• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 12/02/2023 - 08:48h

O olho e o olhar

Olhar, susto, medo, pânico, olhos, psicosePor François Silvestre

A mesma coisa?

Não.

 

Mesmo um sendo/

e o outro saindo/

do mesmo lugar,/

cada um é uma coisa./

 

O olho é espião do dono,/

o olhar, não./

O dono manda no olho,/ não controla o olhar./

 

O olhar é o dedo-duro/

do dono do olho./

O olho espia,/ o olhar denuncia./

 

O dono tem olho,/

o olhar não tem dono.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Poesia
domingo - 29/01/2023 - 09:04h

Tomás

Foto ilustrativa

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Por François Silvestre

Aproveite o recurso prometido/

E renove o estoque de Kaol./

 

Estrelas opacas/ nos ombros recentes/

Indicam Kaol vencido./

 

Vencido também o tempo/

do caráter opaco,/

Em cujos ombros brilhou a indecência.

 

Viu-se de tudo,/ menos o brilho das estrelas,/

Nos bolsos recheados do generalato/

da concupiscência./

Velhos, pijamados, cínicos,/

de trapaças e golpes sonhados./

Agora, recolhem-se, vencidos,/

Na alcova imunda, a lamber, no resmungo,/

as feridas nojentas dos decaídos./

 

Pois seja, General Tomás,/

o polidor de estrelas novas./

Exiba-se, sem temor, à luz do sol./

E em vez do viagra, na suspeita compra,/

ponha nos ombros o brilho da paz./

Renovando ou não o estoque de Kaol.

François Silvestre é escritor

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  • San Valle Rodape GIF
domingo - 22/01/2023 - 10:24h

Poema do bicho gente

homem e macaco - site provérbio e frasePor François Silvestre

Não há bicho mais sabido

do que gente.

Não há bicho mais estúpido

do que gente.

Não há bicho mais covarde

do que gente.

Não há bicho mais valente

do que gente.

Não há bicho mais odioso

do que gente.

Não há bicho mais amoroso

do que gente.

Não há bicho mais parecido com bicho

do que gente.

Não há bicho mais diferente de bicho

do que gente.

 

De tantas diferenças e semelhanças

por que não imitar os bichos,

No que eles têm de copiar?

 

Imitar formigas,

carregando em grupo folhas para os bivaques.

Imitar abelhas,

inventando o doce no sabor do mel.

Imitar borboletas,

no voo livre de vida breve.

 

Se for pedir demais,

imitar o jumento.

E rinchar de ira, sem perdão,

Nas grotas sangrentas da civilização.

François Silvestre é escritor

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domingo - 15/01/2023 - 08:00h

Bengala, ainda não!

Por François Silvestre

Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

Quando criança, a dádiva da infância recebe o mundo de presente,

O sol era meu, o riacho também. Vivi.

 

Adolescente, esgotei, entre alegrias e atropelos, toda a paisagem, sem fronteiras,

Nas trilhas da adolescência. Vivi.

 

Maturidade, abocanhando todos os gostos, bons e ruins no quintal do mundo,

Maduro, não precisei cair da árvore, amarelo ou podre.

Fui colhido pelas mãos da luta. Vivi.

 

Agora, na velhice, não sou velho. Misturo tudo, nacos de cada tempo. Maturidade, o sabor. Adolescência, a esperança. Infância, a irresponsabilidade.

Direito de peidar no palco. Colocar o dedo maior de todos, em pé, ladeado pelo indicador e o anelar, dobrados, e apontá-lo para os hipócritas!

Vivo!

François Silvestre é escritor

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  • Art&C 25 anos - Institucional - 19-12-2023
quinta-feira - 12/01/2023 - 23:04h
Presidente

Confirmação de voto

Voto, votação, eleiçõesPor François Silvestre

Se Lula houvesse roubado o petróleo do mar, da terra, a gasolina dos postos, ganhado de propina setenta triplex espalhados por várias praias, cento e cinquenta sítios de Atibaia, comprado vinte jatinhos, depositado milhões na Suíça, comprado juízes e nomeado filhos e netos pra cargos comissionados, falsificado documentos pra sonegar impostos, desviado obras de arte do Alvorada, mentido sobre sua paternidade, sobre seu nascimento, sobre seu emprego de metalúrgico, ainda assim, com toda essa constatação, eu estaria, como estou, satisfeito por ter votado nele.

Lula ganhou, apertadamente, uma eleição que derrotou uma ditadura programada pra ser estabelecida e legitimada por via eleitoral. Uma bandidagem.

Com amparo nas guaritas das Forças Armadas, na Policia Federal contaminada, na Policia Rodoviária instrumentada, nas policias estaduais infiltradas. Um esquema ditatorial que faria da Ditadura Militar de 64 uma imagem pífia da barbaridade.

Eles esperavam vencer. Perderam. Não implantaram, após a derrota, por covardia e falta das condições objetivas de apoio internacional.

