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quarta-feira - 03/09/2014 - 12:10h
Renata Campos

A fiadora da reviravolta na eleição presidencial

Viúva de Eduardo Campos uniu PSB em torno de Marina e abriu caminho à mudança no cenário eleitoral

Por Bruna Serra, do Recife-PE (Congresso em Foco)

Quase 3 mil pessoas se apertavam no salão principal de uma casa de eventos no bairro do Derby, Zona Norte de Recife. Cinegrafistas, fotógrafos e repórteres formavam uma barreira humana desde a calçada. Todos ávidos por uma declaração, uma frase, uma palavra de Renata de Andrade Lima Campos, que naquela segunda-feira cinzenta, de 18 de agosto, completava 47 anos.

Aniversário lembrado sem comemorações, um dia após o enterro do marido, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto cinco dias antes – vítima de um desastre aéreo em plena campanha à Presidência da República, ao lado de quatro assessores e dos dois pilotos.

Renata: firmeza na dor (Foto: reprodução)

Arrastada pela tragédia para o centro das discussões sobre o rumo da sucessão presidencial, Renata não esmoreceu no luto. Confortou quem procurava consolá-la, manteve a sobriedade da família e assumiu o protagonismo do marido.

Sempre discreta, mas influente, tornou-se a fiadora da chamada “terceira via” na corrida pelo Planalto ao avalizar a condução de Marina Silva (PSB), até então vice de Eduardo, à cabeça da chapa. Renata só não virou a vice de Marina porque não quis. Alegando que tinha de cuidar dos cinco filhos, recusou o convite feito pela direção nacional e apoiou a indicação do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) para a vaga.

A reunião daquele dia havia sido marcada pelo marido, que viria de Fortaleza para o aniversário da esposa e aproveitaria a parada em Recife para comandar um encontro com o PSB local. Renata manteve o compromisso e o conduziu pessoalmente. Legítima herdeira do capital político de Eduardo Campos, ela estava ali, menos de 24 horas após o enterro do companheiro, para dar um recado claro ao partido e aos seus adversários.

Mudança radical

“Pode parecer que o nosso maior soldado não está na luta, mas seus sonhos permanecem vivos”, discursou Renata. “Fique tranquilo, Dudu. Teremos a sua coragem para mudar o Brasil. Não desistiremos do Brasil. É aqui onde cuidaremos dos nossos filhos”, destacou a ex-primeira-dama, referindo-se ao marido, levantando o público naquela manhã. A pacificação do partido, conduzida pela viúva, provocou uma reviravolta na disputa eleitoral.

Três semanas após a tragédia, a sucessora de Eduardo Campos aparece nas pesquisas como favorita à sucessão presidencial. Antes da entrada de Marina na disputa, o cenário era favorável à reeleição, ainda no primeiro turno, de Dilma Rousseff (PT).

Com gestos e palavras, a auditora do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco acalmou os ânimos no partido – dividido entre os simpatizantes e os adversários internos de Marina Silva, abrigada pelo PSB depois de não conseguir criar o seu partido, a Rede Sustentabilidade, a tempo de disputar as eleições de 2014. E deu continuidade ao projeto de poder de uma legenda que, embora com bancada reduzida no Congresso, com apenas 26 deputados e quatro senadores, tem crescido de maneira rápida e atualmente conta com cinco governadores e mais de 150 prefeitos espalhados pelo Brasil.

Dudu, como ela o chamava, e “dona Renata”, como ele a tratava carinhosamente, compartilhavam visões muito próximas de vida, política e poder. Combinavam doses de idealismo com outras de pragmatismo. Eduardo costurou alianças improváveis. Trouxe para o PSB, um partido historicamente de centro-esquerda, figuras com trajetória em legendas conservadoras, como o antigo PFL, hoje DEM.

O ex-governador reforçava, assim, seus palanques com fortes cabos eleitorais estaduais. Esse pragmatismo, que tinha o aval de Renata, opunha o grupo político do ex-governador pernambucano ao de Marina Silva. E também era alvo de críticas de antigos aliados, que questionavam o seu discurso em defesa de uma “nova política”.

Discrição e força

A força demonstrada durante o velório do marido pode ter dado à Renata uma popularidade que Eduardo Campos ainda perseguia, acrescentada de uma pitada de comoção. Nos oito anos de mandato do marido, ela fez intervenções em favor de políticas públicas em favor da saúde das mulheres e da arte pernambucana em todas as suas facetas.

