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domingo - 29/01/2017 - 12:11h

Porcellanati, um grande negócio que segue fazendo estragos

Dia passado (sábado, 28), um grupo de ex-funcionários da Porcellanati fez um protesto em frente à unidade fabril da empresa e bloqueou um trecho da BR 304 – Saída de Mossoró para Tibau-RN e Fortaleza-CE. O objetivo era chamar a atenção das autoridades competentes, sobre a dilapidação do que restou do patrimônio da empresa, que ainda pode garantir os seus direitos trabalhistas.

O desespero estampado no rosto de dezenas de funcionários demitidos, que não receberam seus direitos trabalhistas, faz sentido. Os manifestantes alegam que Importantes equipamentos, que compõem a estrutura do empreendimento, estão sendo desmontados e levados embora.

Independentemente das razões legais que envolvem o problema, há uma coisa muito mal explicada no caso da Porcellanati, desde a sua concepção.

Porcellanati segue fazendo firulas, dando dribles em tudo e em todos (Foto: arquivo)

A Porcellanati foi a principal bandeira da política de desenvolvimento na gestão da prefeita Rosalba Ciarlini (PP), no período de 1997-2000. A propaganda oficial de seu governo, à época, alardeava a geração de mais de 1.000 empregos diretos quando o polo cerâmico, liderado pela Porcelantti, estivesse em pleno funcionamento. O governo de Rosalba buscou intermediação direta para obtenção de recursos e incentivos.

As atividades da Porcellanati começaram a funcionar, a partir de dezembro de 2009, com investimento de R$ 120 milhões, sendo R$ 51 da Sudene, R$ 21 milhões do Banco do Nordeste e o restante de outras fontes. A estimativa de produção era de 1 milhão de metros quadrados de piso, por mês. Nunca atingiu a meta de produção máxima.

EM ABRIL de 2014, quando produzia a metade da produção estimada, teve suas atividades paralisadas por corte do fornecimento de gás e energia, em virtude da falta de pagamento dos serviços, quando empregava cerca de 400 funcionários.

Desde então, o grupo catarinense deu um calote no combalido comércio local e da região e, atualmente, acumula dívidas que superam R$ 200 milhões.

As ex-governadoras Wilma de Faria (PTdoB) e Rosalba Ciarlini trataram de encobrir, por diversas vezes, a falta de reciprocidade da Porcellanati protelando medidas que poderiam ter evitado ou minimizado o tamanho do rombo na economia potiguar.

Do mesmo modo, ficaram omissos os governos da prefeita Fafá Rosado (PMDB), Claudia Regina (DEM), Francisco José (PSD), a Câmara Municipal de Mossoró e o Ministério Público. Além das entidades representativas de classes, que não levantaram a voz.

Por diversas vezes, com o intuito de alertar as autoridades competentes, o extinto Jornal Página Certa publicou matérias apontando a falta de viabilidade do projeto Porcellanati e seu inevitável fracasso.

Os investimentos que foram direcionados pelos gestores públicos à Porcellanati dariam para fomentar o desenvolvimento de dezenas de empresas, locais e da região, promover geração de emprego e renda, bem maior do que a projetada, com sustentabilidade.

Não por mera coincidência a Itagrês Revestimentos Cerâmicos S/A, controladora do grupo Porcellanati, doou quantias expressivas para a campanha da governadora Rosalba Ciarlini, em 2010.

Esse é mais um daqueles engodos, utilizando o investimento público, que precisa ser esclarecido à população.

SECOS & MOLHADOS

Muro – A edição do último dia 25, do Diário Oficial do Estado (DOE), publicou o contrato para instalação do muro de concreto que será construído na prisão de Alcaçuz, com o objetivo de separar as facções criminosas PCC e Sindicato do RN. O governo do RN vai pagar à empresa M H Construtora Ltda – EPP, através do DER, o valor de R$ 794.028,00. Estão incluídos os serviços emergenciais da barreira provisória de containers marítimos. O prazo estipulado no contrato é de 90 dias, mas o governo Robinson Faria (PSD) já anunciou que o muro será concluído em 15 dias.

Recessão – De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o salário médio de admissão, no Rio Grande do Norte, é o terceiro pior do País: 1.068,12. Esse reflexo da crise repercute diretamente no setor de comércio e alimenta o ciclo vicioso da recessão. Com menos gente trabalhando, há menor consumo, há mais desemprego e maior endividamento das famílias.

Afastado – O mossoroense Marcelo Rosado não é mais o titular da Semurb de Natal. Ele vinha fazendo uma gestão técnica reconhecida nacionalmente e elogiada por todos, inclusive pela unanimidade dos técnicos da pasta – que, surpresos, divulgaram uma nota na imprensa. Temem que a Semurb volte a ter uma gestão politizada.

Desunião – A crise no sistema prisional do RN revelou, mais uma vez, a desunião da bancada federal do Estado. Apenas, o deputado Fábio Faria (PSD) e o senador José Agripino (DEM) se movimentaram em busca de apoio federal para o Estado do Rio Grande do Norte. Depois que a poeira sentar, todos aparecerão, se lhes forem convenientes, claro.

Controvérsia – O Ministério Público do RN (MPE-RN) diz que fez adequações e ajustes que propiciaram a diminuição de 10% no seu quadro de membros, atingindo, portanto o índice de 1,88% de sua Receita Liquida Corrente, em gastos com pessoal, conforme preconiza a Lei de Responsabilidades Fiscais (LRF). Portanto, atingiu o limite prudencial, quatro meses antes do prazo. Por outro lado, há críticas severas, de vários segmentos, que apontam que o MPE-RN criou o Programa de Incentivo à Aposentadoria Voluntária e estimulou a aposentadoria de alguns de seus membros através de indenizações milionárias. Ou seja, os aposentados saíram da folha de pagamento do órgão e entraram para folha de inativos do Poder Executivo. Assim, somente em dezembro de 2016, o MPE-RN gastou R$ 4,9 milhões para pagar 11 membros inativos, em parcela única, como antecipação da discutível Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) – que corresponde a uma espécie de verba indenizatória. (fonte: //transparencia.mprn.mp.br).

Controle – Finalmente, graças ao governo federal, a ordem começa a ser restabelecida na penitenciária de Alcaçuz. Homens da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária, grupo composto por 81 agentes penitenciários, vindos de quatro Estados e do Distrito Federal, deram o suporte necessário para a ação de intervenção.

Nas ruas de Natal e região metropolitana 1,8 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica conseguem manter o clima de ordem dando mais tranquilidade à população. Isso não tira o mérito dos policiais e agentes do RN que, apesar da falta de estrutura oferecida pelo Estado, também estão fazendo a sua parte.

Surto – A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o surto de febre amarela deve se espalhar no Brasil. O País vive o maior surto da doença, desde que foi iniciada a série história, em 1980. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade é de 51,8% dos casos. É inacreditável vermos tantos descasos com as políticas públicas no Brasil. Estamos regredindo, a passos largos, em quase todos os aspectos. Preocupante.

* Veja AQUI a coluna anterior.

Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    A) “Não por mera coincidência a Itagrês Revestimentos Cerâmicos S/A, controladora do grupo Porcellanati, doou quantias expressivas para a campanha da governadora Rosalba Ciarlini, em 2010.”
    Denúncia gravíssima que não pode ficar sem uma pronta resposta da Rosalba Ciarlini.
    Estas doações de terrenos e financiamentos com dinheiro público devem ser todos revistos. Há caso de empresa que recebeu doação de terreno no valor de dezenas de milhões de reais, financiamento do BNDES de mais de 21 milhões de reais, isenção de impostos. Prometeu em troca gerar mais de 6 mil empregos e até hoje ninguém sabe quantos empregos com CARTEIRA ASSINADA gerou. O que sabemos é da existência de muitos estagiários.
    B) “A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o surto de febre amarela deve se espalhar no Brasil. O País vive o maior surto da doença, desde que foi iniciada a série história, em 1980.”
    Em Mossoró as emissoras de rádio anunciam que existem vacinas contra a febre amarela. As pessoas vão aos postos de saúde e escutam NÃO TEM, NÃO TEM, NÃO TEM.
    Até quando em Mossoró vacinas e remédios só existirão na propaganda da prefeitura nas emissoras de rádio? Por que os que anunciam estas vacinas e remédios não vão aos postos de saúde verificar se realmente existem vacinas e remédios e deixam de divulgar propaganda mentirosa?
    Nas escolas ninguém tem notícia de quando o UNIFORME ESCOLAR será distribuído, sabem apenas que será exigido dos alunos o uso de uniforme escolar completo.
    E assim vai vivendo Mossoró.
    ////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE. AGUARDEM!
    AS DENÚNCIAS DO EX-PROCURADOR DA CÂMARA ESTÃO SENDO APURADAS DESDE O DIA 6/12/2016.
    DIA 30 A RELAÇÃO DOS CITADOS NA DELAÇÃO DA ODEBRECHT SERÁ DIVULGADA? SE FOR…

  2. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Taí, mais uma obra monumental da Rosa…!!!

    Melhor traduzindo…Milhões e milhões doados ao grupo catarinenses…!!!

    Para os mossoroenses, como sempre…Apenas maquetes, migalhas, migalhase e tão somente promessas e mais promessas de emprego, renda e estabilidade, as quais duraram largo…interstício temporal de cerca de 06 (Seis) meses.

    Conforme se verifica, de há muito, só a Rosa sabe verdadeiramente fazer, melhor dizendo só a Rosa sabe fazer concentrar nas mãos de meia dúzia de mepresários e conhecidos apadrinhados pelo patrimonialismo dos de sempre, os milhões e milhões arrecadados do trabalho, suor e lágrimas do trabalhador através dos tributos pagos à municipalidade mossoroense.

    Quem sabe, até o século XXII, os mossoroenses aprendam a votar, para, definitivamente espulsar a Monarquia Rosadus do poder, trazendo de volta às decisões e ao comando à sociedade e o povo, desde sempre excluídos do centro das decisões e da posiblidade de ser protagonista da sua própria história.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318

  3. Marcos Pinto. diz:

    Só resta uma certeza: É que por onde a Rosa de Hiroshima passa deixa um cenário de terra arrasada. Foi assim quando criou o Hospital da Mulher Maria Corrêia, que teve 11 milhões surrupiados das verbas que lhe foi repassado. Foi assim com a Porcelanatti, antiga Itagrês, que só funcionou com 30% de sua capacidade de produção, terminando por levarem todo o maquinário para o estado de Santa Catarina. Uma lástima, pois.

  4. Antonio Lima diz:

    Porcellanati, o maior elefante branco de Mossoró.

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