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quarta-feira - 15/09/2021 - 21:20h
Caso Luan Barreto

Policial militar matou estudante em ação “precipitada”, diz delegado

Sargento da Polícia Militar, Márcio Gledson Dantas de Morais, foi indiciado como autor do crime

Por Esdras Marchezan (Agência HiperLAB/Uern)

A investigação da Polícia Civil que indiciou o sargento da Polícia Militar, Márcio Gledson Dantas de Morais, pelo assassinato do estudante universitário Luan Carlos Melo Barreto, de 23 anos, apontou que o policial atirou pelo menos cinco vezes em direção ao estudante, que passava pela avenida Lauro Monte Filho, em Mossoró, de moto, e foi alvejado com um tiro na cabeça, na noite de 1 de julho deste ano. Luan morreu na madrugada do dia seguinte, no Hospital Regional Tarcísio Maia(HRTM).

Luan Barreto tinha 23 anos e era estudante do curso de Ciência e Tecnologia da Ufersa. Foto: Reprodução

Luan Barreto tinha 23 anos e era estudante do curso de Ciência e Tecnologia da Ufersa (Foto: Reprodução)

Ele havia saído de casa, no bairro Santa Delmira, para buscar a namorada no trabalho, no bairro Pereiros. No meio do caminho, foi parado com um tiro de pistola na cabeça, disparado pelo sargento da PM que, junto com outros dois policiais, faziam rondas na região à procura de assaltantes.

O sargento foi indiciado pela Polícia Civil por crime de homicídio. O inquérito policial foi entregue à justiça no dia 31 de agosto para análise do Ministério Público. O promotor do caso, Armando Lúcio Ribeiro, confirmou à reportagem que vai oferecer denúncia contra o policial, concordando com a investigação do delegado Marcus Vinicius dos Santos.

Caso o juiz da 1ª Vara Criminal de Mossoró, Vagnus Kelly Figueiredo, aceite a denúncia, o sargento passa a ser réu no processo e deve ir a júri popular. Os outros dois policiais que estavam com o sargento serão investigados por crimes militares, informou o promotor.

Para o delegado que comandou a investigação, Marcos Vinicius dos Santos, o sargento agiu de forma precipitada e assumiu o risco de matar uma pessoa inocente.

“Por todas as informações que obtivemos, e as provas periciais, fica confirmado que o policial agiu precipitadamente, ao atirar pelo menos cinco vezes em direção à moto conduzida pelo Luan. Um desses tiros foi o que matou o estudante. Foi uma operação totalmente equivocada”, comentou.

Naquela noite, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), em Mossoró, recebeu uma denúncia de que assaltantes, em motos, estavam agindo na região próxima ao Hotel Thermas. Uma viatura com três policiais militares se dirigiu ao local para checar a ocorrência. Na Avenida Lauro Monte Filho, ao avistar um homem passando em uma moto Honda XRE, a viatura para e o sargento desce do carro.

Marcos Vinícius: nenhuma dúvida quanto à autoria (Foto: Thyago Macedo/G1RN)

Marcos Vinícius: nenhuma dúvida quanto à autoria (Foto: Thyago Macedo/G1RN)

“Quando ele desce da viatura, ele efetua os disparos em direção ao motociclista, que era o Luan. Não se sabe se ele (policial) chegou a acenar algum tipo de abordagem para que Luan parasse. Ele atira e uma das balas acerta o Luan”, explicou o delegado Marcos Vinicius. Caído na calçada da Toyolex, concessionária de veículos, Luan é retirado do local pelos policiais, que o deixam no Hospital Regional Tarcísio Maia. Horas depois, o estudante morre.

As cápsulas de balas e as marcas de tiro encontradas pela polícia no local do crime foram fundamentais para o desfecho da investigação. Perícias técnicas confirmaram que a bala que atingiu a cabeça de Luan saiu da pistola do sargento da PM.

“Além do projétil encontrado no corpo do Luan, encontramos outro no local, e identificamos também marcas de tiro na moto, no prédio da Toyolex, e mais dois em um prédio vizinho. Foram pelo menos 5 disparos efetuados”, comenta o delegado.

Imagens obtidas na investigação também foram decisivas para confirmar a hipótese de investigação da Polícia Civil. “Uma das imagens que conseguimos mostra, de forma rápida, uma sequência de ações que contribui para entender a sistemática do ocorrido. Por elas é possível perceber a moto passando pela avenida, a viatura, e o momento que o policial desce do carro e acontecem os disparos”, disse.

Em todos os depoimentos na Polícia Civil os policiais militares ficaram em silêncio. Eles foram afastados das ruas temporariamente pelo comando do 2º Batalhão e estão atuando no setor administrativo. Suas armas foram apreendidas um dia depois do ocorrido.

Advogado aguarda há duas semanas acesso ao processo

Passadas duas semanas desde o fim da investigação da Polícia Civil, a família do estudante Luan Barreto não tem informações precisas ainda sobre os detalhes do inquérito. O advogado da família, Hélio Miguel, tenta desde então acesso ao processo, mas não teve autorização da 1ª Vara Criminal de Mossoró. O processo corre em segredo de justiça. O delegado do caso conversou com a família antes de entregar o inquérito à justiça, mas não deu detalhes da investigação.

“Estranhamos essa dificuldade de termos acesso ao processo na justiça. Desde que o inquérito foi concluído, requeremos habilitação no processo mas não fomos atendidos”, comentou o advogado.

Na entrevista coletiva concedida à imprensa, no dia 31 de agosto, em Mossoró, o delegado Marcos Vinicius evitou também informar o nome do policial indiciado. “Fizemos nosso trabalho, conversamos com a família antes de falar com a imprensa, e agora o processo segue na justiça”, disse o delegado à reportagem da Agência HiperLAB.

Ele informou que o sargento Márcio Gledson Dantas de Morais não responde a processos criminais e tem um bom histórico na polícia.

“Em nossa profissão de policial, tomamos decisões, em pouco tempo, que o resultado tem repercussão pela vida toda. O que ocorreu ali foi uma operação totalmente equivocada. Por isso a importância de treinamento constante para que o policial possa agir sempre da melhor forma possível”, comentou Marcos Vinicius, designado delegado especial para investigar o assassinato do universitário.

Nota do Blog Carlos Santos – Tudo muito triste e lamentável. Uma perda irreparável para família e amigos. Para mim, sempre muito difícil reportar esse tipo de assunto, também sendo pai. Doloroso demais.

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Categoria(s): Gerais / Segurança Pública/Polícia

Comentários

  1. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    Interessante que essas ditas ações precipitadas, ocorreram com uma frequência assustadora, exatamente contra Motociclistas…pessoas pobres, negras e FAVELADOS!

    Seria coincidência, ou estamos anti um modus operandi que espelha questões de ordem ESTRUTURAL numa SOCIEDADE, absolutamente desigual e ainda ESCRAVISTA em pleno século XXI…?!?

    Com palavras os eleitores infectados pelo Bolsonarismo, que via de regra são militaristas e imprime e expressam ideias digitalizadas no universo das FAK News, onde todos são “DOUTORES” em SOCIOLOGIA , filosofia, ciências políticas e, sobretudo catedráticos em ÉTICA E MORAL!!!

    Kkkkkkkkkkk
    Um baraço
    FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO
    OAB/RN. 7318

  2. João Claudio diz:

    Precipitado rima bem com ‘desperparado’.

    Né não?

  3. Walter Igle Arruda Júnior diz:

    Tem que pagar… com a lei e um irresponsável e gente desse tipo despreparada que coloca uma corporação a perder….. não podemos generalizar…

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