• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 30/01/2022 - 11:38h

Safra de melão e melancia termina sob grandes desafios

Por Josivan Barbosa

Estamos terminando a safra de melão e melancia que se iniciou em agosto de 2021. A avaliação é que o produtor teve que enfrentar grandes desafios em função dos custos de produção e dos custos da logística de exportação. O mercado interno respondeu satisfatoriamente em termos de demanda.

Melão passa a ter mercado interno como principal foco nesse período (Foto ilustrativa)

Melão passa a ter mercado interno como principal foco nesse período (Foto ilustrativa)

Durante a semana passada estivemos percorrendo algumas áreas das regiões produtoras. Somente as grandes empresas têm melão e melancia no campo, sendo que a partir de agora prevalece o cultivo de melão amarelo, usando sementes de híbridos mais resistente aos problemas de bactérias.

As grandes empresas possuem custos fixos elevados e tentam, apesar das condições climáticas adversas, manter pequenas áreas de produção como forma de atender o mercado interno predominantemente e assim, cumprir com parte dos custos. Em geral, o cultivo de melão na época das chuvas ocorre em terrenos mais arenosos.

A partir de agora o mercado da Europa será atendido pelas empresas exportadoras da América Central (Costa Rica, Honduras e Panamá).

Os preços do melão e da melancia voltaram a subir no mercado europeu, depois de um semestre de preços relativamente baixos. O melão Galia e o Cantaloupe estão sendo comercializados na faixa de 7 – 8 euros e os melões amarelos em torno de 8 -9 euros. A melancia está alcançando o preço de 0,85 euros. O consumo do melão na Europa é favorecido pelas condições climáticas, sendo que em tempos de neve o consumo cai.

Comunidades isoladas na Estrada do Cajueiro

Durante a semana trafegamos mais uma vez pela Estrada do Cajueiro (BR 437) e, nesse período de chuvas, a situação não é nada fácil para as diversas comunidades que estão instaladas ao longo da Estrada. O isolamento já começa vizinho ao Distrito de Jucuri, onde os assentamentos Vingt Rosado, Cristais, São José I, II e III e a comunidade de Barreira Vermelha ficam completamente sem condição de acesso à BR 405 que passa no Distrito de Jucuri.

Ao longo da Estrada do Cajueiro outras comunidades sofrem sem a pavimentação dessa rodovia federal. As comunidades de Boa Sorte, Veneza e Baixa Branca (na divisa com o município de Limoeiro do Norte – CE) ficam praticamente incomunicáveis, em razão de que a região possui solos argilosos e nesse período chuvoso o acúmulo de água e lama na superfície da estrada é assustador. Só sabe da dificuldade quem é obrigado a usar a estrada.

Enquanto os nossos parlamentares federais e os senadores não mostram força política para alocar recursos para a tão esperada Estrada do Cajueiro, a população vai perdendo as esperanças e já é muito nítido o abandono das residências ao longo dos 32 km que separam a BR 405 da divisa com o Ceará. No trecho compreendido entre o final da Estrada do Melão (Etapa 3) e a comunidade Km 60 (trecho no Estado do Ceará), há uma manutenção mais cuidadosa e o sofrimento da população é minimizado.

Milho

Após 30 dias de chuvas na região e diante das perspectivas de um inverno regular, não há outra opção para o produtor familiar que não seja cortar a terra e colocar a semente no campo.

Dentro do binômio milho/feijão, a semente do milho está sendo comercializada a preços inacessíveis para o agricultor familiar. Há híbridos cujo preço da semente ultrapassa R$ 50,00 por quilo.

Uma opção é buscar alternativas, mas sempre procurando um material genético (híbrido) com boa performance produtiva e de custo acessível, sem esquecer da segurança da germinação. Nesse sentido, uma empresa produtora de sementes instalada do DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe – Apodi) possui uma híbrida com preço em torno de R$ 7,50 por quilo.

Há, também, outras sementes alternativas que estão sendo comercializadas até a R$ 4,00 por quilo. Nesse caso, o produtor precisa ter muito cuidado com a qualidade da semente, porque os custos de instalar a cultura são elevados e a perda de um talhão pode inviabilizar todo o período chuvoso que ele tem para cultivar o milho.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 23/01/2022 - 11:00h

Apicultura ganha Núcleo de Capacitação Tecnológica

Por Josivan Barbosa

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) ganha um Núcleo de Capacitação Tecnológica em Apicultura (NCTA). O novo prédio, instalado na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, é para o apoio administrativo e financeiro. A inauguração aconteceu na sexta-feira, 21, nesse local, localizado na comunidade de Alagoinha. O NCTA é ligado ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade do Semiárido.

Apicultura (Foto ilustrativa)

Apicultura (Foto ilustrativa)

O espaço físico conta com bloco didático, voltado a cursos, pesquisas, serviços de extensão, capacitações, orientações e assistência técnica a apicultores do Semiárido nas atividades específicas da área de Apicultura, além de equipamentos científicos voltados para apicultura.

O prédio do NCTA funcionará como um núcleo avançado de pesquisa e difusão de tecnologia na área de apicultura da Ufersa, com o objetivo de apoiar e possibilitar aos apicultores aprimoramento de seus conhecimentos sobre as metodologias modernas da apicultura, permitir uma melhor competição no negócio rural apícola nacional e internacional e incremento da exportação dos produtos da apicultura e da meliponicultura (abelha sem ferrão).

Também é objetivo do Núcleo fornecer assistência técnicas aos apicultores do Semiárido nas diversas áreas da apicultura (patologia apícola, manejo, comercialização, embalagem, legislação apícola, seleção e melhoramento de rainhas, processamento de cera moldada etc ) e aprendizado de metodologias modernas que atendam o exigente mercado apícola nacional e internacional. O projeto representa investimento na ordem de R$ 1,5 milhão.

As pesquisas com apicultura na Fazenda Experimental da Ufersa teve início em 2004 e hoje podemos dizer que naquela fazenda há duas histórias uma antes e outra após a chegada do professor Lionel Seghi Gonçalves, líder das pesquisas no país em apicultura. Hoje as pesquisas são lideradas pela professora Kátia Kamacho que segue em sintonia com o professor Lionel.

Energia eólica off-shore

O Estado do Rio Grande do Norte ainda vai ter que aguardar pelo menos mais dois anos para que os projetos de geração de energia eólica off-shore (em alto mar) se tornem realidade. O grande desafio é ultrapassar as etapas burocráticas de regularização do setor.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEÓLICA) tem pressa para que as diretrizes regulatórias de contratação de eólicas offshore saiam, já que investidores que aportam no mercado internacional se interessam pelo Brasil.

O Ministério de Minas e Energia (MME) trabalha com a Casa Civil da Presidência da República na consolidação de contribuições para o estabelecimento da primeira regulamentação de energia eólica offshore no Brasil.

Algumas empresas colaboraram ativamente nas discussões para a definição da legislação a ser adotada no país, como a Neoenergia, que tem como acionista majoritário a espanhola Iberdrola, e com um arcabouço legal definido, a expectativa é que projetos avancem.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) acumula 23 processos por licenças ambientais que estão em análise, que totalizam mais de 46 GW de potência. Entretanto, o instituto confirmou que apenas dois apresentaram Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima).

Exportação de frutas

Finalmente, o Brasil ultrapassou a cifra de 1 bilhão de dólares em exportação de frutos. Esse desafio estava sendo perseguido pelos exportadores há pelo menos uma década.

O brasil exportou 1,2 milhões de toneladas de frutos, correspondente a 1,06 bilhão de dólares. Isso representa um incremento de 18% em volume e 20% no faturamento em relação ao ano de 2020.

Além do aumento das vendas no mercado externo favorecido pela preocupação das pessoas com produtos saudáveis, a valorização do dólar e do euro frente ao real, contribuiu para que o país conseguisse ultrapassar a casa do 1 bilhão de dólares em exportação de frutos.

A manga, produzida principalmente no Vale do São Francisco, foi o fruto que mais contribuiu para o incremento das exportações. O país exportou 275 mil toneladas, o que representa um aumento de 12% em relação ao ano de 2020.

A maçã teve uma evolução de 79% nas cifras de exportação e de 58% nos volumes exportados. O país atingiu 99 mil toneladas de maçã, sendo que 70% foram destinadas ao mercado europeu.

A uva, também produzida no Vale do São Francisco, teve um incremento de 55% em volume e 43% em valor exportado.

O mamão, melão, melancia e limão tiveram também importantes incrementos na safra passada.

O negócio rural brasileiro em 2021

As exportações do agronegócio somaram US$ 120,6 bilhões em 2021, um crescimento de 19,7% em comparação com o ano anterior, e as importações, por sua vez, aumentaram 19%, somando US$ 15,53 bilhões.

O saldo da balança comercial do setor encerrou o ano com superávit de US$ 105,5 bilhões, montante 19,8% maior que o de 2020, informou o Ministério da Agricultura nesta quinta-feira.

Mesmo com o crescimento de dois dígitos das exportações do agronegócio, a participação do setor nas vendas totais do país ao mercado externo diminuiu: a fatia, que foi de 48,1% em 2020, desceu para 43% no ano passado.

A China continuou a ser o principal destino dos embarques do agronegócio brasileiro, com importações que representaram mais de um terço das vendas externas do setor. A participação chinesa passou de 33,8% para 34% com o crescimento de 20,6% nas compras, que somaram US$ 41 bilhões em 2021.

O complexo soja manteve a hegemonia nas exportações brasileiras do agro no ano passado, respondendo por 39,8% do total, com embarques que somaram US$ 48 bilhões). Na sequência, pela ordem, aparecem os segmentos de carnes (US$ 19,86 bilhões, montante 16,5% maior que o de 2020), produtos florestais (alta de 11,6%, a US$ 13,94 bilhões), complexo sucroalcooleiro (aumento de 8,5%, para US$ 10,26 bilhões; e café (embarques de US$ 6,37 bilhões, ou 5,3% a mais que no ano anterior). Juntos, esses cinco grupos responderam por 81,6% de todas as exportações do agronegócio brasileiro.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C 25 anos - Institucional - 19-12-2023
domingo - 16/01/2022 - 12:30h

Mas, afinal, o que é uma cidade inteligente?

Por Josivan Barbosa

Muito tímido o programa da Prefeitura Municipal de Mossoró denominado de Mossoró Digital. Não há como se implantar um bom programa dessa natureza sem a contratação de uma equipe de profissionais diferenciados da área de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC). Importante ainda um convênio bem delineado com uma instituição que gera produtos digitais, a exemplo do Instituto Metrópole Digital da UFRN.

O município de Mossoró precisa compreender que cada vez mais cidades necessitam avançar para o que denominamos de cidades inteligentes. O termo designa o uso da tecnologia da informação para melhorar a gestão dos municípios e os serviços oferecidos à população.

O movimento de cidades inteligentes deve estar em sintonia com a demanda por infraestrutura de conectividade, aquecendo o mercado das grandes operadoras, mas sobretudo de provedores regionais, com maior penetração no interior do país. O investimento das cidades em tecnologia também aumenta os pedidos por equipamentos, como câmeras de videomonitoramento, e o desenvolvimento de soluções inteligentes e novos modelos de negócios e contratos entre empresas, startups e poder público. Nada disso se observa no programa que a prefeitura está denominando de Mossoró Digital.Cidades inteligentes do Brasil

Mas, afinal, o que é uma cidade inteligente? A consultoria Teleco, especializada em telecomunicações, criou até um ranking sobre o assunto, que tem na liderança o município de Uberlândia (MG), seguido por Campo Grande (MS), Fortaleza, Santo André (SP) e Belo Horizonte (Infográfico acima). “De modo geral, é uma gestão da cidade que tem como base uma  infraestrutura de tecnologia da informação, facilitando a interação com a sociedade e o oferecimento de serviços”, diz o presidente da Teleco, Eduardo Tude.

Ele ressalta que a tecnologia precisa ser “humana”. Quer dizer melhorar a vida das pessoas. Entre os setores e equipamentos que podem ser digitalizados, estão semáforos, monitoramento de trânsito, câmeras de vigilância, prontuário médico, iluminação pública, limpeza e educação.

As cidades precisam ter uma infraestrutura de conectividade abundante. Grande parte desse investimento será das operadoras de telecomunicações regionais, que estão mais espalhadas pelo país do que as grandes e hoje fornecem mais da metade de todo acesso de banda larga do país. De forma complementar, os provedores regionais oferecem parte da infraestrutura existente nos municípios menores.

Um marco para a expansão das cidades inteligentes foi o leilão do 5G, que possibilitará uma expansão da internet das coisas (IoT), a interconexão digital de objetos físicos – conceito que permite, por exemplo, a instalação de câmeras e semáforos inteligentes, que transmitem dados entre si e para uma central de operações.

Um projeto de cidade inteligente na nossa Mossoró precisava ter foco na área de mobilidade urbana e segurança. O município poderia iniciar com uma ferramenta usada para controle de estacionamentos rotativos ou instalação em carros de forças de segurança municipais. Seria uma espécie de radar móvel, que detecta placas de carros roubados e com tributos vencidos.

Além disso, com o uso de tecnologia inteiramente nacional, a prefeitura poderia avançar em outros serviços que direcionaria para um projeto de cidade inteligente como por exemplo, o desenvolvimento de postes inteligentes, que, além da iluminação, podem agregar funções como câmeras, sistema de energia solar e transmissão de dados sem fio – que possibilitam monitoramento do trânsito e até de risco de enchentes.

O município não precisa ter receio para avançar num projeto dessa natureza, porque as tecnologias estão ficando mais baratas e eficientes. Se a prefeitura otimizar recursos orçamentários, o que pode ser feito através da digitalização, entrará em sintonia com a demanda da população por serviços mais modernos.

Cooperativa de pitaya

Já defendemos neste espaço que a região do Médio e Alto Oeste do RN poderia ser a sede de um grande projeto de agricultura familiar com base na cultura da pitaya. Da última vez que defendemos a intervenção de uma política pública nesse sentido, exemplificamos com uma associação de produtores do Peru. Agora vamos ampliar o exemplo com uma cooperativa da Espanhola de Pitaya, a primeira daquele país.

Pitaya, uma cultura atraente (Foto: Fresch.ce)

Pitaya, uma cultura atraente (Foto: Fresch.ce)

Na região de Andalucía o fruto está se tornando muito importante com demanda crescente no mercado europeu. É um produto de fácil cultivo e boa adaptação em clima subtropical, como na região de Andalucía, o que tem facilitado o trabalho dos produtores da cooperativa S.C.A. Pitayas de Andalucía.

Atualmente, a S.C.A. Pitayas de Andalucía é formada por 67 produtores Huelva, Sevilla, Cádiz, Extremadura y Portugal e representa a primeira cooperativa internacional de pitaya. A cooperativa de Andalucía está procurando uma parceria com produtores da região de Málaga para ampliar a produção de pitaya.

No ano passado a cooperativa comercializou 10 toneladas e este ano ampliou para 80 toneladas. Na próxima temporada, que se inicia em junho a cooperativa pretende alcançar 300 toneladas. Se se concretizar a parceria com os malagueños, a cooperativa poderá atingir 500 mil toneladas.

A cooperativa conta com um armazém que recebe a produção de todos os sócios e é onde o produto é preparado para o mercado.

No ano passado a cooperativa exportou a pitaya para a Holanda, Reino Unido, e Itália. Neste ano pretende ampliar para a França e Alemanha.

A cooperativa fornece assistência técnica apara os sócios em todas as etapas da produção e na   pós-colheita.

Em nível de produtor, a pitaya é vendida em torno de 4,5 – 5,0 euros/kg, um preço muito atrativo para esse nicho de mercado.

Exportação de limão Tahiti para o Chile

Na semana passada colocamos neste espaço que o Polo de Agricultura Irrigada RN – CE está avançando no cultivo de limão Tahiti. Depois de ser cultivado na região do Vale do São Francisco (Petrolina – Juazeiro) e no Estado do Piauí na década de 90, o limão Tahiti chega com mais vigor na nossa região. O limão Tahiti já tinha algumas experiências de cultivo em Baraúnas e em Upanema e agora se expande para a microrregião produtora do DIBA (Distrito Irrigado Baixo-Açu) e região de Touros.

Agora vem a boa notícia de que o Chile acaba de liberar a importação de limão tahiti do Brasil após negociações feitas pela Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS) e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (APEX) – Projeto Frutas do Brasil.

No ano passado o Chile importou 5 milhões de dólares. A Abrafrutas trabalha com a expectativa de conquistar 50% dessa fatia.

A abertura do mercado chileno para o limão Tahiti reduz a dependência dos produtores brasileiros do mercado da Comunidade Econômica Europeia, principal comprador.

O Brasil poderá oferecer o produto a preços mais competitivos em função da proximidade do mercado.

O principal concorrente para o limão Tahiti no mercado chileno é o Peru devido à facilidade de logística, mas o Brasil pode avançar muito no quesito qualidade.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 09/01/2022 - 11:42h

Chuvas podem aliviar perdas de grande reservatório de água

Por Josivan Barbosa

O ano de 2022 se inicia trazendo grandes expectativas para as empresas de agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que necessitam da água da barragem do Castanhão. As chuvas na região do Cariri Cearense e no Alto Jaguaribe nesse início de ano têm contribuído para aumentar a esperança de que o maior açude de uso misto de água do Semiárido possa, após quase uma década seco, voltar a ser o principal fator de desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Estado do Ceará.