Foram tão cretinos e safados que usaram idiotas pra produzirem o caos. Patriotários, patribabacas. E serem chamados pra manter a ordem. Esqueceram que Lula é cobra criada, num foi na onda. Botaram o rabo entre as pernas, e esperneiam agora pra fugirem da responsabilização.

Viva a Democracia.

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quarta-feira - 11/01/2023 - 15:20h
Opinião

Fascismo, rebanho…

Por François Silvestre

Girão é deputado federal pelo RN, compondo o bolsonarismo (Foto: assessoria)

Girão é deputado federal pelo RN, compondo o bolsonarismo (Foto: assessoria)

…e facínoras.

O que aconteceu no dia 8 de janeiro não tem precedentes. Ou melhor, precedentes factuais, dos fatos consumados. Há a precedência do fascismo tupiniquim na república brasileira, com sucessivos golpes, contra golpes, tentativas e ingerência militar, de energúmenos fardados. Que juram a disciplina, a hierarquia, a lealdade, porém, muitos deles fazem desse juramento um papel embrulhado para limpar o fiofó. Ponto.

Os cretinos que tentam passar pano nos atos terroristas, facínoras, ousam atentar contra a nossa inteligência, lembrando fatos passados de oponentes para justificar o Oito de Janeiro. Nunca, jamais, houve nada sequer parecido. Nem do MST, Cut, Blakbloks, ou qualquer outra merda, que tenha agido com violência.

Mas, nada parecido que mereça comparação. Nada. Quem compara é apenas um bandido caseiro, que sem coragem de agir, ou se misturar ao rebanho, fica no conforto de casa aplaudindo seus colegas de safadeza, covardia e terrorismo.

Esse generaleco, deputado e general de miçanga, nas duas qualificações, Girão, do Rio Grande do Norte, esteve no acampamento do Quartel, em Brasília, com um megafone incitando e sugerindo atos terroristas. Tá gravado. Ele diz claramente: “Não vim antes porque ainda não estava diplomado”. Pois bem, o TSE deve cassar sua diplomação, sob pena de prevaricação. Não é momento de passar mão na cabeça de ninguém, sob a cavilosa farsa de apaziguamento.

A Democracia é um bem caríssimo, frágil, não pode ser desguardada. A hora é de cortar raízes. Não basta descascar os caules nem aparar os galhos. É urgente enchiqueirar os tocadores do rebanho.

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domingo - 01/01/2023 - 04:10h

Antropologia da miséria…

Por François Silvestre

…ou miséria da antropologia.

A inversão substantiva tem o propósito de evitar que algum marxista da terrinha faça graça usando a resposta de Marx a Proudhon. Ao escrever a “Filosofia da miséria”, o anarquista recebeu de resposta o clássico “Miséria da filosofia”, no qual Marx triturou Proudhon. Mas isso é outra história…Messianismo, messiânico, Antônio Conselheiro, fanatismo,

Há muito tempo, nem lembro quando, escrevi que o Brasil não possuía Povo. Isto é, não existe povo brasileiro. Definitivamente, ainda não. Há um pré-povo, ora em formação, ora em deformação. E em cada processo deformador, mais longe fica a esperança do surgimento de um Povo.

Sérgio Buarque, o antropólogo da bondade, produziu uma obra ingênua, quase bocó, concluindo que o “brasileiro é um povo cordial”. Bobagem antropológica. Gilberto Freire, na sua obra capital, Casa Grande e Senzala, edificou um armazém cheio de assertivas verdadeiras, mas construiu um galpão lotado de conclusões equivocadas. Rui Facó bateu na trave, ao tratar das distinções contidas ou confundidas no estuário entre o fanatismo e o cangaço.

Darcy Ribeiro, o antropólogo do otimismo, partia de uma assertiva da mistura étnica, que sairia da combinação da tecnologia do europeu, da naturalidade do índio e da espiritualidade do africano. Muito bonito, mas o resultado, até agora, carece de beleza. Manoel Correia de Andrade e Josué de Castro trataram da geografia antropológica, tendo o homem como o centro geográfico da sua própria compleição, acima e mais importante do que a geografia. Não ousaram prever o resultado. Denunciaram. Assim o fez Paulo Freire, na sua máxima, “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é se tornar opressor”.

Fico nesses. Esse movimento messiânico que assistimos agora, do bolsonarismo, e todo messianismo carrega dosagem saturada de estultice, e toda estultice alimenta-se de violência, seja física ou verbal, é uma novidade social ou política? Não. Não mesmo. É da nossa antropologia.

O que foi Canudos? Um movimento messiânico, sob a gerência de um anacoreta fanático, que abominava a República, ainda no seu nascedouro, na última década do Século Dezenove, e pregava a volta da Monarquia, sob a regência de Deus. E o Conselheiro era o porta voz da divindade.

O que foi o Contestado? Um movimento de origem politica, de fronteiras, que foi aproveitado pelo messianismo, também pregando o fim dos tempos, e negando a política temporal. Zé Maria, Maria Rosa e Adeod ato. Dois monges e uma monja. Na segunda década do Século Vinte.

