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domingo - 28/04/2013 - 07:47h

Os Leite de Chaves e Mello na Serra do Martins

Por Marcos Pinto

A  paradisíaca  serra,  em  sua exuberante  beleza  natural,  contempla  os  viandantes  que  perlustram  o venerando  solo  da  antiga  “Serra  da  Maioridade” com nostálgica e  misteriosa transcendentalidade. Tais predicados  tem como referencial  a  atual  cidade  denominada  de  Martins, no  Rio  Grande  do Norte.

É  emblemática  em exponenciais  figuras  da  Magistratura  potiguar, tendo sido berço de nascimento  de  seis  Desembargadores.  O  referencial toponímico  pioneiro  foi  “Serra  do  Campo  Grande”, denominação  constante  do requerimento do  Capitão-Mór  Aleixo  Teixeira, e da  concessão de  Carta de  Data de  Sesmaria  datada de  20.07.1736.

Aleixo era Capitão-Mór da então  Aldeia  de  São João  Batista  dos  Tapuias  Paiacus, do  Lago Pody, atual  Apodi, onde  também  foi  concessionário, no lugar que  ficou  conhecido como “Data  do  Aleixo”.

Como o  Capitão  Aleixo   caiu  em comisso, ou seja, não efetivou  posse  na sesmaria que lhe foi concedida, seis anos  após, precisamente a 1º de  Março de  1742, foi  concedida a mesma Data de  Sesmaria  ao  Capitão Francisco Martins  Roriz, que residia na Ribeira  do Jaguaribe, Capitania  do  Ceará, que fundou no alto da serra ainda inabitada, uma fazenda e currais de gado, que passou a ser conhecida  pelo nome de seu proprietário – “Serra  do Martins”.

Emoldurando  o perfil  histórico  desta  tradicional família, detentora da nobreza de quatro costados, consigna-se que  é oriunda da Ilha Terceira, do arquipélago dos Açores.

A história dessa família no Brasil começa no início do século XIX, com a vinda de Portugal, do Ajudante de Cavalaria Alexandre José Leite de Chaves e Mello.

Esse militar prestou importantes serviços à coroa portuguesa. Em 1805 acompanhou o 2º Governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de Oeynhausen, em expedição ao Ipu, com o objetivo de prender o Coronel Manoel Martins Chaves e seus sobrinhos, o Capitão Francisco Xavier de Araújo Chaves e Bernardino Gomes de Franco, tendo o Ajudante José Leite, desempenhado importante papel nessa missão.

Em 1817 vamos encontrar Alexandre José Leite de  Chaves e Mello  no posto de Coronel, Comandante das Fronteiras e Inspetor das Milícias do Jaguaribe, onde impede que a  “Revolução  Pernambucana  de  1817”, que subvertia a ordem nas Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, se alastrasse até o Ceará. Quando o Crato aderiu à causa da Revolução, o Governador mandou o então Coronel Leite marchar sobre o Cariri, a fim de sufocar a revolta.

Nos preparativos para descer sobre o Cariri, eis que  Alexandre  recebe, oriundos do Crato, onde já havia sido deflagrada a contra-revolução, os presos: irmãos Alencar (Tristão e o padre Carlos), Francisco Pereira Maia, Pereira dos Santos e José Francisco de Gouveia Ferraz, remetendo-os para Fortaleza.

Recebidos os reforços normais constantes de tropas regulares, contingentes de índios e tropas de milícias, e como já não fosse mais preciso marchar sobre o Cariri, ordenou que se postassem piquetes nas estradas que davam acesso às Capitanias vizinhas, e marchou em fins de maio para o Rio Grande do Norte, onde pacificou o Apodi, Martins, Porta Alegre e Pau dos Ferros, fazendo numerosas prisões e obrigando o povo a acatar o governo português.

Consta que Alexandre José Leite de Chaves e Melo trouxe da terra natal dois irmãos: Leandro Leite Chaves e Mello e Francisco Álvares Afonso Leite de Chaves e Mello, que no Brasil viveram e deixaram frondosa descendência. O primeiro ter-se-ia localizado no Rio Grande do Norte, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro, deixando prole numerosa e ilustre.

Francisco Álvares Afonso se radicara no Rio Grande do Norte, onde deixara muitos filhos, entre os quais: Manuel Álvares Afonso Leite, Maria Afonso de Chaves e Melo Pereira “Mariazinha”, Antonio Leite de Chaves e Melo e Alexandre Leite de Chaves e Melo.

Mariazinha casou-se com o português Francisco Emiliano Pereira, latinista e educador de grandes méritos, tendo sido professor de seu sobrinho, o Senador Almino Álvares Afonso. Sua filha Maria Joaquina Chaves, “Maroca”, casou-se com o primo Ildefonso Leite de Araújo Chaves e Melo.

Manuel Álvares Afonso Leite morava entre Patu e Martins, no Rio Grande do Norte, tendo deixado dois filhos: Francisco Manuel Álvares Afonso e Viriato Afonso. Viriato foi Coletor em Independência, Ceará e Advogado em Martins e Francisco Manuel era pai do senador Almino Álvares Afonso.