Castanhão tem ainda baixo nível de armazenamento nesse início de 2022 (Foto: reprodução BCS)

Castanhão tem ainda baixo nível de armazenamento nesse início de 2022 (Foto: reprodução BCS)

A limitação de água no Castanhão prejudicou fortemente a expansão de novas áreas irrigadas e trouxe sérios prejuízos para os produtores de frutas destinados ao mercado externo. Alguns desses produtores foram obrigados a romper os contratos com os importadores e perderam o mercado.

Outros tiveram que procurar água em outras regiões do Semiárido, como o Estado do Piauí que abrigou duas grandes empresas exportadoras da nossa região.

Após as últimas chuvas (08/01/2022), o Castanhão apresenta os seguintes números: cota: 77,02 com aumento de 16 cm em 2022; capacidade acumulada: 8,26% o que equivale a  554 milhões de metros cúbicos; vazão para o Rio Jaguaribe:  6000L; vazão para os perímetros irrigados: 9000 L.

As perdas pós-colheita x falta de contêineres 

Em 2020 as cadeias de fornecimento de frutas e hortaliças viram-se afetadas por profundas dificuldades. Em função da pandemia, houve fechamento de agroindústrias, mas não somente isso. As tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China contribuíram para a falta de contêineres e para a redução de fluxos marítimos.

As dificuldades de abastecimento continuaram em 2021, em particular com o bloqueio do Canal de Suez pelo porta contêiner Ever Given por quase cinco meses. O bloqueio imobilizou um grande número de contêineres e navios o que provocou estrangulamentos nos portos de várias partes do mundo.

Produtos precisam de condições adequadas para chegada ao mercado consumidor (Foto ilustrativa)

Produtos precisam de condições adequadas para chegada ao mercado consumidor (Foto ilustrativa)

Essa situação teve enorme repercussão no setor hortifrutícola, ocasionando grandes prejuízos.

Esses reiterados problemas têm levado muitas empresas do setor a armazenar grandes volumes de frutas e hortaliças, evitando assim, qualquer escassez no mercado varejista.

Uma das consequências do atraso de navios é o congestionamento de produtos em função da chegada simultânea, o requer um esforço hercúleo dos operadores para reembalar os produtos que ainda tem qualidade para satisfazer as exigências do consumidor.

A natureza perecível dos frutos e hortaliças tem provocado grandes perdas pós-colheita e de oportunidades de mercado.

Umas das medidas que precisam ser adotadas em 2022 pelos exportadores de frutas e hortaliças é a reserva antecipada (3 a 6 meses) de contêineres para que os contratos com fornecedores e clientes não sejam afetados. Isso vale para os exportadores brasileiros, especialmente os de frutos tropicais que são, na sua maioria, altamente perecíveis e que, portanto, necessitam de contêineres refrigerados como  uva, manga, melão, melancia e mamão.

A competição por contêineres refrigerados provocou aumento dos fretes marítimos, mas o exportador, na maioria dos casos não conseguiu repassar os custos para o consumidor em função dos aspectos econômicos causados pela pandemia.

Diante desses problemas, a gestão da cadeia de fornecimento será neste ano o centro das atenções das empresas do setor de frutas e hortaliças que trabalham com o comércio ultramar.

Aumenta o cultivo de limão Tahiti

O Polo de Agricultura Irrigada RN – CE está avançando no cultivo de limão Tahiti. Depois de ser cultivado na região do Vale do São Francisco (Petrolina – Juazeiro) e no Estado do Piauí na década de 90, o limão Tahiti chega com mais vigor na nossa região. O limão Tahiti já tinha algumas experiências de cultivo em Baraúnas e em Upanema e agora se expande para a microrregião produtora do DIBA (Distrito Irrigado Baixo-Açu) e região de Touros.

A ampliação da área de cultivo de limão Tahiti no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE coincide com uma expansão do volume de exportações de limão brasileiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou 126,4 mil toneladas de limões e limas entre janeiro e outubro, faturando US$ 108,1 milhões. Volume e receita cresceram 6% em relação a 2020.

A produção de limão para o mercado externo está concentrada no Estado de São Paulo, mas pode se tornar em curto prazo uma excelente alternativa para diversificar a produção de frutas na nossa região.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - Ecomax - Bosque das Carnaúbas - 10 a 24 de Abril de 2024
domingo - 12/12/2021 - 11:24h

Melão chega à China ocupando vácuo no mercado asiático

Por Josivan Barbosa

A Agrícola Famosa colocou o seu primeiro carregamento de melão na China na primeira semana de dezembro. Os melões são da cultivar Dino (grupo inodorus) que são caracterizados por casca suave de cor branca, firme e doce. A parte externa da casca lembra um ovo de dinossauro, daí o nome Dino.

A Agrícola Famosa tem um mercado cativo na Europa e nos Estados Unidos, o que poderá facilitar o sucesso da comercialização naquele país asiático.

Produto já ocupa outros mercados internacionais (Foto: reprodução)

Produto já ocupa outros mercados internacionais (Foto: reprodução)

O melão Dino tem excelente vida útil pós-colheita o que favorece o envio por via marítima e é uma variedade que atende bem ao mercado chinês em termos de preço e qualidade organoléptica (sabor e doçura).

O melão brasileiro dispõe de uma janela de exportação para a Ásia de poucos meses (outubro até início de fevereiro). Dificilmente o produtor tentará produzir melão no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE a partir de fevereiro, quando se inicia mais fortemente o período chuvoso, o que afeta a qualidade do produto.

A tendência é de que a Agrícola Famosa trabalhe com poucos volumes do melão Dino para a China, pois nesse primeiro momento, a empresa fará um estudo de mercado e precisa saber como será a receptividade do produto pelos chineses.

Dois aspectos contribuem para que a empresa trabalhe cuidadosamente o mercado da China para melão no momento: a continuidade da pandemia no Brasil e a dificuldade de contêineres para o transporte marítimo da fruta.

A Agrícola Famosa pretende oferecer melões de qualidade diferenciada para a China e não vai se precipitar com o aumento da quantidade.

As perspectivas do melão Dino oriundo da Agrícola Famosa são boas, ao ponto do importador ter afirmado que como o melão chega ao mercado Chinês num período de baixa produção nacional, o melão brasileiro preenche esse vácuo deixado pelo produtor chinês. Nesse período do ano, apenas a região de Hainan produz melão.

Poucos países tem autorização para exportar melão para a China. Até o momento, apenas Myanmar, Kirguistán, Uzbekistán e Brune possuem, oficialmente, essa vantagem competitiva. Estes países têm dificuldade em termos de transporte e de qualidade do produto, o que facilita para o melão brasileiro.

A variedade Dino tem flavor (sabor e aroma) diferenciado o que pode acelerar a aceitação do produto pelos chineses.

Melão Dino no mercado americano

A oferta de um melão considerado especial, a variedade Dino está conquistando o mercado americano. O melão Dino tem casca branca e manchas verdes.

As exportações dessa variedade para os EUA iniciaram-se em outubro e a expectativa é que continue até março, com um embarque semanal. O pico de envio de melão para os EUA ocorrerá de novembro a janeiro.

O melão Dino tem flavor (sabor e aroma) agradável e apresenta alto teor de sólidos solúveis (graus brix). Além disso, é um fruto que apresenta excelente potencial de vida útil pós-colheita em sistema de refrigeração, o que facilita o transporte por via marítima.

Segundo a Agrícola Famosa, a aceitação do produto no mercado americano é crescente. A cada dia o consumidor americano vai se familiarizando com o melão Dino.

Um dos aspectos que tem complicado a exportação de melão para os EUA é a logística em função dos altos preços do frente marítimo do Brasil para os EUA.

Na Estrada da raiz em Aracati tem uma arena

É muito comum fazermos comparações do desenvolvimento econômico e social do vizinho estado do Ceará com o nosso Rio Grande do Norte. Desta vez vamos exemplificar com um fato bem perto de nós.

No fim de semana anterior (sábado, 4), fomos participar de um amistoso de futebol de campo com a equipe do Santa Tereza de Aracati na periferia daquela cidade, em comemoração ao aniversário do clube.

Areninha em uma das localidades de Aracati é obra diferenciada do poder público (Foto: reprodução)

Areninha em uma das localidades de Aracati é obra diferenciada do poder público (Foto: reprodução)

O jogo aconteceu numas das diversas areninhas que têm na cidade. Nós já conhecíamos a areninha de Canoa Quebrada e essa fica dentro da própria comunidade praiana, afastada do centro, mas, que pelas características das residências, trata-se de um local habitado por trabalhadores. Não há sinais de que lá residem advogados, médicos nem engenheiros.

A areninha (campo em tamanho oficial para 11 atletas) tem gramado sintético, vestiário, arquibancada, iluminação de excelente qualidade, alambrado e acesso com segurança. O campo tem uma manutenção periódica e é muito bom para a prática do futebol. Constatamos isto numa partida de 70 minuto contra o time do Santa Tereza.

Como o título acima sugere, e por incrível que pareça, no domingo fomos participar pela primeira vez de uma partida de futebol no campo da Estrada da Raiz no bairro Santo Antônio da Terra de Santa Luzia. Pois bem, no Raizão, como poderia ser o nome se fosse uma areninha, as condições são muito diferentes.

Ao invés de grama sintética, pedregulhos em toda a extensão do campo, lama nas partes baixas, desnível e falta de proteção frontal e lateral para a bola. Além disso, quando a bola deixava o perímetro do campo, o atleta precisava pular feito um siri dentro do lixo para buscá-la. Em algumas situações levava-se de 2 a 3 min para a bolar retornar. Em algumas vezes a bola adentrava a via duplicada da Rio Branco e ia até próximo do posto de combustível que fica em frente ao campo de futebol.

Outro aspecto interessante foi que, em alguns lances, a bola representava um perigo para os pedestres que passavam ao lado do campo de futebol como também representava perigo para quebrar os vidros dos veículos estacionados. Bem diferente das areninhas de Aracati. Lá a proteção é total em todo o perímetro do estádio.

O leitor deve está se perguntando, porque em Aracati e na maioria dos municípios do Ceará foi possível construir centenas de areninhas e em Mossoró, com mais de 300 mil habitantes, não temos se quer uma areninha?

Esperamos que este exemplo sirva de reflexão e que possamos avançar no apoio ao esporte em Mossoró e no nosso Rio Grande do Norte.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 07/11/2021 - 10:42h

O mapa da fruticultura irrigada que caracteriza a Expofruit

Por Josivan Barbosa

Há quase quarenta anos que as áreas irrigadas do Nordeste conseguem inserir seus produtos na cena do comércio internacional.

Esses produtos (frutos tropicais) se concentram em algumas áreas específicas e, entre elas, destacam-se os polos produtores de frutas frescas para a exportação do Nordeste, especificamente, o Polo Petrolina-Juazeiro (PE-BA), localizado na região do Submédio do Rio São Francisco e o Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, localizado na Chapada do Apodi, Vale do Rio Jaguaribe (CE), Vale do Açu e regiões circunvizinhas (RN).

O Polo de Agricultura Irrigada RN – CE se caracteriza pela produção de melão e melancia, com cerca de 20 mil hectares destas culturas sendo cultivados a cada temporada.

Expansão da fruticultura irrigada na região tem vários polos (Foto: Canindé Soares)

Expansão da fruticultura irrigada na região tem vários polos (Foto: Canindé Soares)

O Polo também apresenta um forte crescimento da cultura do mamão formosa nas duas últimas décadas e mais recentemente estão aumentando os cultivos com banana (mercado interno) acerola, maracujá, limão tahiti, goiaba e frutos exóticos como pitaya.

Com intuito de facilitar a compreensão do tamanho do negócio rural de frutos tropicais aqui na região sede da Expofruit, separamos a localização das principais empresas da agricultura irrigada do Polo em seis microrregiões a saber:

Microrregião 1:  Grande Maisa (Mossoró – Tibau – icapuí – CE e Aracati – CE) –  Compreendida pela presença das seguintes empresas produtoras de frutos tropicais: Agrícola Famosa (sede,  Fazenda Santa Júlia, Fazenda Flamengo e Fazenda da Nolem – Califórnia e  Fazenda Paulicéia), Bollo Brasil Produção e Comercialização de Frutas Ltda (Sede – Fazenda Santana), Fruta Vida (Fazenda Pedra Preta), Agrícola Bom Jesus (Fazenda Santa Helena), Luso Tropical, Agrocanaã (ambas desativadas no momento), Agrícola Jardim, Agrícola Dinamarca, Brazil Melon (Sede, Fazenda São Romão e Fazenda Mata Fresca), Norfruit, Mata Fresca Produção e Distribuição de Frutas Ltda, Frumel, Renovare,  Agropecuária Vitamais  (Ecofértil) e J. B. de Paiva (EPP – melão).

Micorregião 2:  Compreendia entre os municípios de Jaguaruana, Russas e Itaiçaba: Meri Pobo Agropecuária sede e DISTAR, Agropaulo, J. S. Salute (desativada) e Agrícola Famosa (DISTAR – Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas).

Microrregião 3: Compreendida entre os municípios de Baraúna (RN), Quixeré – CE e Limoeiro do Norte (CE): Agrícola Famosa (Fazenda Fruitland, Fazenda Km 60, Fazenda  Macacos e Fazenda Terra Nova), UGBP (Sede), Agropecuária Modelo, Cris Frutas, Frutanor, CK Agronegócio, Interfruit,  Fruta Sollo, Frutacor, Fazenda Frota, W. G. Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda Baraúna e Tomé), Bessa Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Sede, Fazenda do Vale do Jaguaribe), Del Mont Fresh Produce (Fazenda Quixeré e DIJA), J. S. Salute (Fazenda Tomé),  Tropical Nordeste e Terra Santa.

Microrregião 4: Compreendida entre os municípios de Tabuleiro do Norte (CE), Apodi (RN) e Felipe Guerra (RN):  Bessa Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda Campos), UGBP (Fazendas Campos e Campos Novos – desativada), Agrícola Famosa (Fazenda Baixa Verde e Fazenda Bevenuto), Angel Agrícola Ltda (Sede), E. W. Empreendimento Agrícola Ltda (Fazenda Sítio do Góis), Mata Fresca Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda BR 405 – Felipe Guerra), Bela Fonte Melon (divisa Apodi – Severiano Melo), Vitamais e Klinger (produtor).

Microrregião 5: Compreendida entre os municípios de Mossoró, Governador Dix-Sept Rosado, Caraúbas e Upanema (RN): Agrosol – JIEM Agrícola e Comercial Ltda, Agropecuária Vitamais  – Ecofértil – (Sítio Santana e Monte Alegre), W. G Fruticultura (RN 117), Renovare Upanema Agroindustrial Ltda, Dinamarca e Agrolemos.

Microrregião 6: Compreendida entre os municípios de Assu, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Jandaíra (RN) e Pureza (RN): Del Mont Fresh Produce, Agrícola Salutaris, Itaueira Agropecuária (Fazenda Ipanguaçu), Finoagro (Ex-Finobrasa), CMR Brasil Prod. Com. Hortifrutícola Ltda (Fazenda Tubibal), Bollo Brasil (Fazenda Macau) e Caliman (Pureza – RN), Agrícola Potiguar e Terra Santa.

Como essas empresas ultrapassaram o período da grande seca (2011 – 2017)

Tradicionalmente a agricultura irrigada utiliza a água de irrigação proveniente de três fontes: Aquífero Jandaíra (alto teor de sais com profundidade até cerca de 300 m), Aquífero Açu (profundidade até 1200 m) e as barragens de médio e grande porte.  Devido à extensa área de domínio do aquífero Jandaíra (16 278 km2) e devido também à facilidade de acesso ao recurso hídrico, por ser a Formação Jandaíra aflorante na maior parte do seu domínio (10 298 km2), esse aquífero se reveste de extrema importância para o fornecimento de água para o consumo humano, animal  e para o uso na agricultura irrigada dessa região Semiárida.

As águas do aquífero Jandaíra reduziram-se significativamente a partir do segundo ano de seca (2013) e afetaram os municípios que produziam grandes áreas irrigadas como Baraúna – RN e Quixeré – CE, ambas localizados na divisa desses Estados. As principais culturas que tiveram suas áreas reduzidas em mais de 80% nesses municípios foram banana, mamão formosa, melão e melancia.

As principais barragens de importância para o fornecimento de água para a irrigação da região são, na ordem de capacidade de armazenamento: Castanhão (Nova Jaguaribara/Alto Santo -CE), Armando Ribeiro (Itajá/São Rafael/Assu – RN), Barragem de Santa Cruz (Apodi – RN) e Barragem de Umari (Upanema – RN).

No município de Alto Santo (CE), imediatamente antes desse longo período de estiagem, foi inaugurada a Barragem do Figueiredo, mas até o momento o volume de água armazenado é insignificante.

Ainda em construção, o Rio Grande do Norte possui um reservatório de porte médio, denominado de Barragem de Oiticica (capacidade em torno de 600 milhões de metros cúbicos) localizado no município de Jucurutu.