O que foi o Caldeirão? Movimento messiânico no Sertão do Cariri, sob a orientação fanática dos Beatos Zé Lourenço e Severino. Sob a proteção meio escondida do Padim Cícero. Inclusive doou o terreno do acampamento. Pregavam o fim do mundo para breve, e para lá rumaram inúmeras famílias que abriram mão de todos os pertences, cujos poucos sobreviventes voltaram miseravelmente pobres. Muitos da região Oeste do Rio Grande do Norte.

Aí você pergunta: São movimentos comparáveis? Respondo: Do ponto de vista das motivações, dos hábitos, das intenções, da cultura, Não. Bem distintos.

Mas possuem todos eles a mesma carga cromossomática da nossa ainda miserável antropologia. É aí onde se pode avaliar a comparação, mesmo com todos os dados de distinção. Não é um povo, quem se repete em estupidez coletiva de tempos em tempos. Não é. Torcer pela evolução e transformação em povo é bom. Mas a torcida não pode preceder à avalição dos fatos. 

Somos um pré-povo, inculto, pouco dado ao estudo, pouco afeito à reflexão, de fácil manipulação, de tendência à condição de rebanho. Triste. Muito triste. Mas se quisermos evoluir, precisamos nos conhecer.

François Silvestre é escritor

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domingo - 11/12/2022 - 06:46h

O “golpe” sonhado foi apenas…

Por François Silvestre

…sonho de quem queria e pesadelo de quem temia.

O que esteve e continua presente na impossibilidade do golpe, que nunca temi, é a falta de condição objetiva para o sucesso da empreitada. Golpe

Você pergunta: O que danado é condição objetiva? É o conjunto de causas e situações que permitem a consumação da tentativa.

Vou desenhar. Um sujeito compra uma propriedade, na caatinga, cuja terra é completamente tomada por terreno arenoso. Sem qualquer área alagada. Sua pretensão é plantar arroz. Conseguirá? Não. Ou melhor, pode até plantar, mas nascerá o arroz? Não. Por quê? Porque o arroz precisa obrigatoriamente de área alagada para prosperar. Pra nascer. Se não tem uma vazante de açude, um alagado de lagoinha, uma ribeirinha de riacho ou córrego, não se pode plantar arroz naquele terreno. Porque o alagado é condição objetiva necessária para o plantio de arroz. Sem cuja existência a impossibilidade da colheita é absoluta.

Há condições objetivas, no Brasil de hoje, para um golpe de Estado? Não. Absolutamente não. Há quem queira? Sim. Mas é preciso recorrer a uma lição de guerra. Não tema do inimigo o que ele quer, tema o que ele pode. Os que querem o Golpe podem consumá-lo? Não.

Falta absoluta de condições objetivas. Tanto interna quanto externamente. Não interessa às Forças Armadas, única força capaz de consumar um golpe, o rompimento da ordem constitucional para uma aventura cujo desfecho seria a marginalização do Brasil no mundo de hoje.

Todos os países compradores e vendedores do e ao Brasil já declararam apoio à legitimidade do pleito que derrotou Bolsonaro. Todos. E só Bolsonaro aceitaria esse rompimento, porque é da sua índole o esgarçamento da sociedade.

Um “patriota” de mentira, um “estadista” de missanga e um “honesto” de fancaria. Só. Vai ficar feito maluco estimulando um bando de vagabundos que repetem chavões sem compreensão da realidade nem qualquer senso do ridículo.

Vão plantar arroz na pedreira, onde nascem os cactos.

François Silvestre é escritor

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quinta-feira - 08/09/2022 - 19:52h
Crônica

Morreu uma rainha…

Por François Silvestre

…e eu lamento e fico triste.

Rainha Elizabeth reinava desde 1952 e faleceu nesta quinta-feira (8), na Inglaterra (Foto: Web)

Rainha Elizabeth reinava desde 1952 e faleceu nesta quinta-feira (8), na Inglaterra (Foto: Web)

Nunca gostei da pompa besta das cortes ou dos palácios. Criticava e produzia ironias quando Renato Machado, na Globo, noticiava o nascimento de um príncipe inglês, e falava até sobre o cocô saudável do novo herdeiro da corte bretã.

Mas, sou um escravo da condição humana. Essa miserável e bela condição dos seres pensantes, que pensam serem superiores e terminam todos na mesma vala da insignificância, na mastigação voraz da Terra.

A Rainha da Inglaterra morreu. Lamento. Há, dela, na minha memória, um episódio nada heroico ou exuberante, que me fez seu admirador. Foi sobre a morte da sua nora, a princesa Diana. A corte inglesa estava sob ataque, e ela suportando bordoadas.

Ela decidiu sair ao desabrigo da rua. E havia um pátio grande com muitas flores, fotos, homenageando a princesa morta. Ela caminhou entre as flores e os presentes.

