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domingo - 17/01/2021 - 10:44h

Tibau, retrato de uma pandemia

Por Carlos Brilhante

No desenrolar do tradicional veraneio de janeiro, Tibau figura como uma natural rota de fuga de grande parte da população mossoroense e oestana, dada às suas belezas naturais e acolhimento típico dos moradores.

Em virtude da pandemia que assola a totalidade do globo terrestre, da crise humanitária que leva a óbito milhares de manauaras e das mais de 200 mil famílias enlutadas em solo brasileiro, até hesitei por um lapso de tempo em pensar que haveria mais comedimento no espírito do veranista que inunda tais plagas. Se constata entretanto, que vivemos além de uma crise sanitária, uma crise de valores de empatia mínima, de respeito ao próximo, de solidariedade natural.empatia

Há uma ruptura do processo civilizatório agravado com esta doença que potencializa o lado obscuro de uma parcela social.

Em Tibau, cidade que já vive às voltas com altos índices de transmissibilidade e infecções pelo COVID-19, vemos o cristalino espírito que parece contagiar a alma do brasileiro: o da negação de toda realidade dos fatos. Parece que nada está acontecendo lá fora, ou que o veranista das terras das areias coloridas está imune ao vírus ou que já possui a disputada vacina.

Nas praias, não se vê a mínima alma usando máscara. Sim, a mínima coisa que um ser humano pode empreender em prol de sua salubridade, é negligenciada como se fosse um encargo hercúleo. Um trabalho homérico, algo impossível de ser concretizado.

Esse descuido é estendido aos estabelecimentos comerciais, que a despeito dos cuidados de alguns comerciantes da localidade, são infestados por uma turba (de jovens, principalmente) alheia a qualquer cuidado básico.

Nas casas rodeadas de alpendres vemos pequenas festas privadas, até então adstritas ao vínculo familiar (o que quero crer) ou nitidamente não. Festas com grande aglomeração de pessoas, com músicas ao vivo, algumas com bandas contratadas, sem respeito ou critério mínimo algum.

Monte de adolescentes e jovens ao redor de um frenético paredão de som, se esgrimam em suas coreografias, numa comemoração frenética da vida. Vida esta tão disputada por pessoas a espera de um leito, de um cilindro de oxigênio, de um respirador, de uma vacina, de um tratamento digno.

Tibau, se tornou neste veraneio um grande caldeirão de pessoas em suas diversas idades e cidades tendo contato diário  umas com as outras, pessoas estas que retornarão aos seus lares, as suas localidades, ao abraço descuidado no ente que ficou, no amigo que não veio, na pessoa que inocentemente contrairá a doença e não resistirá. Falo de uma realidade local, por mim conhecida, mas e em Areia Branca? E em Pipa? Nas cidades litorâneas da Paraíba? No badalado litoral baiano? No Rio? No país?

Deus nos livre do que nos espera em fevereiro no carnaval, e seus resultados em meses subsequentes. Acabamos de abrir a fresta da porta de 2021, ano esse que poderá nos levar à uma luz no fim do túnel ou a um abismo sem perspectivas. Pela atitude do brasileiro médio não vejo prognósticos de esperança, no mais, vou fazendo a minha parte nos cuidados básicos e me alienando dessa realidade distópica.

Carlos Brilhante é advogado

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Martha Brilhante diz:

    Uma realidade crucial…No momento em que tantos choram, outros simplismente ingnoram a vida. Sem limites, sem pensar no próximo. Deus tenha misericórdia dos inocentes q vivem no cárcere com tanto pânico, trancados comprimido regras e vem um impensado e contamina.

  2. Elândia diz:

    Perfeito 👏🏻👏🏻

  3. Rocha Neto diz:

    O pior que os mossoroenses acham que Tibau é um panetone, só tem nos meses de dezembro e janeiro.
    Parabéns Carlos, artigo irretocável.

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Parabéns ao missivista advogado, o artigo muito nos diz e fala em letras altissonantes, o que muitos teimam fazer pouco caso e ignorar, mesmo o BRASIL sob o OUTDOOR DO OBSCURANTISMO E DA IRRESPONSABILIDADE, SOBRETUDO COM A SAÚDE PUBLICA, PRA DIZER O MÍNIMO. Posto que, atualmente com um governo genocida em que pontua a necro política como meta única, já tendo ultrapassado mais 200 mil mortes, as quais, poderiam em grande parte serem evitadas…!!!

    Quero estar absolutamente errado, porém, pelo andar da carruagem e a absoluta falta de disciplina e consciência cívica/sanitária de grande parcela da população…o que necessariamente afeta, e muito, inclusive decisões de cunho administrativo, de parte de quem governa e até mesmo dos secretários municipais que tem o dever de cuidar da saúde,mormente a saúde preventiva.

    Proximamente, Manaus poderá nos visitar com todas as mazelas e flagelos que o vírus da COVID – 19, SEM SEM PREVENÇÃO COLETIVA E CONTROLE, possa oportunizar…!!!

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  5. Carlos alberto diz:

    O mote da Revolução Francesa foi esquecido e engolido pelo egocentrismo humano.Semeado, proliferado e reproduzido pelo capitalismo selvagem vigente; onde cada um age somente pensando em si e na sua existência; não se preocupando com os seus semelhantes,consequentemente colhendo frutos indesejáveis, muitas vezes prejudicando a saúde e ceifando vidas de outros indefesos…., precisamos reler o I. Kant.

  6. João Claudio diz:

    Os jovens estão assasinando os pais, tios e avós, e nenhum, absolutamente nenhum se sente culpado ou com remorsos.

    Todos, com raríssimas exceções, contam nos dedos os dias da chegada do carnaval, a reabertura de casas de shows e a desobrigação do uso da ‘ridícula’ máscara protetora.

    Só lembrando que um jovem contaminado e ‘solto na buraqueira’, pode contaminar mais de 100 pessoas, muitas delas fazendo de tudo para se proteger do vírus.

    Eu não tenho saído de casa, desde o início da pandemia. Eu nunca ouvi falar sobre alguém que tenha morrido ou ficado louco por não sair de casa.

    Eu estou ótimo e, para não morrrer com falta de ar, estou disposto a passar mais 10 anos dentro de minha casa, o melhor lugar do mundo para eu viver.

    Uma dica a quem diz que não consegue mais ficar em casa:

    VENDA A CASA E VÁ MORAR NO SHOPPING, NA RUA, NA AREIA DA PRAIA, EM PIPA, NAS BALADAS OU NO RAIO QUE O PARTA.

    Mais simples, im-po-ssí-vel.

  7. Luiz Carlos de Freitas Chagas Luís diz:

    Tíbau terra sem lei mas o futuro dirá muita gente sem mascara muita aglomerações depois não vão chorar com o vírus. PARABÉNS CARLOS SANTOS E SUA RAPINHA ANTIGAMENTE

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