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domingo - 30/03/2014 - 07:59h

Nossa tortura anual: hora de pagar Imposto de Renda

Por Honório de Medeiros

Está prestes a chegar a hora da tortura anual: a declaração do imposto sobre a renda. Nós, da classe média, como sempre assistiremos passivos o massacre feito pelo Governo.

Em algum lugar do cérebro surge uma vontade inicial de se revoltar, mas, logo, logo, retornamos à nossa passividade natural, tipicamente brasileira.

No nosso país não pagam imposto sobre a renda os muito pobres e os muito ricos. Os muito pobres por razões óbvias. Os muito ricos por que se beneficiam das brechas da lei, das facilidades legais, da impunidade onipresente, dos grandes escritórios de advocacia. Ou pagam, mas repassam o ônus para nós, a classe média.

E o Governo, o Governo acha mais fácil tributar na fonte ou expropriar a passiva e inerte classe média.

Essa nossa passividade não é genética, como pensam alguns sociólogos de meia-tigela. Não somos assim porque resultamos do cruzamento de brancos portugueses de baixíssima qualidade moral, negros indolentes e índios preguiçosos ou mal-acostumados. Nada disso é verdade. Ao contrário.

É difícil um povo que trabalhe mais para sobreviver que o brasileiro. E tampouco somos cordiais além da medida, como disse Sérgio Buarque de Holanda.

Ele, o grande Sérgio, talvez não tenha sido suficientemente crítico ao olhar para nossa história antes do Estado Novo de Getúlio. Uma história cheia de irridências, revoluções, insurgências, banditismo, cangaço e massacres. Taí Canudos, a cabanagem, o banditismo rural, o movimento farroupilha e tantos e tantos outros, para provar o que está sendo dito.

Com Getúlio e o Estado Novo acontece o que o professor Gilson Ricardo de Medeiros Pereira lembra a partir da obra de Raymundo Faoro “Os Donos do Poder”: o pacto das elites para dissolver a luta de classes através da “solução pelo compromisso”, ou seja, a permanente negociação através da qual o zé-povinho recebe, quando muito irada, uma ração extra de carne para acabar com o resmungo.

Não por outra razão vai ano e vem ano e os tubarões da elite continuam o colossal processo expropriatório através dos inocentes-inúteis que exercem cargos na estrutura do poder e se prestam a fazer o serviço sujo dos patrões. Quem conhece a história recente deste país sabe, talvez até mesmo na própria pele, o que foi feito com o serviço público a partir de Collor.

Quem não sabe porque não é servidor público, mas pertence à classe média para baixo, com certeza sentiu e sente na pele quando precisou ou precisa da estrutura do Estado na saúde, educação e segurança pública.

E nós, estúpidos, continuamos esperneando e votando nos mesmos candidatos de sempre!

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Governo do RN

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “E nós, estúpidos, continuamos esperneando e votando nos mesmos candidatos de sempre!”
    Mas como votar em outros candidatos se outros candidatos eles não deixam surgir?
    Sem legenda não pode haver candidato. E eles controlam os partidos, consequentemente, as legendas.
    Só poderá haver novos candidatos quando forem permitidas as candidaturas independentes e acontecer o fim do voto de legenda, coeficiente eleitoral, etc. Somente com o fim de todo este esquema montado pelas classes dominantes é que poderemos ter políticos compromissados apenas com o povo.
    Infelizmente a nossa gente não se dá conta disto e tudo continua do jeito que o diabo gosta.
    E com o controle do Estado nas mãos eles vão aumentando, ano após ano, a carga tributária em todos os níveis.
    No Federal, corrigem a tabela do Imposto de Renda bem abaixo da inflação, 4,5% para uma inflação que dizem ser de 8%. mas que na realidade ultrapassa e muito os 10%. E achando pouco corrigem os salários em apenas 7%, em média, isto quando corrigem.
    No Estadual, o IPVA, por exemplo, chega a ser um acinte a qualquer ser não retardado mentalmente. Na verdade transformam-se em sócios das nossas propriedades.
    No plano Municipal são mais gulosos. O IPTU em Mossoró SUBIU 20% e todos os mossoroenses estão levantando as mãos para o céu agradecendo a eleição suplementar que acontecerá em 4 de maio. Não fosse a eleição suplementar e o aumento do IPTU seria muito maior, em alguns casos chegando até aos 1000%.
    Ano após ano a carga tributária aumenta.
    Felizmente não poderá ultrapassar os 100%.
    E pensar que a inconfidência se deu por causa da derrama…
    Hoje já pagamos quase 40% e ninguém dá sequer sinal de revolta.
    Até quando seremos estes cordeirinhos?
    Não sei.
    Deus certamente sabe.
    ////
    FALTAM MEDICAMENTOS NA UBS CHICO PORTO.
    DENTISTA NA UBS CHICO PORTO NEGA AGENDAMENTO DE EXTRAÇÃO A USUÁRIO DO SUS.
    UNIFORME E MATERIAL ESCOLAR NÃO FORAM DISTRIBUÍDOS EM MOSSORÓ.
    CADÊ A AUDITORIA REALIZADA NA PREFEITURA?