Nisso, ela viu uma criança com um ramalhete de rosas. Aproximou-se da menina e perguntou: “Quer que ponha lá”? A menina disse: “Não”. Ela fez uma cara de tristeza ou decepção e respondeu: “Tá certo”. Aí a menina disse: “Não é pra colocar lá, é pra você”. O rosto dela transformou-se, de triste para gratidão, “Ô, muito obrigada”. Recebeu o ramalhete e saiu vencedora.

A condição humana. Há um fosso entre a senzala e o palácio. Intransponível. O da senzala não vive, existe miseravelmente. O do palácio vive, entre o luxo e a desgraça humana. Porém, numa coisa terminam todos do mesmo jeito. Todos, da senzala ou do palácio, sem exceção, escravos do mesmo destino. A morte.

Leia também: Morre Rainha Elizabeth II aos 96 anos.

Contudo, o destino da vida não é determinante. Da morte, sim. Mas a desgraça da vida, na injustiça da desigualdade, é obra nossa. Dos que detém o poder de comandar e dos que sofrem esse comando sem a revolta de lutar.

Morreu uma Rainha. E o mundo continua vassalo da exploração.

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quinta-feira - 25/08/2022 - 21:00h
Opinião

Aécio Neves…

Por François Silvestre

…o neto sem avô.

Quando Auro Soares de Moura Andrade, que fora preterido por Jango para ser primeiro Ministro no parlamentarismo, aproveitou a movimentação militar que acabou derrubando o governo legítimo, estando na presidência do Congresso, gritou no microfone da Mesa: “Declaro vaga a Presidência da República”, recebeu do deputado paulista Roger Ferreira uma cusparada na cara. E da sua cadeira levantou-se o deputado Tancredo Neves, gritando: “Canalha! Canalha”!

O jovem Aécio Neves e o avô, Tancredo, no início dos anos 80 (Foto: Web)

O jovem Aécio Neves e o avô, Tancredo, no início dos anos 80 (Foto: Web)

Pois é. Tancredo avô de Aécio. O que restou dessa genética? Restou o preparo de leitura? Não. Restou a maneirice mineira? Não. Restou a dignidade moral? Não. Restou a coragem cívica? Não.

Aécio Neves desavosou-se. Não é neto do seu avô. Fosse, teria aproveitado a oportunidade do momento. Qual? Ele questionou o resultado das eleições, quando perdeu pra Dilma. Foi um questionamento legítimo? Foi. Direito dele. Após as apurações constatou-se a lisura do resultado. E ele aceitou, acatando o resultado das urnas.

O que ele deveria fazer agora, se neto de Tancredo fosse? Declarar publicamente que após o seu questionamento o resultado eleitoral estava correto. E fazer a defesa da Democracia, da Justiça eleitoral e das urnas eletrônicas.

Mas não o faz. É um neto sem avô político. Sem avô histórico. E deixa Tancredo, que tanto o amava, na condição de avô desnetado.

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  • Pastel Premium Mossoró - Pastel de Tangará - Aclecivam Soares
quinta-feira - 11/08/2022 - 18:22h
Opinião

Medalhas de ouro

Por François Silvestre

Os generais do Brasil, aqueles que se encastelam nos cargos comissionados, não são sucessores de Caxias. São espertos politiqueiros, diferentemente, espero, dos que se aboletam nos quartéis, no comando de tropas. Espero.

General Braga Netto recebeu quase um milhão de reais em dois meses (Foto: Marcelo Camargo)

General Braga Netto recebeu quase um milhão de reais em dois meses (Foto: Marcelo Camargo)

Mas no peito deles, encastelados no poder, quando fardados, sobram medalhas. E comendas. E estrelas nos ombros.

Comendas de batalhas de ficção. Lutas de mentira. E estrelas de latão. Valentes para ameaçar a democracia e o poder civil. Muito valentes contra desarmados. Contra inermes. E todo valente armado contra indefeso desarmado não é valente merda nenhuma. É covarde.

As estrelas de latão brilham por força do kaol. E não pelo mérito áurico. Mas eles, os generais do palácio, ostentam no peito medalhas de ouro. Feitas de ouro? Não. Banhadas de ouro? Não. Nada disso. São medalhas que eles preferem não ostentar, se não por vergonha, pelo menos por um resíduo de pudor. São as medalhas do Contracheque. Brilhantes, envergonhadamente brilhantes.

São esses os que questionam as urnas. Debocham das eleições. E não querem abrir mão de privilégios, vizinhos da ilegalidade. Irmãos da imoralidade!

Leia também: General Braga Netto recebeu quase R$ 1 milhão em dois meses.

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segunda-feira - 18/07/2022 - 13:32h

O sucesso do Brasil…

Brasil, bandeiraPor François Silvestre

…incomoda Bolsonaro.

O Brasil é um país de poucas admirações internacionais. Mas, há dois sucessos brasileiros que são reconhecidos internacionalmente.

Programa de vacinação nacional, tanto na rede pública quanto na rede privada de saúde, merece aplauso e respeito pelo mundo todo. Unanimidade que nada tem de burrice, tem de orgulho nacional.

