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domingo - 26/07/2020 - 08:46h

Município e Estado ignoram potencial do Vale do Apodi

Por Josivan Barbosa

Infelizmente o município de Apodi não está sabendo aproveitar o seu potencial para atrair empresas de agricultura irrigada. Até o momento já se instalaram na região mais de uma dezena de empresas, entretanto, não conseguem apoio nem do município e nem do Governo do Estado.

Uma boa participação do município poderia ser na manutenção das vias de acesso às empresas rurais, as quais só recebem algum serviço quando os próprios empresários resolvem fazer a recuperação e a manutenção.

A participação do Estado do RN poderia já ter sido na articulação com a Bancada Federal para construir a Estrada do Arenito ligando o Distrito de Soledade à divisa com o Ceará (Tabuleiro do Norte). A pavimentação da Estrada do Arenito iria favorecer o escoamento da produção de frutas para a BR 405 e dessa para o Porto de Natal (mercado externo) ou para o Sudeste do país (mercado interno).

Outra grande importância da Estrada do Arenito seria a ligação com a BR 116 via o Distrito de Olho Dágua da Bica (Tabuleiro do Norte) e desta com os portos do Pecém e Mucuripe (mercado externo).Água atrai investimentos

O município de Apodi foi o principal destino das empresas de agricultura irrigada durante as dificuldades do uso da água na última grande seca. Algumas empresas de porte médio e grande, seguindo exemplos de outras que já haviam se instalado no início da década passada, ocuparam áreas por arrendamento ou aquisição, na região compreendida entre as divisas dos municípios de Apodi – RN, Severiano Melo – RN e Tabuleiro do Norte – CE, entre as estradas carroçáveis Transchapadão (ligando Apodi ao Distrito de Olho D`água da Bica) e a Estrada do Arenito (ligando os municípios de Apodi e Severiano melo ao Distrito de Olho D`água da Bica), via comunidades rurais tradicionais de Campos Velhos e Campos Novos.

Nessa região, as empresas estão perfurando poços no aquífero Arenito-Açu em baixa profundidade (cerca de 150 a 300 m). Este é o principal atrativo, ou seja, água de boa qualidade em baixa profundidade. Nessa região há solos mais argilosos, em cima da Chapada do Apodi e solos mais arenosos na região do entorno da Chapada do Apodi.

A previsão é de que na safra 2019/20 a área plantada com fruteiras (principalmente melão e melancia, banana e mamão) ultrapasse 5000 ha, o que representa, cerca de 25% da área cultivada na Grande Região Jaguaribe-Apodi.

A principal dificuldade enfrentada pelas empresas nessa região é a falta de infraestrutura (estradas e rede de alta tensão de energia), além da necessidade de investimentos em infraestrutura de galpões de embalagens, cercas, instalações fixas de campo, pavimentação no entorno dos galpões de embalagens e áreas de acesso, depósitos e demais instalações fixas de campo.

Cultivo de tilápia ganha espaço

Outra atividade econômica que o município de Apodi está ignorando é o cultivo de tilápia. A piscicultura, especialmente o cultivo de tilápia, vem ganhando espaço entre os consumidores e a integração do peixe garante maior rendimento ao produtor, que tem a comercialização garantida no fim do processo.

Uma das grandes vantagens do Vale do Apodi é a disponibilidade de água ao longo da várzea do Rio Apodi-Mossoró.

Uma articulação do município com o Governo do Estado poderia facilitar a instalação de cooperativas integrando pequenos produtores com foco na mão de obra, ficando a parte de investimentos na responsabilidade das cooperativas.

Bovinocultura leiteira precisa de apoio

Em função da característica rural do município de Apodi, outra atividade que precisaria receber atenção especial dos governos municipal e estadual é a bovinocultura leiteira. O município não precisa inventar a roda. Basta seguir os exemplos do Sertão Central do Ceará (bacia leiteira de Quixeramobim) e região do Seridó (Bacia leiteira de Jucurutu).

O desenvolvimento dessa cadeia produtiva atrai investimentos de laticínios que gera muito emprego e renda e conecta o pequeno produtor ao negócio rural competitivo.

UNP

Os grupos Ser Educacional e Cruzeiro do Sul têm interesse na operação brasileira da Laureate, empresa americana de ensino superior que colocou à venda todos os ativos no mundo.

No Brasil, a Laureate é dona de 11 instituições de ensino em várias regiões do país. Entre elas, estão a Anhembi-Morumbi e FMU, ambas de São Paulo; a UnP, no RN; o IBMR, no Rio, a UniRitter, em Porto Alegre, entre outras.

Inicialmente, a intenção da Laureate era se desfazer de todo o grupo ou em grandes blocos como, por exemplo, os negócios de Brasil e Chile juntos, mas esse projeto foi descartado diante da complexidade desse tipo de transação e optou-se por uma venda por país.

RN na Codevasf

O Rio Grande do Norte poderá ter apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF).

Graças à articulação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a Câmara dos Deputados aprovou a inclusão de mais três Estados na área de atuação da Codevasf. O texto, que ainda será mais discutido, determina que o órgão poderá fazer obras no Rio Grande do Norte, Paraíba e no Amapá.

A Codevasf está ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, com Sede em Brasília e oito Superintendências Regionais na sua área de atuação, além de escritórios de representação e de apoio técnico e unidades de produção e pesquisa.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (YFERSA)

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Paulo Barra Neto diz:

    Meu caro Josivan, fico feliz e agradecido com seu artigo de alerta para o potencial de Apodi e a inércia dos poderes públicos. Você fala com conhecimento de causa. Não é só teoria, é a pura realidade prática. Se suas sugestões forem acatadas pelos governos: do Estado do RN e dos municípios do vale, o Estado ganha mais um polo de renda e emprego nesse momento tão crucial para a economia. Muito obrigado por pensar nossa região!

  2. Gonzaga Costa diz:

    Essa é uma das importantes solução. A região é rica em oportunidades. Cabe o poder público fazer sua parte. O texto do professor é claro e oportuno. Falta criatividade e sobra ignorância desses gestores públicos. Enquanto isso, perde-se oportunidades de desenvolvimento da região. Parabéns professor!

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