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quinta-feira - 30/07/2020 - 11:20h
Agronegócio no RN

‘Rei do Melão’ na Europa parte para conquista da China

Paulista começou em Mossoró negócio que produz 250 mil toneladas por safra e cresce mundialmente

Por Carla Aranha (Da revista Exame)

O produtor rural Luiz Roberto Barcelos, de 55 anos, lembra bem a primeira vez que experimentou um melão. Ele tinha cinco anos de idade e morava em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com sua família. “Minha mãe chegou com aquela fruta redonda e verde em casa e me apaixonei”, diz. Hoje, Barcelos é o maior produtor e exportador de melão do Brasil. Ele abastece, sozinho, boa parte do mercado europeu.

Sua fazenda, a Agrícola Famosa, produz mais de 1 milhão de melões por dia. A cada safra, são colhidas 250 mil toneladas da fruta – a maioria é exportada para países como a Holanda e o Reino Unido. No ano passado, o faturamento chegou a 500 milhões de reais. “Vamos crescer ainda mais”, diz Barcelos.

Luiz Roberto Barcelos desviou-se da carreira jurídica e voltou ao campo com muito êxito (Divulgação-Divulgação)

O novo destino da fruta é a China. No final do ano passado, o país aprovou a importação do melão brasileiro, depois de conversas com a ministra Tereza Cristina, da agricultura. A expectativa é que no segundo semestre as vendas de melão para a China comecem a decolar. “Aí, vamos dobrar a produção”, diz Barcelos. Ele já está se preparando para expandir sua fazenda. “Não poderia ter felicidade maior”, afirma.

A agricultura sempre fez parte da vida de Barcelos, que é de uma família de produtores de café do interior de São Paulo. “Sempre gostei de mexer com a terra”, diz. A propriedade da família, criada há mais de cem anos, foi sendo dividida entre os herdeiros com o passar do tempo. Barcelos não se animou muito a tocar o negócio adiante e resolveu fazer estudar em São Paulo, onde fez faculdade de direito. “Não achava que o campo ia me puxar de volta, como acabou acontecendo”, diz.

Volta ao campo

Barcelos arranjou emprego, como advogado, em uma empresa de comércio exterior de produtos agrícolas. Não demorou para a saudade da agricultura bater mais forte. Ele ficou sabendo que uma fazenda de 4.800 hectares em Mossoró, no Rio Grande do Norte, estava a venda e resolveu fechar negócio.

A região, com um clima quente e ensolarado praticamente o ano todo, é considerada ideal para o cultivo de frutas como o melão, que precisam de muito sol.

O produtor não pensou duas vezes – ele reuniu a família e logo se mudou Mossoró. “Na época, minha esposa estava grávida de nosso segundo filho e não sabíamos bem como seria nossa vida em uma terra nova”, diz. Hoje, a fazenda tem 30.000 hectares e deve se expandir ainda mais até o início do ano que vem.

Exportação aponta para novo mercado (Foto: arquivo/Anderson Barbosa)

Para que a produção pudesse crescer, Barcelos investiu em sistemas de irrigação avançados, em que a quantidade ideal de água é distribuída em cada palmo do terreno, sem desperdícios. Ele também estudou as melhores estratégias para conquistar aumentos expressivos de produtividade. Uma das principais técnicas adotadas foi a polinização da lavoura através das abelhas, que levam importantes nutrientes para os pés de melão.

Novos recordes

Depois da colheita, os restos de vegetação que ficam no solo são enviados para o sistema de compostagem para serem transformados em adubo. “Temos uma grande preocupação com a sustentabilidade, o que acaba proporcionando ganhos de produtividade e é importante para nos posicionarmos de forma adequada no exterior”, diz Barcelos.

Em 2019, o Brasil bateu um recorde da exportação de frutas, com 1 milhão de toneladas embarcadas para a Europa, Oriente Médio, Argentina. As vendas externas somaram 1 bilhão de dólares. A exportação de melão gerou 160,4 milhões de dólares em 2019, 18% a mais do que em 2018. Em volume, o aumento foi de 27%.

Com as exportações para a China, a produção e as vendas externas de melão devem duplicar. Barcelos e outros produtores rurais da região de Mossoró já estão se preparando para o aumento das exportações. “Muitos estão adquirindo mais terras, como estamos fazendo”, diz.

Este ano, o agronegócio brasileiro deverá dar bater novos recordes e dar mais saltos de produtividade. A expectativa é que a atividade responda por 24% do PIB brasileiro, alcançando 728,6 bilhões de reais. “O segmento de frutas deve ter um bom desempenho”, diz Barcelos. “Vamos vender mais melão do que nunca”.

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Categoria(s): Economia

Comentários

  1. Amorim diz:

    “Clima quente e ensolarado”
    Terra seca e quente não serve!
    Mas com tecnologia, inteligencia e um pouco d’agua se tira ouro.
    Parabéns.

  2. Werley diz:

    Esse é o Brasil que queremos. Imagina replica isso em todo o nordeste e até mesmo em outras áreas onde passa grandes rios…Temos chances de só com frutas exportarmos mais de 10 bilhões de dólares ou muito mais no médio e longo prazo… Isso signicaria a libertação da pobreza numa regiao que já foi tao castigada pela seca.

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