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domingo - 04/11/2018 - 11:18h

“Je suis” (somos todos) Padre Sátiro

Por Marcos Araújo

Não se nega que vivemos um momento de grave convulsão social, moral, política e econômica. Tempos difíceis em que são tênues (ou até inexistentes!) as linhas limítrofes da tolerância e da agressão desnecessária; do amor e do ódio; da educação e da incivilidade; do respeito e da barbárie…

Alguns dizem que vivemos uma “guerra”, dado aos altos índices da violência física e comunicacional. Porém, mesmo nas guerras (bélicas, sobretudo) existem limites morais intransponíveis. Quando a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou uma conferência diplomática que resultou no chamado Estatuto de Roma, em 1998, colocou como preceito a ser cumprido por todas as nações a proibição de “fazer ataques contra civis não engajados nas batalhas”.

Também há uma regra, um consenso internacional, de que nas guerras não se atacam ou se destroem obras de arte, monumentos e patrimônios culturais e educacionais, e que não se violam instituições…

Como exemplo, mais até do que as crianças e as jovens violentadas (o que é abominável!), quando o Estado Islâmico destruiu os monumentos históricos e culturais de Palmira, Nimhud e Hatra, o mundo inteiro chorou.

Se faz este preâmbulo para trazer à lembrança coletiva duas premissas: i) Padre Sátiro é um civil que não estava engajado na “batalha” política que vinha se travando nesses últimos dias; e, ii) ele é um “monumento”, um patrimônio cultural e educacional do nosso Estado, e além-fronteiras. Ele não  pode ser atacado, ou utilizado maldosamente, ainda que em tempos de “guerra”.

Qualquer pessoa que o conheça minimamente saberia que ele nunca pronunciaria palavras ou ilações contra quem quer que seja.
Padre Sátiro, ao contrário, é comunicador da não-violência. A sua linguagem é do amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão e preocupação com os outros.

Seu prestigio intelectual, sua inatacável condição moral, sua insuspeição de intenções, sua voz altíssona em defesa da educação, o fizeram baluarte e pilastra da nossa sociedade. Não se destrói, em vão, uma base social.

A aridez espiritual do momento traz uma apatia a nós,  ditos cristãos, que nem mesmo  temos tido coragem para se pronunciar vivamente contra as injustiças praticadas, sejam elas individuais ou coletivas.

Tendo Padre Sátiro sido vítima de uma injusta armação, todos os mossoroenses que o amam devem pôr-se de pé, altíssonos, em repúdio aos injuriadores daquele que em toda sua vida foi refúgio de paz, amizade, apreço, orientação e tranquilidade.

Aproveitando a metáfora do dia de finados, devemos contribuir para o fim dessa cultura de morte, da comunicação violenta, da fake news, do desrespeito ao próximo…​Rogo a Cristo, o Senhor da vida, para que nos conduza a um mundo de paz e esperança.

Se o mundo está obscuro, em trevas, resta esperar a ação profética trazida por Ezequiel, prometendo ele que Deus vai tomar conta das suas “ovelhas” e “resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas, num dia de nuvens e escuridão.”

E mais ainda, diz o Senhor Deus: “eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”. (Ez 34, 11-19)

Padre Sátiro é a última unanimidade humana viva de Mossoró! Por isso, reitero: Je suis Padre Sátiro!

Marcos Araújo é professor e advogado

* Leia também: Fake News envolve nome de Padre Sátiro.

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. CARLOS diz:

    “Je suis” (somos todos) Padre Sátiro=SEM COMENTÁRIOS.

  2. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Moi aussi!

  3. François Silvestre diz:

    Na última vez que o vi foi na praça do Bom Preço, em Natal. Eu tomando chopp e ele pediu um suco. Conversamos sobre tudo, até sobre crença e descrença. Pras tantas, perguntei: “Padre Sátiro, o senhor acredita mesmo que exista céu”? Ele fez uma careta, e rindo respondeu: “Meu filho, se não existir eu levei uma tabocada da vida”.

  4. João Claudio diz:

    O Soldado João Claudio – 17 – já está investigando quem aplicou o conto no vigário.

    LEIA-SE – PUBLIQUE-SE – CUMPRA-SE e se prepare para levar peia.

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