Sistema eleitoral brasileiro, após a implantação das urnas eletrônicas, substituindo a forma precária dos votos em papel, que produziam fraudes quase como regra, as famosas bejeiras, substitutas das eleições da República Velha, do bico de pena, é também motivo de respeito internacional.

Será mera coincidência o fato de que Bolsonaro detesta, com todo vigor da sua fúria, exatamente essas duas ferramentas? Claro que não. Bolsonaro não gosta do Brasil, não gosta do povo, não gosta da Democracia. Bolsonaro gosta de Bolsonaro. Só. Pouco se lhe dá os sucessos do Brasil. Porém, entretanto, mas porém, há estupidez pra todos os gostos. A estultice não é privilégio apenas dos imbecis. Há instruídos no meio desse cipoal.

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  • Art&C 25 anos - Institucional - 19-12-2023
sexta-feira - 08/07/2022 - 19:26h
Constatação

Os doadores de bosta…

André Stefano Dimitriu Alves de Brito jogou artefato com fezes e foi preso (Foto: reprodução)

André Stefano Dimitriu Alves de Brito jogou artefato com fezes e foi preso (Foto: reprodução)

Por François Silvestre

…e a campanha de rua.

Lembro de uma estória antiga que contava um episódio didático. Um senhor mandou para um desafeto uma caixa de sapato, enrolada em papel celofane, contendo bosta de cavalo. O recebedor do presente devolveu ao inimigo um ramalhete de flores. E pôs um cartão com a frase: “Mando-lhe flores, que as tenho de sobra, enquanto você me manda merda, que deve sobrar na sua casa”.

Pois pois. O Bolsonarismo é riquíssimo em posse de merda. Foi merda espalhada por um drone. Depois, foi merda jogada no carro de um juiz. Ontem, na Cinelândia, diante da águia dourada do Teatro Municipal, um bolsonarista explodiu uma bomba de bosta (veja AQUI). Quem tem chefe cagão, possui cocô de sobra.

Essa é a marca da campanha; um lado oferecendo Democracia e o outro ofertando bosta. Cada um doa o que tem de sobra.

Estou convencido de que a campanha deve reduzir eventos públicos a céu aberto. É limitar-se a eventos fechados, com ampla divulgação nas redes sociais e na imprensa tradicional. E deixá-los estocando merda. Certamente farão bom uso dela. Será uma campanha suja, no sentido mais literal da expressão.

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sexta-feira - 01/07/2022 - 11:10h
François Silvestre

Aforismos desaforados…

letras, palavras, teclas, textos, nomes, datilografia, teclas, tecladoPor François Silvestre

O rio que passa é sempre outro”, mas as margens são as mesmas.

A rede é a mesma, o que muda é o endereço dos armadores.

A espuma, no chope, carrega a carícia de uma nuvem que se hospeda na mesa do bar.

O sonho é a ressurreição continuada da ilusão.

O antônimo da vida não é a morte, é a desesperança.

A criança é um aprendiz de adulto, e o adulto é uma criança que desaprendeu.

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  • Art&C 25 anos - Institucional - 19-12-2023
quinta-feira - 23/06/2022 - 12:26h
Brasil

República nanica

Por François Silvestre

De bananas? Sim, senhor. Mas é da banana ouro? Não. Prata? Não. D’água? Também não. É do bananal de nanicas. A banana nanica é grande, porém a bananeira de onde ela vem é anã. Pequenina. Frutos aparentemente pomposos vindo de fruteira raquítica. banana nanica

Esse recheio de bexiga quer chegar onde? Num jantar pomposo de figuras e raquítico de miolos. Jantaram ontem, escondidos, na penumbra da vergonha, não deles, onde vergonha não se aboleta, mas na vergonha nossa. Nossa triste e bananosa vergonha coletiva.

“Até quando Catalina, abusarás da paciência nossa”? Perguntou Cícero e ficou sem resposta.

Quem estava no rega bofe? Muitos. Mas bastam quatro nomes pra definir e fotografar o escárnio gigantesco dos comensais com a pequenez do respeito que eles têm por nós. Estavam lá, à tripa forra, Artur Lira, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro. Pensam que é ficção? Aconteceu mesmo. Juízes, suspeitos, candidatos, farsantes, todos juntos e misturados. Isenção de privada, não da vida, da latrina mesmo.

Penca de bananas nanicas, vindo da colheita de uma República anã. Com a mesma dimensão da bananeira que fornece bananas vistosas, de qualidade inferior. O resto do cacho não foi divulgado. Deve haver bananas menores escondidas, que preferem não sair ao claro e resguardar-se na penumbra úmida do bananal.

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segunda-feira - 20/06/2022 - 19:54h
Reflexão

O declínio da positividade

Por François Silvestre

Sou do tempo em que positivo era sinal do benfazejo. “Como vai”? E a resposta boa era: “Tudo positivo”. E tome o dedo polegar pra cima, dizendo Cézar ao gladiador para não matar. Até no jargão policial era assim: “Operante e positivo”. sinal-de-positivo

Acabou esse tempo. Desde o advento da Aids, a positividade entrou no beco penumbroso do medo. Positivou? Perigo sério. Ou, pelo menos, a vida não será a mesma.

