Por Honório de Medeiros
Quem vai jogar a última pá de terra na sepultura da civilização ocidental? A China? A Rússia? As organizações terroristas muçulmana? A criminalidade transnacional? O marxismo-leninismo?
A corrupção generalizada em todos os segmentos da Sociedade?
O sonho da Europa unida se desfaz.
A União Europeia é uma quimera, um sonho de uma noite de verão. A fragmentação é lenta, mas persistente e aparentemente definitiva.
Os EUA são uma pálida caricatura do que foram antes. A guerra de ideias (1), sempre e em qualquer instância anterior a das armas, foi perdida, sem que saibamos, ainda, quem seja o vencedor. Ou quais são os vencedores, e se trabalharam juntos.
O ideário político ocidental liberal agoniza, e sua derrota estimula o radicalismo de esquerda e direita, irmãos siameses de cores diferentes, e ideias e práticas semelhantes em relação à obtenção e manutenção do Poder.
O avanço desse amálgama de ideias vitoriosas aparentemente díspares, unidas formal ou informalmente quanto ao inimigo comum – a cultura ocidental – lembra predadores fomentando o caos para depois avançarem e iniciarem a partilha dos despojos da guerra.
Na Venezuela, se são verdadeiras as informações, essas ideias estão todas lá, pelas mãos de títeres: a China, a Rússia, o Hezbollah, os narcotraficantes, os bolivarianistas, e a corrupção que mantém a estrutura de Poder no entorno de Maduro.
No dizer leninista, a Venezuela é, hoje, o “elo frágil da corrente” (2).
Quem vai jogar a última pá de terra?
(1) “Entre 1804 e 1807, Clausewitz tomou plena consciência de que os fins da guerra deviam dominar os fins na guerra” (Raymond Aron, em Pensar a Guerra, Clausewitz. Quando à noção de que ideias antecedem ações, ver a epistemologia de Karl Popper e Gaston Bachelard.
(2) A passagem supracitada refere-se à obra As Tarefas Imediatas do Poder Soviético (1918), fruto de manuscrito em forma de teses, de autoria de Lênin. O texto foi encaminhado à reunião do Comitê Central do Partido Comunista Russo em 26 de Abril de 1918.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Governo do RN
Leitura precisa. No Brasil, o fim da cultura ocidental está marcado pela eleição de um grupo autoritário e intolerante que atua para nos impor uma teocracia evangélica cujos dogmas se assemelham aos dirigentes em países como o Irã.
Obrigado, Victor. Creio que é isso mesmo.
Desculpa discordar, mas a maioria da população optou por um caminho contrário ao que vinha sendo seguido por quase duas décadas. De autoritário não vejo de fato nada, de intolerante idem. Os que defendem tolerância no momento são os que se mostram intolerantes com os eleitores que elegeram o governo atual, os que criticam e veem autoritarismo no governo federal são os mesmos que nada dizem quando o judiciário solta 32.500 presos, muda leis em prol de bandidos condenados, e criminaliza a opinião. Quanto a “teocracia evangélica” e os “dogmas semelhantes aos do Irã” o que tenho visto são evangélicos tentando Defender a família contra ataques que muitos fingem não ver.
Prof. Honório. Ao final da leitura de seu Artigo, bateu tristeza, pela realidade de cada linha.
A Europa unida, com o BREXIT e outros movimentos desvirginando-a devagar, não poupando dor, mas um maior prazer na vitória de um ideal de radicalismo, sempre com o escopo de dizimar a cultura ocidental.
Sim, na Venezuela há lobos de todas as raças diante de população famélica. Não cobiçarão restos mortais, mas a reserva petrolífera que nem, ao menos, é de boa qualidade, mas é muita. Bom rescaldo .
Olhando a tropa de Maduro, vejo exército nutrido. A alimentação do povo magro, sustenta a boa mesa dos inúmeros generais. Prosseguindo a penúria, haverá mais generais que população.
A última pá de terra cairá sobre o generalato e não duvido que jogue a terra sobre a própria cabeça, marchando ao lado do ideal vencedor.
Obrigado, Naide. Seus comentários, como sempre, uma fonte de inteligência.