• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 02/08/2015 - 06:10h

Não lhes pergunto acerca da melancolia

Por Honório de Medeiros

Há músicos em todos os lugares pelos quais passam muitas pessoas, em Barcelona. Músicos, cantores, instrumentistas, crooners…

Estão ali, sempre, nas Ramblas, nos metrôs, nos Carré, nos pátios das igrejas, cantando e tocando instrumentos, desde “hits”, até suítes sofisticadas de Vivaldi, em número muito maior que em Paris ou Lisboa.

Estaria eu fantasiando? Até pensei que sim, refém de tanta literatura estranha, desde Hawthorne até Baudelaire.

Entretanto minha filha me fez cair na real, como se diz hoje.

Ao passarmos por um virtuose do violino que interpretava “Traumerei”, de Schumann, ela observou: “papai, por que ele não sorri com os aplausos?”

Imediatamente olhei para os olhos do músico. De fato.

Pois os olhos de quem canta ou toca, na noite, por lá, são melancólicos, penso eu.

Não tristes, mas melancólicos, mesmo quando sorriem. Há uma grande diferença entre um e outro. Tristes são aqueles mergulhados no presente.

Melancólicos aqueles que mergulham no passado. Como o filho de um amigo meu quando pega seu violino, se afasta, e inicia um diálogo com o instrumento ao qual não temos acesso, de olhos fechados e abertos ao mesmo tempo, insondáveis.

Para mim, todos eles estão mergulhados no passado, reféns de um futuro que não se realizou ou de uma ilusão que reluta em se tornar realidade.

São inteligentes, percebem a realidade das coisas com muita rapidez. Se, por um espasmo da sorte, chegam lá, não se adaptam, viveram demais, e o olhar, cansado, de quem tudo conhece, reflete isso.

Cato sempre minhas moedas e lhes pago o tributo do voo da minha imaginação ou da verdade dos fatos. Peço-lhes intimamente desculpa, se erro na minha avaliação.

Não lhes pergunto acerca dessa melancolia enquanto resultado do cinza do dia-a-dia. Temo a falência da fantasia. Sigam, digo para mim mesmo. A intimidade geraria o desprezo.

Bom, é outro mundo. Nem mesmo noto, entre os de seu próprio povo, essa constatação. Passam todos eles, jogam moedas, como se cumprissem um ritual, mas nenhum olha os olhos de cada músico, mesmo quando resolvem parar e ouvi-los.

E aqui estou eu, me importando, devaneando, e eu sou a melancolia, somos um nicho no tempo, apenas uma ilusão, nada mais, senão palavras ao vento…

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. ROSANA diz:

    Em geral, a relação do público com esses “artistas”é desproporcional, uns são desprezados e outros idolatrados, seria mais saudável tratá-los como eles são, apenas como profissionais do entretenimento. São só trabalhadores como outros tantos, chega de fanatismo doentio. Fico indignada, quando vejo jovens fazendo sacrifícios para conseguir ingressos para shows dos seus “ídolos” . Se é para idolatrar, não idolatre um ser humano como você, idolatria e fanatismo são para Deus, e não para werdinhas.

  2. naide maria rosado de Souza diz:

    “Um diálogo com o instrumento ao qual não temos acesso”…É o êxtase, Prof. Honório de Medeiros…é uma outra dimensão para a qual o artista é levado através do som que espalha com seu instrumento. É o pincel do pintor que o leva para o mundo da arte que se vê, enquanto o outro o conduz para o mundo da arte que se ouve.
    Podemos ser artistas de várias maneiras. Há pessoas contempladas com dons. O sr., professor, tem o dom da escrita e outros mais. Quantas vezes não deve ter entrado no espaço mágico dos sonhos no qual esquecemos quem somos e onde estamos. O meu dom é cuidar bem de meus filhos e mais um…o de nadar. Cheguei no lugar que queria, mas, para sempre, prolixa. Pois bem, certa vez estava num treino. Nadando “costas”, deparei-me com um céu lindo…muito lindo, Professor. O azul imenso, até turquesa, levou-me a um devaneio. Entrei naquele céu…ele me levou. O nosso técnico , vendo-me parada, chamou-me várias vezes e não ouvi nenhuma. Então, mergulhou e chegou a mim tenso, achando que eu estivesse com problemas. “Naide, o que houve? Respondi : O céu me levou pois está lindo demais. “Espero que essa seja a primeira e última vez que o céu leve você! ” Risossssssssssssssss. Só Deus sabe por quais lugares andei…mas, Professor, não senti melancolia. Apenas “nadei” conforme a música.

