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domingo - 28/03/2021 - 12:18h

De boêmios e poetas

Por Paulo Menezes

O fato se passou no Rio de Janeiro. Aconteceu em uma das belas praias da cidade maravilhosa.

À mesa boêmia, dois amigos dos tempos de Mossoró: Raimundo Soares de Souza, notável advogado, promotor  de Justiça, grande tribuno, ex-deputado federal, ex-prefeito mossoroense. Na época, ele era diretor da Companhia Federal de Seguros, poeta e boêmio inveterado. Vicente da Mota Neto (Motinha), político de grande prestígio, ex-deputado federal e estadual, advogado, promotor público, ex-prefeito e empresário, também chegado a uma boa farra.

Mota Neto e Raimundo Soares eram amigos e foram políticos de destaque (Fotomontagem (BCS)

Mota Neto e Raimundo Soares eram amigos e foram políticos de destaque (Fotomontagem (BCS)

O caso ocorreu num bar na  Avenida Atlântica da encantadora beira-mar de Copacabana, local de encontro dos boêmios mossoroenses para brindar a vida com muitas cervejas, cena costumeira vivida pelos conterrâneos.

A recordação da querida cidade de Mossoró, na noite ainda criança, era o assunto principal do encontro, tendo como fundo musical uma voz e um violão com repertório musical dos “monstros” sagrados da Musica Popular Brasileira,  Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em dado momento, ao ouvirem “Chega de Saudade”, Raimundo Soares confessou em voz alta:

– Estou com uma saudade danada do Bar Suez (bar em Mossoró, conhecido por ter a cerveja mais gelada da cidade).

Mota Neto respondeu de imediato, com uma pergunta:

– Por que não matar essa saudade e irmos lá tomar uma cerveja?

Raimundo sem qualquer vacilo, logo avalizou a sugestão:

– Imediatamente.

Trataram de matar a saudade e a vontade com rápidas providências. Dirigiram-se ao aeroporto, embarcaram num avião e partiram à aventura, pois naquele tempo a velocidade de cruzeiro das aeronaves eram bem inferior ao que as aeronaves bem mais modernas, hoje, empreendem.

Após várias horas de voo, inúmeras escalas, chegaram finalmente à capital pernambucana, sendo recepcionados pelo fiel escudeiro de Raimundo, o popular motorista Chico Borrego, para conduzi-los de carro até Mossoró.

Do aeroporto dos Guararapes no Recife, eles seguiram direto para o Bar Suez. Ao chegarem, muitos abraços, reencontros com vários amigos, a simpatia contagiante de Raimundo e a gargalhada espalhafatosa de Motinha, tomaram conta do ambiente festivo.

Beberam além da conta, muitas “louras geladas”, branquinhas como se fossem “canelas de serventes”.

A festança se estendeu até tarde da noite e no dia seguinte retornaram para a cidade maravilhosa.

Nos dias de hoje não temos mais poetas e boêmios como antigamente.

Paulo Menezes é meliponicultor e cronista

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Rocha Neto diz:

    Por ironia a candidatura à prefeitura de Mossoró do dr Raimundo Soares, foi arquitetada numa cervejada no restaurante do club ACDP, capitaneada pelo grande lider político Dr Vingt Rosado, respaldada pelos companheiros de mesa Bibiu Gurgel, Cesar Leite, Emerson Azevedo e Chavinho, e a tudo assistindo o discreto dono do bar o grande homem Mário Marques de Medeiros.

    • Paulo Roberto de menezes diz:

      Parabéns amigo, você além de ter uma memória privilegiada escreve muito bem. Podia nos brindar mandando também matérias para publicação.

  2. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Uma Crônica suave e agradável. Parabéns, Homem do Mel!

  3. João Claudio diz:

    Rocha Neto, não sei se você se lembra, mas esses granfinos citados compravam caixas de Old Par ‘por debaixo do pano’ para beber e as estocavam no bar da ‘ADP’ sob a responsabilidade de Mário.

    Em um belo dia a PF foi ao clube, flagrou o contrabando e advinha quem foi o único a ir pra cadeia? Advinha?

    Vou dar uma dica:

    ‘O pau só quebra na cabeça dos mais fracos’.

  4. Rocha Neto diz:

    Verdade João Cláudio, nunca o dono do bar faria tal aquisição, o conhecia e muito, pois na época nem dinheiro Mario tinha para tal aquisição.
    Mais bem, depois o mais ricão da turma citada pagou caro também, a cisterna da casa dele que ficava aonde hoje é a loja Magazine Luiza, não armazenava água de chuva, e sim caixas de Old Par, e o dono foi para Fortaleza-CE com a mesma escolta de Mário. A roda do tempo é cruel, amigo… quando resolve párar a conta chega!!!

  5. Rocha Neto diz:

    Grato pelas deferências amigo Paulo Menezes, Carlão já me provocou por mais de uma vez, Odemirton também, agora você. Vou terminar cedendo!!

  6. mdm diz:

    Eu queria ver Motinha e Raimundo Soares fazerem isso. Lisos.

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