Por Ney Lopes
Repercute a pesquisa do instituto Datafolha, que revelou os índices de intenção de voto para a eleição presidencial de 2022. Lula manteve a liderança em relação a Bolsonaro. No segundo turno, o ex-presidente tem 56% contra 31%. Lula também ganha nas simulações de disputa com os outros candidatos no segundo turno. Já Bolsonaro perde nos cenários pesquisados.
A análise objetiva dos números mostra no diagnóstico geral, Bolsonaro alcançando recorde de impopularidade, a maioria dos eleitores quer seu impeachment e o rejeita como candidato para 2022, uma disputa ainda liderada com folga por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Há, entretanto, aspectos positivos para o governo na pesquisa, o que pode trazer otimismo para Bolsonaro.
Mesmo com suas bravatas, a intensidade do crescimento de reprovação à sua gestão foi um terço da constatada entre maio e julho, quando aumentou seis pontos percentuais —agora oscila dois.
O que poderia ser um recorde ainda mais expressivo de impopularidade foi freado por avanço da vacinação, crescente percepção de controle da pandemia, flexibilização e o arrefecimento de novas denúncias na CPI da Covid.
Depois de tantas polêmicas, o Planalto poderia até comemorar o fato de não ser considerado ruim ou péssimo por 47% dos brasileiros.
O índice dos que querem o impeachment de Bolsonaro, apesar de majoritário, é menor do que o dos ex-presidentes impedidos, Dilma Rousseff (PT) e especialmente Fernando Collor (então no PRN).
Na conjuntura nacional, a economia é fator preponderante.
Vê-se na pesquisa, que a maioria dos entrevistados ainda não atribui a Bolsonaro responsabilidade total pelo desemprego, inflação e crise de energia. Quando esses fatores influírem o quadro eleitoral fatalmente irá piorar para o presidente.
Enquanto isto, não pode passar despercebido o artigo do ex-presidente Lula, publicado na última quinta, na revista “Time”, no qual ele demonstra claramente, que a empresária Luíza Trajano é o nome preferido e prioritário para sua vice, na chapa presidencial de 2022.
A propósito, a empresária, dona do Magazine Luiza, entrou para a seleta lista das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021, da revista americana Time.
Trajano é a única brasileira a figurar entre as personalidades de destaque neste ano pela publicação.
Trocando em miúdos, Lula quer repetir 2002, quando teve o empresário José Alencar como vice.
O fato mostra que Lula e o PT buscam apoio do “centrão”, através da indicação de nomes conservadores, ligados ao capital. Entretanto, de forma até cínica, tanto ele, quanto seguidores, condenam Bolsonaro e a possível terceira via, pela aproximação com o “centrão”, tido como grupos direitistas, sem apelo popular.
Na prática, o petismo faz a mesma coisa, que Bolsonaro.
O que conclui é que sem existir nem a lista definitiva de candidatos, nada está definido na eleição presidencial. Muita coisa poderá acontecer. Até, quem sabe, o fortalecimento de uma “terceira via”.
Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado