• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 18/02/2018 - 04:26h

O exemplo que vem do vizinho

Por Josivan Barbosa

Enquanto o Governo do nosso RN sem sorte enrola-se para construir o restante da Estrada do Melão (trecho BR 304 – BR 437), o vizinho Estado do Ceará implementa importante programa de infraestrutura rodoviária, mesmo em tempo de ajuste fiscal.

O Governador Camilo Santana anunciou que o programa Ceará de Ponta a Ponta contará, a partir de março, com R$ 500 milhões para investimento. O valor será aplicado em recuperação, pavimentação e duplicação de rodovias. A estimativa é de que cerca de 500 km sejam beneficiados em todo o Estado.

A primeira etapa do programa contou com R$ 1,9 bilhão e beneficiou mais de 2 mil km de rodovias e a segunda etapa investiu mais de R$ 400 milhões, contemplando cerca de 300 km em 27 municípios e 3,7 milhões de habitantes.

Mossoró precisa se antecipar

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mossoró precisa se antecipar caso seja do seu interesse manter os empregos que a empresa de call center instalada no Bairro Paraíba oferece à população de Mossoró. Se o município não atentar para a formação de um novo tipo de profissional que estas empresas estão necessitando, corre-se o risco de uma redução contínua na quantidade de empregos do setor na cidade.

Até 2020, a expectativa é que os robôs responderão por 30% da receita das grandes empresas de call center. Não é difícil entender o motivo da digitalização crescente. As margens desses serviços são mais elevadas e os custos, menores. Em média, uma posição de atendimento tradicional custa R$ 6 mil por mês, pela qual o contratante paga R$ 7 mil. Já a despesa média com o robô é de R$ 2,4 mil e preço cobrado do cliente é de R$ 4 mil. A margem operacional chega a ser 60% superior, muito atrativa em um setor cujos ganhos costumam ser pequenos.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico precisa capacitar os funcionários de call center para que possam fazer as negociações mais complexas ou de retenção de clientes, o que fará com que o ser humano continue indispensável. A tendência é ter menos pessoas nos call centers com o avanço da automação. Entretanto, os profissionais que estiverem no setor estarão mais preparados, com qualificação e salários maiores. Os serviços mais simples serão feitos por robôs e os mais complexos continuarão sendo feitos pelos humanos.

Nas empresas menores, a participação dos serviços feitos por robôs costuma ser mais alta. A automação exige mudanças que as companhias maiores nem sempre conseguem fazer rapidamente e, por isso, preferem, no primeiro momento, uma opção híbrida, com a integração das operações entre atendentes humanos e softwares.

Eleições 2018

O cenário eleitoral está marcado por uma série de questões: fragmentação partidária, desconfiança do eleitorado em relação aos partidos e políticos e a busca açodada de um candidato de centro. O saldo dessas incertezas se reflete na dificuldade das lideranças partidárias em construir coalizões eleitorais que reapresentem à sociedade valores e programas que respondam não só às suas preferências e interesses, mas também abram perspectivas de melhor governança.

A tarefa de análise não será fácil diante de tantas dúvidas, inclusive sobre as forças políticas que devem exercer um papel de protagonismo na eleição. O eleitor, por sua vez, está indignado e amargo com os políticos, reflexo direto das investigações da Lava-Jato e da crise política e econômica. O país enfrenta a crise mais grave do período republicano, que colocou em xeque não só a economia, mas o funcionamento de todo o sistema político. Isso levou a uma descrença e desconfiança muito grande da população em relação aos políticos, em particular o Congresso Nacional e os partidos.

Apesar da insatisfação generalizada com a classe política, haverá baixa renovação (em torno de 40%) no Legislativo federal e estaduais. O fato de a campanha deste ano no rádio e na televisão ser mais curta (redução de 45 para 35 dias) e com menos recursos por causa das restrições de financiamento, os candidatos mais conhecidos ou que já possuem algum cargo devem ser beneficiados. Os candidatos novos, que em tese representam a renovação desejada pelo eleitor, serão prejudicados pelo desconhecimento, pois não haverá tempo ou dinheiro suficientes para fazer uma boa campanha de apresentação ao eleitor.

Transnordestina

O megaprojeto da ferrovia Transnordestina está paralisado há mais de um ano e não há decisão sobre o seu destino. Há quem, no governo, defenda uma solução radical para o impasse: abandonar a obra. Deixar o mato crescer, a essa altura, sairia mais barato, argumenta-se entre os técnicos do governo.

O grupo de trabalho criado no ano passado, logo após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que em janeiro suspendeu os repasses de recursos públicos para a construção da ferrovia, concluiu que a CSN não tem uma proposta viável para o seu término. Somente quando a companhia entregar o projeto executivo — o que está previsto para março – será possível ter uma noção do que dá para ser feito. Isso, depois que metade do projeto já foi executado ao custo de mais de R$ 6 bilhões e oito anos de atraso. O governo previa entregar a ferrovia pronta em 2010.

Em meio a esse imbróglio de grande dimensão que envolve a CSN, a estatal Valec, os fundos regionais, o BNDES e o Banco do Nordeste, há questões de difícil compreensão. De um lado, por exemplo, o empresário argumenta que tem dinheiro a receber do governo e o governo, por sua vez, sustenta que tem crédito junto a companhia. A discordância é da ordem de bilhões.

Com 1.728 km de extensão e uma das estrelas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo anterior, a Transnordestina tem dois trechos planejados: um de Eliseu Martins (PI) ao porto de Suape (PE) e outro de Salgueiro (PE) ao porto de Pecém (CE).

Royalties do petróleo

A arrecadação de royalties sobre a produção de óleo e gás começou 2018 com uma alta de 40% em janeiro, ante igual mês do ano passado. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as atividades da indústria petrolífera geraram receitas de R$ 1,553 bilhão para Estados, municípios e a União, no mês passado.

Barril em alta (Foto: arquivo)

Os Estados arrecadaram, ao todo, R$ 440 milhões, o que representa aumento de 38% frente a janeiro do ano passado. No Rio de Janeiro, houve um crescimento de 45,5% nas receitas, para R$ 278 milhões. Já a arrecadação dos municípios subiu 40,9%, para R$ 534 milhões, enquanto a União ficou com R$ 441 milhões (40%).

O aumento das receitas reflete, sobretudo, a valorização dos preços do petróleo no início deste ano. Segundo a ANP, a cotação do Brent subiu 38%, para uma média de US$ 62,62 em janeiro. Para efeitos de comparação, no início do ano passado o barril era negociado a US$ 45.

A expectativa é que as receitas dos royalties mantenham a trajetória de crescimento iniciada em 2017. No ano passado, houve uma alta de 71% na arrecadação, para R$ 30,47 bilhões, incluindo participações especiais, e que interrompeu uma sequência de três anos seguidos de queda.

Infelizmente, o nosso RN sem sorte e a Terra de Santa Luzia passarão longe de sentir os benefícios desses aumentos nos repasses de royalties da indústria do petróleo. Não aproveitamos os tempos áureos para instalar outras indústrias e agora choramos o leite derramado.

Marina

Em entrevista neste final de semana ao Valor Econômico a presidenciável Marina Silva disse: “Vou continuar como tem sido o percurso desde 2010, apresentando um programa de desenvolvimento sustentável para o Brasil. A ética não pode ser bandeira de ninguém, mas condição sine qua non para qualquer atitude na vida.

Tem que ter políticas públicas voltadas para prevenir e combater a corrupção e promover uma gestão pública republicana. Não podemos ter supervalorização de uma coisa em detrimento da outra. É fundamental que a política se recupere e também a economia do país. Mas dentro de critérios que não negligenciem políticas sociais que são estratégicas”.

Marina: mesmo foco (Foto: arquivo)

Marina disse ainda: “A segurança pública virou um caos e é uma prioridade. A recuperação do emprego é prioridade, temos 12 milhões de pessoas desempregadas e mesmo com o que já foi recuperado, ainda há muitos em empregos precários. A sociedade foi encontrando meios de sobreviver, não é porque temos uma recuperação mais estruturada da nossa economia.

Saúde é um caos no nossos país, a educação também. Qual é o Brasil dos próximos 20 anos? Qual o Brasil que queremos? É como está fazendo a China, investindo altíssimo em energia eólica e mexendo com a matriz energética global, ou perderemos até o que ganhamos? Tínhamos 45% de matriz energética limpa, hoje regredimos e estamos em 43%. Qual o novo ciclo de prosperidade econômica, tecnológica, de conhecimento, social e cultural que queremos para o país?”