O convívio deles  não se resumia ao namoro, iniciado quando ele tinha 15 anos e ela, 13. Os dois estudaram juntos na Universidade Federal de Pernambuco. Lá começaram a militância política no movimento estudantil. Casados por 21 anos, faziam política juntos: um mandato de deputado estadual, três de federal e uma passagem pelo Ministério da Ciência e Tecnologia até chegar ao governo estadual, por duas gestões consecutivas.

“Vice-governadora”

Centralizador, Eduardo Campos decidia cada detalhe não apenas da sua, mas da campanha de vários aliados. Chamava para si a deliberação de todo e qualquer caminho que sua base política tomaria, deixando pouco espaço para o surgimento de novas lideranças dentro do PSB. Esse perfil o impediu de preparar um sucessor político natural, função que, ao menos por enquanto, caberá à Renata.

A vida a dois fez com que ela se tornasse a maior incentivadora e conselheira do marido. Quase nenhuma decisão era tomada por Eduardo sem que a opinião de Renata fosse levada em consideração. No governo do marido, ela formou um importante grupo político.

Nos bastidores, era chamada de vice-governadora. Presente em quase todos os eventos do Estado, sempre tinha lugar de honra nos palanques do então governador.

Veja material completo AQUI.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. AVELINO diz:

    AGORA É MARINA, BRASIL!!! “XÔ PT” E LEVA A TERRORISTA DA DILMA E O PINGUÇO DO LULA JUNTO… Pinguço, esse, metalúrgico aposentado por invalidez pelo INSS e hoje milionário dono do Frigorífico FRIBOI e da Telefônica Oi… É o honesto, hein???

    • Francy Granjeiro diz:

      Pesquisa Datafolha finalizada nesta quarta-feira (3) mostra que as intenções de voto na candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, pararam de crescer.

  2. João Claudio diz:

    Se as pesquisas continuarem desfavoráveis a Aécio, a ordem do PSDB no segundo turno, é manda-lo fazer as malas e cuias, e fazer com que se mude para o lado de Marina, por um grave motivo: ou o povo quebra as pernas do PT, ou o PT quebra o Brasil.

    Já se comenta que Ze Agripino é bastante cotado para ser ministro no futuro governo de Marina. Jajá merece.

    Enquanto isso, os petralhas estão fumando numa quenga e atirando para todos os lados .

    O povo agora quer Marina Silva, cumpanhêro KKK.

  3. netanias diz:

    E um novo Brasil se desenhando.Viva o amanha.

  4. LINDEMBERG GOMES diz:

    MARINA não faltou ao compromisso com a Rede Globo de Televisão (Jornal da Globo), foi entrevistada e disse para que veio. Deu o recado com muita segurança.

  5. robson diz:

    Que pena nosso Rio grande do norte nao tem uma mulher assim……vem governar esse estado “dona renata campos”;; a coisa aqui ta vergonhosa.

  6. Francy Granjeiro diz:

    Dilma fez bem: Não foi a Globo e evitou a Tortura
    Tortura nunca mais…

    Laerte Braga
    do JORNAL DA GLOBO. A frustração não foi dos telespectadores,
    um pequeno número de pessoas pelo horário, foi da emissora,
    que contava com mais uma sessão de tortura tal e qual aconteceu
    no JORNAL NACIONAL, com o pústula William Bonner.
    Dilma mostrou que se respeita e respeita os brasileiros ao não
    se prestar ao papel de vítima de algozes sem escrúpulos. Waack
    não difere de Bonner. O jornalismo da GLOBO é lixo, é alienante,
    é estribado na mentira, nas distorções e nas ordens que chegam
    das elites nacionais e de Washington e Tel Aviv. Boa parte dos jornalistas
    ali andam com escovas e um pedaço de pano para dar lustro nos sapatos
    dos Marinhos e dos patrões de dentro e de fora. Essa é a diferença de estatura
    entre Dilma e eles. A presidente, independente de juízo de mérito de seu governo, tem dignidade.
    Eles não.

  7. Moisés Araújo diz:

    Uma bela história de vida a da relação de Eduardo Campos com a sua esposa. Ter uma mulher assim como companheira diz muito sobre como ele era. Uma grande pena o ocorrido, principalmente pelo fato dele ter-nos deixado possivelmente nas mãos de uma fundamentalista que governará o país sob as interpretações que faz da Bíblia.

  8. naide maria rosado de souza diz:

    “Dona Renata”, mulher forte, decidida. Beleza de casamento. Que Deus lhe abençoe “Dona Renata” e esteja próximo, na educação de seus filhos.

  9. Antonio Augusto de Sousa diz:

    Um discurso, que com certeza, vai mudar à história!

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