As águas do aquífero Arenito-Açu (baixo teor de sais e muito usadas para o consumo humano) foram utilizadas a partir da década de 1980 pela MAISA (Mossoró Agroindustrial S. A.), a principal empresa de agricultura irrigada da região até o final do século passado, mas, ultimamente o seu uso estava limitado, em função do custo energético do bombeamento, ao abastecimento do município de Mossoró – RN e de algumas comunidades da Chapada do Apodi.

Assim, com o reduzido fornecimento de água pelas barragens e a redução da água do aquífero Jandaíra em várias localidades tradicionais e o alto custo da água (investimento e custeio) do aquífero Arenito-Açu, as empresas adotaram as seguintes estratégias para continuarem mantendo a sua produção de frutas no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE:

Algumas empresas de porte médio e grande, seguindo exemplos de outras que já haviam se instalado no início da década passada, ocuparam áreas por arrendamento ou aquisição, na região compreendida entre as divisas dos municípios de Apodi – RN, Severiano Melo – RN e Tabuleiro do Norte – CE, entre as estradas carroçáveis Transchapadão (ligando Apodi ao Distrito de Olho D`água da Bica) e a Estrada do Arenito (ligando os municípios de Apodi e Severiano Melo ao Distrito de Olho D`água da Bica), via comunidades rurais tradicionais de Campos Velhos e Campos Novos. Nessa região as empresas estão perfurando poços no aquífero Arenito-Açu em baixa profundidade (cerca de 150 a 300 m).

Este é o principal atrativo, ou seja, água de boa qualidade em baixa profundidade. Nessa região há solos mais argilosos, em cima da Chapada do Apodi e solos mais arenosos na região do entorno da Chapada do Apodi.

A principal dificuldade enfrentada pelas empresas nessa região é a necessidade de investimentos em infraestrutura de estradas e rede de alta tensão de energia.

Além disso há, também, necessidade de investimentos em infraestrutura de galpões de embalagens, cercas, instalações fixas de campo, pavimentação no entorno dos galpões de embalagens e áreas de acesso, depósitos e demais instalações fixas de campo.

Algumas empresas de porte médio e grande instalaram unidades produtoras no Vale do Açu, que apesar da dificuldade de água a partir da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, há uma boa perspectiva do uso de água de poços de baixa profundidade construídos no leito do Rio Açu.

As empresas de porte médio localizadas na região da Grande MAISA (Pau Branco, São Romão, Córrego Mossoró, Mata Fresca, Cacimba Funda e comunidades vizinhas) ampliaram as áreas neste entorno e estão cultivando melão e melancia. Esta região é a que apresenta maior capacidade de uso dos poços do aquífero Jandaíra, apesar da tendência do aumento da salinidade dos poços nos períodos de estiagem.

Outras empresas de porte médio da região de Pau Branco, instaladas ao longo da Estrada do Melão, fizeram a opção pelo investimento em poços profundos do Arenito-Açu, com profundidade em torno de 900 a 1000 m. O valor médio investido por poço profundo nessa região ultrapassa R$ 2,5 milhões. Apesar do elevado investimento e do custeio de energia para o bombeamento da água em grande profundidade, os produtores não precisam investir em infraestrutura nova, como é o caso das empresas que mudaram para novas áreas distante 100 a 150 km da sede. Há também a vantagem de mistura de água de baixa salinidade (Arenito-Açu) com água de alta salinidade (aquífero Jandaíra) o que torna mais fácil o cultivo de melão e melancia, sem causar grandes problemas para a cultura e para o solo.

As empresas de pequeno e médio porte arrendaram ou compraram terras na região de Upanema – RN que, apesar da limitada capacidade de áreas, apresenta bom potencial para a perfuração de poços no aquífero Arenito-Açu em baixa profundidade. Esta região cultiva frutas tropicais há mais de 20 anos. Uma grande empresa da região adquiriu áreas na região de Pedro Avelino, Sertão Central do RN, onde passou a utilizar a opção de poços profundos do Arenito-Açu, pois esta região é caraterizada por baixa profundidade dos poços.

Algumas empresas estão tentando se instalar em outras regiões do Semiárido, como o Vale do São Francisco (Petrolina-Juazeiro) e a região de Parnaíba no Piauí.

Há, ainda, uma empresa de grande porte, instalada na região de Jaguaruana-CE, que está construindo um canal de irrigação a partir do Rio Jaguaribe e, ao mesmo tempo, investindo em poços profundos do Arenito-Açu, como forma de enfrentar o desafio de produzir frutas tropicais na Grande Região Jaguaribe-Apodi.

Uma opção foi a região compreendida entre os municípios de Caraúbas e Upanema, onde há boas perspectivas para a perfuração de poços no Arenito-Açu com profundidade em torno de 300 a 400 m. Esta região já havia sido explorada no início da década de 1990 pela antiga Fazenda São João, tradicional empresa de agricultura irrigada da região de Mossoró que foi desativada no início dos anos 2000.

Algumas empresas novas ou que estavam instaladas na microrregião 1, adquiriram áreas na região de Jandaíra, que, apesar, da baixa vazão dos poços, tem sido uma opção nesse período de seca. A exemplo de Jandaíra, algumas empresas também procuraram se instalar nos municípios de Afonso Bezerra e Pedro Avelino, no Sertão Central do RN.

As fruteiras banana, melão e melancia e cultivo do mamão formosa, o qual passou a ter importância destacada nos mercados local, regional, nacional e europeu.

Atualmente, há várias empresas de médio porte instaladas na região de Baraúna, exclusivamente voltadas para a cultura do mamão formosa. Algumas delas trabalham com cultivos próprios e outras trabalham de forma integrada com médios e pequenos produtores.

Houve ainda o caso de uma empresa que adquiriu uma área no Vale do Rio Jaguaribe (Russas), mas que, até o momento não logrou sucesso em razão da falta d`água no leito do rio por limitação do volume da Barragem do Castanhão.

 Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - Ecomax - Bosque das Carnaúbas - 10 a 24 de Abril de 2024
domingo - 31/10/2021 - 13:22h

A revolução da fruticultura irrigada e o papel científico de uma instituição

Por Josivan Barbosa

Faltam menos de 30 dias para a realização da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (EXPOFRUIT) 2021. Uma questão que vamos precisar explicar para os nossos visitantes é como a região polarizada por Mossoró conseguiu se tornar competitiva no negócio de frutas tropicais ao ponto de conquistar mercados exigentes como o dos EUA e da União Europeia.

O sucesso da nossa agricultura irrigada passa por muitas mãos, mas não podemos esquecer do pioneirismo de empresas como a MAISA, Frunorte, Agro Now, Fazenda São João e o grupo dos japoneses que saiu de São Paulo para Petrolina e depois veio para a região de Baraúna.

Esam, que viria a se transformar na Ufersa, foi referência importante na revolução da fruticultura irrigada (Foto: Web)

Esam, que viria a se transformar na Ufersa, foi referência importante na revolução da fruticultura irrigada (Foto: Web)

Muitas pessoas perguntam quais as razões do sucesso da agricultura irrigada nas microrregiões do Médio Jaguaribe (CE) e Médio Oeste (RN) e outras circunvizinhas. No início dos anos 80, havia apenas uma agroindústria de sucesso na fruticultura, a MAISA (Mossoró Agroindustrial SA) que cultivava caju.

Na microrregião do Vale do Rio Açu (RN), as experiências com a fruticultura estavam apenas se iniciando, pois a região apresentava sérias limitações com água, o que melhorou a partir da inauguração da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves no ano de 1982. Nas microrregiões do Médio Jaguaribe (CE) e Médio Oeste (RN), não havia experiências de êxito ligadas à atividade de produção de frutas irrigadas.

O papel da ESAM

Sem querer atribuir o sucesso unicamente aos esforços da então Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), hoje, Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), é preciso reconhecer que, obrigatoriamente, esta instituição teve importância ímpar no processo.

Em 1979, a direção da antiga Esam conseguiu aprovar, juntamente com mais cinco universidades do Nordeste, que tinham competência instalada na área de Ciências Agrárias (UFC, UFPI, UFRPE e UFPB), um importante projeto de desenvolvimento tecnológico dentro do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste (PDCT). A instituição foi contemplada com recursos da ordem de 45 milhões de dólares por um período de cerca de seis anos.

Os recursos eram provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Governo Brasileiro, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na proporção de 1:1. Foi o maior projeto da história dessa instituição de ensino superior. Os principais benefícios para o desenvolvimento da nossa instituição foram esses:

  • Contratação de 110 profissionais de nível médio e superior (laboratoristas, engenheiros agrônomos, trabalhadores de campo, motoristas, técnicos de informática e técnicos agrícolas)
  • Construção dos Laboratórios de Água, Solos e Hidráulica
  • Construção da Biblioteca Central Orlando Teixeira
  • Aquisição de inúmeros equipamentos científicos de apoio à pesquisa
  • Ampliação do Laboratório de Sementes
  • Ampliação dos Laboratórios de Alimentos
  • Instalação de módulos demonstrativos de irrigação nos municípios de Touros, João Câmara, Mossoró, Baraúna, Gov. Dix-Sept Rosado, Pau dos Ferros, São Miguel, Zé da Penha e Rafael Fernandes. Os módulos eram instalados em áreas particulares, após rígido trabalho de seleção dos beneficiados feito pelos pesquisadores.

Experimentos da Esam

A instituição instalou experimentos de pesquisa em várias microrregiões do Estado. Cada módulo demonstrativo era composto de uma área irrigada (2 a 4 hectares de fruteiras – banana, mamão, goiaba, graviola e maracujá), apicultura, sequeiro (capim buffel) e caprinos (10 matrizes e um reprodutor).  Após três anos de instalação dos módulos, eram feitas avaliações. A área de sequeiro mostrou-se ineficiente. A única área de sequeiro que revelou bom rendimento para o produtor foi o plantio de abacaxi no município de Touros (RN).

O abacaxi foi testado na área do Sr. José Joventino.  Aquele produtor cultivou o abacaxi com sucesso por vários anos. Em Touros já havia uma experiência de sucesso de um produtor oriundo do município de Sapé (PB). Na época, a região plantava apenas 180 hectares de abacaxi. Após os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos técnicos da antiga Esam houve um considerável aumento da área cultivada com abacaxi, atingindo o pico de cerca de três mil hectares no início da década de 2000, incluindo os municípios de Ielmo Marinho, Pureza e Touros.

Nas áreas de sequeiro com capim buffel e algaroba não houve registro de nenhum caso de sucesso. A apicultura foi regular e o destaque ficou por conta das áreas irrigadas, nas quais o produtor conseguia excelentes rendimentos. Um bom exemplo de sucesso foi o plantio de bananeira em consórcio com tomate. Uma das culturas que, também, mostrou excelente rendimento foi o mamão formosa. A cultura que se mostrou mais rentável para o produtor foi a banana, seguida de goiaba, graviola, mamão e maracujá. O sistema de irrigação utilizado era o xique-xique (mangueira de polietileno com furos e vazão de 45 – 50 L/h).

Pesquisas de sucesso

O sucesso obtido nos experimentos da Esam com a cultura do mamão, é, em parte, responsável pelo incremento no cultivo desta fruteira nos últimos anos nos Estados do RN e Ceará.  O cultivo do mamão formosa ampliou-se das microrregiões de Mossoró (RN) e, mais especificamente, no município de Baraúna e no Baixo Jaguaribe (CE), incluindo os municípios de Quixeré e Limoeiro do Norte, para as microrregiões do Vale do Açu, Upanema, Apodi, Felipe Guerra, entre outras.

Um dos maiores produtores dessa fruta em Baraúna (RN), era o engenheiro agrônomo Wilson Galdino de Andrade, agrônomo egresso da antiga Esam e, não por coincidência, o técnico executor das pesquisas nos módulos instalados no projeto piloto em 1979.

Na região Agreste (RN), no município de Ceará Mirim, no início dos anos 2000 se instalaram três conceituadas empresas produtoras de mamão papaia (Caliman, Gaia e Batia) cuja produção era predominantemente exportada pelo Porto de Natal para a Europa e Estados Unidos. A agroindústria Caliman chegou a se instalar, também, na região de Baraúna, com infraestrutura para exportar mamão formosa para a Europa.

O mamão Formosa produzido no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE possui qualidade diferenciada (formato do fruto, cor e teor de açúcar).

Banana

No caso da banana, as áreas produtoras do Vale do Açu e Chapada do Apodi (Baraúna, Quixeré e Limoeiro do Norte) possuíam antes de 2012 uma área instalada acima de cinco mil hectares. Na primeira predominava o cultivo de bananeira para o mercado externo (Mercosul e Europa) e na segunda o cultivo era direcionado para o  mercado interno. Antes de 2012, somente uma agroindústria (Frutacor) instalada em Quixeré produzia individualmente, 1.200 hectares e mais 600 hectares, terceirizados, de pequenos produtores agregados.

Atualmente, o cultivo de banana para exportação foi reduzido tanto no Vale do Açu quanto na Chapada do Apodi.

No Vale do Açu, os problemas de cheias e ventos provocaram a redução das áreas e na Chapada do Apodi (Limoeiro do Norte) a redução deu-se em função da limitação de água do canal de irrigação do Distrito Irrigado Jaguaribe-Apodi (DIJA). Os problemas hídricos comprometeram a qualidade da banana para o mercado externo e foram responsáveis pelo deslocamento das empresas para áreas.

Outras fruteiras

As outras fruteiras (goiaba e maracujá), como demonstrado nas pesquisas feitas pela Esam começam a ganhar importância na região. A goiaba é uma fruteira muito cultivada em Petrolina (PE), mas os pomares instalados naquela região têm sido dizimados por nematoides.

O maracujazeiro amarelo foi plantado em grande escala, no final da década de 80 pela Maisa, mas devido a alta incidência de pragas, principalmente fusariose, a empresa foi obrigada a erradicar a cultura. No Rio Grande do Norte a cultura do maracujá está em expansão. Há vários cultivos novos instalados nos últimos anos nas microrregiões de Baraúna, Assu e Upanema.

A graviola ainda é pouco cultivada e há poucos plantios nessas microrregiões. O cultivo é direcionado para a produção de polpa para atender ao mercado regional.

Evolução da Agricultura Irrigada

  • Anos 1960 / 70 / 80: Incentivos do Estado para o estabelecimento de grandes empresas produtoras (projeto modernizador), através de crédito subsidiado, investimentos em infraestrutura e projetos de irrigação.
  • Anos 1960 / 70 / 80: Surgimento e desenvolvimento de grandes produtores em Mossoró e no Vale do Açu, com fortes incentivos do Estado através de créditos altamente subsidiados;
  • Anos 1980: início da produção de melão na região, que consegue ótima adaptação, rapidamente disseminando-se entre os grandes produtores;
  • Anos 1980: Chegada à região da tecnologia de fertirrigação por gotejamento, proveniente de Israel, que rapidamente difunde-se entre os produtores locais;
  • Anos 1990: Intensificação do processo de modernização e da integração do Polo ao mercado internacional.
  • Anos 1990: Aumento do número de produtores de médio porte atuando no Polo, utilizando-se da subcontratação para exportação, por intermédio das grandes empresas.
  • Anos 1990: novas exigências de qualidade e padrões produtivos no mercado internacional, através da exigência de certificações para exportação.
  • 2002 / 03: Encerramento das atividades da MAISA, Fazenda São João e FRUNORTE.
  • 2002 / 03: NOLEM passa a ocupar a liderança na produção de melão no Polo.
  • Década de 2000: Através da absorção de conhecimentos oriundo da rede formada pelos diversos agentes que atuavam na atividade nessa região, produtores de médio porte expandem capacidade de exportação direta, reduzindo dependência de subcontratação de grandes empresas.
  • Década de 2000: Expansão dos negócios da Agrícola Famosa.
  • Década de 2000: Atuação conjunta de alguns grupos de produtores de médio porte no intuito de viabilizar a exportação direta.
  • 2008 / 09: Encerramento das atividades da NOLEM e da Del Monte e reposicionamento da Agrícola Famosa como empresa líder na produção e exportação de melão do Polo.
  • Década de 2010: Agrícola Famosa assume a liderança no Polo. Demais exportadores são considerados, em sua grande maioria, de médio porte.
  • 2013: Retorno das exportações de melão e melancia para os Estados Unidos
  • 2020: Liberação comercial para exportação de melão para a China.

Ramal do Salgado

Há poucos dias, o Governo Federal lançou a obra do Ramal Salgado no nosso vizinho Ceará e que será uma ramificação do canal Apodi-Mossoró, última etapa do Projeto de Integração do São Francisco (PISF). O Ramal do Salgado encurtará em cerca de 150 quilômetros a viagem das águas do São Francisco até o açude Castanhão.

O Ramal do Apodi/Salgado é o trecho final do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco e terá 115,3 quilômetros de extensão. A água será transportada por gravidade a partir do Reservatório Caiçara, na Paraíba, até o Reservatório Angicos, já no Rio Grande do Norte. A vazão será de 40 m³ por segundo até o quilômetro 26, de onde deriva o Ramal do Salgado, que levará as águas para o estado do Ceará. Após essa derivação, a vazão será de 20 m³ por segundo.