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “Em média, uma posição de atendimento tradicional custa R$ 6 mil por mês, pela qual o contratante paga R$ 7 mil.”
    E quando esta empresa usa na sua quase totalidade ESTAGIÁRIOS?
    Poderia o Josivan Barbosa nos informar o custo de um ESTAGIÁRIO?
    E quando esta empresa recebe DOAÇÃO DE TERRENO E ISENÇÃO DE IMPOSTOS prometendo gerar mais de 6 mil empregos e gera apenas milhares de ESTAGIÁRIOS?
    E quando esta empresa recebe financiamento do BNDES de mais de 21 MILHÕES DE REAIS a juros subsidiados com a promessa de gerar milhares de empregos e não gera sequer a metade dos empregos prometidos?
    Para comprovar esta afirmação basta verificar de quantos empregados são recolhidas as obrigações sociais.
    A doação deste terreno valiosíssimo e a ISENÇÃO do pagamento de tributos pode e devem ser revistos.
    Quanto ao empréstimo do BNDES é apenas mais um…
    Incrível é ninguém levantar este assunto.
    ////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS EM SETEMBRO?
    O QUE TANTA DEMORA DO TJRN PARA JULGAR OS RECURSOS SAL GROSSO?
    AS DENÚNCIAS DO EX-PROCURADOR DA CMM ESTÃO SENDO APURADAS DESDE 06/12/2016.
    A POLÍCIA AINDA NÃO ELUCIDOU O ARRASTÃO NA CASA DA PRESIDENTE DA CMM.

    • João Silva diz:

      Vale comentar também que enquanto nossa “querida” prefeita cria lei para cobrar 5% de ISS para pequenos profissionais autônomos (cabeleireiro, manicure, tatuador, etc), na mesma lei ela bonifica a referida empresa em 3% na cobrança do ISS, ou seja, no projeto de lei que a prefeita conseguiu aprovar, ela baixou a alíquota de 5 para 2%, porque essa empresa tem tantos privilégios no nosso município? E o retorno gerado pela mesma para com o município é tão pouco.

      • Inácio Augusto de Almeida diz:

        Por que não temos vereadores para apurar a causa da concessão de tantas regalias a uma empresa que prometeu gerar 6 mil empregos e hoje emprega, em sua grande maioria, apenas ESTAGIÁRIOS.
        Poucos sabem que a aprovação pela CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ da doação do terreno no valor de MILHÕES DE REAIS aconteceu em menos de 24 horas e teve vereador que votou SIM sem sequer ler o projeto.
        Isto eu falei dentro do MPRN aqui em Mossoró para um promotor.
        Qual o empresário mossoroense que recebeu doação de terreno, isenção de impostos e financiamento do BNDES, JUROS SUBSIDIADOS, para abrir uma empresa em Mossoró?
        Um dia, quando eu não sei, este história de doação de terreno, isenção de impostos e financiamento de mais de 21 milhões com juros subsidiados será esclarecida.
        E isto pode estar mais perto de acontecer do que muita gente pensa.
        A Porcellanati fechou…Breve outra empresa que tantos benefícios recebeu fechará?
        Façam suas apostas.
        ////
        OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS EM FEVEREIRO?

  2. George Duarte diz:

    Em Mossoró é difícil pensar em outra fonte de geração de emprego e renda. Mossoró não se preparou para um recurso não renovável que um dia poderia acabar. A Petrobras não tem interesse em investimentos para área de exploração em terra, basta ver as sondas literalmente abandonadas nas bases da BR sem perspectivavas de retorno a perfuração. O sucateamento está a beira e a privatização é questão de pouco tempo.

    • João Claudio diz:

      Parece piada. Mas não é.

      A Petrobras, ou que restou dela, vai investir na Formula Um em 2019.

      Acredite se quiser.

      Enquanto isso, os preços dos combustíveis nas bombas sobe todas as semanas. O gás de cozinha, idem.

      O brasileiro está pagando pelo roubo que os filhos das putas praticaram. Fato, fato e fato.

      E o que é pior: poucos ladrões estão atrás das grades. brasil sil sil sil….

      Mais: a sucata de ferro da refinaria de Pasadena, comprada a peso de ouro pelo ‘Poste sem Luz’ no governo do Encantador de Burros , está á venda.

      Alguém interessado em ferro velho? Ah, proteja-se do Tétano.

      Volta, Lula. Volta, Dilma. Volta, Zé Dirceu.

      • João Claudio diz:

        Vamos relembrar?

        A empresa belga belga Astra Oil comprou em 2005 a sucata de refinara de Pasadena por US$ 42,5 milhões.

        Em 2006 a Petrobras comprou a mesma refinaria a Astra Oil por US$ 1,18 bilhão, 27 vezes o valor pago pela Astra Oil.

        Entendeu? Eu não, mas que alguém ‘levou’ muito pra casa, ah, isso eu entendi, mas não engoli.

        Volta, Lula. Volta, Dilma. Volta, Zé Dirceu.

  3. ALDENOR FERNANDES DE SOUSA diz:

    Conhecendo a Marina Silva que eu conheço de longas datas; estou há quase 40 anos, este não é propósito de Marina frente uma governança de Nação; a mediocridade do desenvolvimento sustentável, passa pelo simples de um produto de agricultura familiar, ser exemplo de desenvolvimento. É insustentável qualquer projeto que ela apresente de desenvolvimento sustentável.

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