Adentrando, ainda,  na contextualidade  do  título  que encima  este  despretensioso  artigo, é  possível  afirmar  que  há possibilidades  de a  fixação  inicial dos  Leite de  Chaves  e  Mello  na  “SERRA  DO  MARTINS”  ter sido objeto de concessões  de  atenuantes  feitas  aos  revoltosos  alí  residentes  pelo  Coronel  Alexandre José  Leite  de  Chaves  e  Mello, destacando-se  entre  estes a  inolvidável  figura do  Capitão  Antonio  Alves  Cavalcanti, que  é  o mesmo Antonio Alves Cavalcanti  citado  no livro  “Documentos  Históricos”, publicação da  Fundação  Biblioteca  Nacional.

Encantado com  as  belezas  naturais  e do clima  ameno  daquela  aprazível  serra, teria  o  Alexandre, passada  a  turbulência  do movimento revolucionário, instalado  o  seu  irmão Capitão  Francisco  Afonso  de  Chaves  e  Mello, em terras  que teriam  sido confiscadas  dos  partícipes  revolucionários.

Marcos Pinto é advogado, pesquisador e historiador

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. renan diz:

    nossa cara quase me emociono aqui porque meu pai é de martins e veio para cá em são paulo onde moro e meu pai já esta morto e sempre que eu entrava no facebook de meus familiares que moram em martins via varias pessoas com o sobrenome de meu pai que também é leite e pensava sera que esses povo tudo são meus familiares. fiquei muito feliz de saber sobre isso

    • Gilberto Chaves Dias Fernandes diz:

      s Agradeço as honras à família de Alexandre Leite de Chaves e Mello, tetranetos do Marquês de Chaves do Arquipélago dos Açores, grupo de cavalarias que apoiado pelo então Marquês, seguiu D.Pedro I ajuntando 3 mil soldados entre entre eles escravos, índios e os seus dragões, para reempossar ao trono de rainha defuntada irmã Maria da Glória assassinada por outro irmão ambicioso. D. Pedro I assim, saiu do Brasil enfrentou e obrigou a rendição do Exército português de 60 mil homens prendeu o irmão fratricida, devolvendo assim a ordem em Portugal. Obrigou o povo português à justiça e castigo de beijar a mão cadavérica da falecida rainha, sob a Lei da Espada.
      Marquês de Chaves, atendendo as ordens de Lisboa enviou a família Leite de Chaves e Mello (Mello- oriundos da Belgica dos tempos das Cruzadas de 1181 se firmam em Paris e empossa secretamente o Capitão Mello, Corsário de França que perseguido obteve apoio a fuga da rainha, onde os Chaves já ligados aos Mellos, o trouxe para Parati Rio de Janeiro, região do grande comercio português na colônia onde faleceu). Aos que foram para o RGNorte já estavam no Ceará. Ocasião em que D.João VI se mudava de Salvador-BH para o Rio de Janeiro. Em 1888 Dr Advogado Alexandre Leite Chaves e Mello entusiasmou a libertação escrava nas reuniões do Largo da Abolição hoje bairro do Rio, mais tarde pelo ditador General do Exército Floriano Peixoto o condenara a morte. Nessa caça os escravos da Fazenda Assis Carneiro, águas de Agua Santa- Rio hoje, Rua Torres de Oliveira, o esconderam dentro da censala, escapando do Exército que perseguia tais monarquistas. O tempo de Floriano se passou mas, meu tataravô foi finalmente falecido e condenado ao silêncio sob a então LEI PETRA que até hoje, ainda existe. Seu filho menor nasceu no conturbado ano de 1899, Alexandre Leite de Chaves e Mello, com a família empobrecida pela República da época (espelho bolchevista da Russia) começou a trabalhar na sapataria do bairro do Rio, no Engenho de Dentro aos 7 anos de idade lavando banheiro e batendo palmas a chamar fregueses. Tornou-se grande vendedor de sapatos no Rio de Janeiro e conhecedor dessa mercadoria. Envolvido nessa emoção as grandes industrias de S..Paulo, o levou a expor o couro de nossos calçados que ganhou nos Estados Unidos e Inglaterra um comercio simpático de nossas industrias de calçados que por ela foi ovacionado até pela imprensa jornalista de haver colocado a nossa industria de calçados no Mundo. Morreu aos 95 anos de idade ainda trabalhando no ramo, no Rio de Janeiro em seu ap a rua S. Salvador, 44 -Botafogo- quarto andar onde mora sua filha Edite; hoje. Sou Sobrinho neto, afilhado de matrimônio e me sinto emocionado e honrado. Ao me encontrar com D; Luiz de Bragança, D. Antonio os atuais príncipados da Monarquia de hoje, D. Luiz expressou consternação de que só sabia da Família ter desaparecido e assassinada como foram muitas, na época de Floriano. Essa foi a história de uma Família Monarquista onde moravam no casarão histórico de jardins e estatuas na rua 24 de Maio, Largo de São Francisco Xavier-RJ, onde construído hoje está o Hotel Flor de Maio. Mas o velho portão de ferroe um pedaço daquele velho muro, o conservaram intactos. Só saudades! Obrigado!

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