Ramal do Apodi beneficiará 48 cidades no Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba (Foto: Adalberto Marques/MDR)

Ramal do Apodi beneficiará 48 cidades no Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba (Foto: Adalberto Marques/MDR)

O Salgado é um rio de nascente no Cariri Leste (município do Crato) com vários afluentes na nascente. Do Sul do Ceará o rio segue até o município de Aurora onde é beneficiado com uma barragem e em seguida passa por Icó (beneficiado com uma ponte) e, entre Icó e Orós o rio Salgado entra no Rio Jaguaribe. A partir daí as águas do Rio Salgado passam pelo município de Jaguaribe e seguem para o Castanhão.

A construção do Ramal do Salgado encurta em cerca de 150 km a chegada de água no Rio Jaguaribe em relação ao eixo Norte do projeto original e, assim, reduz também as perdas por infiltração que ocorrem ao longo dessa extensão.

O projeto do Ramal do Salgado

O Trecho III é o Ramal do Salgado que será outra alternativa de entrega de água para o Ceará pelo rio Salgado. Ele é derivado do Trecho IV, o Ramal do Apodi, que é o Trecho que beneficiará a bacia hidrográfica do Apodi/Mossoró onde se situa o seu município. O Ramal do Apodi desenvolve-se próximo à divisa dos estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, partindo do reservatório Caiçara, componente do Trecho II do Eixo Norte, localizado no município de São José de Piranhas na Paraíba, e seguindo em direção ao Estado do Rio Grande do Norte.

As obras deste trecho têm uma extensão aproximada de 115,3 km até o ponto de entrega no Açude Público Angicos (em José da Penha-RN), já na bacia do rio Apodi, no Rio Grande do Norte. Sua função se concentra no atendimento da bacia do Rio Apodi, nas suas regiões do Alto, Médio e Baixo Apodi (microrregiões: Serra de São Miguel, Pau dos Ferros, Umarizal, Médio Oeste, Chapada do Apodi e Mossoró), além das demandas difusas distribuídas ao longo do traçado entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte.

O Trecho em questão teve alterações de projeto em relação ao Projeto Básico com mudança da vazão máxima de 20,0 m3/s em toda a sua extensão, para, no trecho inicial, até o km 30,2, transportar no máximo 40,0 m3/s. Desta forma, todas as obras concebidas no Projeto Básico para este trecho inicial do Trecho IV (26,6 km de comprimento) até a tomada de início do canal do Trecho III foram reprojetadas passando a comportar a vazão de 40,0m³/s. Neste ponto, são derivados 20 m3/s para o Trecho III (Ramal do Salgado) e o Ramal do Apodi segue com as dimensões originalmente projetadas para a condução da vazão máxima de 20 m3/s até o final de sua extensão, em seu deságue no Reservatório Angicos.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 24/10/2021 - 10:24h

Expofruit e sua história desde os primórdios em 1993

Dinarte lembra primórdios da Expofruit (Foto: redes sociais)

Dinarte lembra primórdios da Expofruit (Foto: redes sociais)

Por Josivan Barbosa

Na coluna anterior (veja AQUI), nós escrevemos sobre a realização da primeira Feira de Frutas no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE realizada em Mossoró que foi denominada de Fenafruti, denominada posteriormente como Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (EXPOFRUIT). A esse respeito Dinarte Júnior (diretor das Escolas Fisk), então secretário de Turismo do prefeito Dix-Huit Rosado (1993-1996) na época da realização da Fenafruti (1993), nos pediu para fazer uma correção: partiu da sua secretaria a ideia de fazer a primeira feira de frutas da região. De acordo com o ex-secretário, a sua pasta estabeleceu uma programação contendo 10 ações para o desenvolvimento turístico da região, sendo uma delas a realização da Feira de Frutas.

Dinarte Júnior nos afirmou que esteve várias vezes em reunião com o então presidente da Associação dos Produtores de Frutas do Nordeste (PROFRUTAS), André Gadelha (então diretor da Maisa), para discutir a realização da Fenafruti e pedir apoio do setor produtivo. Ele lembrou que a Fenafruti contou com a participação de 22 estandes, sendo quatro médios produtores, as grandes empresas que representavam o sucesso da agricultura irrigada da região,  Maisa, São João, Frunorte e Agronow (Davi Americano), Banco do Nordeste e Banco do Brasil e o Porto de Natal.

A feira contou ainda com a participação da Petrobras e da Embrapa. Havia também uma representante do setor de transporte marítimo que era a Hamburg Sud. A feira teve também a presença de concessionárias de veículos e quatro empresas de máquinas e equipamentos e várias de material de irrigação.

Na parte cultural a feira contou com um circo organizado por Lázaro Paiva, importante parceiro da feira, além de bares e restaurantes que foram montados na área. Além disso, o evento teve a parte técnico-científica com três dias de workshop sobre a agricultura irrigada.

Conforme Dinarte Júnior, naquela ocasião já havia uma tendência de que a feira se realizasse nas dependências do Hotel Thermas de Mossoró, mas a então Secretaria de Turismo defendeu que a feira fosse realizada na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), hoje Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

Carros-pipa

A continuidade do programa de Carros-pipa, tão fundamental para o Semiárido, está ameaçada.

O programa de Carros-pipa que atende mais de 2 milhões de pessoas no semiárido só tem recursos disponíveis para o funcionamento até os primeiros dias do mês que vem. Há, também, dificuldades para o financiamento do programa no ano que vem.

O Ministério do Desenvolvimento Regional tem em mãos o desafio de alocar recursos extra orçamento para a continuidade do programa.

Brisanet

A exemplo do Café Santa Clara, a Brisanet é mais uma empresa da Serra de Pereiro/São Miguel que ganha o país.

Após movimentar R$ 1,4 bilhão em oferta de estreia na bolsa de valores este ano, a provedora de internet via fibra ótica Brisanet se prepara para disputar o lote regional de 3,5 Ghz no leilão de 5G no próximo mês. O lote embute um dos ossos do setor, que é o compromisso de levar internet para 1.423 municípios com menos de 30 mil habitantes no Nordeste.

Roberto Nogueira, presidente da Brisanet, avança rumo ao G5 (Foto: Brisanet)

Roberto Nogueira, presidente da Brisanet, avança rumo ao G5 (Foto: Brisanet)

Ainda assim, Roberto Nogueira, presidente da Brisanet, acredita que deve haver mais de um interessado.

O desafio de levar fibra para áreas remotas do Nordeste não é tão grande para a Brisanet quanto para outras empresas do ramo. Nos últimos 11 anos, a empresa tem levado conexão a municípios pequenos da região, com expressivo crescimento a partir de 2015.

Em 1998, na cidade de Pereiro (CE), Nogueira, um pequeno empreendedor com 26 anos, implementou a primeira internet a rádio de baixo custo do país na cidade. Cerca de 23 anos depois, em junho deste ano, a Brisanet fez IPO na bolsa.

Nos últimos anos a operação da Brisanet cresceu a ponto de desafiar a grandes empresas de telecomunicação na região. A companhia encerrou setembro com 790.731 clientes espalhados por sete Estados da região Nordeste – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Piauí e Sergipe – com seu cabeamento em fibra passando em frente a mais de 3,7 milhões de domicílios, em 110 cidades. Durante o mês foram adicionadas 129 mil portas, que correspondem a 213 mil domicílios.

RN e o aumento de receitas

Em 25 unidades da Federação foi registrada alta na arrecadação nos primeiros oito meses deste ano em relação a igual período de 2020.

A maior alta na arrecadação foi registrada no Rio de Janeiro, onde o avanço foi de 45%. Na sequência, aparecem Alagoas, com 36% de aumento, e Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Bahia, todos com alta de 22% nas receitas.

RN inadimplente

A União desembolsou R$ 649,6 milhões para honrar dívidas não pagas por cinco Estados em setembro, de acordo com o Relatório de Garantias Honradas pela União, divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional.

No mês, foram bancados R$ 475,5 milhões relativos a inadimplências do Estado do Rio de Janeiro, R$ 77,7 milhões de Goiás, R$ 75,2 milhões de Minas Gerais, R$ 16,2 milhões de Amapá e R$ 4,9 milhões do Rio Grande do Norte.

Atualmente, estão temporariamente impedidos de contratar novos empréstimos com garantia federal por atrasos no pagamento de suas obrigações ou devido a honras de garantias realizadas pela União os Estados do Amapá, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Também estão na lista os municípios de Belford Roxo e Novo Hamburgo (RS).

RN acima de 49%

Quatro unidades da federação encerraram o segundo quadrimestre do ano gastando acima do limite estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com funcionários do Executivo.

A LRF diz que Estados podem gastar até 49% de sua Receita Corrente Líquida (RCL) com a folha de pessoal do Executivo. Esse limite foi ultrapassado por Acre (49,85%), Amazonas (50,06%), Minas Gerais (49,72%) e Rio Grande do Norte (53,5%)

Mossoró e os recursos para a educação

A Secretaria Municipal de Educação precisa se pronunciar sobre os recursos que foram usados no ano em curso para a educação. A necessidade dá-se em função de que em nível nacional as prefeituras estão gastando pouco com educação.

Mais de 800 municípios devem terminar o ano sem conseguir cumprir a destinação mínima constitucional de 25% das receitas para a educação em 2021.

Num total de 2.912 prefeituras que já registraram os dados de gastos do quarto bimestre no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), 2.370 – ou 81,4% – ficaram abaixo dos 25% considerando o período de janeiro a agosto deste ano. Em igual período do ano passado, no mesmo universo de municípios, eram 925 nessa condição.

A manifestação da Prefeitura Municipal de Mossoró nesse sentido mostra transparência com o uso dos recursos públicos, cuja necessidade é mais urgente nesses tempos de pandemia.

Jean Paul Prates

Prates: recursos hídricos (Foto: Marcos Oliveira)

Prates: recursos hídricos (Foto: Marcos Oliveira)

O Senador Jean-Paul Prates (PT) está empenhado na retomada do projeto da adutora Santa Cruz do Apodi. Se conseguir destravar os recursos para reiniciar as obras dessa adutora, o senador passa a ser ímpar nos últimos anos como liderança política na região.

O projeto da adutora de Santa Cruz fará com que o município de Mossoró passe a ter três alternativas de água, o que garante segurança hídrica para o desenvolvimento imobiliário dos programas habitacionais do Governo Federal e de outros investimentos privados, cujo setor está bem aquecido nesses tempos de pandemia.

É preciso lembrar que num colapso da barragem Armando Ribeiro, a Adutora de Santa Cruz e o lençol freático arenito-Açu passariam a ser as duas fontes disponíveis de água para Mossoró.

Outro aspecto importante desse projeto é que um dos grandes problemas enfrentados pelos investidores imobiliários em Mossoró é a falta de segurança hídrica apontada pela CAERN.

Além dos aspectos acima, não podemos pensar em Distritos Industriais (ampliação dos atuais ou criação de novos) sem segurança hídrica. Nenhuma empresa se instala onde não tem água.

Sugerimos que a assessoria do senador Jean Paul Prates faça um levantamento de quanto já se investiu na adutora de Santa Cruz. Acreditamos que mais de 80% dos recursos inicialmente previstos já foram enterrados no trecho de Mossoró a Apodi.

RN e os recursos para a educação

A Secretaria Estadual de Educação é outro componente público que deve revelar dados sobre o percentual de recursos destinados à pasta nesses tempos de pandemia.  Isso se faz necessário, pois, de uma maneira geral os estados gastaram menos com educação apesar dos desafios para se implementar o ensino à distância em um primeiro momento, e, depois, pela necessidade de se preparar as redes de escolas para a volta com segurança do ensino presencial, e da necessidade de se superar a evasão escolar e a desigualdade.

Em função do aumento da arrecadação a expectativa é que o RN siga investindo, de olho nas eleições de 2022. Haverá pressão por outros gastos, além do reajuste de salários. Mas a Educação é uma área que precisa ter prioridade.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 10/10/2021 - 12:12h

A força econômica da Expofruit e suas principais dificuldades

Por Josivan Barbosa

O Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RN), e a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) intensificam os preparativos para realizar no próximo mês mais uma edição da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (EXPOFRUIT) 2021 (veja AQUI).

A ideia da feira de frutas (denominada de Fenafruit) no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE nasceu com o professor Luiz Soares da Silva em 1993, quando estava à frente da Associação dos Produtores de Frutas do Nordeste (PROFRUTAS) que, na ocasião, representava praticamente a Mossoró Agro Industrial Sociedade Anônima (MAISA), Fazenda São João, Agro Now e Frunorte.Expofruit - Novembro de 2021

A primeira feira de frutas foi realizada nas dependências da antiga ESAM, com os estandes sendo colocados ao lado do antigo Rosadão (hoje Administrativo II). Contou com meia dúzia de expositores, mas foi o pontapé para que o evento fosse crescendo e se tornasse um importante vetor do desenvolvimento da agricultura irrigada do Semiárido.

A feira passou por alguns locais em Mossoró, inclusive sendo realizada uma edição na capital do Estado. Ela aconteceu na sede do SESI, onde acontecia a FICRO (Feira Industrial e Comercial da Região Oeste) e no Hotel Thermas, onde passou a ser denominada de Expofruit. A partir de 2003 tivemos a felicidade de propor ao então diretor da ESAM, professor Marcelo José Pedrosa uma ampla parceria com o COEX e SEBRAE para retornar a feira para dentro da ESAM.

Para isso, foi necessário criar o Centro de Exposição e Eventos Dix-Huit Rosado no campus Leste, por trás do estádio de futebol. O referido centro foi sendo ampliado nos primeiros anos e numa parceria com o Governo do Estado do RN e a Prefeitura Municipal de Mossoró, conseguimos instalar um local digno para a realização da feira de frutas e de outros eventos de negócios ou acadêmicos, o Expocenter.

A ideia do Expocenter teve amplo apoio da Associação Comercial e Industrial de Mossoró e foi construído com recursos oriundos do Governo do Estado e da Prefeitura de Mossoró. Coube a ESAM (hoje UFERSA) a cessão do terreno para a construção do Expocenter, com 50% dos recursos do Governo do RN e 25% dos recursos provenientes da PMM. A parte do terreno foi acordada como representando 25% na parceria estabelecida entre as quatros instituições. Com a construção do Expocenter estava consagrado o retorno da Expofruit para o campus da ESAM/UFERSA.

A partir da sua inauguração em 2006, o Expocenter passou a ser um equipamento que foi utilizado para outros eventos dessa natureza em Mossoró, como a FICRO e a Feira do Empreendedor organizada pelo Sebrae, entre outros eventos de cunho acadêmicos e técnico-científicos. Um equipamento que passou a servir ao município e a toda a região.

Expocenter na Estação das Artes

Diante da falta de interesse da direção da Ufersa no período de 2012 – 2020, a direção do Coex sentiu-se na obrigação de realizar a Expofruit fora do Expocenter (local construído para essa finalidade) e passou a montar os estandes de maneira improvisada na Estação das Artes. Foi a única saída para o Coex diante da falta de atenção por parte da universidade.

A realização da Expofruit é uma luta hercúlea da direção do Coex. Sempre no período pré-evento há uma verdadeira peregrinação dos diretores do COEX e do Sebrae junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Governo Estadual e Prefeitura Municipal de Mossoró para a liberação de recursos para a realização da feira. Além disso, nada garante que o contrato assinado com esses órgãos seja uma segurança de que os recursos serão liberados para o pagamento dos fornecedores em tempo hábil.

A realização de uma feira dessa natureza precisa de muita sintonia dos órgãos públicos e privados da nossa região, pois além de desenvolver a nossa agricultura irrigada, a Expofruit garante lotação hoteleira de Mossoró durante toda a semana do evento.

A Expofruit, em função da limitação de recursos, deixou de ser anual e passou a ser realizada a cada dois anos, mas em função da pandemia não foi realizada no ano passado.

Expofruit no Expocenter

A realização da Expofruit dentro do Expocenter facilita muito para os organizadores do evento. O Expocenter tem amplo estacionamento, local adequado e planejado para a exposição de equipamentos e máquinas agrícolas e tem condições de instalação de áreas demonstrativas de culturas, o que seria um grande atrativo para a feira ser visitada pelas crianças e jovens do ensino fundamental e médio de toda região durante o dia.

Outro aspecto muito importante é a concentração num único espaço da exposição da feira propriamente dita (frutos, insumos, equipamentos e máquinas, acessórios, complementos, serviços, etc) e da parte técnico-científica (seminários, mesas-redondas, workshop, entre outros).

A realização da feira dentro da Ufersa tem como grande beneficiado o estudante da área de Ciências Agrárias e afins que não precisam se deslocar para o centro da cidade. Lá mesmo no campus da universidade os discentes teriam a oportunidade de fazer contato com os diferentes atores do setor que mais tarde irão gerar os postos de trabalho que os discentes irão ocupar.

