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domingo - 02/06/2024 - 04:30h

Hannah

Por Carlos Santos

Capas de livros (Reprodução do BCS)

Capas de livros (Reprodução do BCS)

Li “A condição humana” da jornalista, escritora e filósofa germânica-judia, Hanna Arendt, nos anos 90. Eu ainda estava na redação do “Gazeta do Oeste” como seu diretor de Redação.

Queria ir além da reportagem, do reportar, o que já era muito relevante para mim. Quis compreender a política sob a complexa ótica cientificista, a partir da convivência social na antiguidade, através de milênios.

Sobre Hannah, duas paixões instantâneas: o prenome, que abracei como se minha filha fosse; o intelecto, como se meu pudesse ser.

No curso de Direito, cerca de dez anos depois, a luz fora da caverna com professores diversos, como o juiz e professor-doutor Renato Magalhães. Inspirador.

Com “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal” veio meu enlace definitivo com a filósofa política, que descrevia o julgamento, em Israel, de um criminoso nazista caçado por cerca de 15 anos. Seus relatos e compreensão sobre a barbárie, muito além do maniqueísmo e do holocausto, a fez vítima de seu próprio povo.

Não aceitavam seu entendimento sobre Adolf Eichmann, funcionário público de segundo escalão, do Estado nazista, com o olhar da psicologia, da psicologia social, antropologia, política e da filosofia. O mal tinha e tem várias faces. E não era e não é apenas nazista.

A partir daí, dei de cara com “A casa da rua Garibaldi”, livro sugerido pelo amigo Manoel Dantas. Nele são descritas todas as providências tomadas por Israel para traçar o paradeiro, tentar localizar e finalmente capturar Eichmann.

Isser Harel, ex-Chefe do Serviço Secreto Israelense, o Mossad, autor do livro, parece roteirista de um filme épico. Em suas linhas, sem perceber, ele confirma a leitura que Hannah Arendt fez de Eichmann no tribunal, alguns anos antes. Reitera a teoria da “banalidade do mal.”

Como segues atual, Hannah.

Do seu fã, Carlos Santos.

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos  Santos, no ar há mais de 17 anos.

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Marcos Ferreira diz:

    Muito bom e instrutivo o seu texto, meu Editor. “O mal tinha e tem várias faces. E não era e não é apenas nazista.” Concordo plenamente com suas palavras. No mais, amigo, seu relato é uma aula de sociopolítica. Abraços.

  2. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    Tão atual, mas, tão atual, que a famosa e intocável Hanna Arendt através da sua obra, contribuiu decisivamente para construção do Estado/Sionista chamado Israel que desde sempre e ainda mais atualmente, consegue repetir, por incrível que possa parecer em pleno século XXI, métodos igualmente Neo nazifacistas contra o povo Palestino.

    Não a toa o Estado militar industrial Americano do Norte adotou integralmente, publicizou e divulgou, claro, utilizando sua conhecida e mastodôntica máquina de propaganda, referenciando o mais que pode a obra da r. autora de origem alemã, assim como mais tarde o faria e usaria pessoas que se quedaram e (ou) se venderam ao silencioso projeto de colonialismo e totalitarismo americano do norte, tais como: Henry Kissinger e Madeleine Albright dentre muitos outros que ajudaram decisivamente na edificação histórica da farsa conhecida como democracia americana do norte ou Pátria das liberdades e oportunidades.

    Para quem leu e conhece um mínimo e de forma crítica a obra de Hanna Arendt, sobremodo à partir dos escritos de Domenico Luzardo e Ibrahim Frantz Fanon, bem sabe que a obra de Hanna Arendt contribuiu em muitas esferas para construção e continuidade do colonialismo Americano do norte, sobretudo no período que chamam de reconstrução do pós segunda grande guerra mundial.

    Aliás, na prática e durante décadas à frente dos interesses do Estado Militar Americano do Norte, o que pode diferir a atuação de figuras como Henry Kissinger e Madeleine Albright das de de Adolf Eichmann, salvo a forma no tempo/espaço político distintos, porém com o mesmíssimo objeto, qual seja, colonização e extermínio de quem fosse e (ou) pensava diferente…!?!

    Em fim, quiçá, não seja tarde para que os povos colonizados acordem, claro, inclusive e principalmente nós brasileiros à frente do continente latino americano….!!!

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