domingo - 20/11/2016 - 08:31h

Ao descerrar das Cortinas – Jóias raras

Por Marcos Pinto

Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável” (Nelson Mandela)

A    agitação  dos dias  em  que  vivemos, geralmente  imposta  pelo  consumismo  desenfreado e  injustificável,  revela  uma  insana  ambição  do  ter,  mesmo  de  coisas  dispensáveis.  Esse  doentio  materialismo  dialético  não  encontra  acolhida  e  ressonância  em   pessoas  virtuosas,  verdadeiras  jóias  raras.

Se  você  tem  um  bom  coração,  entregue-o  para  alguém  que  se  importe  com  os  valores  do  espírito, que  ao  descerrar  das  cortinas  do  tempo  seja  sempre  mais amigo  do  fazer  o  bem  sem  olhar  a  quem, do que  só  do   dizer. A  Doutrina  espírita   Kardecista  traz  explicações  convincentes   sobre   a  antipatia,  a  simpatia  e  a  empatia.

Quem  nunca  despertou  uma  inusitada  antipatia  logo  ao  primeiro  encontro  com  pessoas  nunca  antes  vistas ?.  Quem  já  esteve  pela  primeira  vez  em  um  lugar   e  teve,  de  imediato,  a   perturbável  sensação  de  que   já  estivera  naquele  lugar ?. São  coisas  do  espírito, com  raízes  muito distantes,  situadas  em  gerações  pretéritas.

O  convívio  diário  com  essas  amáveis   e  louváveis  pessoas    mostra-nos  o  brilho  especial  das  ditas  “jóias  raras”.

Personificadas  em  amigos  vários,  abre-nos  os   olhos  da  alma  para   vermos  a  vida  como   um  ritual,  um  vasto  e  complexo  ritual,   de  um   mundo  litúrgico,  capaz  de  dar  corpo  e  forma  às  coisas, de  tornar  visíveis   todas  as   doces  sensações,  com  absoluto  poder  de  torná-las  realidade.  Curvemo-nos, pois,  a  festa  dos  sentidos  –   sobretudo   do  sentido  da  visão  em  que  se   tornou   o  cotidiano  dos  nossos  dias.  Espreita-nos  o  antigo, quase   sempre  a  vencer   o  moderno,  a  dominá-lo :  vitória   do   passado   sobre  o  que  a  tantos  empolga  como  sendo  gloriosamente  e  imbativelmente  o  presente.

O  grande pensador  Dalai Lama  nos  ensina  que  “as  boas  qualidades  humanas  –  honestidade,  sinceridade  e  um  bom  coração  não  podem   ser  compradas  com  dinheiro  e  nem  produzidas  por  máquinas  ou  mesmo  pela  mente.   Nós  chamamos  isso  de  luz  interior”.

Convivemos  naturalmente  com as  aspirações, os  ódios,  os  temores,  a  fé, o  amor,  as  ambições,  a  se  representarem  num  drama  espantoso, litúrgico,  com  toques  de  grandeza,  com   instantes   de  perplexidade  e  de  comoção.   O  renomado   filósofo  Zigmunt  Bauman  alerta-nos  para  a  cruel  realidade  de  que  “Estamos   todos  numa  solidão  e  numa  multidão  ao  mesmo  tempo”.

Vivemos  um  tempo  de  secreta  angústia  em  que  o  amor  é  mais  falado  que  vivido.  Às  vezes,  me  perco  mirando  em  todos  os  lados  ao  mesmo  tempo.  Penso  nas  coisas  como  são,  como  já  foram,  e  como  ainda  vão  ser.   Só  Deus  completa  a  mim,   dando-me  vida  em  abundância  e  qualidade.   Fiz  uma  morada  para  ele  dentro  do  meu  coração.

Alguém  já  disse,  e  eu  reitero,  que   “O  maior  peso  que  a  terra  sustenta  é  a  do  homem  sem  fé”.

Só  a  fé  nos  faz  seguir os  ditames  da  razão.   É  preciso  darmos  um  puxão  de  orelhas  na  realidade,  exortando-a  para  o  indispensável  resgate   dos  valores  da  alma.  Penso   no  tempo,  me  perdendo  na  eternidade   das   interrogações.

Inté.

Marcos Pinto é advogado e escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. ramalho diz:

    Ótimo texto Marcos. Como todos os outros seus.

  2. naide maria rosado de souza diz:

    Beleza de texto, beleza. Hoje, Marcos Pinto, depois de me fazer chorar por dois domingos seguidos, fez-me contemplar.

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