Agora chega a Covid. Tanto faz o gênero do artigo. Hermafrodita, assexuadamente assustadora. Pois bem, meu organismo virou uma pensão de quinta categoria pra hospedar esse hóspede imundo e intrometido.

Conto. Embicou na pensão logo no início, quando apareceu na rua onde se aboletava a hospedaria do meu corpo. Contraí o bicho quando nada se sabia o que fazer pra expulsá-lo. Era ele no interior da pensão e o mundo vindo abaixo fora da rua, com toda carga masoquista de terror na mídia. Terror justificável. E aí a negatividade ganhou contornos de salvação.

Depois, apareceram os primeiros cadeados pra proteger a entrada da pensão. Fui atrás. Eram as vacinas. Tomei a primeira, Coronavac. A pensão recebia novamente sinais do hóspede, pra sentir sua aproximação e não deixá-lo entrar. Dias depois, a segunda dose, novo alerta na recepção da pensão. Parei aí? Não.

Fui buscar um cadeado novo, a terceira dose Pfizer. Meses depois, uma nova tranca, Astrazêneca. Tudo devidamente trancado, saí pra passear. Quando voltei, descobri ser hospedeiro novamente desse bicho imundo. Por conta das trancas, ele entrou com dificuldade e sem muita capacidade de estrago. Estava sendo reconhecido pelos corredores da pensão, que não lhe deu alimento nem trégua. Vai embora como entrou, sem levar qualquer brinde de lembrança.

Mas o certo é que já convivi com essa praga seis vezes. Duas dele próprio e quatro de pedaços dele, fatiados como trancas contra ele mesmo. Mas, como gostaria de ouvir daqui pra frente: “Diga aí o resultado”!? E a reposta: “Negativo”. Pois, pois, polegar pra cima agora é “negativo”.

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domingo - 12/06/2022 - 09:10h

A memória autofágica de Fux…

Por François Silvestre

…E a ameaça cavilosa do general da defesa.

É o país do presente. O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, declarou ontem que “Não podemos esquecer o Mensalão”. É mesmo, Ministro? O senhor tem certeza de que essa rememoração lhe cai bem?

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux (Foto: Veja)

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux (Foto: Veja)

Vejamos. O então juiz e depois Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Fux, fez da sua vida uma cruzada pra chegar ao Supremo Tribunal Federal. Quem diz isso? Ele próprio. Ele conta que tentou duas vezes, sem sucesso. E usa uma sub metáfora do futebol para definir: “Bati na trave, duas vezes”.

Preterido nas duas vezes, pelos governos do PT, ele tentou de novo. Foi quando do processo do Mensalão. Procurou Zé Dirceu e prometeu: “Eu matarei no peito esse Mensalão”. Foi Zé Dirceu quem contou? Não. foi o próprio Fux. Aí foi indicado e tomou a toga máxima. Grato pela indicação? Não. Vingou-se das duas batidas na trave. E foi mais virulento do que Joaquim Barbosa, punitivista vigoroso, a tocar guitarra num festa da corte, exibindo seu ranço de jurista perna de pau. Pra guardar a sub metáfora do futebol.

Agora ele cobra lembrança do episódio. É bom mesmo que se guarde a memória desse tipo de magistrado de fancaria, que agride a Magistratura de Primeira Instância, dos Juízes de Comarcas, concursados, que distribuem Justiça pelos rincões do Brasil. Magistratura é uma coisa, dignificante. Poder Judiciário é outra coisa.

Pra encerrar, taí o Ministro de Defesa do executivo, um general pouco instruído, querendo dar aula de constitucionalidade à Justiça eleitoral. Esse é o país que merecemos? Nem precisa responder.

François Silvestre é escritor

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quarta-feira - 08/06/2022 - 13:20h
Opinião

O bufão bufa de novo

Por François Silvestre

E há explicações pra isso. Tem nada a ver com decisões do Supremo e muito menos com a defesa dos seus vassalos. Nada a ver.

rosnando-o-homem-com-dentes-maus-104193097Tem a ver com as pesquisas eleitorais. Ele perde em todas, inclusive naquelas de institutos claramente vinculados ao sistema oficial. Exemplo da Paraná Pesquisa. Que aproxima aqui, empata ali, mas quando chega no segundo turno, rende-se à realidade. E até no primeiro dá vitória de Lula. Apertada, mas dá.

Os outros institutos mostram quadro quase irreversível da derrota de Bolsonaro. Essa é uma das causas do seu destrambelhamento, com o ramerrão da chantagem, usando o fato de ser “chefe das forças armadas”. Formas Armadas que ele não cansa de humilhar. Ranço antigo. Perdeu totalmente o senso do ridículo.

Outra causa é o descontrole da economia. O desemprego, a inflação, a desvalorização do Real. Agora, com a tentativa de enfiar a mão no bolso dos Estados.