Dentre os discentes da Ufersa, os residentes na Vila Acadêmica Dix-Huit Rosado são os que mais aproveitariam o espaço da feira, pois não precisavam se deslocar muito para visitação. A distância do Expocenter para a Vila Acadêmica não chega a 1000 m. Esperamos que a Expofruit 2024 passe a ser realizada novamente dentro da instituição e que tenha convergência para que se consolide como um evento ímpar no Semiárido. É o nosso desejo.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 03/10/2021 - 09:22h

Melão e melancia têm melhor temporada de exportação em 10 anos

Por Josivan Barbosa

O representante da empresa holandesa Greenery/Hage International, Frank Ocampo, afirmou em entrevista ao periódico espanhol Fresh Plaza que este é o melhor início de temporada de exportação do melão e da melancia brasileiros para a Europa nos últimos 10 anos.

Segundo o importador, isso se deve a três fatores: O nosso melão e melancia chegaram ao mercado europeu praticamente após o término da temporada espanhola que por sua vez terminou cedo, deixando o mercado ávido pelos produtos. Por outro lado, o melão e a melancia brasileiros começaram a chegar na Europa em tempo considerado ótimo que é o final do verão europeu.

Melão e melancia chegam a um mercado ávido por consumo, mas custos também se elevam (Foto ilustrativa)

Melão e melancia chegam a um mercado ávido por consumo, mas custos também se elevam (Foto ilustrativa)

Um terceiro fator que contribuiu para isso foi o atraso na chegada do navio da companhia marítima MSC, o que fez com que os produtos chegassem num momento mais escasso ainda de melão e melancia.

Um aspecto preocupante do mercado de frutos frescos na Europa é o aumento de 800 a 1000 dólares nos fretes marítimos, o que faz com que sejam beneficiados aqueles importadores que fecharam os contratos antes do aumento. Esse valor passa a ser uma preocupação para os importadores que negociam sem os contratos, pois passam a pagar valores muitos altos pelos produtos.

Melão no Reino Unido e custo altos

A temporada de melão brasileiro no Reino Unido começou na semana 37 e está sendo caracterizada por frutos de tamanho grande, quando o mercado varejista sente falta de produto de tamanho pequeno.

As condições meteorológicas estão facilitando a venda do melão e da melancia. Quanto mais quente, maior é a procura pelos frutos frescos.

O consumidor inglês estava já aguardando o melão brasileiro, pois a temporada do produto espanhol terminou cedo (primeira semana de setembro) e os últimos frutos do mercado oriundos da Espanha já não eram tão atrativos.

O brexit afeta a celeridade do fornecimento do melão pelos importadores ingleses para outros países europeus, o que leva mais tempo para a distribuição e, claro, aumenta os custos com a burocracia (documentos e impostos).

Outros fatores que elevam os preços para o importador inglês do melão brasileiro são o aumento no preço da embalagem de papelão (cerca de 80%) e nos fretes marítimos (30 – 40%). Todos estes custos são, claro, repassados para o consumidor. Resta saber até quando o consumidor está disposto a pagar por estes aumentos.

América Central em dificuldade

A América Central, um dos principais concorrentes do Brasil no mercado de exportação de melão e melancia, vive momentos difíceis em relação ao negócio desses dois produtos.

Os produtores de melão e melancia da Guatemala, Honduras, Costa Rica e Panamá emitiram um documento em conjunto alertando para os riscos da atividade dos produtores nesse período pós-pandemia devido aos altos custos da atividade agrícola provocados por aumento nos preços dos insumos e de logística global.

Um dos itens que mais está impactando nos custos é o aumento de 40 – 50 % no material de embalagem da fruta que é usado na fabricação da caixa de papelão.

Outro item que aumentou muito foi o preço dos polímeros usados em embalagem de atmosfera modificada do melão que já chega ao patamar de 30 -35%. O plástico usado na cobertura do solo subiu cerca de 15 – 20% e o material de irrigação (mangueiras para gotejamento) e os fertilizantes (MAP, DAP e uréia) tiveram incremento de preço de 25 30%.

Se já não bastasse a elevação de preços acima, a dificuldade de contêineres tem complicado para o produtor o que impacta também   nos custos de logística de exportação do produto e na importação de insumos.

A previsão é que a dificuldade de logística de contêineres se prolongue até 2022, o que pode levar ao fechamento de muitas empresas exportadoras de melão e melancia da América Central.

É PRECISO COMPREENDER que a produção de melão e melancia são cultivos intensivos em mão-de-obra e que já impacta muitos nos custos de produção. Além disso, os produtores só participam do comércio internacional desses produtos se tiver a sua área de produção certificada, cujo processo é bastante oneroso.

Vamos torcer para que esse problema da América Central não se repita aqui no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que tem nesses dois tipos de frutos a maior área cultivada para exportação.

Claro que o nosso produtor e exportador de melão e melancia já está sujeito a esses problemas e já sente na pele a realidade do mercado, mas, espera-se que as nossas empresas atentem para a situação com a celeridade necessária.

Queda da produção na Costa Rica

A produção e exportação de melão enfrenta uma forte queda na Costa Rica. O valor das exportações de melão daquele importante país da América Central caiu de U$ 68 milhões para U$ 55 milhões nos últimos 05 anos, com acentuação da queda nas exportações no período da pandemia.

A área cultivada com melão caiu de 5.566 ha em 2015 para 3.394 em 2020. O país chegou a produzir em 2006 cerca de 12 mil ha de melão.

A associação que representa os produtores de melão e melancia está trabalhando com a possibilidade de agregar valor ao produto e de incrementar o marketing das frutas da Costa Rica na Europa. A estratégia teria com forte argumento o apelo ambiental, o cultivo por pequenos produtores e a preocupação destes com o desenvolvimento sustentável.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C 25 anos - Institucional - 19-12-2023
domingo - 26/09/2021 - 08:14h

Multinacional tem unidade científica de referência em Mossoró

Estação Experimental da empresa em Pau Branco (Mossoró) com especialista atuando in loco (Foto: reprodução BCS)

Estação Experimental da empresa em Pau Branco (Mossoró) com especialista atuando in loco (Foto: reprodução BCS)

Por Josivan Barbosa

Pouca gente sabe, mas a empresa multinacional Rijk Zwaan possui uma estação experimental instalada na comunidade rural de Pau Branco, localizada a cerca de 30 km da sede do município.

A empresa é referência mundial em pesquisas com melhoramento genético de sementes de melão e melancia, exatamente nossos dois principais produtos da pauta de exportação de frutas para a Europa e outros continentes.

A Rijk Zwaan ao contrário de outras multinacionais que se instalaram aqui na região, mantém ha mais de uma década uma estação experimental bem equipada e com pesquisas de ponta no cenário internacional com melhoramento de sementes, principalmente melão e melancia.

Vejamos abaixo alguns materiais genéticos que a empresa está colocando no mercado e que nos interessa muito como principal região produtora e exportadora de melão e melancia do país.

  • A Rijk Zwaan é uma empresa holandesa de criação e produção de sementes, com sede em De Lier, na província do Sul da Holanda. Com uma participação de 9% no mercado, a Rijk Zwaan é a quarta empresa de melhoramento vegetal do mundo.

Melão Piel de Sapo

Dentro desse grupo a  Rijk Zwaan possui como novidade as variedades Mesura e  Flechaverde. Ambas podem ser cultivadas para atender o mercado espanhol. O Piel de Sapo para exportação varia de 1,2 kg até 2,5 kg, enquanto que o material para o mercado espanhol varai de 3,6 kg a 3,8 kg. Há uma tendência do mercado espanhol se adaptar aos tamanhos que são comercializados em outras do mundo.

Outros materiais genéticos do grupo Piel de sapo de excelente qualidade produzidos pela Rijk Zwaan são: Bravura, Finura, Dolsura Minithor, sendo este último resistente a oídio e pulgão.

Melão amarelo (originalmente conhecidos como valenciano amerelo)

A novidade nesse segmento é o melão amarelo com costelas (a exemplo do charentais e do cantaloupe italiano) denominado de Rubial, visando o mercado italiano. A empresa também acaba de revelar mais duas outras variedades para o Norte da África (Marrocos e Argélia) que são a Azilal e  Ketchal.

Ainda em se tratando de melão amarelo, a Rijk Zwaan trabalha com as variedades Yeral, Pekín, Ducral, Hasdrubal (tardia), Yacal (ciclo mediano), Crucial e Gladial para atender os produtores e exportadores da Espanha, Brasil e América Central onde se trabalha com frutos que apresentam em média 1, 5 kg.

Melão Gália (originalmente da região de Gália – Israel)

A empresa destaca como novidade material genético que ela denomina de “pronto para comer”, onde a colheita é facilitada pela mudança de coloração da casca do melão de verde para amarelo, com um teor de açúcar acima de 12 graus brix (conteúdo de açúcar).

Melões de polpa alaranjada: Charentais e Cantaloupe

Neste segmento de melão a Rijk Zwaan apresenta como novidades os materiais genéticos: Echabi e Dibango. O portfólio da empresa já conta com os melões charentais de longa vida: Zinasol (ciclo curto), Paniol (ciclo mediabno) e  Frivol (ciclo tardio).

Eólicas no mar

Ainda deve demorar um pouco para que os projetos de energia eólica no mar do RN possam se tornar realidade. O problema é que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deve aguardar o amadurecimento de uma regulação específica para o setor, o que deve acontecer em 2022.

Por ora, a recomendação da área técnica da agência aos diretores é aguardar a criação das regras para a operação no mar antes de emitir o chamado despacho de requerimento de outorga (DRO), primeiro documento que autoriza a geração de energia.

Além das autorizações da Aneel, os projetos precisam do aval de outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Superintendência de Patrimônio da União (SPU) e a Marinha. Tais autorizações podem acontecer em paralelo ao trâmite na Aneel e dizem, por exemplo, sobre o local de instalação das usinas – domínio público – e seu impacto ambiental e no tráfego marítimo.

IFRN

Mossoró não será contemplado com uma unidade autônoma do IF. O município está fora do projeto do MEC que cria novos IFs por desmembramento, a exemplo do que ocorreu na Paraíba no Governo FHC quando a UFPB foi desmembrada e foi criada a UFCG.

No projeto de lei o MEC prevê a criação de dez novos institutos federais de ensino profissional e tecnológico no país. Não haverá abertura de vagas para estudantes, ampliação do corpo docente ou instalação de laboratórios. A proposta do MEC é desmembrar institutos existentes e vincular parte da rede atual em novas sedes. O plano abrange nove Estados: São Paulo (duas sedes), Paraná, Pará, Pernambuco, Bahia, Ceará, Paraíba, Maranhão e Piauí.

Como serão institutos novos, pelo menos no papel, o futuro comando de cada unidade será escolhido diretamente pelo governo sem o tradicional processo de escolha dos reitores – eleição direta entre professores, funcionários e estudantes.

Cada novo instituto deverá ter um reitor, cinco pró-reitores, chefes de gabinete e assessores especiais. A despesa adicional com essa reconfiguração é estimada em R$ 80 milhões por ano – R$ 8 milhões por sede.

A rede atual é composta por 38 institutos federais, dois centros de educação tecnológica, o Colégio Pedro II. São 643 campi e pouco mais de 1 milhão de alunos.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 12/09/2021 - 10:00h

Safra 2021/22 chega à Europa com mais espaço de mercado

Por Josivan Barbosa

Após uma temporada difícil para os melões espanhóis, os primeiros carregamentos de melão e melancia brasileiros chegaram para dar início a temporada de exportação de frutos para a Europa da safra 2021/22.

As informações que chegam da Europa é que a qualidade do melão brasileiro está bem acima do concorrente europeu, a Espanha. A qualidade do melão espanhol já estava deixando muito a desejar e o espaço de mercado passa a partir de agora a ser ocupado pelo melão brasileiro.

Produtos chegam à Europa com boa competitividade (Foto: JB)

Produtos chegam à Europa com boa competitividade (Foto: JB)

O preço do melão Galia está na faixa de 9 -9 euros/caixa. O melão amarelo e o cantaloupe estão sendo vendidos por 9 – 10 euros/caixa. Também já há algum volume de melancia brasileira no mercado europeu, a qual atinge valores de 10 – 11 euros/caixa, ao passo que as melancias sem sementes atingem 12 – 13 euros/caixa. A Espanha também coloca melancias sem sementes na Europa e concorre com a melancia brasileira.

O preço da melancia sem semente pode ainda ser recuperado ao longo da temporada, pois no início ainda há muita melancia sem semente fornecida pelo produtor espanhol.

O preço do transporte marítimo não sofreu baixa, o que dificulta a abertura do mercado de exportação para novos exportadores. Com os custos elevados do frete marítimo, só compensa exportar com segurança de mercado.

O importador europeu tem sido informado que a temporada brasileira tende a fornecer menos melão do que na temporada passada, mas ele sempre desconfia de que não passe de mais uma estratégia de mercado dos exportadores brasileiros.

Pitaya

Já defendemos neste espaço que a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do RN poderia em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) implantar um programa de cultivo de pitaya no Médio e Alto Oeste do RN, pois é uma região desértica no que diz respeito ao cultivo de frutas. Como a água é o principal fator limitante para a agricultura irrigada naquela região, o cultivo de pitaya pode ser altamente lucrativo para o produtor. Nesta semana o quilo de pitaya estava sendo vendido em Mossoró a R$ 35,00.

Para exemplificar que o projeto pode ser uma boa oportunidade, usamos o exemplo do Peru, um dos principais países exportadores de frutas do mundo.

Os produtores peruanos das comunidades de Sullana e Piura estão articulando a formação de uma cooperativa agrária para exportar pitaya. As áreas serão de pequenos produtores com até três hectares.

Um projeto dessa natureza precisa de apoio do Estado, pois os custos para implantação de um hectare de pitaya são elevados.

No Peru os custos para a instalação de um hectare oscilam entre 40 mil e 50 mil dólares.

Outra alternativa poderia ser apenas a Secretaria de Agricultura estabelecer um canal de comunicação com ONGs internacionais que tenham interesse no financiamento do projeto. Essa alternativa está sendo usada pelo Peru com uma ONG holandesa.

A pitaya é um fruto que é altamente valorizado em toda a Europa. Outro grande produtor de pitaya é o Equador.

Engenharia de Energia

Em 2007 tivemos a felicidade de constituir uma comissão formada por três docentes para instalar na UFERSA o primeiro curso de Engenharia de Energia do Norte/Nordeste e o terceiro do país.

Após pouco mais de uma década, o Nordeste se transforma na principal região exportadora de energia sustentável para o Sudeste e passa a precisar dos nossos engenheiros de energia.

Engenharia de Energia: mercado (Foto ilustrativa)

Engenharia de Energia: mercado (Foto ilustrativa)

Há 70 anos foram definidas as diretrizes para o setor elétrico brasileiro, a partir de grandes usinas hidrelétricas. Naquela ocasião, o Brasil possuía cerca de 4 mil MW de potência instalada. A solução então desenhada funcionou bem por 50 anos. Graças às grandes hidrelétricas, dominamos tecnologias de construção de barragens e erguemos um parque produtor de equipamentos.

Nos últimos 20 anos, por vários problemas, sujamos a nossa matriz de geração, enfrentamos um racionamento e estamos a caminho – quase inevitável – de outro.

Tais problemas imediatos, porém, são pequenos face ao desafio de neutralizar nossas emissões de carbono até 2050. Para que isso seja possível, governo e sociedade civil devem acordar e começar imediatamente a adotar um conjunto de medidas para aumentar a participação de fontes não poluentes na matriz energética brasileira.

A capacidade instalada resultante para atender o crescimento orgânico do consumo de eletricidade e as substituições da energia tradicional  em 2050 serão de cerca de 450 mil MW (atualmente são 170 mil MW). Dos 450 mil MW, cerca de 340 mil MW seriam oriundos de novas fontes limpas, parte intermitentes (eólicas e solares) e parte de geração de base.

As fontes intermitentes limpas eliminariam não só todas as emissões de gases de efeito estufa do setor de energia elétrica, metade ou mais das emissões do setor de óleo e gás e ainda criariam um poderoso instrumento de gestão territorial, cuja inexistência hoje é responsável por 2/3 das emissões de carbono brasileiras. E assim, o Nordeste, que até o século passado  exportava mão de obra para o Sudeste, agora para a exportar energia solar e eólica.

A eficiência dessas neo matrizes energéticas dependem muito dos técnicos que vamos formar nas nossas universidades, como é o caso dos nossos engenheiros da área de energia.

Águas do Velho Chico

As perspectivas não são boas para os usuários das águas do Velho Chico. Nos próximos meses será intensificado o uso das águas para a geração de energia para ser exportada para o Sudeste.

Uma das ações tomadas nesta semana pelo Ministério de Minas e Energia, que acabou sendo ofuscada pelo aumento da bandeira tarifária e pelo bônus dado aos consumidores para uma redução voluntária da demanda, foi liberar mais água das usinas hidrelétricas no curso do São Francisco. Com isso, o objetivo do governo é gerar mais energia na região Nordeste e transferir esse excedente para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, onde está a pior situação dos reservatórios no país.

A decisão do Governo Federal fez com que o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, que tem governos estaduais e usuários do rio entre seus integrantes, criticasse duramente as mudanças de vazão nas usinas hidrelétricas do Velho Chico a fim de ampliar o fornecimento de energia do Nordeste para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

Após essa decisão do Governo Federal cai por terra qualquer tentativa de instalar novas áreas de agricultura irrigada no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que dependa das águas da transposição.

