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domingo - 29/08/2021 - 10:46h

Tarde demais

O-que-e-Arrependimento-Verdadeiro-e-O-que-ele-Produz-segundo-a-Biblia-1024x682Por Inácio Augusto de Almeida

Mesmo preguiçosamente a tarde consegue dar lugar a uma noite que chega de mansinho.

No céu surge a primeira estrela.

Breve virão as outras para formar a linda colcha de retalhos.

No horizonte avermelhado o anúncio de que a noite está chegando.

Lembranças muitas, saudades poucas, se atropelam e me lembram passagens já amortecidas pelo tempo.

Por que as lembranças não nos abandonam deixando lugar apenas para a saudade?

Para a saudade e os seus segredos.

Os sonhos vencidos pela realidade sempre a nos trazer lembranças.

Precisamos aprender a sonhar com pouco.

Em busca da realização de sonhos saímos procurando o que depois descobrimos não passar de meras espumas.

Só muito tarde percebemos ter deixado o realmente importante para trás.

Na corrida louca caímos e nos levantamos incontáveis vezes.

A vida passando e a gente sem perceber que corria em busca do nada. Do nada, sim, porque o importante estava conosco o tempo todo. E se estava conosco não precisava ser buscado em nenhum lugar.

É noite, a escuridão aumenta mais a capacidade de mergulhar em lembranças. E vem a vontade forte de fugir de tudo sem sair do lugar.

Ou não é isto o que a velhice nos reserva?

Certo que existem os que buscam a felicidade tão perseguida nos anos verdes brincando com sonhos de um futuro feliz. Imaginar-se imortais é a maneira de enganar os corações e de continuar sonhando.

A sorte é que cada saudade compensa mil lembranças e o amadurecimento nos grita que nunca devemos procurar saber como teria sido se não tivesse sido como foi.

 Olho as brilhantes estrelas e vejo também uma lua linda.

E me pergunto se valeu a pena.

Claro que valeu.

Valeu porque tudo aconteceu sem a chatice do certo sempre presente.

A felicidade existe dentro de nós e é a soma dos nossos erros e acertos. Das nossas vitórias e derrotas.

Felicidade é a saudade que ficou.

Pena só compreendermos isto Tarde Demais.

Inácio Augusto de Almeida é jornalista e escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Meu Caro Inácio, li vossa crônica arrepiado!
    Sabe aquela coisa que voce precisa ler, exatamente o que estou sentindo agora? Foi o seu texto!
    Muito obrigado, de coração
    Um abraçaço.

  2. Amorim diz:

    Caro Inácio, essa “caiu redondo” .
    Vou ver como imprimir e colocar num quadro.
    Outro abraçaço

  3. Odemirton Filho diz:

    “Lembranças muitas, saudades poucas”. O velho Inácio é sentimento. Consegue despertar em nossa alma algumas saudades. Mas que, certamente, valeram a pena.

    Parabéns pelo belo texto, amigo.

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