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segunda-feira - 03/02/2020 - 07:28h
Postura

O exemplo de Wilma de Faria que Fátima Bezerra podia seguir

Ao evitar encontro com sindicalistas, governadora assume uma fraqueza que ex-governadora não tinha

Governadora do RN, a mossoroense Wilma de Faria (PSB à época, falecida em 15 de junho de 2017) participava de solenidade no bairro Boa Vista em Mossoró, acossada por um numeroso grupo de manifestantes. Faixas e palavras de ordem a provocavam.

Encerrado o evento, ela gira o corpo em seu próprio eixo, fita os manifestantes e fala para assessores próximos: “Vou lá falar com eles!”.

Wilma: força de "Guerreira"; Fátima, tibieza (Fotomontagem Web)

De imediato, várias vozes repetiram a mesma recomendação apreensiva: “Não, governadora! Por favor, não!”

O temor era de que sua atitude fosse encarada como provocação, emparedamento dos que protestavam. “Eu vou, sim”. E foi.

– Eu fiquei com medo que acontecesse algo sério – relembra a ex-vereadora Cícera Nogueira (PSD).

Em poucos minutos cessaram os brados revoltosos. Logo os manifestantes ensarilharam faixas e deram um basta em gritos.

Governadora e eles dialogaram pacificamente, com uma sintonia inimaginável para seus auxiliares e correligionários. À saída, ela ainda deu um ‘tchauzinho’.

A “Guerreira” de verdade

Wilma de Faria começou sua trajetória política com o peso do sobrenome Maia, como primeira-dama do governador Lavoisier Maia no fim dos anos 70, além de filiada à Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Virou secretária de Trabalho e Bem-Estar Social na gestão de José Agripino Maia (PSD) em 1983.

Foi derrotada à Prefeitura do Natal em 1985, pelo deputado estadual Garibaldi Filho (PMDB), em sua primeira experiência eleitoral.

Eleita deputada federal constituinte em 1986 pelo PDS, transformou-se em parlamentar “nota 10” sob a ótica dos defensores dos direitos sociais e humanos. Em 1988 foi vitoriosa como a primeira prefeita do Natal, já no PDT, fazendo em seguida o seu sucessor – engenheiro Aldo Tinoco Filho (PDT).

Rompida com o grupo Maia, desvencilha-se do próprio sobrenome herdado do ex-marido e dá sequência a uma carreira em faixa própria, sendo “Wilma de Faria”, que a levaria mais duas vezes à prefeitura como prefeita e uma como vice, além de ser a primeira governadora do RN (2002, reeleita em 2006).

A guinada à esquerda que Wilma de Faria deu em sua vida pública a levou a ter profunda identidade com movimentos sociais. E, em nenhum momento, se esquivou de ir pro diálogo em situações extremas ou impor sua autoridade quando o cargo exigia. O epíteto de “Guerreira” lhe caía bem.

A governadora Fátima Bezerra (PT) bem que poderia se espelhar em Wilma. Sua postura de evitar comparecer nesta segunda-feira (3) à Assembleia Legislativa do RN, para cumprir protocolo de leitura da mensagem anual do seu governo (veja AQUI), acaba por expor sua tibieza na relação com setores organizados do funcionalismo e na própria gestão. Denota falta de pulso e medo.

Robinson e Rosalba

Em nada revela caráter democrático em relação ao funcionalismo organizado, como quer demonstrar e tentou mostrar ao longo do ano passado (veja A assustadora coreografia do atraso do Governo Fátima e Aprovação de novo Proedi reitera falta de firmeza de governo).

Fátima repete os antecessores Robinson Faria (PSD) e Rosalba Ciarlini (DEM, hoje no PP), que protagonizaram vários episódios de fuga de áreas de pressão. Robinson, por exemplo, chegou a voltar da entrada de uma Feira do Bode em Mossoró, quando viu manifestantes à sua espera. Desabou para Natal.

Rosalba fez o mesmo quando governadora, escapando de compromissos em Mossoró (veja AQUI) na Feira do Bode e Feira do Livro, Cidade Junina e outros eventos representativos. Assusta-se até hoje com o contraditório, com vaias e qualquer coisa que contrarie sua vontade.

A covardia não inspira respeito. Nem admiração.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. João Claudio - Já é carnaval 'Olha a cabeleira do Zezé, será que ele éeee...!' diz:

    Fatão era presença garantida em todas as manifestações. Ajudava a ‘cunanhêrada’ a carregar a faixa com uma das mãos, enquanto a outra erguia uma bandeira vermelha.

    Ao final do fojo, chegava em casa rouquinha de tanto gritar FORA.

    Me lembro-me como se fosse hoje. Ou melhor, parece que foi ‘nêstante’.

    Tô mentindo? Tô???????

    • João Claudio - Já é carnaval 'Olha a cabeleira do Zezé, será que ele éeee...!' diz:

      É bem verdade que hoje ela não mais participa de manifestações de rua.

      – Não, Mô?