  3. ROSANA diz:

    Com todo respeito, mas eu gostaria de ver uma narração erótica da Naide, com detalhes que só ela sabe descrever,kkkkkkkkkkkkkkk

  4. naide maria rosado de souza diz:

    Rosana. Você jamais lerá uma narração erótica feita por mim. Acho o sexo lindo, prazeroso. No entanto, no momento em que ele se torna público, ou seja, narrado em seus detalhes, perde a beleza de seu aspecto íntimo. Servirá como elemento despertador de mentes deturpadas que, por si só, não conseguem praticar o ato sexual, sem um estímulo. E, atente para o que vou dizer : Cerimônia e respeito engrandecem as pessoas. Cresça!

    • ROSANA diz:

      Naide, que bobagem! Você falou da naturalidade do ato sexual, mas ao mesmo tempo de forma “agressiva”, Por que deveria ter cerimônia com este assunto? Parece que pessoas de gerações mais antigas, tem dificuldade quando o assunto é sexo. É você que precisa crescer, o sexo é natural com todos os seus detalhes, você falou como se os detalhes do sexo, o tornasse constrangedor. Naide , sabe o que eu acho constrangedor ? As aberrações sexuais, por exemplo; um homem comendo a garganta de uma mulher, o que os hipócritas chamam de sexo oral, mas o sexo natural que DEUS ou a natureza fez, não é constrangedor.

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Rosana, não inverta significado de palavras. Não me interessa saber detalhes da vida sexual de ninguém. O segredo do sucesso está entre as quatro paredes. Em nenhum momento afirmei que o sexo fosse constrangedor. Ao contrário, disse que era lindo e prazeroso. Minha geração não é tão antiga.
    Entendo que ao me deparar com um teclado de computador, não precise desnudar a minha intimidade para ser moderna.
    Quanto às aberrações sexuais, conheço-as, estudei-as. Sou criminalista, Rosana. Quanto à cerimônia ela é preciosa. Espero que você consiga entender a profundeza da palavra. Ela deve estar presente em todos os contatos de nossa vida, não necessariamente apenas no sexo. A cerimônia, na vida sexual, está na sutileza de seus mistérios, compartilhada entre os casais, e jamais divulgada para o resto do mundo.
    Cerimônia deve existir entre pais e filhos…também de forma sutil, para evitar que uns agridam os outros com palavras desrespeitosas. A cerimônia sustenta as amizades. Quando se perde a cerimônia é indício do fim. Cresça!

    • ROSANA diz:

      Naide, o sexo existe por si só, na prática ou na teoria , não falei de sexo de ninguém . Eu acho que o que deve ser estudo na educação sexual, é o sexo natural, e não as aberrações sexuais que vemos nos pornôs. Você não afirmou que o sexo fosse constrangedor, mas agiu como se fosse, demonstrou não ficar a vontade com o assunto. Será que você aprendeu sobre sexo com cerimônia? Por que para falar sobre sexo, você faz questão de cerimônia? Eu disse sobre falar sobre sexo, excesso de sutileza , pode virar uma grande censura, um tabu. Naide, amizade é “sinônimo” de intimidade, se você faz cerimônia para falar sobre sexo até com amigos, imagine com estranhos. Acho que as amizades sustentadas pela cerimônia, nasceram da hipocrisia. A cerimônia não pode me impedir de ser eu mesma, quero crescer com a verdade.

