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domingo - 31/01/2021 - 11:19h

O melão de Mossoró do outro lado do mundo

Por Josivan Barbosa

A história da agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE foi marcada em 2020 pela luz verde para a exportação de melão para a China. Os primeiros melões brasileiros que chegaram à China por via aérea em setembro do ano passado aterrissaram no aeroporto de Pudong, Shanghái e se destinaram ao importador Shanghai Grand Fruit China.  Uma das empresas que enviou o melão foi a Bollo Brasil que trabalha com o melão Pele de Sapo. A temporada do Pele de Sapo começa em setembro e termina em fevereiro.Melão Pele de Sapo da empresa Bollo na China - de Mossoró

O melão Pele de Sapo é doce, crocante e tem uma textura muito agradável e apresenta excelente potencial de vida útil pós-colheita. Uma outra característica importante desse tipo de melão é o espaço triangular que o fruto apresenta no centro. A casca do fruto é muito fina o que garante uma percentagem muito alta de polpa. Os frutos são grandes chegando a até 3 kg.

Nesta temporada o importador Shanghai Grand Fruit China adquiriu da Bollo Brasil apenas 15 pallets (15 toneladas). Em função do preço elevado do frete aéreo, o fruto se destina ao mercado de alta grama.

Os consumidores chineses demostraram muita curiosidade pelo melão Pele de Sapo devido ser a primeira vez que tomaram conhecimento e, também, porque o melão tem sabor e aparência destacadas.

O melão Pele de Sapo oriundo do Brasil vendeu bem no início da temporada, apesar do preço muito elevado, quando comparado com o mesmo melão produzido na China. Apesar do preço elevado, há um bom potencial para o melão brasileiro na China, pois são poucos os países que possuem a permissão de exportar melão para a China.

Parque tecnológico do Semiárido

O ano de 2021 se inicia com uma péssima notícia para área de Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I) do país e, assim, também será um ano complicado para que a Reitoria da Ufersa possa avançar no projeto do Parque Tecnológico do Semiárido.

A principal razão é a dificuldade de recursos do MCT através do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) após derrota política do ministro Marcos Pontes. O problema se agravou quando o Governo Bolsonaro, a pedido do ministro Paulo Guedes, vetou dispositivo do projeto de lei complementar 135/2020 que proibia o governo de destinar os recursos do FNDCT para a reserva de contingência da União, ou seja, guardar o dinheiro para ajudar no resultado fiscal. O referido projeto que impede o contingenciamento das despesas orçamentárias custeadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), foi aprovado pelo Congresso Nacional no fim do ano passado.

O projeto previa também que os R$ 4,3 bilhões que estavam na reserva de contingência no Orçamento de 2020 fossem usados para financiar despesas relacionadas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico, neste ano, junto com os R$ 4,8 bilhões que estão na reserva de contingência do Orçamento de 2021. Ou seja, no total seriam mais R$ 9,1 bilhões em gastos adicionais na área. Bolsonaro também vetou.

Engenharia de Energia

Tenho defendido neste espaço que a Universidade do Semiárido deveria recriar o curso de Engenharia de Energia que criamos na década passada e que nesta década foi fechado e transformado em Engenharia Elétrica.

O Brasil tem condições concretas de se tornar rapidamente um grande exportador de H2V (hidrogênio verde) e para isso precisará muito de engenheiros de energia. O principal motivo para que o país alcance esse patamar é o seu potencial de energia eólica e solar, ímpar em relação ao resto do mundo. Estimativas preliminares da EPE (PNE 2050) indicam um potencial eólico de 700 GW offshore e 353 GW onshore, enquanto que, em dezembro de 2020, a capacidade instalada desta fonte atingiu 16 GW. Já o potencial da energia solar é de 307 GWp, com pouco mais de 3 GWp instalados hoje. Destaca-se que a capacidade instalada total de geração do Brasil em fins de 2020 era de 165 GW (ONS).

Nordestinos

Nessa última semana, a Vejinha (Edição de São Paulo) fez uma reportagem sobre os nordestinos de São Paulo e mostrou como mudou o perfil dos nossos conterrâneos que deixavam o Nordeste e iam procurar emprego em São Paulo. A reportagem começa mostrando isso.

Felipe Bezerra, André Gurgel, Uelinton Ribeiro, Renata França, Cafira Foz, Thomás Aquino, Paulo Tarso de Lima: destaques em diferentes áreas de atuação (Foto: Alexandre Battibugli/Veja SP)

Felipe Bezerra, André Gurgel, Uelinton Ribeiro, Renata França, Cafira Foz, Thomás Aquino, Paulo Tarso de Lima: destaques em diferentes áreas de atuação (Foto: Alexandre Battibugli/Veja SP)

“Não é mais com calos nas mãos e sacos de cimento nas costas que muitos migrantes nordestinos constroem uma nova São Paulo. Durante o século XX, quando se tornaram a maior população da cidade vinda de fora da capital, eles carregaram o estigma de ser uma força de trabalho para serviços duros e mal remunerados. Agora, transformam a metrópole por meio da gastronomia, do design, de startups inovadoras e até da construção de prédios — mas, desta vez, no papel de donos das construtoras.”

A reportagem continua e enfatiza a mudança dizendo: “Nas décadas passadas, a desigualdade de oportunidades era mesmo o traço mais forte desse fluxo. O retrato das estatísticas mostrava uma população migrante de baixa renda e escolaridade, mas que pegava no pesado. Os pernambucanos, baianos e cearenses eram 21% da população economicamente ativa (aquela entre 30 e 60 anos) da região metropolitana de São Paulo em 2009. Os três grupos tinham, na época, entre 3,4% e 4,7% de pessoas com ensino superior completo.

Ganhavam por volta de 930 reais por mês — enquanto os paulistas recebiam em média 2 000 — e ocupavam empregos de pior qualidade (dois dados chamavam atenção: a maior taxa de empregadas domésticas era registrada entre quem vinha da Bahia, com 21% das pessoas nessa função, enquanto os cearenses se destacavam nos trabalhos por conta própria, como o de taxista).”

Nordestinos II

A reportagem termina mostrando que “os nordestinos superavam os nascidos em São Paulo apenas em um indicador: as horas na labuta. Entre os paulistas, só 33% trabalhavam mais de 45 horas semanais. Nos migrantes, o índice variava de 39% a 44%, segundo a Pnad. Não só de números é feita essa história. Os registros mais pungentes, claro, são aqueles que relembram o aspecto humano dessa migração. No dia 27 de junho de 1970, o jornal O Estado de S. Paulo trazia uma manchete tão inspirada quanto triste: “Na Hospedaria, o frio é maior”. Dizia respeito à Hospedaria de Imigrantes, no Brás — e à histórica frente fria que levou os termômetros da região do Horto Florestal a registrar 1,8 grau negativo.

Na casa de acolhimento, passaram por volta de 1,5 milhão de nordestinos entre o início do século e 1978, quando o lugar deixou de exercer essa função. “A situação era precária, faltavam cobertores, e quem vinha desses estados sofria mais com a temperatura”, diz Henrique Trindade, historiador do Museu da Imigração.

“O tratamento que os governantes dedicavam aos nordestinos era extremamente diferente daquele dado aos estrangeiros que vinham para São Paulo.  Enquanto esses últimos tinham até a passagem de navio paga pelo estado e bilhetes de trem se quisessem ir para o interior, os nordestinos bancavam do bolso a viagem nos precários paus-de-arara (carretos superlotados e, há décadas, proibidos)”, explica o especialista.

Veja reportagem completa clicando AQUI.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo

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