Mais uma fábrica de cloro-soda

A Prefeitura de Mossoró e o Governo do Estado precisam de sintonia para que a região seja escolhida como sede da nova fábrica da Unipar Carbocloro que planeja operar uma nova fábrica no país, na região Nordeste. A quarta unidade da companhia, que já tem operações no Sudeste e na Argentina, poderá ser construída do zero – um projeto “greenfield”, mediante investimentos de algumas centenas de milhões de reais.

A intenção da Unipar é produzir o cloro e explorar as oportunidades que virão com o novo marco. Não está nos planos acoplar uma linha de produção de PVC à futura unidade, ao menos inicialmente. A decisão final de investimento provavelmente será tomada em 2022.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Pastel Premium Mossoró - Pastel de Tangará - Aclecivam Soares
domingo - 05/09/2021 - 10:42h

Maisa, história de exuberância no campo e um fim que deu frutos

Por Josivan Barbosa

Durante a semana conversei demoradamente com um ex-agrônomo da antiga Maisa (Mossoró Agro Industrial Sociedade Anônima). Lembramos das grandes áreas de maracujá, acerola, manga, melão, melancia e a cultura original, o caju. Na Maisa também havia uma área bem representativa com o cultivo de sapota.

No auge da produção da empresa, registrava-se uma área de cultivo por safra de cerca de 4000 ha de melão e melancia. A empresa foi a grande responsável pela abertura inicial do mercado do Reino Unido e depois conquistou a Europa e os Estados Unidos, colocando o melhor melão do mundo no mercado de frutas frescas mais exigente do planeta (veja vídeos abaixo produzidos nos anos 80 e 90, inclusive  reportagem nacional com o jornalista Goulart de Andrade, falecido em 2016, na ativa, com 83 anos).

A Maisa tinha ainda uma fábrica de suco e uma fábrica de castanha, ambas de excelente padrão técnico.

O escritório da Maisa, que ainda se pode observar as suas ruínas ao passar pela BR 304, era uma estrutura invejável para os padrões da época. Havia dentro do escritório um restaurante terceirizado para atender apenas aos funcionários que ali trabalhavam e que residiam na sede do município de Mossoró ou em Fortaleza.

Uma imagem que nos faz lembrar do padrão Maisa é a presença no estacionamento de diversos veículos importados usados pelos seus diretores. No final da década de 80 era raro encontrar um desses veículos rodando pelas ruas de Mossoró, mas no estacionamento do escritório eram vários os exemplares. Lembro bem que pela primeira que conheci uma Cherokee foi exatamente lá.

O fim

A pergunta que cabe e que já foi feita por vários leitores dessa coluna é: por que uma empresa do porte da Maisa fechou as suas portas?

Claro que não estamos aqui querendo trazer para o debate as inúmeras razões que levaram ao fracasso da empresa, mas a exemplo de outras agroindústrias que também fecharam as portas na mesma época, como a Frunorte Ltda, Agro Now e Fazenda São João, um ponto que pesou muito para a descontinuidade dessas empresas foi a instabilidade financeira que o país atravessou.

Todas essas empresas trabalhavam com crédito agrícola e se submeteram à inflação exorbitante que em março de 1990 alcançou 84,22%. Essas empresas também se submeteram a diversos planos econômicos, alguns deles de grande fracasso. Elas não alcançaram o período da nova matriz econômica instalada a partir de 1999 no segundo Governo de FHC.

Acreditamos que se tivessem ultrapassado a instabilidade econômica da década de 90, ainda estariam vivas.

Outro aspecto que contribuiu para o fechamento dessas empresas foi a instabilidade do câmbio, onde houve um período em que a valorização do real de forma artificial passou de 4 reais por dólar para 0,80. Isso foi fatal para as empresas exportadoras de frutos, pois os contratos dessas empresas eram todos feitos em moeda estrangeira. Foram poucas as empresas que conseguiram se readaptar e redirecionar o produto para o mercado nacional.

Também não podemos esquecer que a partir do momento em que alguma dessas empresas passaram a cumprir com os compromissos dos empréstimos bancários corrigidos pela gigantesca inflação, houve dificuldade de se manterem adimplentes com os bancos. Esse problema contribuiu muito para que algumas fossem tomadas pelos bancos e leiloadas ou mesmo vendidas para assentamentos rurais.

É o caso da Maisa em que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) constituiu a partir do início da década de 2000 o assentamento Eldorado do Carajás II, formado inicialmente por mais de 1000 famílias assentadas e a Frunorte, onde em apenas uma das fazendas localizada no município de Carnaubais, o Incra instalou três assentamentos. Também em parte das terras da Fazenda São João, há dois assentamentos instalados. Um que fica na RN 015 e outro que fica na comunidade rural de Alagoinha.

Grande Maisa

A região que hoje é denominada de Grande Maisa é a mais produtiva do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que vai de Touros – RN até Limoeiro do Norte – CE, numa distância de cerca de 400 km.

A Maisa representou, na prática, uma verdadeira escola de produção de frutas. Os agrônomos que ficaram desempregados após o fechamento dela adquiriram áreas por compra ou arrendamento no seu entorno (Pau Branco, Sítio Jardim, Pedra Preta, Córrego Mossoró, Mata Fresca, Cajazeiras, Santa Maria, Aroeira, Cacimba Funda, entre outros) e se instalaram no formato de associações, cooperativas ou empresas individuais.

Esses técnicos representam o principal pool de produtores da região da Grande Maisa e continuam adquirindo áreas para ampliar a produção ou servir como alternativa para o plantio alternado ano após ano (descanso das áreas), prática muito necessária nas culturas de melão e melancia.

Preservação e construções

A nova lei aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados pode mudar a realidade de construções ao longo do trecho urbano do Rio Apodi – Mossoró.

Rio Apodi-Mossoró no centro da cidade de Mossoró (Reprodução)

Rio Apodi-Mossoró no centro da cidade de Mossoró (Reprodução)

O plano diretor dos municípios poderá determinar uma área de preservação menor nas regiões urbanizadas do que a prevista hoje em lei federal, desde que estabeleça regras para “não ocupação de áreas de risco de desastres” e que os empreendimentos instalados sejam de “utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental”.

A lei hoje determina que as construções urbanas são proibidas a menos de 30 metros de rios e lagos menores. O tamanho da faixa aumenta de acordo com o tamanho do curso d’água, podendo chegar a até 500 metros de preservação no caso de rios ou lagos com largura superior a 600 metros. Se o projeto for sancionado, a área de proteção pode ser menor.

O texto que será discutido no Senado teve apoio do governo e do setor de construção civil, mas passou sob protestos de ambientalistas.

Como a nova Lei não estabelece uma faixa mínima para as cidades corre-se o risco de   que ocorra invasão de novas áreas por construções. Outro aspecto negativo é que os prefeitos e vereadores estarão mais sujeitos a pressões locais por flexibilização.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 29/08/2021 - 12:00h

Uma estrada longe demais

Por Josivan Barbosa

Durante a semana tivemos a oportunidade de mais uma vez trafegar pela famosa Estrada do Cajueiro (BR 437 – projeto encaminhado pelo deputado Betinho Rosado). Diferente das outras vezes, iniciamos o percurso a partir do novo entroncamento com a RN 015 (terceira etapa da Estrada do Melão), à altura da comunidade de Boa Sorte.

O trecho até a divisa com o Ceará (Comunidade de Baixa Branca) está em péssimas condições de tráfego, apesar da pouquíssima chuva que caiu na Chapada do Apodi no último período de chuvas.

Encontro da Estrada do Melão etapa III com a BR 437 - Estrada do Cajueiro na comunidade rural de Boa Sorte (Foto: Josivan Barbosa)

Encontro da Estrada do Melão (etapa III) com a BR 437, Estrada do Cajueiro em Boa Sorte (Foto: Josivan Barbosa)

Não temos condições de falar sobre o trecho compreendido entre o Distrito de Jucuri e o entroncamento com a RN 015, mas não deve estar em boas condições, pois, é uma região de solos rasos e, assim, há muitas pedras na superfície.

A parte do Rio Grande do Norte da BR 437 tem extensão de apenas 32 km e se continuarmos com essa capacidade de articulação da Bancada Federal em Brasília, é provável que passaremos mais uma década sem a sua pavimentação.

O trecho que se inicia no Km zero (parte da estrada no estado do Ceará) na comunidade de Baixa Branca e que tem uma extensão de 52 km até a BR 116, após o município de Tabuleiro do Norte (sentido Sul), está em ótimas condições de trafegabilidade até o DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe – Apodi).

Inclusive, há um trecho que já foi pavimentado que se inicia na comunidade do Km 60, onde está instalada a Calcário do Brasil, uma grande fábrica de cal do grupo Carbomil.

Em toda a extensão da Estrada do Cajueiro é visível os sinais de êxodo rural. Há inúmeras casas abandonadas, mesmo sendo de boa qualidade para a região. O isolamento e a dificuldade de transportes coletivos provocaram a saída de inúmeras famílias ao longo da Estrada do Cajueiro.

Apesar de ser uma região com poucas possibilidades de desenvolvimento da agricultura irrigada em função da limitação de água, mas os poucos produtores sempre tiveram muita dificuldade de escoar a produção, o que tornou a Estrada do Cajueiro um deserto de projetos.

Estrada do melão

Tivemos também a oportunidade de conhecer a terceira etapa da Estrada do Melão que é um prolongamento da RN 015 a partir do eixo viário de Baraúna e que tem uma extensão de 18 km. Fiquei surpreso com a quantidade de produtores da agricultura irrigada que estão se instalando ao longo daquele trecho, o que mostra que estrada sempre implica em desenvolvimento de novos projetos. São produtores de banana (principal cultura instalada), melão, melancia, mamão formosa, maracujá, entre outros.

Há logo no início da estrada uma área com maracujá que com certeza é a maior já instalada nos últimos anos na região compreendida pelo Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que vai de Touros – RN até Limoeiro do Norte, numa extensão de cerca de 400 km.

O Governo do Estado do RN está de parabéns pela conclusão da terceira etapa da Estrada do Melão e agora é partir para concluir a segunda etapa que vai da BR 304 (altura da comunidade rural do Km 31) após a sede da antiga Maisa até a sede do município de Baraúna. No trecho da segunda etapa há várias comunidades rurais tradicionais e inúmeros assentamentos que serão beneficiados com o projeto. É um trecho que tem muitos produtores rurais de pequeno e médio porte.

A gestão política para a construção da Estrada do Melão iniciou-se em 2005 no Governo de Wilma de Faria. Já são 16 anos de luta pela Estrada do Melão. Até o momento foram feitos menos de 40 km, faltando ainda cerca de 32 km.

O município mais beneficiado com a Estrada do Melão é, sem dúvidas, Baraúna. Mas, por incrível que pareça, é o município que menos tem feito gestão política para a conclusão da estrada.

Exportação do melão e melancia

Iniciou-se na semana passada a temporada de exportação de melão e melancia da safra 2021/22 para a Europa e outros continentes.  A exportação sempre se inicia entre as semanas 33 e 34, o que novamente se repetiu em 2021.

Os primeiros embarques foram marcados por atraso de navios e os três portos (Pecém, Mucuripe e Natal) estão sendo utilizados pelos exportadores, conforme a frequência de navios. A concentração de frete marítimo na mão de poucas empresas multinacionais é o grande problema enfrentado pelo produtor por ocasião de negociação dos contratos de frete.

Rio Jaguaribe

O volume de água disponibilizado no Rio Jaguaribe para atender os produtores da agricultura irrigada dos perímetros irrigados como o DIJA e o DISTAB (Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas) está colocando em dificuldade os novos projetos de agricultura irrigada da região da Chapada do Apodi e Vale do Jaguaribe.

Durante a semana estivemos na Barragem das Pedrinhas (Limoeiro do Norte) e na Barragem de Quixeré. Em ambas, a vazão é mínima e não atende a necessidade do produtor. Não acreditamos que a integração da bacia do Rio Jaguaribe com a bacia do São Francisco mude a situação. Já será de bom tamanho se a água do São Francisco (Velho Chico) atender a demanda de Fortaleza e entorno.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - PMM - 12 de Abril de 2024 - Arte Nova - Autismo
domingo - 22/08/2021 - 10:44h

Com a “Melon & Co.”, Agrícola Famosa amplia sua força internacional

Por Josivan Barbosa

A Agrícola Famosa, umas das principais empresas produtoras e exportadoras de melão do mundo, criou uma nova empresa no Reino Unido denominada de Melon & Co. (veja AQUI). A nova empresa nasce com a missão de ampliar e cuidar mais de perto do cliente inglês.

A Inglaterra representa em torno de 35% do destino do melão e melancia produzidos pela empresa genuinamente mossoroense que nasceu na última década do século passado mediante a bravura de Carlos Porro e Luiz Barcelos.Melon & Co. - Agrícola Famosa

A Agrícola Famosa aproveitou muito bem o espaço comercial de frutas frescas deixado por empresas como Maisa, Nolem e Delmont e ampliou a sua participação na Europa no fornecimento do produto.

O grupo detém cerca de 70% da quota de mercado do melão e melancia do Reino Unido, através de venda direta às grandes redes de supermercados que anteriormente era feito em sintonia com a empresa FESA UK.

A empresa mossoroense trabalha com a expectativa de melhorar o serviço que presta ao cliente inglês acompanhando em detalhes a qualidade do produto que chega ao consumidor. Ela fornece atualmente cerca de 3.300 contêineres por ano ao mercado da Inglaterra e vizinhos.

A Agrícola Famosa pode, também, a partir de agora firmar parcerias com empresas produtoras de frutos na América Central e na própria Europa (especialmente Espanha) para fornecer o produto na época da entressafra do melão e da melancia no Semiárido Nordestino.

Frete marítimo

A safra 2021/22 do melão e melancia começa com uma incerteza para o exportador. Trata-se da dificuldade em função do alto preço das tarifas de frete marítimo. Algumas rotas ultramar terão dificuldades de disponibilidade de contêineres refrigerados, equipamento indispensável para a exportação de melão e melancia do Nordeste Brasileiro para a Europa, Estados Unidos e Ásia.

As tarifas de frete dos contêineres refrigerados sofreram aumentos consideráveis durante o primeiro semestre e ainda se trabalha com a expectativa de incremento no segundo semestre e no próximo ano.

O caos logístico global e a disparada nos fretes marítimos provocados pela pandemia deverão se estender ao menos até 2022. Isso significa preços altos e prováveis atrasos na chegada de produtos pelos próximos meses.

O Índice Global de Tarifas de Contenedores Reefer de Drewry, uma média ponderada das tarifas das 15 principais rotas ultramar com uso intensivo de contêineres refrigerados confirma um aumento de 32% até o segundo quadrimestre do ano em curso e espera que até o final do terceiro quadrimestre esse valor chegue a 50%.

O principal problema do aumento de preço do frete dos contêineres refrigerados é o alto preço que ele alcança quando é usado para o transporte de carga seca, e o mundo todo está convivendo com escassez de contêineres de uma maneira geral. O mercado tem operado no limite, com escassez de contêineres e falta de navios em todo o mundo. Com o início da temporada de pico – o terceiro trimestre, em que empresas abastecem seus estoques para o fim de ano -, a situação não só deve se prolongar, como poderá se agravar.

A crise afeta todos os segmentos que usam contêineres: calçados, vestuário, higiene pessoal, eletrônicos, equipamentos, alimentos, frutas, carnes refrigeradas, celulose, veículos.

Espera-se que esse problema seja minimizado somente a partir de meados do próximo ano, o que pode trazer um certo alívio no preço dos fretes marítimos.

Produção tem safra com boas expectativas (Foto: cedida)

Produção tem safra com boas expectativas (Foto: cedida)

Safra de melão e melancia

A safra de melão e melancia começou com boas expectativas para o produtor, apesar de que novamente a disponibilidade de água pode ser um problema, especialmente para as empresas que concentram a sua produção na região da Grande Maisa (Mossoró, Tibau, Icapuí, Jaguaruana e Aracati).

Os principais tipos de melão fornecidos para a Europa são: Piel de Sapo, Galia, Cantaloupe e Amarelo.

A tendência é um aumento no fornecimento da melancia sem sementes e da mini melancia que facilita o consumo, evitando desperdício em nível de consumidor, mas ainda há espaço para a melancia tradicional (grande e com sementes).

Energia solar

Se sua empresa pretende instalar uma usina de energia solar, não hesite em acelerar o processo. A Câmara dos Deputados aprovou durante a semana o marco legal da microgeração e minigeração distribuída e trata dos incentivos concedidos à geração de energia solar por pequenos produtores (como consumidores domésticos e empresas menores). A proposta segue para discussão do Senado Federal.

BRF no RN

A BRF decidiu pela construção de um parque para geração de energia eólica no Complexo Eólico Cajuína (Lajes, Angicos, Pedro Avelino e Fernando Pedrosa). O investimento estimado no projeto é de R$ 5,2 milhões por MW instalado. A BRF deverá investir diretamente cerca de R$ 80 milhões. O início das operações está previsto para 2024.