  6. naide maria rosado de souza diz:

    Rosana.
    Parece que estou escrevendo em grego. Você não entende nada ou finge não entender o que digo.
    Vou fazer uma “acareação” com os próprios textos e finalizar essa lenga-lenga que em nada contribui.
    Muito bem: a primeira vez que utilizei a palavra CERIMÔNIA foi em 5 de agosto , às 19.45h. Disse: Cerimônia e respeito engrandecem as pessoas. Agora, vou explicar as minhas palavras . Cerimônia e respeito foram dirigidas a você que, sem a menor ponderação, afirmou em 4 de agosto que gostaria de ver uma narração erótica minha, com detalhes que só eu saberia descrever. Insultou, agrediu a minha honra, tentou invadir a minha intimidade. Nessa hora, Rosana, eu deveria ter colocado os pontos nos is. Deveria ter dito que você acha que suas palavras podem jorrar como lama inocente, desde que seguidas de um KKKKKKKKKK. Que suas palavras são gentis, que eu até me sentiria honrada por alguém ter sugerido que escrevesse algo erótico. Não, não é isso. Nós não tomamos o café da manhã, não almoçamos, nem jantamos juntas. Nunca. Somos desconhecidas. Pretensão, a sua, de poder julgar que meu escrito erótico fosse de descrição ímpar, só eu poderia descrever. Pretensão ridícula. Não sentamos nas mesmas carteiras de escola. Nada lhe dá crédito para insinuar qualquer capacidade minha.
    Em seis de agosto, você usa a palavra “agressiva”para a minha explanação…apela para a minha geração antiga, para o sexo CONSTRANGEDOR, usando expressões não minhas, jamais disse isso, são criações exclusivamente suas para, desse modo, parecer dar aulas de educação sexual.
    Respondi em seis de agosto, e volto à palavra cerimônia, dessa vez não dirigida a você pois não tem como entendê-la. Referi-me à beleza do sexo, protegido por quatro paredes, sem divulgação, compartilhada entre o casal e não transmitida para o mundo. Está aí a cerimônia do dia seis. Estendida a pais e filhos, a amigos, etc…
    No dia sete, Rosana, você, sem o menor cuidado ou cautela, diz que “Será que você aprendeu sobre sexo com cerimônia ?” Que pergunta leviana. Não merece resposta até porque em nada acrescentaria na sua intelectualidade sexual.
    Amizade é sinônimo de intimidade, diz você. É verdade. Mas precisa haver a cerimônia, aquela que você não consegue entender de maneira alguma. Vou contar uma história, para ver se você alcança.
    Duas grandes amigas engravidam e têm seus rebentos quase ao mesmo tempo. Assim como as mães, se tornaram os melhores amigos. Um deles possuía um pequeno defeito numa perna, um tanto mais curta do que a outra. A diferença era pequena, às vezes, imperceptível. Pois bem. Os dois garotos frequentaram a mesma escola, pertenciam ao mesmo grupo. Disputavam as mesmas garotas, iam às mesmas festas. Mais do que irmãos. Tiverem sarampo juntos…Respiravam quase o mesmo ar. Um dia, um belo dia, o amigo que possuía as pernas simétricas, querendo chegar mais rápido a uma lanchonete para encontrar uma garota, sorridente, disse: “Apresse aí, amigo manquinho.” O amigo parou, mandou o outro prosseguir pois “lembrara” que tinha dentista. Foram 19 anos de amizade que terminaram por falta de CERIMÔNIA. Entendeu, Rosana. Não foi grosseria não. Eles cansavam de trocar palavrões um com o outro. O ponto fraco foi atingido pela falta de cerimônia. A cerimônia é invisível, sensível, transparente. Você vai dizer: também, que amigo….foi chamar o outro de manquinho…mas ele chamou, Rosana, porque não achou nada demais …eram tão amigos. Não queria ferir, gostava demais do companheiro de berço e, nisso, perdeu a cerimônia. Nunca mais se falaram. Entraram para a Faculdade e o “manquinho” resolveu ingressar numa de outro estado. Foi ferido mortalmente.
    Não tenho muito tempo disponível para longos textos. Então, para que eu não perca a cerimônia e não gostaria que isso acontecesse, não que você fosse se importar, mas eu me importaria, pois conheço a leveza dela…é quase como um véu. Poucos a percebem ou notam. Tenho a felicidade de percebê-la.
    Então, quer crescer com a verdade? Cresça. Mas, sem cerimônia você não vai a lugar nenhum.

