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domingo - 26/01/2020 - 05:20h
Para a história

O que eu não posso esquecer sobre Aluízio Alves

Por Carlos Santos

Tenho várias situações para narrar, sobre Aluízio Alves, que se fosse vivo faria 90 anos hoje (veja AQUI). Muitas mesmo.

Vou relatar um tantinho assim, o que vem à memória nesse instante.

Em 2001, eu articulei e coordenei lançamento em Mossoró, na Estação das Artes Elizeu Ventania, do seu livro “O que eu não esqueci”. Uma noite inesquecível, registro.

Lançamento do livro "O que eu não esqueci em Mossoró" (Foto: arquivo)

Discursei à apresentação do livro e do autor (se é que era preciso).

Nos bastidores, almoçamos e botamos prosa em dia. Da política local e regional a informações sobre gente do lugar.

Noutra ocasião, em seu apartamento em Natal, quando se falava numa crise de relacionamento entre ele e o irmão Agnelo Alves, de novo botávamos a conversa no ponto. O telefone toca. Era Agnelo. Eu ali, testemunhando o carinho mútuo entre os irmãos.

Crise entre os dois? No fundo nunca parece ter existido. Diferenças, sim. Normal.

Em diversas vezes meu fone tocava, era ele ou Rose Cantídio, antiga seguidora, a lhe passar voz. “Quero saber das novidades; me  diga sobre essa situação que vi aqui nos jornais (…)”, cobrava.

Esteve em Mossoró para participar da festa dos 90 anos do falecido governador Dix-sept Rosado, programação organizada pela professora Isaura Amélia Rosado, secretária da Cidadania Municipal, filha do homenageado.

Após o debate do qual fizera parte, pousou à casa do deputado federal Betinho Rosado (irmão de Isaura). Encontramo-nos outra vez. Prometeu ser breve no bate-papo em que eu já estava. Precisava voltar rapidamente para Natal, justificou de antemão.

Mudou os planos quando começamos a mexer em reminiscências da política, desde a disputa municipal de 1948 em Mossoró, vencida por Dix-sept Rosado.

No Rio de Janeiro, Aluízio deputado federal e amigo do genial jornalista Carlos Lacerda, esteve envolvido na criação do jornal Tribuna da Imprensa, em 1949. Era da absoluta confiança do sempre agitado Lacerda.

No livro “Depoimento”, um grosso volume lançado em 1977, com longa entrevista de Carlos Lacerda a uma equipe de feras do jornal “O Estado de São Paulo”, o jornalista e político cita várias vezes o nome de Aluízio. E ratifica que ele, o também jornalista e político, era seu freio na redação.

Quando chegava com seu artigo, à edição do dia seguinte do diário, Carlos Lacerda jogava o texto sobre a mesa e bradava: “Entregue a DBS para dar uma olhada.”  DBS era uma sigla criada por ele para Aluízio: “Departamento do Bom Senso”.

Em muitas ocasiões, Aluízio tinha que refazer alguns termos ou simplesmente vetar o material, devido a sua carga explosiva. Carlos, do alto de seu 1,82 de altura, vozeirão e elouquência, um dos homens mais influentes do país, simplesmente aquiescia.

Eis alguns pequenos detalhes que eu não posso esquecer sobre Aluízio Alves.

Carlos Santos é editor do Blog Carlos Santos

* Texto originalmente publicado no dia 11 de Agosto de 2011.

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Categoria(s): Crônica / Política

Comentários

  1. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Muito boa lembrança! É preciso relembrar quem, um dia, foi titular do DBS…tão necessário sempre, tão em falta, hoje!

  2. Aldaci Medeiros de França diz:

    Um primoroso trabalho

  3. Aluisio Lacerda diz:

    Sarney também fazia parte do DBS. Apenas os dois. AA e Sir Ney.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Sarney costumava escrever no espaço de Lacerda, quando o texto original chegava ao “insuportável”. No livro “Depoimento” o próprio Lacerda trata do assunto. Abraços, meu caro.

  4. Honório de Medeiros diz:

    Aplausos. E mais aplausos.

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