Pra completar, esse sumiço de um jornalista inglês na Amazônia. Que, mesmo sem haver culpa direta, atrai os olhares e interesses internacionais para aquela região. E o governo sabe muito bem qual a sua fama sobre meio ambiente e direitos humanos.

Essas são as razões reais. A agressão ao Supremo e ao sistema eleitoral é apenas uma cortina de fumaça. Fumaça de estopa.

Veja AQUIBolsonaro avisa que não vai respeitar o STF.

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  • Art&C - PMM - 12 de Abril de 2024 - Arte Nova - Autismo
terça-feira - 07/06/2022 - 18:30h
No STF

A saudável malandragem togada

Por François Silvestre

Nunes Marques: posição no STF (Foto: STF)

Nunes Marques: posição no STF (Foto: STF)

O Ministro K. Nunes Marques, Kassio conká, deu um banho de malandragem benéfica à Democracia. E eu começo a rever minha opinião sobre ele. O que fez o “dez por cento” de Bolsonaro, segundo diz diz o próprio néscio Presidente sobre os votos de Kassio, nesse episódio?

Vejamos. Ele revogou uma decisão colegiada do Superior Tribunal Eleitoral (STF), que cassara os mandatos de alguns deputados bolsonaristas. Não me interessa o relatório do fato. Não estou peticionando a ninguém nem me interessa o desfecho forense.

Interessa-me o desfecho político. Ele agradou ao dono dos seus votos. Será?

Então, a comunidade jurídica esperneou. A babaquice de esquerda senil também. Analfabetos jurídicos e políticos. O Presidente da Corte convocou o Pleno pra votar. O outro “dez por cento” de Bolsonaro, André Mendonça, pediu vistas. Interrompeu o julgamento do Pleno. Deixando válida a liminar de Kassio Nunes.

O que fez Kassio? Colocou na pauta da Segunda Turma, que ele preside, o julgamento da sua decisão. Nesse julgamento, Mendonça não pediu vista. Votou com o colega “dez por cento”. Os “vinte por cento” de Bolsonaro estavam configurados. Só que os outros três Ministros da Segunda Turma não são percentuais de ninguém. E tanto Kassio quanto Mendonça sabem disso.

Resultado? A decisão de Kassio Nunes Marques caiu. Simples como o nascer do sol primeiro no Oriente. Um banho de malandragem togada. Quem quiser que compre uma bicicleta usada dessa turma. Eu não.

Sabem os “vinte por cento” que o indicador deles tá no fim de carreira. E eles estão correndo pra cair fora. Ou não?

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Categoria(s): Opinião
domingo - 05/06/2022 - 12:10h

A solidão dos deuses

Por François Silvestre

Ponho todos em letra maiúscula por respeito e reverência à condição humana de ser maternidade de Deuses. O ser humano, só, ou na tribo, não se explicava nem se compreendia. Era preciso pedir ajuda à sua capacidade inventiva de justificar-se, de nascer, de pensar. E se descobrindo pequeno, indefeso, incapaz de abastecer-se de informações sobre si mesmo, pediu socorro à angústia de si próprio.formacao_1600x1200-a-fe-coragem-pra-caminhar-sem-ver

Foi por aí que se assumiu criatura, na comodidade de dispensar respostas, e culpou o criador. Estava criado o responsável pela sua própria miserável dúvida.

Deuses dos sumérios, dos etruscos, dos fenícios, dos caldeus, dos gregos, dos romanos, dos hebreus, dos africanos, dos chineses, dos silvícolas. Há Deuses de todas das certezas e banhados de todas as dúvidas.

O Deus hebraico é o que pontifica, coitado, no turno da nossa cultura daqui desse Ocidente de moral decadente, de moralistas amorais. Na pesquisa de RosenstockHuessy, sobre a origem da linguagem, a palavra Deus, desde o sânscrito e antes do pré-senmítico não significa aquele que cria, ou seja, o criador. Não. Significa aquele que fala. E se você for ao texto da Torá, nas suas duas versões, verá a confirmação dessa assertiva.

O que diz lá? “No principio era o verbo e o verbo era Deus”. A outra versão da Torá informa: “O princípio era o verbo e o verbo era Deus”. Numa, o princípio é adjunto adverbial de tempo. Na outra, é sujeito. Em ambas, Deus não cria. Fala. Consta dos livros do Pentateuco, atribuídos a Moisés, dos quais Moisés nunca escreveu uma página.

Da Torá nasceram três doutrinas filo-religiosas. O Judaísmo, professado por Jesus, o Cristianismo, criado por Constantino, e o Islamismo originado por Maomé.

Dos Deuses das mitologia destacam-se os gregos e latinos. Numa correspondência quase simétrica. Zeus, Deus maior dos gregos. Júpiter, dos latinos. Baco, da farra, vinho e arte, dos latinos. Dioniso, do vinho e arte dos gregos. Apolo, da retidão, sofria, como apolíneo, a oposição do dionisíaco.

