Dizia Newton Navarro, pintor de cajus sem travo, poeta de palavras e gestos, que em Paris todos os dias eram Domingo.
Completava aquele verso de Valfran de Queiroz, definindo Paris: “Uma maçã no meio do caminho”.
Pois bem. O mundo virou uma Paris opaca, a negar o apodo de Cidade Luz. Por que essa comparação?
Porque nesse tempo de isolamento, confinamento e distâncias você não sabe que dia é da semana, ao acordar.
Todos os dias são Domingo.
Assim mesmo no singular, posto que são dias igualmente chatos. E o Domingo só é alegre para as crianças. Para os vividos o Domingo é apenas o anúncio da Segunda-Feira.
Agora, nem isso. Porque a Segunda não vem. E da Terça-Feira em diante todos os dias sumiram da lembrança ao amanhecer do dia. E na televisão a novidade é a mesma do dia anterior.
Apelo a Albert Camus, “com tanto sol armazenado na memória como pude apostar no absurdo”?
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Não sei mais que dia é hoje. Nem me interessa. Só sei que acordei do ontem. Vou cuidar, apenas.
Poetando: Não estou interessado em que dia é hoje. Quero ver o amanhã, mesmo sem saber que dia será.
Bastariam os cajús sem travo, para que o sol surgisse no horizonte!