Por Carlos Duarte
Neste final de semana, o RN bateu a triste marca de 1.000 assassinatos, de acordo com informações do Observatório de Violência do RN (Obvio). O milésimo homicídio aconteceu em Mossoró, sábado (23/06), no bairro Belo Horizonte.
Apesar da marca brutal de violência, o governo Robinson Faria (PSD) ‘comemora’ a tragédia como se fosse um “dado positivo” de seu governo, uma vez que houve redução numérica de 14,5%, em relação a 2017 (quando 1.169 foram vítimas de homicídios em todo o Estado).
Por outro lado, neste ano, 44 pessoas foram mortas, vítimas de latrocínios, indicando um crescimento de 33,33% nesse tipo de crime.
Enquanto as forças de segurança aguardam medidas administrativas – como as reposições de efetivos, que nunca acontecem ou só acontecem tardiamente – a onda de violência já tirou a vida de 16 policiais, no mesmo período. E o que é ainda pior: nos últimos vinte dias, a curva de homicídios aponta crescimento agudo no RN.
No quesito segurança pública, o atual governo do RN repete o mesmo equívoco intrínseco das pastas de saúde, educação, economia e demais setores vitais da gestão pública. À deriva, sem plano estratégico viável, ou qualquer referencial de eficiência mínima, o governo Robinson Faria sequer consegue pagar, em dia, os salários de servidores e aposentados, bem como as dívidas de fornecedores.
As inúmeras denúncias de escândalos e corrupção imputadas ao chefe do executivo do RN, comprometem severamente a ética, a moralidade e, principalmente, a confiança – indispensáveis à boa conduta da gestão pública.
Portanto, os milhares de homicídios, apontadas pelo monitoramento do Obvio, a cada ano, são apenas a parte mais visível de um cenário criminoso decorrente de gestões incompetentes e não comprometidas com os deveres constitucionais e de cidadania.
Ah, tudo é culpa de Robinson? Não, é também culpa dele, principalmente por ter criado uma expectativa em campanha de que seria “O governador da segurança”, sem ter dimensão do problema.
Em outras esferas da gestão estadual, a mesma ineficácia concorre para que se agravem outros problemas. A insegurança é parte das queixas.
O quadro na saúde não é menos aflitivo, apesar de muitas promessas. Déficit previdenciário incontrolável, salários atrasados, com pauta de exportação pífia e à base de commodities, sem uma política de industrialização que contemple o interior, por exemplo, o RN parece sem futuro.
Para qualquer direção em que colocamos os olhos, tudo é assustador.
Que Vossa Excelência faça um exame de consciência, uma reflexão profunda, e se digne a um gesto de humildade para pedir desculpas às milhares de pessoas vítimas da mediocridade e incompetência administrativa de seu governo.
Quanto ao futuro, talvez o pior ainda esteja por vir. Nada parece sinalizar para algo melhor ou menos ruim. A corrida eleitoral é o retrato de uma prova de sobrevivência, um vale-tudo que já tem um perdedor certo: o povo do Rio Grande do Norte.
Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa
Ali, no início, descorri sobre o fato de que não se deve assoberbar DPs com assuntos que não envolvam diretamente a segurança de nosso povo, trancafiado no medo das ruas.
Mal sabia que, mais adiante, leria o brilhante Artigo do economista Carlos Duarte.
Perdem-se as minhas palavras no rigor das referências do exposto por Carlos Duarte que disse tudo e mais a quem merece ouvir.