O parque eólico terá capacidade instalada de 160 megawatts médios (MWm), com geração de 80 MWm.

Consórcio de municípios

O município de Mossoró silencia diante de uma boa oportunidade para reduzir os custos de insumos da área de saúde. Trata-se do Consórcio Conectar que reúne mais de 2,5 mil municípios para compra compartilhada de medicamentos e insumos na área de saúde. A gestão do consórcio trabalha com a expectativa de conseguir uma redução de pelo menos 15% nos custos com compras de insumos da saúde.

Os pedidos poderão ser feitos bimestralmente pelo prazo de seis meses, prorrogáveis por mais seis meses.

A compra em grandes volumes de fornecedores nacionais vai favorecer principalmente municípios pequenos e médios, que compram insumos de distribuidores regionais e pagam mais caro.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 08/08/2021 - 13:34h

Estados e prefeituras devem ter mais dificuldades para empréstimo

Por Josivan Barbosa

A partir de agora tanto a governadora Fátima Bezerra (PT) quanto o prefeito Alysson Bezerra (Solidariedade) terá dificuldades de conseguir contrair empréstimos que necessitem de aval do Governo Federal. O problema é que o governo federal pretende subir a régua que determina se deve ou não entrar como avalista em operações de crédito contratadas por Estados e municípios. Novos critérios para o cálculo da Capacidade de Pagamento (CAPAG) dos entes subnacionais, que entraram durante a semana em audiência pública, vão exigir a intensificação do ajuste fiscal e a auditoria dos dados.dinheiro, real, empréstimo, fazenda, economia, finanças, fazenda, investimento, rentista, área financeira

Pelos critérios atuais, um Estado ou município cuja relação entre despesas correntes e receitas correntes seja de até 90% é considerado um “espetáculo de solvência” e recebe Capag A. A proposta do Tesouro é que essa relação seja baixada para 85%.

Para a Capag B, atribuída hoje a quem tem relação entre despesas correntes e receitas correntes entre 90% e 95%, a proposta é reduzir para 85% a 95% ou para 85% a 90%.

A Capag C, que impede o aval da União, é dada atualmente à relação maior do que 95%. A proposta é manter assim reduzir para 90%.

Outra alteração proposta pelo Tesouro Nacional é exigir que as contas apresentadas por Estados e municípios sejam validadas pelos tribunais de contas locais ou mesmo por uma auditoria privada.

De 2016 até junho deste ano a União gastou R$ 37,5 bilhões para pagar prestações não honradas de dívidas de Estados e municípios em que entrou como avalista. O Rio Grande do Norte está na lista desses Estados.

CEF Agronegócio

O município de Mossoró precisa fazer gestão junto a presidência da Caixa Econômica para que o município seja contemplado com uma agência voltada para o negócio rural. A região polarizada por Mossoró possui num raio de 150 km as principais empresas produtoras e exportadoras de frutos tropicais do Estado. São cerca de 200 empresas potenciais para atendimento de crédito e outros serviços voltados para o setor.

A Caixa elevou para 268 o número de agências que deverão ser abertas em todo o país para ampliar sua rede de atendimento até o fim do ano. Serão 168 unidades focadas no varejo e outras 100 especializadas no agronegócio.

A condição de reciprocidade negocial com a prefeitura se dá em locais onde, atualmente, não há viabilidade financeira para abertura de unidades, mas este não é o caso de Mossoró. Entre as obrigatoriedades da prefeitura estão a cessão não onerosa de espaço físico para a unidade, a transferência de folha de pagamento do município para a Caixa, a centralização de convênios e a arrecadação e cobrança dos tributos, entre outros.

Juros

O BC aumentou em um ponto percentual a Selic, para 5,25%, e indicou que, sem modificações substanciais no cenário, repetirá a dose na reunião do Copom de setembro. Resta saber agora até onde vai o ciclo de aperto e em que magnitude cessará. A nova intenção do BC é ir além do juro neutro, algo que, se a meta de 2022 for cumprida, será de 6,5%. No comunicado do Copom, com a Selic a 7% no ano corrente e sua manutenção em 2022, os 3,5% da meta seriam atingidos. Mas esse é um terreno movediço. Quando pressões inflacionárias deixam de ser temporárias e se tornam permanentes, a própria taxa neutra de juros se eleva, dizem economistas.

Pernambucanas

Após o silêncio da Havan sobre a instalação de uma unidade em Mossoró, agora será a vez do município atentar para atrair de volta as lojas Pernambucanas. A empresa vai ampliar as suas unidades no Norte e no Nordeste. As Pernambucanas era uma das mais importantes lojas de tecidos instalada na Praça do PAX, ao lado do antigo Armazém Narciso.

Transnordestina

O desenvolvimento regional do Nordeste está em baixa. O governo decidiu levar à frente a construção de apenas um dos dois trechos da ferrovia Transnordestina, o que liga o interior do Piauí, em Elizeu Martins, até o porto de Pecém, no Ceará.

O projeto da Nova Transnordestina foi concebido ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com previsão de conclusão em 2010, as obras da ferrovia sofreram inúmeras interrupções e até hoje não há prazo para entrar em operação. O orçamento do projeto mais do que dobrou. Já foram gastos cerca de R$ 7 bilhões.  Outro montante equivalente a esse ainda precisaria ser gasto.

O governo tem reconhecido o esforço da concessionária Transnordestina Logística, comandada pela CSN e responsável por construir e operar a ferrovia. As obras estão em andamento com praticamente 1.000 trabalhadores em campo, tendo investido R$ 300 milhões somente ano passado.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - PMM - 12 de Abril de 2024 - Arte Nova - Autismo
domingo - 01/08/2021 - 10:06h

A aposta no ensino profissionalizante e nossa corrida contra o tempo

Por Josivan Barbosa

O Governo do RN lançou importante programa de ampliação das escolas técnicas estaduais que foi iniciado há uma década numa parceria com o Governo Federal. Tanto a governadora do Estado, professora Fátima Bezerra (PT), como o secretário de Educação do Estado, Getúlio Marques, tem ampla experiência no assunto. A professora Fátima Bezerra articulou junto ao MEC a ampliação das unidades do Institutos Federais de Educação no Estado do RN em duas dezenas e Getúlio Marques era, na ocasião, o secretário nacional do MEC responsável pelo ensino técnico.

 Centro Estadual de Educação Profissional e Tecnologia Professor Gilmar Rodrigues de Lima, no Distrito de Linda Flor, zona rural de Assu (Foto: Secom/RN)

Centro Estadual de Educação Profissional e Tecnologia Professor Gilmar Rodrigues de Lima, no Distrito de Linda Flor, zona rural de Assu (Foto: Secom/RN)

Assim, os dois à frente desse programa têm amplas condições de tornarem o ensino técnico do RN um modelo para o restante do país. O problema agora é administrar os recursos alocados com a velocidade que a população necessita. A situação clama por urgência, pois os jovens do nosso RN precisam de amparo.

O número de jovens que não trabalham nem estudam, os chamados “nem-nem”, cresceu na pandemia, mais pela deterioração do mercado de trabalho para esse grupo do que por um aumento da evasão escolar.

Estima-se que esse crescimento foi da ordem de 25%. Um número assustador para um Estado que apresenta outros fatores negativos para o sucesso profissional dos jovens. A urgência e a importância de se tratar de forma prioritária o planejamento e execução de como preparar melhor os jovens para sua entrada no mercado foi percebida ainda em tempo pela nossa governadora.

Prioridade da educação dos jovens

A educação dos jovens é um tema que periodicamente é debatido na academia, por representantes de várias áreas do governo e por organizações não governamentais voltadas para a educação. Mas efetivamente pouco se faz e a questão se torna ainda mais relevante diante da retomada do crescimento econômico que se desenha, segundo os indicadores macroeconômicos mais recentes.

Sem ensino profissionalizante que os ajudem no início da carreira, o nosso RN terá novamente gerações de jovens à margem do mercado de trabalho. É mais do que sabido que o RN precisa investir mais e com maior objetividade na educação e no ensino profissionalizante. Inúmeras pesquisas mostram que muitos jovens chegam ao mercado de trabalho sem disporem de ferramental que os capacite a atender as demandas das empresas e mesmo do setor público. Portanto, o programa chega num bom momento e esperamos que traga frutos o mais breve possível.

Os números da FGV           

Uma pesquisa recente da FGV mostrou que os maiores percentuais de pessoas que não trabalhavam nem estudavam no fim do ano passado eram mulheres (31%), pretos (29%), moradores na região Nordeste (32%) e na periferia das grandes cidades (27%), assim como chefes de famílias (27%) e pessoas sem instrução (66%). A pesquisa revelou ainda que a porcentagem de pessoas de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham aumentou para 25,52% no quarto trimestre de 2020, ante 23,66% no fim de 2019. Ao longo do ano passado, esse número bateu recorde, atingindo 29,33% no segundo trimestre. 

Superávit de Estado e municípios

O Governo do RN e o município de Mossoró, contarão com recursos mais significativos na arrecadação de impostos no ano em curso. O quadro tem sido impulsionado pela disparada na arrecadação do ICMS e também pela contenção de gastos com pessoal determinada pela Lei Complementar 173, aprovada em meio à pandemia e que congelou os vencimentos dos servidores dos entes até o fim do ano.

O ICMS, principal imposto dos Estados (e que também é compartilhado com as prefeituras), está tendo forte expansão, impulsionado pelo “boom” de commodities, a alta da inflação interna e o próprio crescimento econômico. Além disso, o tributo tem forte peso em combustíveis e energia, itens com preços em alta este ano.

Só nos Estados, a arrecadação de janeiro a abril (dado mais recente disponível com detalhamento) subiu 13,5%, ante 2,4% do IPCA do período. As despesas subiram apenas 2,6% no dado agregado dos Estados, praticamente igual à inflação.

Não se pode comemorar antecipadamente. A leitura do governo e de especialistas é que é cedo para se considerar que a melhora fiscal dos entes federativos, em especial dos Estados (em crise crônica desde 2015), veio para ficar. Não há garantia sobre o comportamento da receita e há grande dúvida sobre como os governadores se comportarão em 2022, quando não haverá mais restrições para aumento de despesas ao mesmo tempo em que o país irá às urnas.

Bons projetos

Diante da perspectiva de ampliação da arrecadação, tanto o RN quanto o município de Mossoró precisam se preparar para ampliar a sua limitada capacidade de investimento. A prefeitura e o Governo do Estado têm limitações para tocar projetos complexos. Há, historicamente, um problema de má governança dos recursos, o que inclui falta de planejamento, de programação, de bons projetos, de fiscalização e de supervisão.

Uma das piores coisas que podem acontecer a uma obra, seja ela pública ou privada, é parar antes da conclusão, o que aumenta custos e prazos previstos em orçamento. Tanto no RN quanto em Mossoró falta condições para elaborar projetos de qualidade. Não adianta ter dinheiro se não conseguir usá-lo de forma eficiente. O desafio é como evitar o desperdício de dinheiro público.

Parceria com o BNDES

O Governo do RN e a Prefeitura de Mossoró precisam procurar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) BNDES para implementar bons projetos. O BNDES apoia os estados e municípios na estruturação de projetos. O banco tem conhecimento nessa área e presta serviços nas três esferas: União, Estados e municípios.

PAX

O Parque Científico Tecnológico Augusto Severo (PAX) é um desses bons projetos que o Governo do RN precisa acelerar com recursos oriundos da ampliação das receitas. O projeto do PAX precisa da sintonia entre as três universidades públicas e o Governo do RN. Será instalado em Macaíba numa área de 50 ha que a UFRN precisava destinar a alguma finalidade, pois já se aproximava de uma década sem uso.

A área, de propriedade da UFRN, conta com 70 salas (10m² a 172m²) com 15 mil metros quadrados de área construída e que irá abrigar centros de pesquisa e capacitação, laboratórios multiusuário, incubadoras tecnológicas e observatórios. Os recursos da ordem de R$ 8 milhões anunciados pelo Governo do Estado oriundos do Banco Mundial não são suficientes para tocar o projeto na sua fase inicial. Daí a necessidade de uma ampla parceria das universidades com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para a liberação de recursos.

Interiorização do PAX

O PAX precisa ter uma unidade em funcionamento em Mossoró. Para isso a Prefeitura de Mossoró, a UFERSA e a UERN necessitam trabalhar a articulação junto ao Governo do Estado e ao MCT&I. A UFERSA dispõe de um prédio em construção no Complexo Judiciário que foi cedido pela Procuradoria Geral do Trabalho, o qual pode funcionar como escritório.

A UFERSA possui, também, uma área de 60 ha, ao lado do antigo CEDUC, com fácil acesso pela BR 304, que pode abrigar o PAX do interior. Não podemos deixar que, a exemplo de muitos outros projetos que não ultrapassam a Reta Tabajara, o PAX se concentre apenas na grande Natal.

Reta Tabajara

Nesta semana tive a oportunidade de passar pela Reta Tabajara. Após uma década de início, as obras da Reta Tabajara seguem a passos de tartaruga. Se continuar na velocidade dos últimos anos, teremos mais uma década sem a Reta Tabajara duplicada. E, assim, perdemos a esperança de um dia termos a BR 304 melhorada, com pelo menos alguns trechos com terceira via.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
terça-feira - 20/07/2021 - 20:54h
Alerta

Ex-reitor da Ufersa tem número de celular clonado

Bloqueei o número que tentou usar indevidamente o número da vítima (Reprodução BCS)

Bloqueei o número que tentou usar indevidamente o número da vítima (Reprodução BCS)

O professor Josivan Barbosa – ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) – teve seu celular clonado.

Usaram uma falsa pesquisa sobre Covid-19 para esse fim e estão pedindo dinheiro em seu nome.

Bloquei o número clonado e denunciei o caso ao sistema operacional do WhatsApp, além de alertar a própria vítima sobre o caso.

Cheguei a dialogar com um interlocutor que se passava por Josivan, mas rapidamente notei que havia algo estranho e fiz o bloqueio

Fica o alerta.

Acompanhe o Canal BCS (Blog Carlos Santos) pelo TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUI e Youtube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Gerais / Segurança Pública/Polícia
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 04/07/2021 - 11:00h

A realidade em números do Polo Cloroquímico em Mossoró e região

Por Josivan Barbosa

Muito se tem falado e se questionado sobre o futuro polo cloroquímico do RN (Polo Cloroquímico Koyo-PCK em Mossoró) recém anunciado e com boas perspectivas para ser iniciado no próximo ano. Trata-se de um projeto ambicioso, que nasceu há mais de duas décadas com vistas a agregar valor ao sal marinho e a outros recursos naturais abundantes no Rio Grande do Norte.

Prefeito Allyson e Dr. Joaquim Franco Junior, vice-presidente do Koyo/FTB & Energy (Foto: Célio Duarte)

Prefeito Allyson Bezerra e Dr. Joaquim Franco Junior, vice-presidente do Koyo/FTB & Energy (Foto: Célio Duarte)

O plano que compreende Mossoró e outros três municípios, finalmente assegurou os primeiros investidores e parte, agora, para as fases de normatização, licenciamento e estudos de viabilidade técnica e econômica.

O projeto ganhou força quando o grupo, até então desconhecido, formado pelas empresas Koyo Intership Trading, do Panamá, e TFB & Energy, constituída no país para investir em energia renovável, assinou protocolos de intenção com as prefeituras de Mossoró (veja AQUI) e Guamaré, referentes à primeira fase de implantação do polo.

Essa etapa englobará complexo de produção de cloro-soda e derivados, incluindo PVC, usina solar com 350 megawatts (MW) de potência e um terminal portuário, com investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões.

Os municípios – além de Mossoró e Guamaré, Porto do Mangue e Macau serão abrangidos pelo projeto – têm 150 dias, a partir da assinatura dos protocolos, para garantir aos investidores as condições de execução do projeto, incluindo base legal, e então serão iniciados os desembolsos efetivamente. Embora estudos preliminares de impacto ambiental já tenham sido executados, será preciso produzir um novo EIA-Rima. Pelo projeto original, a primeira etapa do polo entrará em operação no segundo semestre de 2024.

Os desembolsos iniciais somam US$ 800 milhões, direcionados à infraestrutura para geração de energia, estudos e aquisição de tecnologia.

O projeto industrial, propriamente, virá na sequência e receberá US$ 1,3 bilhão – há ainda necessidade de outros investimentos para garantir as condições de operação, que resultam nos US$ 2,5 bilhões previstos inicialmente.

Segunda etapa do polo cloroquímico

Na segunda etapa, que será executada futuramente e quando a produção de cloro-soda já estiver estabelecida, o plano é produzir também barrilha – beneficiando-se também da reserva de calcário no Estado -, fertilizantes e outros produtos químicos. Nessa etapa, os investimentos estão estimados em mais US$ 2,5 bilhões.

Em grandes números, o polo cloroquímico poderá produzir até 500 mil toneladas anuais de PVC, até 600 mil toneladas anuais de barrilha e 600 mil toneladas anuais de cloro-soda e seus derivados. Em geração de emprego, serão 7 mil postos de trabalho diretos e indiretos quando todas as fases estiverem em operação – a expectativa é atrair transformadores de PVC para a região do polo, cujos custos devem ser favorecidos pela proximidade das principais matérias-primas (sal e calcário, no segundo momento).

