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domingo - 30/05/2021 - 08:16h

Machadinho, símbolo do jornalismo potiguar

Machadinho era originário de Assu (Foto: autor não identificado)

Machadinho era originário de Assu (Foto: autor não identificado)

Por Ney Lopes

Já se disse, que o vencedor na vida é sempre amigo da paz, da boa convivência, da harmonia social.

O símbolo dessa frase foi a vida de João Batista Machado (Machadinho), 78, jornalista, recentemente falecido.

Convivi com ele como repórter nos anos 60.

Quando fui correspondente no RN da Folha de São Paulo (1966 a 1968), ele era do Globo.

Um amigo de longas caminhadas.

Ponto comum nos unia: a origem, na querida terra do Açu, conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”, berço do meu pai.

É a segunda cidade mais antiga do Rio Grande do Norte.

Dr. Ezequiel Fonseca (prefeito do Açu na década de 1930, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa do RN), editou livro, citando 36 poetas naturais de Açu ou, como diria Manuel Bandeira, “nascidos para a vida consciente na terra dos verdes carnaubais”.

A mãe de Machadinho, dona Letícia, era muito amiga da minha avó, Mafalda. Ambas açuensesLembro conversas constantes delas, recordando a poesia nativa. Citavam João Lins Caldas, Renato Caldas.

Algumas vezes ouvi de Machadinho depoimentos sobre a sua querida “terra natal”.

Ele citava episódio da história açuense, que desconhecia.

Foi a mítica “Guerra dos Bárbaros”, travada no Açu, entre os anos de 1687 e 1720, envolvendo os indígenas e os conquistadores da Coroa Portuguesa.

Os bastidores da política do RN estão descritos em inúmeros livros publicados por Machadinho, a quem em vida chamava de “Monsenhor”, pelo seu estilo sacerdotal de tratar os amigos.

Escreveu diversos livros, entre eles “Bastidores do poder – memórias de um repórter”, quando se limita a registrar fatos, preservando os personagens citados

Exerceu cargo de confiança em quatro governosTarcísio Maia, José Agripino, por dois mandatos, Radir Pereira e Vivaldo Costa.

Sempre foi grato a esses governadores.

Jamais assumiu posições radicais em relação à classe política. Mereceu o respeito de todos os partidos.

Era membro, por merecimento, da Academia Norte-rio-grandense de Letras, desde 2012.

Quando presidi o Parlamento Latino Americano, convidei Machadinho e Salésia, jornalista, sua esposa, para visitarem a instituição em SP.

Lembro, que ao conhecer a estrutura e relações do Parlatino com organismos globais (Parlamentos da América Latina e Caribe, Europeu, Assembleia Parlamentar Euro-Latino Americana, da China, Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos, Rússia (Duma), OEA, ONU, UNICEF, CEPAL, OMC, OMS. OIT, FAO), ele exclamou:

“Se eu escrever no RN, o que estou vendo e sabendo sobre a importância e posição internacional do Parlatino, dirão que estou mentindo, ou querendo lhe elogiar”.

Pedi-lhe que silenciasse, por conhecer a inveja que aquela minha posição já despertava em alguns e até me prejudicava.

Durante toda a sua existência, ostentou o perfil da sinceridade, bom caráter, erudição.

O seu exemplo perdurará na imprensa potiguar e nas letras do RN.

As sinceras condolências neste momento de dor, à sua esposa jornalista Salésia Dantas, os filhos: João Ricardo e Ana Flávia, demais familiares e amigos.

Honras celestiais para Machadinho

Ele merece!

Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Bela Crônica prestada ao bom amigo que se foi. Assim se manifestam as amizades sinceras: até o final da vida.

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