Por Marcos Pinto
“Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável” (Nelson Mandela)
A agitação dos dias em que vivemos, geralmente imposta pelo consumismo desenfreado e injustificável, revela uma insana ambição do ter, mesmo de coisas dispensáveis. Esse doentio materialismo dialético não encontra acolhida e ressonância em pessoas virtuosas, verdadeiras jóias raras.
Se você tem um bom coração, entregue-o para alguém que se importe com os valores do espírito, que ao descerrar das cortinas do tempo seja sempre mais amigo do fazer o bem sem olhar a quem, do que só do dizer. A Doutrina espírita Kardecista traz explicações convincentes sobre a antipatia, a simpatia e a empatia.
Quem nunca despertou uma inusitada antipatia logo ao primeiro encontro com pessoas nunca antes vistas ?. Quem já esteve pela primeira vez em um lugar e teve, de imediato, a perturbável sensação de que já estivera naquele lugar ?. São coisas do espírito, com raízes muito distantes, situadas em gerações pretéritas.
O convívio diário com essas amáveis e louváveis pessoas mostra-nos o brilho especial das ditas “jóias raras”.
Personificadas em amigos vários, abre-nos os olhos da alma para vermos a vida como um ritual, um vasto e complexo ritual, de um mundo litúrgico, capaz de dar corpo e forma às coisas, de tornar visíveis todas as doces sensações, com absoluto poder de torná-las realidade. Curvemo-nos, pois, a festa dos sentidos – sobretudo do sentido da visão em que se tornou o cotidiano dos nossos dias. Espreita-nos o antigo, quase sempre a vencer o moderno, a dominá-lo : vitória do passado sobre o que a tantos empolga como sendo gloriosamente e imbativelmente o presente.
O grande pensador Dalai Lama nos ensina que “as boas qualidades humanas – honestidade, sinceridade e um bom coração não podem ser compradas com dinheiro e nem produzidas por máquinas ou mesmo pela mente. Nós chamamos isso de luz interior”.
Convivemos naturalmente com as aspirações, os ódios, os temores, a fé, o amor, as ambições, a se representarem num drama espantoso, litúrgico, com toques de grandeza, com instantes de perplexidade e de comoção. O renomado filósofo Zigmunt Bauman alerta-nos para a cruel realidade de que “Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”.
Vivemos um tempo de secreta angústia em que o amor é mais falado que vivido. Às vezes, me perco mirando em todos os lados ao mesmo tempo. Penso nas coisas como são, como já foram, e como ainda vão ser. Só Deus completa a mim, dando-me vida em abundância e qualidade. Fiz uma morada para ele dentro do meu coração.
Alguém já disse, e eu reitero, que “O maior peso que a terra sustenta é a do homem sem fé”.
Só a fé nos faz seguir os ditames da razão. É preciso darmos um puxão de orelhas na realidade, exortando-a para o indispensável resgate dos valores da alma. Penso no tempo, me perdendo na eternidade das interrogações.
Inté.
Marcos Pinto é advogado e escritor
Ótimo texto Marcos. Como todos os outros seus.
Beleza de texto, beleza. Hoje, Marcos Pinto, depois de me fazer chorar por dois domingos seguidos, fez-me contemplar.