• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
segunda-feira - 28/01/2019 - 06:36h
Submundo

O Mico das privatizações

Por François Silvestre

O Estado brasileiro é monstruoso? Sim. Ineficiente? Sim. Corrupto? Sim. Empanzinado de castas? Sim. Devolve aos contribuintes o que arrecada de impostos e outras mumunhas, em forma de serviços ou bens? Não. O poder público mantem relação promíscua com a elite privada? Sim. Desde quando? Desde o estabelecimento das capitanias hereditárias. Ponto.

O Império, sob comando de D.Pedro II, foi mais republicano, em matéria de honestidade, do que a República? Sim. Desde quando? Desde o golpe de 16 de Novembro de 1898. O qual começou com uma mentira, na madrugada do dia quinze, para consolidar-se na manhã do dia dezesseis. E continua mentindo até hoje. Com alguns intervalos de mentiras inteligentes e demorados espaços de mentiras escrachadas.

A mais recente mentira de reposição da eficiência é o programa de privatizações. Nem tão recente assim. Por quê? Porque o jogo de vendas, nos leilões formados, já começa com safadeza. Não há lisura leiloeira nesses procedimentos. Você sabe quanto custou a Vale do Rio Doce? Nem eu. Mas sabe que bastou um ano para os compradores levantarem o valor da compra? Eu também sei.

Vamos  ao bolso nosso do jerimunzal, a privatização da COSERN. Na época, os adversários da privatização denunciaram que a venda da estatal servira para o governador de então reeleger-se.

Rebanho

O governador, por seus “assessores”, respondeu que o dinheiro teria sido investido em infraestrutura de bens e serviços. Até hoje nenhum dos lados provou o que disse. Os adversários não apresentaram provas nem o governador mostrou a aplicação. Hoje, esses antigos adversários são aliados. E o povo? Que povo? Rebanho.

Quando a COSERN era estatal, que não significa ser pública, servia politicamente a “muita” gente. Muita que eu digo é pouca. Elegia deputados e prefeitos. Mas você sabia a quem reclamar. E hoje? Nem bispo tem mais. Só o bispado da chincanagem dos milagres.

Semana passada, a COSERN cortou os fios de telefônicas e provedores de internet na região Oeste. Ficaram várias cidades sem esse serviço por quase vinte e quatro horas. Ora, o serviço de telefonia e internet é de provimento privado, mas é de interesse público. Ninguém vive mais sem essa merda. A COSERN é dona dos postes? Ela comprou tudo? Ou a posteação é servidão pública, mesmo na esfera privada? Como uma estrada que atravessa propriedade privada, ou vereda para aguados de abastecimentos públicos?

Já imaginou se todas as telefônicas, que já prestam péssimo e caro serviço, ou os provedores de internet tiverem que fazer cada um uma posteação própria, onde caberão tantos postes nas estradas ou ruas? Os postes da COSERN constituem servidão pública. Com as ressalvas de localização, distanciamento, tudo para a proteção de transmissão da rede elétrica. O que não pode é chegar e cortar fios não eletrificados portadores de comunicação, essencial para a vida das pessoas.

Quando falta energia, na mesma região, só há duas cidades com equipes de manutenção. Antes, havia em todos os municípios. Se uma simples canela soltar, num noite de relâmpagos, são horas e horas de espera. Às vezes, dias completos. Isso é só um exemplo do mico das privatizações. Deve-se desestatizar? Sim. Mas com novo modelo de venda do bem público. Do jeito que se pretende continuar, será limpar-se com canjica.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Que Artigo verdadeiro, show. Só me cabe bradar a Santo Ignácio de Loyola. Um dia descubro de onde surgiu esse meu brado. Tenho pelejado para descobrir e não consigo!

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.