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quinta-feira - 08/10/2015 - 08:20h
Projetos

Primeiro astronauta brasileiro, em Mossoró, mostra desencanto

Quem está em Mossoró é o primeiro astronauta brasileiro – Marcos Pontes. Cumpre agenda de trabalho.

Pontes (centro) antes da decolagem em 2005 Foto: reprodução)

Ele participa agora de solenidade abertura da quinta edição da Feira de Ciência Para Todos no Semiárido Potiguar, no Expocenter, localizado no Campus Leste da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

Pontes é um dos convidados especiais do evento.

Foi o primeiro brasileiro a integrar o Programa da Estação Espacial Internacional (ISS) que o país assinara com a Agência Espacial Americana – NASA. Esse fora o primeiro passo para a Missão Centenário, na qual Marcos Pontes “embarcou”, em 2005, como Especialista de Missão, o que pode ser entendido como um engenheiro de voo.

Veja abaixo, uma conversa com ele ao portal da Ufersa:

Portal Ufersa – Quando o senhor estava na estação espacial, gravou um vídeo afirmando que aquele momento marcaria “o início de uma nova era para o Brasil”. Passados quase 10 anos, o que se pode apontar como legado para o Brasil da sua ida ao Espaço?

Marcos Pontes – Eu acreditava que o Programa Espacial Brasileiro pudesse ter mais apoio das nossas autoridades. Não aconteceu da maneira que eu esperava. Contudo a Missão Centenário foi o projeto da história do Programa Espacial Brasileiro com melhor custo beneficio. Basta ver os resultados científicos alcançados e os lucros resultantes (o ROI da missão foi excelente). No final do meu livro Missão Cumprida, comento cada um dos resultados da missão nos diversos campos.

PU – O Senhor consegue lembrar-se da primeira vez que viu a Terra?

MP – Lembrei muito das palavras de minha mãe quando eu era adolescente. Eu descrevo essa mudança com detalhes no capitulo 77 do meu livro Missão Cumprida.

PU – Se fizermos um balanço da nossa Política Espacial, quais são os princípios que a norteiam?

MP – Difícil dizer no momento atual. Temos muita interferência política nos programas de Ciência e Tecnologia, o que causa flutuações e pouca aderência a princípios ou planejamento de longo alcance.

PU – …então quais são os atuais projetos e ações da AEB?

MP – Praticamente todos estão em compasso de espera.

PU – Há previsão de um novo brasileiro ir ao espaço, ou até mesmo de você voltar?

MP – Outro brasileiro, astronauta profissional como eu: sem previsão. Turistas Espaciais: espero que tenhamos vários nos próximos anos. A minha Agência vende passagens para voos espaciais suborbitais e estamos com muitos brasileiros na fila (os nossos primeiros clientes devem voar nos próximos 3 a 5 anos). A própria AEB está aguardando a possibilidade de um de seus estagiários, que ganhou um sorteio de marketing da empresa KLM, fazer um desses voos turísticos daqui a alguns anos (5 a 7 anos).  Quanto a mim, devo voltar ao espaço por volta de 2018.

PU – …então o turismo espacial será mesmo possível? Qual tem sido a contribuição do Brasil para isso acontecer?

MP – O turismo espacial é uma realidade, e eu sou um entusiasta desse mercado. Afinal, é um reforço nas oportunidades de mercado para astronautas profissionais, como eu, para desenvolver e operar esses novos sistemas para levar turistas com segurança para o espaço. O Brasil não tem nenhuma contribuição na área (exceto pelo meu conhecimento e trabalho no desenvolvimento da área com empresas internacionais).

PU – Quase 6 décadas depois da efervescência da Corrida Espacial, do ponto de vista ideológico – e até científico – o que os Países ainda buscam no Espaço?

MP – Conhecimento e desenvolvimento de inovações tecnológicas.

PU – A sua atividade de astronauta é uma atividade civil, no entanto você é vinculado ao quadro Militar brasileiro. De que modo as duas atividades dialogam?

MP – As atividades são distintas e sem qualquer ligação administrativa ou operacional. Sou da reserva da Força Aérea como praticamente todos os meus companheiros de turma da AFA (iniciamos com 245 cadetes e agora só temos 10 brigadeiros na ativa da FAB). Contudo, apesar da função de astronauta não ter nada a ver com a carreira militar, mantenho ainda estreita ligação com as Forças Armadas do Brasil.

PU – O senhor mantém contato/parceria/atividade com as instituições brasileiras voltadas para o desenvolvimento aeroespacial, como, por exemplo, Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, em Natal/RN?

MP – Conforme acordo que fiz com a AEB, em 2005, eu permaneço à disposição do Programa Espacial Brasileiro para novas missões (eles podem me escalar a qualquer momento) por 10 anos depois da assinatura do contrato da escalação da Missão Centenário, em outubro de 2005. Permaneço mantendo meu posto em Houston [Texas, nos EUA] à disposição como liaison [contato] da AEB para qualquer necessidade com a NASA também durante esse período, assim como sempre me coloquei à disposição para ajudar no desenvolvimento tecnológico dos sistemas nacionais, da estratégia da política espacial e dos centros de lançamento. Contudo, até hoje, nunca fui solicitado a ajudar. Acredito, portanto, que não foi necessário utilizarem meu conhecimento e experiência.

