• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
quarta-feira - 01/04/2020 - 13:24h
Relexão

Nós, os egoístas

Nesses tempos de pandemia, não tenho ocupado muito minhas redes sociais (pessoais) para botar o focinho por lá, ou expor mesa com vinho e queijos. Não tenho vinho nem queijos em casa.

Posso comprar, mas não os tenho.

Opção, coisa de prioridade mesmo. Eles não o são.

Prefiro gente à coisa. Uma eu gosto; a outra, uso.Onde moro, quase nada que ocupa espaço é acessório, cumulativo ou dispensável. Tudo tem serventia, inexiste penduricalho – inclusive o imã com escudo do Fluminense à porta da geladeira.

Tenho visto muita gente berrando, cobrando, esperneando, apontando o dedo para políticos e poderes públicos, exigindo providências contra efeitos imediatos e, outros que se avizinham, derivados da Covid-19.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente, mas realmente…” Uso trecho de uma música que fez muito sucesso nos anos 80, como preâmbulo de uma reflexão. Não seria a hora de perguntarmos: “E o que eu posso fazer por quem não tem nada ou está prestes a fazer parte de uma manada famélica e desesperada?”

Fui confrontado em recente entrevista à TCM-Telecom, se não considerava o coronavírus um divisor de águas à reflexão da humanidade e, do ser humano, quanto ao seu papel em sociedade.

Fui absolutamente sincero, sem rodeios ou utilização de qualquer tipo de alegoria filosófica: “Não acredito, não creio. O ser humano continuará sendo o que sempre foi. Teimamos em não dar certo!”

Passamos por pestes que dizimaram multidões incalculáveis na Idade Média, Gripe Espanhola com mais de 50 milhões de cadáveres no século XX, duas guerras mundiais, matança urbana sem fim, mas até hoje milhões de pessoas morrem de fome e desprezo, em todas as partes do mundo “civilizado”.

Para o neodarwinista Richard Dawkins, autor dos célebres e encorpados “O Gene egoísta” e “Deus, um delírio”, somos geneticamente predatórios, competitivos e estamos em permanente luta pela sobrevivência – numa seleção natural sem fim, que é replicante a todo tempo e hora, ad infinitum (ao infinito).

Com vinho e queijos à mesa, não acredito que essa quarentena, confinamento, isolamento social e qualquer outro termo que adotem à segregação compulsória, sejam capazes de mudar o indivíduo e essa humanidade. Continuaremos individualistas e pequenos.

Isso é tão comum, que ser solidário, altruísta e ter compaixão por quem sofre, acabam virando notícia, manchete e dão belas reportagens à mídia. Nos levam ao choro. Por quê? Por que são exceções, situações estranhas até.

O Covid-19, doença espalhada pelo coronavírus, vai passar e deixará para trás lições que de novo não vamos aprender. Sobreviveremos.

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Roberto Mitre diz:

    Parabéns, excelente artigo. Foge totalmente da mesmice da imprensa politicamente correta, que fazem da pandemia um terror para conquistar audiência e leitores.

  2. Carlos Andre Gomes de Araujo lima diz:

    Nobre jornalista ainda não ouvi quase nada sobre providencias do poder publico no que tange no aumento de leitos para atendimento aos pacientes infectados com o covid-19, até agora só a prefeitura que irá abrir 20 leitos ao lado da upa do BH.

    Não entendo pq o pouco empenho, já a Fátima não vejo anunciar nada, se a epidemia é tão grande pq não estão se articulando para aumentar a oferta de leitos e UTI´s, enquanto isso o povo escondido da gripe e muitos passando fome.

    Será que estão esperando o caos?

    Já tem lojas em Mossoró colocando tapumes nas portas para evitar saques.

    Me causa muita estranheza!

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Fique um pouco mais atento. Informações estão sendo postadas diariamente.

      Veja, por favor: //blogcarlossantos.com.br/governadora-e-prefeita-tratam-de-medidas-contra-coronavirus/

      Leia o texto. E nosso comentário.

      ABraços

      • Carlos Andre Gomes de Araujo lima diz:

        Como vc mesmo observou, leitos “novos” antigos, não irão atender a demanda, haja vista que em dias normais a ocupação dessas unidades ja tem sua capacidade saturada.

        Ação mais Tecnicamente correta seria construir um hospital de campanha nas cidades polos do Estado para tratar somente os casos de convid-19, devemos observar o exemplo do que aconteceu no estado de São Paulo Onde o hospital do plano de saúde prevent senior foi responsável por mais da metade dos óbitos no estado por quê Algum infectado deu entrada no hospital e acarretou de infectar todos o que estavam nele, trazendo para nossa realidade todos os hospitais da cidade correm o risco de se infectar com paciente que der entrada por conta do covid-19.

        A vantagem de concentrar os casos de infecção por covid-19 em um único hospital é o de se evitar a infecção de outros pacientes que estejam internado por conta de outras enfermidades.

        Já é sabido que um ambiente hospitalar é de alto risco de infecção e contaminação.

        Não sei porque um ignorante como eu consigo ver esses riscos inerentes e as autoridades não?

  3. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Bem lembrado, o Livro DEUS, UM DELÍRIO, independente do provável leitor ser um crente das religiões monoteístas ditas tradicionais ou não, deveria ser livro de cabeceira. EM ESPECIAL, PRA QUEM OPORTUNIZA-SE À REFLEXÃO, oportunizando assim, pensar criticamente sobre a história das religiões e, sobretudo seus reflexos diretos sobre o homem, sua história e sua condição dita humana perante os demais chamados seres gregários….!!!

    Um baraço
    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  4. João Claudio - Mãos lavadas e enxaguada com água do poço. diz:

    Muito do ótimo.

    Coronavírus! Notícias atualizadas:

    Os ‘donos’ dos três cabarés mais famosos e frequentados de Corrupinópoles brigam diariamente entre si feito mundica ruim de periféria. E o que é pior: disputam queda de braço para saber qual deles vai agradar mais o gado faminto.

    Do lado de fora o coro é um só:

    PEGA FOOOOOOGO CABARÉEEEEEEE…..!

  5. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Amigo Carlos Santos. Admiro os seus posicionamentos, mas nesses dias tristes longe de meus netos, não é possível que nada melhore em mim.
    Ainda tenho alguma fé na humanidade. Para restaurá-la precisei parar de assistir os telejornais porque sai da tela, visivelmente, a ênfase da exposição da desgraça e a permanente e maldita luta pelo Poder.

  6. Otávio diz:

    Como se vinho e queijo fosse pecado. Então, o produtores de vinho e queijo são promotores da gula e da avareza? Em meio a pandemia, é triste ver quem fica postando e esbanjando o “vinho e o queijo” que possuem na mesa. Mas poder desfrutar dessas coisas, desde que tenham sido conquistadas com honestidade e sem passar por cima de ninguém, não vejo problema, mesmo em tempos de quarentena. O ajudar vai de cada um. Só em não atrapalhar já é muita coisa. Lembrando que alegar humildade é o mesmo que alegar caridade.

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