No livro Lucidez Embriagada, do escritor Hélio Pellegrino, há reprodução de uma entrevista-diálogo com a também escritora Clarice Lispector.
Num tempo de disputa, de sentimentos extremados e fossos que se formam entre tantas pessoas, vale tentarmos entender um pouco sobre o que é perder e ganhar. Merecem ser destacadas as palavras de quem ainda tem muito a nos ensinar, apesar de ter partido há algum tempo.
Veja um trecho desse bate-papo:
Clarice Lispector:
– Hélio, é bom viver, não é? É pelo menos essa a impressão que você me dá.
Hélio Pellegrino:
– Viver, essa difÃcil alegria. Viver é jogo, é risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder acumula ferrugem nos olhos e se torna cego – cego de rancor.
E acrescenta:
– Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais que bom – se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isto significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude.
Hélio Pellegrino (1924-1988) foi um psicanalista, escritor e poeta brasileiro, célebre por sua militância de esquerda e por sua amizade com os também escritores mineiros Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, além do pernambucano Nelson Rodrigues.
Ou seja: ganhar é viver essa difÃcil alegria de ser governador do estado ou até presidente do Brasil!!! Perder é ter que voltar pra BrasÃlia e tentar a manutenção do seu emprego… Portanto, ganhar o jogo é viver e viver é risco!!!
Fantástico.