Por Honório de Medeiros
É inegável a importância de “O Gene Egoista”, de Richard Dawkins. Obra seminal, aprofundou o entendimento da Teoria da Evolução, de Darwin, e propôs um novo paradigma, qual seja o de que somos instrumentos, enquanto organismos, do gene, cujo único objetivo é a auto-replicação.
Ainda mais além, especulou acerca da idéia de “meme”, o análogo, na cultura, de um gene. As consequências dessas hipóteses, uma vez definitivamente confirmadas, são revolucionárias, e alteram nossa percepção da vida seja em qual seja a dimensão.
Dawkins, eleito recentemente pela revista inglesa “Prospect” um dos três itelectuais mais importantes do mundo, junto com Umberto Eco e Noam Chomsky, também é autor de “Deus, um Delírio”, no qual lança os fundamentos daquilo que se convencionou chamar de “novo ateismo” e utiliza os fundamentos da Teoria da Evolução para explicar por que o homem tende a acreditar em um ser superior, ao tempo em que, utilizando a teoria das probabilidades, critica as religiões, uma a uma.
“Deus é um Delírio” é uma provocação muito inteligente, principalmente nos tempos atuais, nos quais o fundamentalismo religioso deixa um rastro de sangue e ódio mundo afora. Mas não prova a inexistência de Deus, assim penso eu, muito antes pelo contrário.
Quanto a Deus, sendo impossível provar sua existência, ou negá-la, prefiro seguir o que denominei de “Postulado de Pascal acerca da Fé”, que também é chamado de “Aposta de Pascal”.
Esse argumento tem o formato que segue, e foi foi publicado na seção 233 do seu livro póstumo “Pensées” (Pensamentos):
– se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito;
– se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita;
– se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito;
– se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda infinita.
Ou seja: nada perderemos se louvarmos a Deus.
Se Ele não existir, fomos bons, que se há de fazer?
Se existir, tanto melhor, honramos nossa fé.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN
Seguir a “Aposta d e Pascal” não seria um tanto quanto cômodo para poder esconder sua fraqueza de ter que assumir sua dúvida quanto a existência de Deus?
Claro, Cassimiro, claro: é isso mesmo, ou seja, um misto de comodidade, fraqueza é dúvida…
LEMBRANDO DO HOMEM DAS CAVERNAS , QUANDO NÃO EXISTIA A IDEIA DE TER UM DEUS , QUANDO NÃO EXISTIAM NEM AS IDEIAS , O EGOÍSMO IMPERAVA , A SOBREVIVÊNCIA . PORTANTO , A IDEIA DE DEUS É UM SINAL DE EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE , POR MEIO DO MEDO , MAS AINDA SIM É EVOLUÇÃO . SERIA ESTRANHO SE O SER HUMANO ACREDITASSE QUE ERA O CRIADOR , E NÃO UMA SIMPLES CRIATURA . DEUS PODE SER ATÉ A NATUREZA , SOBERANA E COM REGRAS PRÓPRIAS . ESTAMOS CERTOS DE QUE NÓS É QUE NÃO SOMOS DEUSES , SÓ CABE AO SER HUMANO , COLABORAR .
Meu caro Cassimiro, esse é exatamente o sine qua non da questão, ou seja o comodismo. Mesmo porque o humanos em seu intangível egoísmo, individualismo e por via de consequência em seu manifesto comodismo, sempre e sempre está e esteve predisposto ao não enfrentamento de questões centrais relacionadas sobre a sua existência.
Também, e, sobretudo a Natureza da finitude vinculada à nossa existência, faz com que a maioria dos humanos prefiram sempre se contentar com a ideia mais próxima da não contestação do Status Quo religioso.
Mesmo a despeito da profalada existência do livre arbítrio, inclusive no campo religioso. Dado o contexto social religioso, político e cultural em que nascemos, há quase que uma tendência inexorável que levam às pessoas a acreditarem em algum Deus, mais ainda se comprova, que quando da formação de grande parcela das sociedades, povos e nações, de fato, o livre arbítrio, efetivamente passa ao largo quanto a formação política e religiosa de grande parcela do humanos.
Um baraço
RANSUÊLDO VIERIA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.
Essa aposta de Pascal está mais no campo dos negócios do que da fé. Até por que se Deus existir e for onisciente saberá distinguir a esperteza da sinceridade. Uma coisa é crer, pela fé. Outra é declarar a crença, pelo negócio.
François, não sei Pascal, embora creia que sim, mas de minha parte o negócio é comigo mesmo, não com Deus. Essa crença absoluta, penso eu, é privilégio dos santos. Como não a tenho, admito minha fragilidade, e quero crer, estabeleço esse acordo comigo mesmo. Não acredito que possa ser entendido como tentativa de enganar Deus. Como vc mesmo disse, ele é Onisciente.