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domingo - 20/12/2020 - 10:32h

O Natal na casa de meus avós

Por Odemirton Filho

Na noite em que se comemora o Natal, com os meus pais, minhas irmãs, tios e primos íamos à casa dos meus avós. Éramos recebidos com enorme carinho e alegria.

A residência ficava lotada. Meninos e meninas de todas as idades. Os que já eram adolescentes não queriam conversa com os menores. Só falavam em namoro.Já as crianças ficavam correndo pra lá e pra cá, brincando, numa verdadeira festa.

Os adultos, sentados à mesa, conversavam. Talvez sobre as dificuldades do ano que estava perto de terminar. De vez em quando reclamavam da zoada que fazíamos e para que não sujássemos a roupa nova.

Nem escutávamos. Queríamos era brincar e aproveitar o momento.

Antes da ceia, os nossos pais distribuíam os presentes. E, claro, o amigo secreto. Aquele momento de palavras bonitas, choros e risadas.

Sempre tinha um tio ou tia que gostava de fazer um discurso. Minha avó, evangélica, conduzia a oração. Meu avô devia ficar pensando em seus ideais comunistas. Ficávamos doidos para que aquela ladainha acabasse logo.

Depois, a hora da ceia. Comida à vontade, para todos os gostos. Os mais gulosos faziam uma verdadeira “serra” no prato. Ficávamos “tirando onda” uns com os outros.

Até as primas comiam muito, não tinha essa de emagrecer. Se você vacilasse ficava sem comer o peru. Às vezes, sobrava a farofa. Não dava nem pra fazer um “RO”.

Era, sem dúvida, uma das melhores noites de minha infância. Esperava o ano todo pelo Natal.

Hoje, sem a presença de meus avós, a casa da rua 06 de Janeiro está vazia e em silêncio. Tios e primos se reúnem com as suas famílias. A vida, como é natural, cuidou de nos afastar.

Se o leitor viveu momentos como esses, talvez boas lembranças tocaram o seu coração e a sua alma.

Para mim, daquelas noites de Natal, restaram saudades. Muitas. Das grandes.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Rocha Neto diz:

    Lembro muito da alegria que contagiava o interior da grande casa da rua 6 de janeiro, ali no início do bairro Santo Antônio, seus proprietários o casal Vivaldo Dantas e Placinda Dutra, convivi e estudei com os seus filhos Alcivan, Arnon, Abraão, Adinelia, Ada, Alba, Ana, Albenice e Alice, todo este elenco era uma festa, prole grande além dos agregados que trabalhavam na fábrica de redes tecnicamente e afministrativamente tocada pelo velho Vivaldo, até a sua ida pra Fernando de Noronha, não com turista, mais por perseguição política tendo como companheiro Cesário Clementino, o homem forte da Estrada de Ferro. A fábrica de redes a partir de então ficou sob a batuta de dona Placinda, mulher de fibra, forte, guerreira e abnegada para servir não só à família, mais também à todos que te pediam guarida. Sofreu muito com a ausência do seu companheiro que havia ido pra Noronha, mais o velho Vivaldo retornou e veio prosseguir a luta por ele iniciada, buscando na fé em Deus, na velha companheira Placinda e amigos, motivos pra continuar vivendo, trabalhando e fazer com que o velho e grande casarão branco da rua 6 de janeiro se tornasse o rotineiro salão de festas familiares, principalmente as noites de Natal, tão bem narrada pelo neto Odemirton, que tão bem descreveu o Natal em família, vividos pelas pessoas que compõem as descendências dos Dutra, Oliveira, Dantas, Targino, Farias e outras mais .

  2. Raimundo José de Oliveira diz:

    Como sempre, genial suas preciosas palavras… como conheço toda família..fico imaginando..e iluminado com as lembranças… parabéns e um forte abraço no coração..

  3. Edinaldo Calixto Loreno diz:

    Bom texto, bem similar nos fatos narrados, só não simpatizei com o trecho: “…meu avô devia ficar pensando em seus ideais comunistas.” kkk

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