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domingo - 13/07/2014 - 07:57h

Cântico por “Serra Grande” e outras lembranças

Por Naide Rosado

Senhor Inácio:

Chegaram a Mossoró alguns jornalistas de outras partes do país para uma entrevista com “Serra Grande”, Dix-huit Rosado. Em dado momento os jornalistas mostraram-se descrentes daquela defesa dele sobre a existência do petróleo em nosso município; um visionário, devem ter pensado.

Então, ele disse que sob aquela mesa onde almoçavam havia petróleo e que logo que fossem feitas as perfurações ou prospecção, não recordo exatamente, ele comunicaria a todos os presentes. Não deu outra.

Havia petróleo ali.

Quanto ao Rio Mossoró, confesso ter sentido, muitas vezes, ciúmes dele.

É que, quando pequenina, fui extremamente asmática. Isso atrapalhou o início de meus estudos em colégio.

Fui alfabetizada em casa por minha avó-mãe “Dininha”. Entrei na escola já com o barco andando e não tinha bom rendimento. A doença me martirizava. Pois bem, com o passar dos anos, lá pelos 14, 15, a asma abrandou e acabou me deixando.

Foi quando despertei vigorosamente para o estudo. Com modéstia relato que comecei a receber prêmios. E, nas solenidades Serra Grande nunca podia estar presente por causa dos problemas do Rio Mossoró. Ali, nos auditórios, sempre a cabecinha branca de minha queridíssima avó-mãe.

Resolvi que nas premiações seguintes, avisaria em cima da hora, para o Rio Mossoró não encher. Não havia jeito, ele arranjava qualquer transporte voador e partia para conter o rio que gostava demais de não me dar a alegria de vê-lo em minhas pequenas vitórias.

Havia uma necessidade em mim de que ele participasse pois era a forma que eu tinha para retribuir o trabalho, o cuidado e as lágrimas que chorou por mim, quando menina.

Imagine, Sr. Inácio, na minha formatura na Faculdade de Direito, o rio quis transbordar. Ele foi à solenidade, mas não ficou até o final. Assim que recebi o meu canudo, vi-o, em sinais dizer: “amo você, minha filha” e bateu com as mãos no peito, várias vezes, demonstrando orgulho e foi embora acalmar seu rio.

Sim, é verdade, ele fez tudo o que era possível para evitar as enchentes e, claro que compreendo as ausências dele. Era um homem público.

Demorei para entender o que é ser filha de um estadista, meu amado Serra Grande.

Saudades dele.

Naide Rosado é advogada e filha do ex-prefeito Dix-huit Rosado

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. François Silvestre diz:

    Belíssimo texto. Dix-huit era um homem público, no sentido mais apropriado da expressão.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Para que os leitores mais facilmente entendam a citação do meu nome nesta crônica da Sra. Naide Maria Rosado de Souza, transcrevo o comentário que motivou a filha de FIX-HUIT ROSADO a escrevê-la:
    Inácio Augusto de Almeida diz:
    9 de julho de 2014 as 18:14
    QUANDO O SAUDOSO PREFEITO DIX-HUIT ROSADO DISSE QUE EM MOSSORÓ TINHA PETRÓLEO FOI CHAMADO DE LOUCO.
    QUANDO O SAUDOSO PREFEITO DIX-HUIT ROSADO DISSE QUE ERA POSSÍVEL MINIMIZAR OS EFEITOS DAS ENCHENTES ALARGANDO E AUMENTADO A PROFUNDIDADE DO RIO MOSSORÓ FOI CHAMADO DE LOUCO.
    Os reis da mediocridade sempre estão de plantão para tachar de loucos os que conseguem enxergar um palmo à frente do nariz.
    Atualmente sinto na pele o que o Prefeito Dix-Huit Rosado sentiu.
    A única diferença é que me chamam de doido.
    Será que em Mossoró é proibido pensar?
    Será que em Mossoró, obrigatoriamente, temos que viver na mais completa ignorância?
    Será que em Mossoró temos que viver na mais extrema pobreza e morrer de repente sem dar trabalho a ninguém?
    Meio século se passou desde Dix-Huit Rosado até os dias de hoje.
    Mas nada mudou em termos de comportamento.
    Os ditos gênios vivem no mesmo provincianismo dos de antanho, sempre prontos a atirarem pedras em que ouse se arriscar com alguma ideia inovadora.
    Eu fico a imaginar se Colombo aparecesse em Mossoró dizendo que indo para um lado chegaria ao outro.
    E se o Galileu dissesse na Praça do Pax que a terra era redonda?
    Mossoró é uma terra de um povo bom e de muitos “gênios” imbecis.
    ///
    O QUE TORNA A VIDA FASCINANTE É QUE A GENTE JAMAIS SABERÁ COMO SERIA SE NÃO TIVESSE SIDO COMO FOI.
    Inácio Augusto de Almeida
    ///
    Parabéns pela crônica, Sra. Naide.

