lima e Manoel Roriz de Sá, além dos soldados João do Monte e Luiz da Silveira Pimentel.

Apody, como berço colonizador daqueles sertões, acolheu, em toda sua exuberância natural, os fidalgos portugueses que ocorriam na busca desenfreada pela riqueza oriunda de seu solo fértil, fator primordial para seus currais.

Dentre estes portugueses, sobressai-se o capitão Carlos Antônio de Noronha(irmão de D. Thomaz de Noronha, bispo resignatário da Sé de Olinda) e sua esposa D. Maria Mendes de Abreu. Inicialmente estabeleceu-se na Freguesia de Russas(CE), onde nasceu seu filho Joaquim José de Noronha. Com o declínio do “Ciclo das Charqueadas”, passou a residir na cidade do Apody onde faleceu.

Joaquim José de Noronha é tronco familiar dos Noronhas no Apody, onde cresceu e desenvolveu suas atividades agropecuárias. Casou-se a 21.03.1853 com D. Maria Gomes da Silveira (nascida em 16.12.1798, filha do capitão Manuel João da Silveira e Bonifácia Barbosa de Lucena, que por sua vez era neta do português João Barbosa Correia, natural de Ponte de Lima).

Desse matrimônio advieram os filhos Joaquim José Carlos de Noronha e Manoel Carlos de Noronha, tendo ficado a sra Maria Gomes da Silveira em estado de viuvez, convolou segundas núpcias com o capitão Vicente Ferreira Pinto(1ª deste nome, filho do capitão Alexandre Pinto Machado e Francisca Barbosa D’Amorim – origem dos Pintos do Apodi), com quem gerou oito filhos.

Nas sequência genealógica temos: Joaquim José Carlos de Noronha(nasceu a 31.07.1820 e faleceu a 14.09.1908), que casou-se a 1ª vez em 15.06.1840 com D. Maria da Conceição Nogueira (filha do Major João Nogueira da Silveira e D. Joana Gomes Nogueira) a qual faleceu em 31.10.1855, deixando 12 filhos órfãos. Casou-se em segundas núpcias com D. Júlia Dantas de Noronha(de origem paraibana) que faleceu em 31.08.1884, dentre os quais Horácio Carlos de Noronha, sogro de Costinha de Horácio.

Horácio e José Carlos de Noronha(sogro de Hermes Mendes, João Rebouças, capitão José Filgueira e maestro Francisco Picado) foram casados com duas moças (ambas também residente em Mossoró). Gaudêncio Carlos de Noronha saiu do Apody, indo fixar-se em Areia Branca(RN), onde casou-se com a Srta Ana Joaquina de Souza Noronha(irmão do historiador Francisco Fausto). Gaudêncio era irmão de José Carlos, casado que foi (José Carlos) com D. Raulina Noronha, também irmão de Francisco Fausto. Gaudêncio faleceu a 21.08.1934 aos 85 anos de idade, deixando os filhos Artur, Silvério, Lídia, Ercília e Laura de Souza Noronha.

Joaquim José Carlos de Noronha casou-se a 3ª e última vez com D. Maria Dantas de Noronha (em 31.01.1885), com quem teve seis filhos, atingindo em vida 206 pessoas de sua descendência de velho povoador do solo.
Em Mossoró destacaram-se ainda: Paulo Gutemberg e Renato Costa(primeiro dono da Rádio Difusora de Mossoró).

Outro filho de Joaquim José Carlos de Noronha povoou os sertões de Pau dos Ferros. Trata-se de Lindolfo Carlos de Noronha, advogado provisionado, ou rábula, disseminador dos muitos Noronhas, hoje entrelaçados com Rêgos, Torquatos, Gameleiras, Aquino, Bezerras, etc.

E assim o sangue apodiense a correr nas veias da grei norte-rio-grandense, espalhando o civismo e a bravura daqueles rincões hospitaleiros.

Marcos Pinto é advogado, historiador e Presidente da Academia Apodiense de Letras

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    Retificando: Onde se lê casou-se a 21.03.1853 com D. Maria Gomes da Silveira leia-se: Casou-se a 03.08.1816 com D. Maria Gomes da Silveira…”. Muda-se, portanto, a data do casamento.

