domingo - 12/04/2015 - 18:16h

Deus, um delírio?

Por Honório de Medeiros

É inegável a importância de “O Gene Egoista”, de Richard Dawkins. Obra seminal, aprofundou o entendimento da Teoria da Evolução, de Darwin, e propôs um novo paradigma, qual seja o de que somos instrumentos, enquanto organismos, do gene, cujo único objetivo é a auto-replicação.

Ainda mais além, especulou acerca da idéia de “meme”, o análogo, na cultura, de um gene. As consequências dessas hipóteses, uma vez definitivamente confirmadas, são revolucionárias, e alteram nossa percepção da vida seja em qual seja a dimensão.

Dawkins, eleito recentemente pela revista inglesa “Prospect” um dos três itelectuais mais importantes do mundo, junto com Umberto Eco e Noam Chomsky, também é autor de “Deus, um Delírio”, no qual lança os fundamentos daquilo que se convencionou chamar de “novo ateismo” e utiliza os fundamentos da Teoria da Evolução para explicar por que o homem tende a acreditar em um ser superior, ao tempo em que, utilizando a teoria das probabilidades, critica as religiões, uma a uma.

“Deus é um Delírio” é uma provocação muito inteligente, principalmente nos tempos atuais, nos quais o fundamentalismo religioso deixa um rastro de sangue e ódio mundo afora. Mas não prova a inexistência de Deus, assim penso eu, muito antes pelo contrário.

Quanto a Deus, sendo impossível provar sua existência, ou negá-la, prefiro seguir o que denominei de “Postulado de Pascal acerca da Fé”, que também é chamado de “Aposta de Pascal”.

Esse argumento tem o formato que segue, e foi foi publicado na seção 233 do seu livro póstumo “Pensées” (Pensamentos):

– se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito;

– se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita;

– se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito;

– se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda infinita.

Ou seja: nada perderemos se louvarmos a Deus.

Se Ele não existir, fomos bons, que se há de fazer?

Se existir, tanto melhor, honramos nossa fé.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Cassimiro diz:

    Seguir a “Aposta d e Pascal” não seria um tanto quanto cômodo para poder esconder sua fraqueza de ter que assumir sua dúvida quanto a existência de Deus?

  2. Honório de Medeiros diz:

    Claro, Cassimiro, claro: é isso mesmo, ou seja, um misto de comodidade, fraqueza é dúvida…

  3. ROSANA diz:

    LEMBRANDO DO HOMEM DAS CAVERNAS , QUANDO NÃO EXISTIA A IDEIA DE TER UM DEUS , QUANDO NÃO EXISTIAM NEM AS IDEIAS , O EGOÍSMO IMPERAVA , A SOBREVIVÊNCIA . PORTANTO , A IDEIA DE DEUS É UM SINAL DE EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE , POR MEIO DO MEDO , MAS AINDA SIM É EVOLUÇÃO . SERIA ESTRANHO SE O SER HUMANO ACREDITASSE QUE ERA O CRIADOR , E NÃO UMA SIMPLES CRIATURA . DEUS PODE SER ATÉ A NATUREZA , SOBERANA E COM REGRAS PRÓPRIAS . ESTAMOS CERTOS DE QUE NÓS É QUE NÃO SOMOS DEUSES , SÓ CABE AO SER HUMANO , COLABORAR .

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Meu caro Cassimiro, esse é exatamente o sine qua non da questão, ou seja o comodismo. Mesmo porque o humanos em seu intangível egoísmo, individualismo e por via de consequência em seu manifesto comodismo, sempre e sempre está e esteve predisposto ao não enfrentamento de questões centrais relacionadas sobre a sua existência.

    Também, e, sobretudo a Natureza da finitude vinculada à nossa existência, faz com que a maioria dos humanos prefiram sempre se contentar com a ideia mais próxima da não contestação do Status Quo religioso.

    Mesmo a despeito da profalada existência do livre arbítrio, inclusive no campo religioso. Dado o contexto social religioso, político e cultural em que nascemos, há quase que uma tendência inexorável que levam às pessoas a acreditarem em algum Deus, mais ainda se comprova, que quando da formação de grande parcela das sociedades, povos e nações, de fato, o livre arbítrio, efetivamente passa ao largo quanto a formação política e religiosa de grande parcela do humanos.

    Um baraço

    RANSUÊLDO VIERIA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  5. françois silvestre diz:

    Essa aposta de Pascal está mais no campo dos negócios do que da fé. Até por que se Deus existir e for onisciente saberá distinguir a esperteza da sinceridade. Uma coisa é crer, pela fé. Outra é declarar a crença, pelo negócio.

  6. Honório de Medeiros diz:

    François, não sei Pascal, embora creia que sim, mas de minha parte o negócio é comigo mesmo, não com Deus. Essa crença absoluta, penso eu, é privilégio dos santos. Como não a tenho, admito minha fragilidade, e quero crer, estabeleço esse acordo comigo mesmo. Não acredito que possa ser entendido como tentativa de enganar Deus. Como vc mesmo disse, ele é Onisciente.

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