  2. Pedro Victor diz:

    Todo ano eu recebo restituição. Pramim, ruim é pagar IPVA.

  3. Antonio Pereira diz:

    Qual é o candidato que está prometendo acabar com o Imposto de Renda? Diga aí para eu votar nele!!

  4. naide maria rosado de souza diz:

    Eis a época do ano que abomino. Chego a ficar irritada e, mesmo, deprimida por mais que tenha o temperamento alegre. Há muitos anos, pagávamos o carnê-leão ou algo similar. Certa vez, esquecemos de anexar o recibo de pagamento. Recebemos uma cobrança monstruosa, por conta de juros, correção monetária e todas as tabelas que podem haver entre o céu e o inferno, tempos depois. Pois bem, aquela quantia era , simplesmente, impagável se verdadeira. Estávamos ali pelo décimo ano de casados e o dinheiro, mais curto. Como boa virginiana, possuía pastas dispostas de forma irrepreensível: etiquetas indicavam o ano, o que continham, etc.e tal…Com facilidade encontrei os tais recibos. Levei-os ao Fisco que continuava desconhecendo o pagamento. Para eles não pagáramos. Os recibos foram , digamos assim, “chocantes”. A dívida foi anulada e tudo voltou APARENTEMENTE ao normal. Sim, aparentemente, porquê jamais deixaram-nos em paz…todo ano implicavam com alguma coisa, todo ano. Era como se quisessem nos punir por termos aqueles recibos, constatado o erro deles. No ano passado, chegaram ao cúmulo de pedir nossa Certidão de Casamento, sou dependente de meu marido. O casamento longevo já despertava suspeitas. Fiquei injuriada. Fui à Receita com ele (marido), e , um tanto aborrecida, fui dizendo: não morri, continuo casada e dependente dele, mas precisei deixar lá uma Certidão e, detalhe,tive que mostrar a original.
    Diante dessa implacável perseguição, resolvi contratar um escritório de Contabilidade para fazer nosso IR. Faço o rascunho, entrego tudo praticamente pronto, mas perdi, ao longo dos anos, a confiança nos meus conhecimentos contábeis. Marido, como Médico, tem inúmeros convênios. Compilo tudo, somo tudo, desconto tudo, mas entrego ao Contador. Não há muito a pagar, a Fonte engoliu maior parte,mas há muito a somar e a descontar e a esperar qual será a implicância da vez. Ano passado, foi a Certidão de Casamento . Retrasado, todos os Recibos Médicos. Houve um ano em que o problema correspondia a dez reais. Corri para pagar antes que aqueles dez reais se transformassem em mil, dez mil…sei lá quantos pois a tabela da multa é prodigiosa. Realmente, essa época do Imposto de Renda é pesadelo para a classe média. Uma vez, li uma escritora que muito admiro dizer que se pudesse cometer algo ilícito o faria contra o fisco. EU TAMBÉM, EMBORA SEJA TODA CERTINHA. É que conjeturo quais benefícios são retornados. Temos uma saúde DOENTÍSSIMA. Os Hospitais Públicos estão cada vez mais vergonhosos. A Educação precária. A Segurança um terror. Pago para quê? Para ter o direito de respirar? Ora, até o ar está poluído pela fumaça maligna e pelo cerco da corrupção.

  5. Alexandre Vasconcelos diz:

    Me revolta essa época do ano, Pois mais uma vez vou pagar imposto de renda, mesmo dessa vez tendo dependentes!

    Minha revolta a palavra pode ser também repúdio, fúria, ira. É saber onde vai parar esse dinheiro que tanto trabalho pra conseguir, nos bolsos dos mensaleiros da vida, dos ladrões que superfaturam obras públicas, dessa corja que se Acusam em público e se defendem nos bastidores daquele circo que se chama planalto central.

    Peço desculpas aos amigos do blog, mas esse ano não estou trabalhando. ..e é muito doloroso tirar dinheiro do leite da minha filha e dá para esse governo que não me representa.

    Já é hora de levantar essa bandeira, porque só apanhar é complicado.

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