  3. xavier junior diz:

    Dra. Naide,
    Final dos anos 70, então aluno do Diocesano, recebi (como um presente) de Pe. Sátiro, umas 10 “fitas” gravadas com discursos de Dix-huit em varias solenidades pelo país afora. Passei tudo para o papel, à mão, para que o diretor escolhesse quais discursos seriam publicados num documento comemorativo a um aniversário do colégio. Grande orador! Sempre o admirei muito.
    Sds.

    • naide maria rosado de souza diz:

      Xavier Júnior, obrigada por suas palavras. Fiquei muito feliz ao lê-las.
      Um grande abraço!

      • Carlos Santos diz:

        NOTA DO BLOG – Veja, Naide: não me enganei. Veja que boa e afetuosa repercussão do seu escrito. Aflora aos olhos de tantos outros, aquilo já sublinhado por mim. Tu és uma cronista que não pode continuar escondida ou em espasmos, neste recanto. Parla! Parla! Parla!

        • naide maria rosado de souza diz:

          São os seus bons olhos e os dos companheiros de “Nosso Blog”. Obrigada a todos. Sì, Parleró. Risossssss.

  4. Iris Maia diz:

    Sra. Naide Rosado, tive o prazer de conhecer o Dix Huit Rosado e até tenho um fato bem interessante. Ainda muito jovem, cursando universidade, trabalhei na VASP e tive a oportunidade de conviver com várias pessoas importantes que muito me ensinaram. Certa dia o Dr. Dix-Huit ligou-me e pediu uma passagem aérea e quando estivesse pronta me consultou se era possível levar ao seu escritório no Sine Cid. atendi-o prontamente e fui levar a passagem, agradeceu-me e gentilmente ofereceu-me uma gratificação expliquei-lhe que aquela era minha atividade e que não havia necessidade de oferecer gratificação e que não tínhamos a prática de receber, mas ele com aquela voz forte e muito gentil disse-me: minha filha eu gostaria de oferecer uma flor para você pela gentileza de vir me atender aqui, mas como eu não estou podendo sair para comprar, por favor aceite e compre uma rosa praa você. E não tive como recusar porque pela minha pouca idade e diante de uma pessoa tão forte e tão respeitosa, não receber parecia até uma falta de educação, e aceitei (risos), mas confesso que ainda hoje ao lembrar fatos deste nível me emociona bastante. Lembro ainda que mesmo não votando no partido dele, mas várias fui aos seus comícios para ouvir seus discursos que eram verdadeiras aulas.
    Receba meu abraço.
    Iris Maia

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Iris. Que comentário lindo! Sabe? Achei a cara dele!!! Era assim, gentil, sabia agradecer às pessoas que lhe ajudavam a resolver dificuldades. E, a você, diante da resistência perfeita, utilizou a flor…bonito.
    À medida em que fui lendo, visualizai tudo. Por seu intermédio, estive um pouco com ele. Obrigada!!!
    Receba, também, meu abraço afetuoso.