    • Celson Duda diz:

      Saudações. Sou historiador e no presente momento empreendo uma pesquisa de mestrado sobre D. Thomaz de Noronha, o bispo de Olinda e 3º Diretor do Curso Jurídico. Estou na importante fase de busca das relações familiares do bispo e seu texto traz perspectivas bastante promissoras para mim. Você pode entrar em contato? Grato!

  2. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro Marcos Pinto, sempre e sempre tenho lido com atenção o verdadeiro estuário de história da nossa história que semanalmente nos disponibiliza, que não deixa de ser, também, história da formação política e social do nordeste em especial da região oeste e alto oeste potiguar.

    Seus artigos, muito especialmente, também nos traz informações detalhadas e valiosos subsídios à compreensão e dimensão do histórico da formação de gerações e gerações de famílias de tradições as mais variadas em nosso estado Potiguar, assim como de vários estados irmãos nordestinos.

    Não seria de todo exagero, afirmar que do ponto de vista sociológico e até antropológico, seu trabalho como historiador, é deveras importante na formação de novos e atentos discípulos que continuem o necessário e indispensável devassar dos recônditos da nossa história, e, por via de consequência, espantar a ignorância e o alheamento de muitos, criando, quem sabe, sementes de novos discípulos e novos saberes a respeito do tema.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  3. Marcos Pinto. diz:

    Meu distinto amigo e nobre colega Fransuêldo, sinto-me deveras lisonjeado por seus honoráveis encômios, os quais constituem um imensurável estímulo para continuar seguindo pelas veredas da história e genealogia potiguar. Configuram-se como uma honrada massagem no ego, com efeito sublime e indescritível. Obrigadooo querido amigo réio, que tem origem histórica na genealogia das tradicionais e vetustas famílias VIEIRA e ARAÚJO, com feudo territorial em terras da antiga povoação denominada de “Barriguda”, que é a atual cidade Alexandria. Forte abraço.

  4. Noronha da Costa diz:

    Eu não conhecia a história da minha família, devido a falta de artigos históricos, documentos, fotos e até mesmo histórias sobre os nossos antepassados. Queria saber mais sobre a história de minha família, que é imensa, por isso vou continuar em busca de mais documentações para tal. Enfim, excelente artigo!

  5. Marlene Moreira de noronha diz:

    Gostaria de saber sobre meus avôs
    Lindolfo de Noronha
    Maria Dantas de Noronha
    Nasceram na cidade de Natal rio grande do norte , Pau dos Ferros

  6. Almir Fernandes de Oliveira diz:

    Muito me honra e orgulha ler as publicacoes do historiador e amigo Marcos Pinto.

  7. Raimundo Valentim Régis Oliveira diz:

    Parabéns primo, pelo rico documentário histórico.

  8. Jose de souza noronha diz:

    Jose de souza noronha filho de lindofo noronha moro no tocantins en miracema na rua 7 n420 flaboia 1

  9. Sebastião Alves Maia Alves Maia diz:

    Caro, Fransuêldo Bezerra de Araújo. Estou pesquisando sobre a seguinte pessoa de Apodi e gostaria de saber se você tem alguma informação.
    “Professor Joaquim Marignes de Noronha, que em 1923 veio de Apodi para Macau lecionar no Grupo Escolar Duque de Caxias sendo o seu primeiro diretor. Esse mês, a nossa instituição completa 100 anos e estamos revendo os ex-gestores.”
    Por acaso você teria alguma informação ou contato da família?
    Aguardo e agradeço sua atenção.
    Eu sou Sebastião Alves Maia, professor.

  10. Miguel Noronha diz:

    Gostaria de Conhecer a História de João Tomás Noronha Gaspar, e Ana Menezes Noronha Meus Avós Paternos Moravam em Parambu-Ceará.

  11. Sávio Noronha diz:

    Gostaria de conhecer mais sobre a História da família Noronha em Apodi, suas descendências e ascendências, bem como ver onde me encontro nessa relação. Poderia entrar em contato?

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