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domingo - 29/07/2018 - 10:30h

Universo infinito, planeta finitinho

Por François Silvestre

Quando é que vamos admitir uma verdade escancarada sobre o tamanho da Terra?

O Universo, onde está implicado, posto e encolhido o nosso pequenino planeta, é infinito. Muito mais distante do que grandioso. Tão exuberantemente sem medida e sem adjetivação, que todas as palavras disponíveis em todos os idiomas são insuficientes para qualificá-lo.

Nem os gênios da física ou da astronomia conseguiram desvendar todas as suas dimensões. Leis físicas que vez ou outra são superadas ou complementadas por teorias novas e novas descobertas.

A Terra, não. Pequenina e desvendada, seus mistérios há muito tempo habitam os anais do passado. Mesmo que muitos desses gênios referidos tenham sido perseguidos ou mortos por desmistificarem dogmas e enunciados.

Enunciados e dogmas que se prestavam ao poder temporal, profano ou religioso, cujo serviço da ignorância sempre foi de vassalagem fiel. Nada assusta mais o poder tirano do que o esclarecimento. A luz afugenta fantasmas e tiranias.

A Terra já foi plana e fixa. Dizer diferente era crime de heresia, punível com a morte. Só era plana e fixa na limitação mental da ignorância. Sempre girou sobre si mesma, solta no espaço, pela mágica natural da gravitação. E Newton descobriu que essa magia se dava na razão direta do produto das massas e na relação inversa do quadrado das distâncias. Depois, Einstein acrescentou dimensões de tempo e velocidade não previstas por Newton. Outros virão e novos alcances tentarão aproximar o infinito inaproximável.

A Terra é pequenina, belíssima, hospitaleira e limitada. E nós, os pré-humanos, não temos outro lugar para morar. Não temos para onde ir.

Ainda não há migração cósmica. Nem sei se um dia haverá. Certamente que neste milênio não será. Portanto, ou compreendemos a obrigação de zelar por nossa moradia, ou seremos despejados pela ordem judicial da nossa própria estupidez. Não há uma terceira via.

A natureza tem dado sinais claríssimos de que somos os inquilinos mais estúpidos de quantos já alugaram essa pequena mansão. Nem as baratas se equivalem.

Degelo, secas onde nunca houve nem estiagem, furacões em áreas novas, terremotos, maremotos, queda de raios, enchentes, desertificações, tudo isso sempre existiu; porém, entretanto mas porém, nunca com a intensidade de agora e em tantos lugares diferentes. E tão monotonamente repetido.

Será que não dá pra perceber que estamos antecipando em alguns milhões de anos a vida da Terra? Ou melhor, a vida na Terra?

As agressões ao meio ambiente, no mundo todo, sob a desculpa de um desenvolvimento discutível, tem sido de uma intensidade alarmante.

Sem falar nas agressões menores, da burrice nativa de nossa pobre gente ignorante, que se junta ao conjunto da estultice mor. Com a extinção de espécies animais e vegetais.

A terra devastada da ficção começa a ser uma imagem pífia da devastação que promovemos na realidade.

Hoje, a espécie mais ameaçada é o predador mor da terra. O ser humano, autofágico das próprias entranhas, comedor das próprias tripas. Migrante da própria desgraça e escorraçado da casa que depreda. Té mais.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. william diz:

    Agradeçam ao Capitalismo que a tudo devora.

  2. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Jamais pensei presenciar tamanha devastação. Julguei não estar viva, mas a ambição avassaladora dos homens me alcançou ainda na Terra. O ser humano não se dá conta de que é seu próprio carrasco.

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