    • ROSANA diz:

      Com todo respeito, mas eu gostaria de ver uma narração erótica da Naide, com detalhes que só ela sabe descrever,kkkkkkkkkkkk. Pronto! Foi por este ” copo d’àgua “, que você fez uma “tempestade”. Bom, mas nós entramos num assunto que você só prova cada vez mais , que não fica a vontade,o sexo. Você fez um julgamento tão absurdo; “Cerimônia e respeito foram dirigidas a você que, sem a menor ponderação, afirmou em 4 de agosto que gostaria de ver uma narração erótica minha, com detalhes que só eu saberia descrever. Insultou, agrediu a minha honra, tentou invadir a minha intimidade.”. Naide, tem certeza que essa minha frase significa insultar, agredir a honra, e invadir a intimidade de alguém ? Primeiro que eu não falei diretamente com você, falei apenas como uma possibilidade. Segundo, como eu tentei invadir sua intimidade com uma simples frase ? Afinal, você só exporia sua intimidade se quisesse, e não por medo de uma frase. Terceiro, não identifiquei nenhum insulto na minha frase, pois quando disse; “… detalhes que só você sabe descrever” , estava praticamente elogiando a forma como você escreve, com muitos detalhas, me referindo aos seus outros textos. Sei que você tem o direito de considerar a minha frase, como uma ” lama inocente” , desde que o seu entendimento não ultrapasse a realidade. Naide, o sexo é um tema comum , podemos falar sobre sexo de várias maneiras , pois ele está presente na vida das pessoas quase que diariamente, nas doenças sexualmente transmissíveis, na exploração sexual, na pedofilia, etc, foi neste sentido que eu falei sobre sexo, de forma generalizada, não necessariamente do seu sexo, poderia ser até uma narração erótica fictícia. Quanto ao exemplo dos dois supostos “amigos’, acho que foi um exemplo tão grosseiro, pois até um inimigo sabe que colocar apelido em quem tem uma doença, certamente não vai alegrar a pessoa apelidada. mas já que você disse que se trata de “amigos” , acho que no mínimo , eles não se conheciam tão intimamente, pois o que você chamou de falta de cerimônia, se trata de uma falta de respeito, é tanto que o amigo “manquinho” não levou na brincadeira. Se ele sabia que o amigo chamava os deficientes de “manquinhos” , por que continuou com a amizade ? Certamente não conhecia bem o “amigo’, o tempo da amizade não significa nada, pois várias esposas descobrem que os maridos de anos de casamento, mantiveram amantes por vários destes mesmos anos. Naide, acho que entre outras coisas, você entende mais por cerimônia, a formalidade, mas o tema sexo é mais informal do que formal, e não deve ser privado só para grandes amizades, exceto com crianças, podemos falar sobre sexo com desconhecidos também. Eu falei sobre sexo de uma forma tão leve, que não imaginei que pudesse irritar alguém, mas por mais absurdo que seja o entendimento, cada pessoa tem o seu. É por isso que eu observo a realidade.

  7. naide maria rosado de Souza diz:

    Hoje é Dia dos Pais.
    Homenageio o meu pai, com saudades, sempre.
    Homenageio o homem que me faz uma mulher feliz, todas as vezes. Homenageio esse homem que, me amando, fecundou-me. Homenageio os frutos de nosso amor. Homenageio todas as vezes em que nos amamos, muitas e maravilhosamente, mas que ninguém saberá nenhum detalhe desse nosso amor. Está em nosso quarto e benditas sejam as nossas paredes. Bendita seja a CERIMÔNIA, a que conheço e que em nada atrapalha, a CERIMÔNIA que dá viço e que, sempre, sem modéstia, faz-me sentir exuberante.
    Adeus, Rosana.

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