Mas não posso deixar sem registro a mitologia caldaica; que em matéria de Deuses, pra mim é tão ou mais exuberante do que as referidas. E lembro de A’Nuhr, o Deus supremo dos céus dos caldeus, que sofria a cobrança constante da Deusa Is’tahr, senhora das paixões e fertilidade. E num desses embates, ela ameaçou: “Ou faz como peço ou cortarei por um segundo o fio do amor, quebrando a sinfonia do erotismo universal”.

Ponto e vírgula.

François Silvestre é escritor

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terça-feira - 31/05/2022 - 21:48h
Confissão

Não sou ateu

Por François Silvestre

Não. Ninguém é. Até quem não crê em nada, crê no nada. E o nada é um deus. Cada povo, cada gente, cada tribo, cada aldeia, cada ser pensante tem um deus. Mesmo negando os deuses dos outros. Por que deus é angústia. E a humanidade, angustiada, é uma fornalha de parir deuses. Uma maternidade de deuses. Enfermaria de crenças, com berços de amparo aos desvalidos que tentam explicação do que não entendem. Deus, céu, mar, luz do sol, fé

Nasci e me criei sob o tacão do deus hebraico. Nunca viajei com Abraão saindo de Ur, da Suméria, em busca do Golfo Pérsico. Não. Nasci no sertão mais peba dos sertões. Que nem é o de Guimarães Rosa. Mas, fui obrigado a dobrar os joelhos pro deus de Abraão.

Contar pecados no confessionário para emissários do deus hebraico. Punhetas e troca troca. Rezar orações sem saber o que significavam.

Aí, cresci. Aprendi e descobri o meu deus. Que não possui templos, não tem padres castos de mentira nem pastores picaretas. Bandidos que em nome do deus hebraico, coitado deus, enganam, roubam e assassinam o próprio deus.

Aprendi ainda jovem, com Spinoza, quem era Deus. A Natureza. Deus onipresente, que está em todos os lugares. Não há lugar onde ele não esteja. Não há. Ele é a rosa que desabrocha e é também a erva daninha que mata a roseira.

E como todos os lugares têm seu deus; os deuses da China, da Índia, do Tibete, das tribos africanas, dos hebreus, dos judeus, o Brasil também tem seu deus original. É Tupã. Sem templos, sem orações, sem cobranças.

Sua túnica é a sombra do jacarandá, no sol. Seu amparo é o caramanchão de bambus, na chuva. Taí meu deus. Tupã. Que não ampara nem justifica hipócritas santificados de exploração dos tolos.

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quinta-feira - 26/05/2022 - 20:36h
Crueldade fardada

Câmara de Gás em carro da PRF

Por François Silvestre

O que falta acontecer neste país brutalizado, estuprado e descido à condição de submundo do crime oficial. Crimes de Estado. Após chacina em favela do Rio, com aplausos de Bolsonaro, esse genocida cotidiano, acontece algo que nem a ficção pensaria.

Policiais prendem homem no camburão e gás faz o resto do "serviço" cruel (Foto: reprodução)

Policiais prendem homem no camburão e gás faz o resto do “serviço” cruel (Foto: reprodução)

Uma radiopatrulha da Polícia Rodoviária Federal, nova menina dos olhos do genocida, numa cidade interiorana de Sergipe, aborda um jovem negro que nenhuma reação esboçou. O rapaz, sob tratamento psiquiátrico, entregou documentos e receitas das suas medicações.

Os presentes informavam que o rapaz era doente. Nada adiantou. Amarraram pernas e braços do rapaz. Parou aí? Não. Jogaram o rapaz no camburão do veículo, baixaram a tampa, deixando de fora as pernas do pobre coitado. Dos lados da tampa fechada, empurrada pelos policiais bandidos, pressionando as pernas do preso, saía uma fumaça branca, que cobria todo o veículo. Uma câmara de gás instalada no camburão (veja AQUI).

Qualquer semelhança com as câmaras dos campos de concentração nazistas não é mera coincidência. Varia de tamanho e operacionalidade, mas o espírito da brutalidade, da desumanidade é o mesmo.

A população da cidade está passada de revolta (veja AQUI). É essa polícia que Bolsonaro está equipando, de material e espírito, para transformar o Brasil num gueto de repressão, tortura e morte. Tudo para preservar a liberdade deles. Eles, família e quadrilha, falsos militares fardados e milicianos a paisana.

A revolta dos habitantes de Sergipe há de ser uma revolta nacional. Não para responder com violência, mas com denúncia e protesto. E depois desalojar, pelo voto, esses bandidos que assumiram o poder democraticamente com o fim de matar a Democracia. O mesmo que os arquétipos da Alemanha e Itália fizeram nos anos Trinta do Século passado.

Nota do Canal BCS – Blog Carlos Santos – Vi essa cena de terror e logo minha memória foi remetida a documentário sobre a “solução final” do nazismo, com carros/furgões fechados e o gás da combustão sendo jogado para o seu interior, matando homens, mulheres, crianças, idosos. Não consegui ver o vídeo por inteiro e me pergunto o que pode levar “homens da lei” à tanta crueldade.

E o que fariam se não estivessem sendo filmados?

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