  6. chagas nascimento diz:

    É uma pena, que nos dias de hoje, Mossoró não tenha mais políticos da fibra de Dr. Dix-Huit Rosado. Realmente foi nas administrações dele que as enchentes do rio Mossoró foram controladas. Se hoje, o Serra Grande estivesse entre nós, choraria em ver o nosso amado rio morrendo lentamente.

  7. naide maria rosado de souza diz:

    Chagas Nascimento.
    Agradeço as palavras de elogio ao querido “Serra Grande”.
    Um grande abraço.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Chagas Nascimento
      E pensar que foi preciso chegar alguém de fora para em comentários diversos LEMBRAR aos mossoroenses que foi DIX-HUIT o responsável pelo fim das enchentes em Mossoró e exerceu forte influência para que a Petrobrás voltasse os olhos para Mossoró. Lastimável que nos colégios não se fale nos nomes dos que tanto fizeram pela cidade e pelo Rio Grande do Norte. Façam um teste e perguntem aos jovens estudantes quem foi DIX-HUIT ROSADO, DIX-SEPT ROSADO, WALFREDO GURGEL, CAFÉ FILHO E CÂMARA CASCUDO.
      Talvez algum diga que DIX-HUIT é o nome do teatro. Do outro falarão que é o nome de uma cidade. Isto alguns, porque a maioria talvez fale que estes dois são jogadores de futebol do selecionado francês. Sobre os outros a maioria responderá com um SEI LÁ…
      Mas que Mossoró não se acanhe. Na Paraíba José Américo de Almeida se tornou um ilustre desconhecido das novas gerações. No Maranhão quase nenhum garoto sabe quem foi Beckman e quando perguntados falam que é um jogador de futebol. Elevamos um Paulo Coelho e deixamos praticamente no ostracismo um Ariano Suassuna.
      Refiro-me a nós, adultos. E se assim procedemos, que exemplos estamos dando para a garotada?
      Deveríamos criar nas escolas uma matéria sobre os grandes vultos contemporâneos, dos estados e das cidades. Quantos garotos em Assu sabem o nome de dois poetas que se destacaram e ingressaram na Academia Norte-Riograndense de Letras? Mas isto não interessa aos nossos governantes. A eles interessa o funcionamento a pleno das fábricas de analfabetos funcionais que apelidaram de escolas e a valorização de um Neymar.
      ////
      OS ALUNOS BEBEM ÁGUA NÃO FILTRADA NAS ESCOLAS DE MOSSORÓ.
      FALTA UM PÃO E UM GOLE DE CAFÉ PARA OS ALUNOS QUE CHEGAM FAMINTOS ÀS ESCOLAS MUNICIPAIS.

  8. Antonio Augusto de Sousa diz:

    Costumo dizer que não tenho preconceito com sobrenomes nos meus comentários nesse blog, citando inclusive sobrenomes, que não eram Rosado, Alves ou Maia, e tiveram oportunidades de se elegerem para cargos executivos em suas cidades e nada fizeram para perpetuar seus nomes. Cito Melo, Tinoco, Souza ou Fontenelle como exemplos.

    As perfurações de poços em toda Região Nordeste, assim como, centenas de barragens e açudes, quando presidente do INDA; a tricotomização do Rio Mossoró, o Abatedouro Industrial de Mossoró, a Escola Superior de Agronomia de Mossoró, e o Cemitério Novo são obras que eternizam o “Velho Alcaide”, como o Maior Prefeito de História de Mossoró. Isto é uma realidade incontestável!

    Além de bom administrador, inteligentíssimo, conhecia os mais variados assuntos ou temas, tinha uma bondade e atenção extrema com todos que o procuravam. E, olhe que nunca votei nele. Porém, seria pusilânime não reconhecer isto.

    E, era ROSADO, com orgulho!!!

    • naide maria rosado de souza diz:

      Antônio Augusto de Souza.
      Sabe que tive vontade de escrever e fiquei sem graça mas, agora, com coragem, digo com todo o respeito: Dê cá um abraço!
      Gostei muito, apreciei seu comentário. Obrigada.

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