Por Marcos Pinto
* (Ao primo Antonio Noronha Pinto – Intelectual da família)
A análise deste escrevinhador provinciano nas cento e sessenta e cinco coisas – Terço dos espíritos reflexivos, do intelectual primo Antonio Noronha Pinto – pinço a essência das letras e um vasto elenco de valores dignificantes, timbro em ser amigo, não apenas com o convencional aperto de mãos, porém com uma espontaneidade cativante e um interesse incomum ao ponto de buscar ligações de parentesco, aliás, em um povo como o apodiense, cuja prestimosidade para com todos, configura característica comum.
Povo hospitaleiro, dotado do espírito de iniciativa e da formidável capacidade de trabalho.
Tudo começou com “O Silêncio dos Longes” obra magnífica do intelectual da família, que em autêntico instigante memorial descritivo da sua árdua e difícil trajetória, a faz repositório de fatos pretéritos que analogava um instante nos momentos da retina do tempo. Reúne páginas fantásticas em minudências espirituais.
Seu fio condutor é a história de vida, o recrudescimento das fustigantes recordações, carimbadas pelas cruciantes vicissitudes vividas, impôs a necessidade de se condensar em novo livro, que recebeu o emblemático titulo de “Sandálias de Chumbo”. O consagrado autor constitui um vulcão cultural em perenes erupções de reminiscências.
Os fatos e as coisas registradas e desenhadas na emulsão da memória fotográfica sentenciaram para a eternidade uma livre analogia com a literatura pacienciosa do tempo cristão, surgindo daí mais uma avaliação da obra, que foi rebatizada com o litúrgico título de “cento e sessenta e cinco coisas”. É indiscutível afirmar que existe um vocabulário especifico de representação pelo qual se reproduz no túnel do tempo, as memoras guardadas na retentiva da saudade, visualizada no cadinho constante e vigoroso do coração.
A percuciente leitura nos permite elaborar interpretações a como as recordações engrandecem a ideia que o autor faz dos protagonistas para os leitores. O tempo congelado o tempo fugaz.
As entrelinhas das transcendentes recordações das obras elencadas estão na riqueza das características ambíguas entre o que são realidade e o que é supervalorizado, ou seja, a linha que separa o real e a possível adaptação, a maximização da realidade retratada é imperceptível, é fonte primária de paradigmas ligadas ao espírito de uma época, o parâmetro de recepção das memórias resgatadas.
A leitura nos traz a rostos, semblantes, atitudes, cenários, assimilando algo de comportamento vários. A obra desempenha a função de filtro cultural da realidade captada, nua e crua, sem nuances. Representa um rito social, exercício para reflexões, onde cada leitor constrói um retrato de si mesmo, uma coleção emoldurada no álbum da retina do tempo, testificando realidades incontestáveis, entre ontem e hoje, entre hoje e amanhã, é preciso traçar fronteiras.
Sempre estamos diante dessas escolha entre romper com o passado, mesmo recente, ou conservar – mas até quando? – Velhas roupas e velhas coisas que ocuparam um lugar em nossa existência e são para nós com amigos defuntos.
Os fatos reúnem um autêntico compêndio memorialístico de uma época. Obra a qual, devidamente apreciada, nos faz ultrapassar a fronteira do folhear e analisar limites dos protagonistas e dos seus modos de vida e do viver suas crises existenciais, suas páginas abrigam elementos da cultura espiritual, que permitem ver os estados da alma.
Após a porteira da saudade encontramos personagens dispersos nos espirais do tempo, como recurso simbólico de um passado observado em sua totalidade.
Inté!
Marcos Pinto é advogad0 e escritor
“Quem não conhece sua história, certamente não saberá pra onde vai.”
Parabéns pelo belo retrospecto.
Os Homens são como vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons.
Parabéns amigo Marcos Pinto.
Grande abraço!