PU – O projeto Mars One “promete” levar os primeiros colonos terráqueos a Marte. O que se sabe sobre o nosso “Planeta Vermelho”? Você acredita nessa empreitada?

MP – Não acredito na qualidade técnica desse projeto. Diga-se de passagem, não tem nada a ver com a NASA e é claramente subdimensionado. Basicamente, apenas uma campanha de marketing.

PU – Como vem evoluindo a exploração do espaço pelo homem? O que você destacaria como sendo as principais conquistas e também como sendo os maiores desafios para o futuro. Em suma, o que o futuro nos espera?

MP – Devemos ampliar o desenvolvimento das empresas privadas nas operações espaciais “Near Earth” [voltadas para objetos próximos da Terra] e ampliar a exploração do Espaço profundo pelas agencias de ponta como NASA, Roscosmos, ESA, China e Índia. Descobertas interessantes em Marte devem nos levar a uma maior exploração do Planeta culminando com voos tripulados para lá depois de 2033. Sistemas de detecção e defesa de asteroides devem ser desenvolvidos, novos materiais devem ser desenvolvidos, novo sistema de propulsão será desenvolvido, melhorando o alcance e eficiência dos sistemas atuais. O turismo espacial suborbital será realidade. O desafio maior de tudo isso é sincronizar as atividades e objetivos da exploração espacial com as necessidades crescentes na Terra de sistemas mais inteligentes (e pessoas/dirigentes mais inteligentes) para tornar realidade prática o desenvolvimento sustentável.

PU – Como o Ensino Básico – Fundamental e Médio – pode desenvolver nas nossas crianças mais interesse pela ciência, inovação e tecnologia?

MP – Desenvolvendo mais atividades em laboratório, especialmente com elementos comuns do dia a dia de hoje (robótica, softwares, eletrônica, propulsão, foguetes de água etc).

PU – Há um pensamento de Heráclito que diz que “o homem não entra no mesmo rio duas vezes, pois nem o homem, nem a água serão os mesmos”. Se, ao invés de rio, pensarmos na sua ida ao Espaço, o que mudou em você, na sua forma de vê o mundo, de vê as pessoas…?

MP – Um voo espacial é muito “especial” no sentido de nos trazer mais perto das pessoas e depois de nos levar bem longe delas.

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Categoria(s): Gerais

Comentários

  1. João Claudio diz:

    País rico é assim.

    O povo brasileiro pagou 40 milhões de reais (a preço de hoje) pela passagem para essa perola fazer um passeio no espaço.

    O lado cômico é que ele plantou uma semente de feijão por lá.

    E tem mais: a perola anda dizendo por ai que gostou do passeio e que quer ir de novo KKKKKK Diz que agora o povo terá o lucro esperado. A safra de feijão vai abastecer o mundo KKKK É feijão que não acaba mais. É provável que o PIB brasileiro volte a crescer KKK.

    O rolé no espaço aconteceu no governo PTralha, onde a gastança não tinha limites. Hoje, tá fazendo falta. Muita falta.

    “Arrocha” dublê de astronauta. Se melhorar estraga.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “PU – Como o Ensino Básico – Fundamental e Médio – pode desenvolver nas nossas crianças mais interesse pela ciência, inovação e tecnologia?
    MP – Desenvolvendo mais atividades em laboratório, especialmente com elementos comuns do dia a dia de hoje (robótica, softwares, eletrônica, propulsão, foguetes de água etc).”
    Desenvolver atividades em laboratório? E com elementos comuns do dia a dia de hoje (robótica, softwares, eletrônica, propulsão, foguetes de água etc?
    Falar em Mossoró que estas coisas são elementos comuns. Para de rir, Zé Ruela, para de rir que o astronauta não sabe que os alunos das escolas públicas de Mossoró desconhecem o que é um mouse.
    Astronauta Marcos Pontes está desencantado? Está?
    Desencantado o Marcos Pontes vai ficar quando souber que as crianças em Mossoró terminam o primeiro grau sem saber multiplicar. Nem mesmo a um simples computador as nossas crianças têm acesso nas escolas públicas. Imagine, grande astronauta, as nossas crianças saberem o que é robótica, softwares, eletrônica, propulsão, foguetes de água etc.
    Por favor, não fale nestas coisas perto de crianças que tem a boca cheia de dentes cariados, necessitam de uso de lentes corretoras, não recebem UNIFORME ESCOLAR e frequentam as escolas sem sequer levar um lápis ou um caderno porque o MATERIAL ESCOLAR não foi entregue. Crianças que muitas vezes choram com fome porque a MERENDA ESCOLAR falta devido a falta de merendeiras. Por favor, astronauta, não fale nestas coisas que as crianças podem correrem pensando que se trata de algum bicho papão.
    Será que o astronauta Marcos Pontes ainda está no espaço?
    Aqui é Mossoró, astronauta, terra onde vereador declara que os estudantes terminam cursos universitários sem saber fazer um “Ó” com uma quenga. Aqui é a terra onde o impossível acontece.
    //////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS EM OUTUBRO? VÃO DEIXAR SAL GROSSO PRESCREVER?
    QUAIS SÃO OS FATOS ESCABROSOS QUE FORAM CONTATADOS NA AUDITÓIRIA REALIZADA NA PREFEITURA? QUEM DISSE QUE A AUDITORIA CONSTATOU FATOS ESCABROSOS FOI O VEREADOR TOMAZ NETO.

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