O exemplo do polo cloroquímico de Alagoas

O impacto econômico para o Rio Grande do Norte de um polo cloroquímico dessa natureza pode ser esclarecido quando analisamos o polo cloroquímico de Alagoas (veja AQUI), que é explorado pela gigante Brasken. A companhia, que encerrou definitivamente a extração de sal-gema na capital alagoana após o solo ceder em regiões próximas à mina, retomou as operações na fábrica de cloro-soda em fevereiro, utilizando matéria-prima importada.

Na outra unidade em Alagoas, em Marechal Deodoro, prevê executar 24 projetos de melhoria somente neste ano.

Polo em Alagoas: realidade (Foto: Reprodução)

Polo em Alagoas: realidade (Foto: Reprodução)

Em Maceió, os investimentos permitirão a retomada plena das operações, que está prevista para o segundo semestre. Segundo a companhia, a produção integrada PVC e soda cáustica ajuda a movimentar cerca de 40 indústrias da cadeia produtiva da química e do plástico, que geram cerca de 12 mil empregos entre os dois municípios.

A retomada teve efeito na arrecadação estadual. A Secretaria da Fazenda estima alta de 67,18% no ICMS arrecadado em maio, na comparação anual, tendo como principal fator os indicadores do setor industrial.

O RN e a LRF

Mesmo com o aumento da arrecadação na maioria dos Estados, os governos do Acre, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte gastaram mais com pessoal do que o permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no primeiro quadrimestre deste ano, ou seja, estão destinando mais de 49% de sua Receita Corrente Líquida (RCL) ao pagamento de pessoal.

O Rio de Janeiro foi o que mais comprometeu sua RCL com gasto com pessoal, ao atingir 57,1%. É seguido por Rio Grande do Norte (53,2%), Minas Gerais (52%), Acre (51,3%) e Paraíba (49,6%).

A situação do nosso Rio Grande do Norte é preocupante, pois isto acontece num momento em que a arrecadação é crescente. As maiores altas na arrecadação foram registradas em Roraima, Rio Grande do Norte e Piauí.

Em Roraima, as receitas cresceram 31% no período, enquanto as despesas avançaram 12%. No Rio Grande do Norte, a alta na arrecadação foi de 27% e os gastos cresceram 21%. Já no Piauí, as receitas subiram 25%, e as despesas, 12%.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 27/06/2021 - 12:48h

Pesquisa mostra caminho para aumento da produção do trigo

Produção de trigo no semiárido é uma realidade e ao mesmo tempo, um cabedal de dúvidas (Foto ilustrativa)

Produção de trigo no semiárido é uma realidade e ao mesmo tempo, um cabedal de dúvidas (Foto ilustrativa)

Por Josivan Barbosa

Uma pesquisa da Embrapa Trigo (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)e da rede técnica das cooperativas do Rio Grande do Sul (RTC/CCGL) mostra ser possível ampliar a produção de trigo no Brasil sem que necessariamente haja aumento de área de plantio. Os resultados do estudo surgem em um momento em que voltam a ganhar corpo as discussões sobre a necessidade de o país produzir mais o cereal. A alta dos preços do milho encareceu a cadeia de carnes – e um pode substituir o outro como matéria-prima para nutrição animal.

Segundo os pesquisadores, associar sementes de boa qualidade com melhor manejo pode reduzir em 20% (ou R$ 415 por hectare) o custo variável da produção do trigo, que é de R$ 2 mil, em média – e a diminuição ocorreu sem afetar a produtividade das lavouras. Se considerados os 900 mil hectares de trigo cultivados no Rio Grande do Sul em 2020, a economia com sementes e fungicidas chegaria a R$ 360 milhões no Estado.

A pesquisa avaliou duas linhas de manejo, uma visando à redução da população de plantas e outra com o uso racional de fungicidas, aproveitando fatores da genética das cultivares. A economia de R$ 415 por hectare é resultado da soma de R$ 140 por hectare em sementes e R$ 275 por hectare em fungicidas. Com o preço de comercialização do ano passado (R$ 70, em média) como parâmetro, a redução de custos corresponde ao valor de seis sacas de trigo por hectare.

A pesquisa atestou o que se conhece na prática: no Estado, por hábito, os triticultores usam mais sementes do que precisam. “Em geral, o produtor tem adotado 150 quilos de sementes de trigo por hectare, mas na soja e no milho o cálculo é efetuado em plantas por metro linear. Queremos mostrar nesse trabalho que a implantação do trigo também deve seguir essa lógica de plantas por metro linear, e não a de quilos por hectare”, afirma Geomar Corassa, engenheiro agrônomo da CCGL.

Os pesquisadores instalaram faixas de população de plantas em 20 áreas diferentes, distribuídas por 17 municípios. A cultivar utilizada foi a BRS Belajoia, instalada nas áreas com três densidades de semeadura: 40, 60 e 80 plantas por metro de fileira. Em cada local, a área total chegou a 3 hectares, destinando um hectare para cada faixa de população.

A pesquisa mostrou que o aumento na densidade de plantas não representou ganhos significativos no rendimento dos grãos, mesmo em diferentes ambientes de produção. A média de rendimentos ficou entre 64 e 67 sacas por hectare, mas os custos quase dobraram, passando de R$ 234 por hectare na densidade de 43 plantas por metro para R$ 415/hectare nas faixas de 76 plantas por metro.

“Quando se usa mais sementes, as plantas têm que crescer mais em busca da luminosidade, isso eleva a tendência de tombamento”, explica Giovani Faé, engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo. Como consequência desse tombamento, costuma-se usar mais fertilizantes nitrogena.

Sementes certificadas

As sementes certificadas e resistentes a doenças reduzem os gastos com insumos. Para a Embrapa, com essa economia, os produtores poderiam investir em outras frentes na lavoura, o que aumentaria a produtividade do trigo e também nas culturas subsequentes, como a soja no verão.

O custo da semente de trigo no Rio Grande do Sul foi, em média, de R$ 2,20 por quilo na safra 2020. Para a população recomendada de 43 plantas por metro, a redução de custos chega a R$ 140 por hectare quando se compara com os 150 kg de sementes por hectare do método tradicional.

No estudo, quatro aplicações de fungicidas ao longo da safra custaram R$ 390 por hectare. Com o monitoramento, foi possível fazer uma única aplicação, ao custo de R$ 115 por hectare.

Fonte:  //valor.globo.com/agronegocios/noticia/2021/06/07/pesquisa-da-embrapa-eleva-desempenho-de-lavouras-de-trigo-no-rs.ghtml

Produtores de frutas precisam ficar atentos

Diante da possibilidade da União Europeia, principal destino das frutas exportadas pelo nosso Semiárido (Polos de Agricultura Irrigada RN – CE e Vale do São Francisco), rejeitar os nossos produtos exportados em função da questão de relaxamento com a sustentabilidade da Amazônia, os nossos produtores de frutas precisam mostrar para os europeus que as nossas áreas não possuem relação nenhuma com a problemática da região Norte.

Sustentabilidade é o xis da questão (Foto ilustrativa)

Sustentabilidade é o xis da questão (Foto ilustrativa)

Isso precisa ser feito o quanto antes. Depois não adianta chorar o leite derramado.

O Brasil está cada vez mais isolado na comunidade internacional na questão ambiental e o risco agora é de boicote de produtos nacionais pelos consumidores de países em que esse tema ganha mais relevância.

Assim, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS) precisa divulgar para a Europa e entorno que os produtores de frutas tropicais do Semiarido brasileiro se preocupam com os recursos hídricos, trabalham com manejo adequado dos solos e preservam a vegetação nativa da caatinga e de outros biomas e que desenvolvem ações sociais na região.

É importante compreender que o nosso produtor de frutas já sofre com o retrocesso das negociações do Acordo Comercial Mercosul-UE ocasionado por problemas relacionados à forma como o país encaminha as questões climáticas nos últimos anos e, assim, as negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul não avançam por causa do desmatamento.

Sucesso da energia eólica no RN

A Casa dos Ventos fechou um contrato de longo prazo (PPA) com a Energisa Comercializadora para a venda da energia do complexo eólico Rio dos Ventos (RN), que está entrando em operação comercial. O acordo prevê o fornecimento de 20 megawatts (MW) médios de 2023 a 2038.

Com a conclusão da rodada de comercialização da primeira fase de Rio do Vento, a companhia de geração eólica vai focar agora nos acordos para a venda da energia da segunda fase do complexo e do projeto Babilônia (BA).

Outra boa notícia para o RN é que o grupo quer transformar suas usinas eólicas em unidades híbridas, também com geração solar. Com isso, nos próximos dois anos, o portfólio do grupo deve atingir a marca de 1,6 gigawatts (GW) de capacidade eólica e 400 MW de geração solar fotovoltaica.

Além disso, o desenvolvimento de um projeto exclusivamente solar também está nos planos. A companhia avalia diversificar não somente seu portfólio de geração, como também sua atuação geográfica, até o momento concentrada no Nordeste.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo / Economia
  • Art&C - PMM - 12 de Abril de 2024 - Arte Nova - Autismo
domingo - 20/06/2021 - 13:48h

A alternativa da produção e exportação do limão

Por Josivan Barbosa

Durante muito tempo temos defendido a diversificação da produção de frutas no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE como forma de ampliar a nossa participação nos mercados americano, europeu e agora o asiático. Uma dessas alternativas é, sem dúvida, o limão Tahiti.

Há algumas experiências de cultivo do limão Tahiti no Semiarido, como no Estado do Piauí, na região de Petrolina – PE e na região de Baraúna.limao_tahiti_adulto_em_vaso_com_180cm_167_1_20201203181849

O produto fresco é muito aceito na Europa e nos Estados Unidos. Um exemplo disso é a sua comercialização durante o ano todo na Espanha.

O Brasil é um dos principais fornecedores do produto para a Europa, mas a sua produção concentra-se no Estado de São Paulo. Normalmente, o Brasil reduz os volumes exportados no verão, quando se importa do México que é outro grande exportador do limão Tahiti para a Europa. O México exporta de maio a janeiro.

Em função da proximidade do México com os Estados Unidos, em algumas épocas do ano o mercado americano pode ser mais atrativo do que o Europeu. O fruto é mais consumido na Europa no verão e, portanto, com a reabertura do canal horeca (hotéis,  restaurantes e bares) as perspectivas são muito boas para o  pós-pandemia.

Atualmente, os preços na Europa têm aumentado para 8 a 10 euros por caixa de 4,5 kg, sendo que o Brasil está aproveitando bem a demanda e enviando quantidades significativas nesse momento.

Outro grande importador europeu do limão brasileiro é o Reino Unido que nesse período aumentou em mais de 50% a importação do fruto a partir do Brasil.

Há, também, a expectativa de que alguns importadores passem a adquirir o produto transportado por via aérea como forma de manter o fornecimento sem qualquer interrupção na Europa.

Outro mercado potencial para o limão Tahiti é a Itália que trabalha com o prognóstico de ampliação da demanda nesse verão com o aumento do fluxo de turistas estrangeiros para as praias, montanhas e, consequentemente, o aumento da demanda por bares e restaurantes.

O mercado no atacado do Norte da Itália está trabalhando com o preço do limão Tahiti na faixa de 2 euros por quilo, o que representa 9 a 10 euros por caixa de 4,5 kg.

Aproximadamente, 90% do limão Tahiti importado pela Itália desembarca no Porto de Roterdã. Na semana passada, num supermercado do Norte da Itália, o limão proveniente do Brasil de alta qualidade estava sendo vendido a 5,30 euros/kg, ao passo que o de segunda categoria era comercializado a 2,89 euros/kg.

A lima ácida (como é conhecido o limão Tahiti) na Europa é cultivado na Itália para o mercado doméstico, mas os frutos são muito susceptíveis ao aparecimento de fungos, bactérias e outras doenças dos citrus, o que torna o produto pouco atrativo.

Na África do Sul que é outro importante importador do produto do Brasil, a temporada do limão Tahiti vai de janeiro a março, quando cai no outono. O preço no mercado oscila de 20 rands (1,2 euros/kg) a 25 rands (1,5 euros) por kilo.

Outro grande mercado internacional do limão Tahiti é o americano que importa o produto principalmente do México. Alguns países da América Central como Guatemala e República Dominicana fornecem o produto para o mercado americano. A Colômbia também exporta. Geralmente o limão proveniente desses países atinge o Leste do Estados Unidos e o Canadá.

O tamanho mais comum é o limão pequeno, com o calibre 6230 predominando, sendo que a faixa de 200 a 250 é aceita. O mercado tende a refratar os calibres maiores.

Os frutos exportados via marítima não conseguem competir com o produto que é importado a partir do México. Os frutos ultramar só conseguem competir quando a fruta mexicana atinge valores de 20 a 30 dólares ou acima disso.

Um bom projeto para a agricultura familiar

Durante muito tempo temos feito uma verdadeira peregrinação para recomendarmos algum projeto para a agricultura familiar do Alto Oeste do RN, uma região que tem sérios problemas de água para o consumo humano, o que torna muito difícil viabilizar qualquer recomendação nesse sentido.

Mas, vem da América Central um projeto que pode ser avaliado pela nossa Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento. Trata-se de um projeto com o cultivo da pitaya. Em Honduras o Plan Nacional de Pitahaya está transformando a vida de 2000 produtores do Corredor Seco.

Depois de muitos anos de sofrimento das famílias daquela região com perdas dos cultivos pela falta d`água, elas passaram a colher com êxito volumes consideráveis de pitaya com o apoio do Governo de Honduras no fornecimento de raquetes de pitaya e acompanhamento técnico.

O Governo daquele país apostou no cultivo de pitaya e a aceitação do produtor em aderir ao cultivo dessa fruta é justificado pelo valor nutricional, o seu valor de mercado, sua aceitação por parte do consumidor e a facilidade de adaptação da pitaya a condições climáticas extremas.

O Plan Nacional de Pitahaya de Honduras prevê uniformização das práticas de preparação dos solos, manejo de cultivo e práticas de pós-colheita capazes de assegurar alto padrão de qualidade do fruto para o consumo doméstico e internacional. O projeto busca, também, potencializar a capacidade técnica dos produtores através de equipes técnicas de extensão rural.

Naquela região de difícil convívio com as condições hídricas em Honduras, a exemplo do nosso Médio e Alto Oeste, já há cerca de 180 novos produtores depitaya distribuídos em 10 municípios do Corredor Seco que servirão de modelo para novos produtores. O projeto acima mostra claramente que não precisa inventar a roda para que possamos implementar novos projetos para a agricultura familiar do Médio e Alto Oeste do RN.

Mas, precisa de vontade política dos diferentes níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal) e de trabalho em sintonia. Um projeto dessa natureza no nosso RN poderia aproveitar toda a logística de exportação do melão, melancia, mamão e outras frutas e avançar na colocação da pitaya produzida por pequenos produtores nos mercados americano e Europeu.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
domingo - 13/06/2021 - 11:34h

Os desafios do melão brasileiro na China

Melões já no Aeroporto de Xangai na China, em 2020 (Fotos: Arquivo Ftrade Brasil)

Melões já no Aeroporto de Xangai na China, em 2020 (Fotos: Arquivo Ftrade Brasil)

Por Josivan Barbosa

No ano passado os exportadores brasileiros de melão receberam a permissão para exportar o melão para a China. No primeiro ano os embarques foram mínimos e alguns importadores testaram o melão brasileiro e logo deixaram de importar. Claro que a questão da pandemia teve forte influência, o que se verificou com outros tipos de frutas na importação pela China.

Apesar disso, os nossos produtores já estão plantando as variedades que interessam ao mercado chinês, como o Piele de Sapo, Dino e Amarelo.

O melão brasileiro é considerado pelo mercado chinês como um produto prêmio e os consumidores precisam se acostumar com o preço que é fortemente afetado pelo custo de transporte devido ao tempo que o produto necessita para chegar naquele mercado e por taxas de importação.

Normalmente, quase três o tempo para atingir o mercado europeu e quase cinco vezes o tempo de transporte marítimo para o mercado americano.

O nosso melão entra na China quando termina a temporada doméstica. Apenas o melão da província de Hainan ainda compete com o nosso melão.

Um pequeno número de países possui permissão para exportar melão para a China, entre eles Myanmar e Kirguistán. Mesmo assim, não pode comparar a qualidade do melão brasileiro com os melões produzidos e exportados por esses países. O nosso melão tem flavor (sabor e aroma) diferenciados.

Além disso, o peso do nosso melão Piele de Sapo pode atingir até três quilos, o que passa a ser mais um fator de atratividade naquele mercado.

O mercado trabalha com a expectativa de que a partir de agosto, os produtores brasileiros anunciem os valores do melão destinado ao mercado chinês, cuja exportação deve começar no final de setembro ou outubro.

O momento é de dúvida sobre o sucesso desse mercado para o melão brasileiro, mas os importadores precisam de um tempo para que o consumidor possa se acostumar com os preços elevados do melão brasileiro que chega na China quando comparado com os frutos do mercado doméstico

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.