      – Não! Ela fica atrás da moita e manda os burros que Lula encantou gritar por ela. Tem burro que nem presta.

      – Isso é fato, Mô?

      – Fato, não! É Fatão, Fatão e Fatão.

      – Arre égua.

      – Não são éguas. São burros.

      – Ah, tá.

  2. François Silvestre diz:

    Aconteceram com ela outros episódios desses. Em dois deles eu estava e a acompanhei. Um em Mossoró, no bar dos manicacas. Quando ela disse que iria até onde havia um começo da vaias, eu concordei e a acompanhei. Terminou com muita risada e ela desafiando, “encostem lá, mesmo se não forem manicacas”. Outra vez em Umarizal. Descemos juntos a Serra, pois ele tomara café comigo em Cajuais da Serra, meu sítio. Antes de chegarmos à cidade, havia uma grande movimentação na feirinha do bote, bem antes da feira principal. Ao acenarmos para o aglomerado, ouvimos vaias e gritos desrespeitosos. Pare o carro e perguntei se ele queria descer. Os carros da caravana que vinham atrás também pararam. Alguns da equipe desaconselharam a parada ali. Mas ela já havia descido do carro e caminhou na direção dos feirantes. Ismael Wanderley, Antônio Jácome e eu a seguimos. Fomos passando pelas bancas e ele cumprimentando todos. O tumulto foi silenciando, até porque havia muitos conhecidos meus. Mas ela não sabia disso. Resultado. O aglomerado foi crescendo, com muitos abraços e apertos de mãos. Ela: “Vamos falar aqui”? Um dos feirantes ofereceu sua caminhonete, carregada com sacos de feijão e milho. Ismael e Jácome sugeriram que só falássemos ela e eu. Assim foi feito. E nós dois discursamos em cima dos sacos de legumes e cereais. Acabou sendo uma grande comício. Ela contava isso em todo lugar.

  3. João Claudio - Já é carnaval 'Olha a cabeleira do Zezé, será que ele éeee...!' diz:

    – Isso significa dizer que quando Lula pede…

    – Lula não pede, Lula manda. MAN-DA.

    – Em assim sendo, os burros baixam as cabeças?

    – Não só baixam as cabeças. A tropa toda fica de quatro e ainda abre a boca. Decifra-me ou te devoro.

    – Já decifrei-o com fedor e tudo. A tropa é encantada, né?

    – Encantada e, pasme, cérebros lavados, pra variar. Pense num combo pai d’égua. Né não?

    – Mô, você mesmo disse que burros não são éguas.

    – Tónha, qué frescar fresque, mas num fique frescando não.

    – Já num tá mais aqui quem falou em burro e em égua.

    – Traga uma garrafa de chá de raiz de Ficus e fique aqui deitada ao meu lado.

    – Viiiiixi!!!! Ainda nem acordou direito?

    – Se avexe.

    – Ah, tá (é hooooje ki ki ki ki…tem gente AQUI que morre de inveja de Tónha. Só matando, né não?)

    – Falou, Tónha?

    – Não, Mô. Vou pegar o chá.

    – Ah, tá.

  4. A. G de Andrade diz:

    Tem humor e tem gaiatice. João Claudio é um gaiato. Mas eu pergunto, essa sua fixaçâo em homos num será uma sombra de enrustido? Tonha, só você pode responder. A cama fala…será que ele não pede algumas coisitas estranhas? Já ouvi rumores. Sim, e não foram poucos.

    • João Claudio - Já é carnaval 'Olha a cabeleira do Zezé, será que ele éeee...!' diz:

      Avisar não ofende:

      Respeitem a puliiiiiiiiça….!

      Revelando segredos:

      O máximo que Tónha faz, sem que eu peça, é um beijo grego.

      – Mô, precisa você rasgar pro povo da rua? Precisa?

      – Ô, Tónha, beijo grego é praticado pela alta sociedade. A Rainha da Inglaterra só dorme depois de dar um no Príncipe Philip.

      – Eu ia morrer sem saber. Quer fizer que esse beijo é moda entre os chiquérrimos?

      – Moda, não. Modérrima.

      -Ah, tá.

  5. Márcio Costa diz:

    Teve um outro episódio na entrada do Garbos Hotel. Ela entrava no hotel quando se deparou com manifestantes que discursavam num carro de som. Já dentro do hotel deu meia volta, abordou os sindicalistas, trocou algumas palavras e passou a usar o microfone do carro de som para fazer um discurso em resposta aos manifestantes . Presenciei tanto o episódio da Boa Vista quanto do Garbos.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Bom dia, Márcio.

      Esse episódio foi-me relatado por outras pessoas, colegas da imprensa e do universo político. Seu depoimento enriquece mais ainda nossa postagem.

      Obrigado pela colaboração.

      Abraços

    • Victor diz:

      É a primeira vez que leio esses relatos sobre a ex-governadora, primeira vez que os vejo publicados. Pena que ela já não esteja mais aqui para ver.

  6. Honório de Medeiros diz:

    Muito bem lembrado!

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